
Imagem meramente ilustrativa e que pode ser fictícia.
Tabela resumida | |
Princípio ativo: | Enantato de drostanolona |
Nome comercial mais conhecido: | Masteron enantato |
Família: | Derivado do DHT, éster longo |
Forma: | Solução oleosa injetável (IM) |
Meia-vida: | ~7-10 dias (estimada) |
Anabolismo (hipertrofia): | |
Androgenia (masculinização): | |
Estrogenismo (feminilização): | não se aplica |
Hepatoxidade: | não se aplica |
Efeito lipolítico (queima de gordura): | |
Retenção hídrica: | não se aplica |
Distúrbios psicológicos: | |
Disponibilidade (acesso no mercado): | |
Preço (custo): |
Introdução
O que é o enantato de drostanolona (masteron enantato)?
A drostanolona enantato é um esteroide anabólico androgênico (EAA) sintético, administrado por via injetável, derivado da diidrotestosterona (DHT). Quimicamente, trata-se da 2-alfa-metil-diidrotestosterona à qual foi covalentemente ligado um éster enantato (ácido heptanoico) na posição 17-beta-hidroxil. A molécula base, Drostanolona, é estruturalmente a DHT com a adição de um grupo metil na posição alfa do segundo carbono (C2α).
A adição do éster enantato, uma cadeia de éster longa, não altera as propriedades farmacodinâmicas intrínsecas da drostanolona (ou seja, sua afinidade por receptores ou seus efeitos anabólicos/androgênicos diretos). Em vez disso, o éster modifica crucialmente a farmacocinética da substância, retardando significativamente sua absorção do local da injeção intramuscular para a corrente sanguínea e prolongando sua meia-vida de eliminação após a clivagem enzimática do éster no organismo. Esta liberação mais lenta e sustentada permite um intervalo maior entre as administrações em comparação com ésteres mais curtos, como o propionato.
O enantato de drostanolona é caracterizado por propriedades androgênicas consideradas altas e propriedades anabólicas moderadas a baixas, refletindo a já mencionada razão anabólica/androgênica de aproximadamente 1:3-1:4. Uma de suas características mais distintivas é a incapacidade de ser convertido em estrogênio pela enzima aromatase, devido à sua natureza como derivado da DHT. Além disso, há relatos de que possui um leve efeito anti-estrogênico.
A modificação estrutural de 2-alfa-metilação na molécula de DHT para formar a drostanolona tem um propósito farmacológico específico. A DHT pura, quando administrada, é rapidamente metabolizada no tecido muscular pela enzima 3α-hidroxiesteroide desidrogenase (3α-HSD) em metabólitos com pouca ou nenhuma atividade anabólica, limitando seu potencial de promover hipertrofia muscular diretamente. Acredita-se que a adição do grupo 2-alfa-metil confira à drostanolona uma maior resistência a essa inativação pela 3α-HSD no músculo. Essa proteção permite que a drostanolona permaneça ativa no tecido muscular por mais tempo, possibilitando a manifestação de seus efeitos anabólicos através da ligação ao receptor androgênico, embora seu índice anabólico geral ainda seja classificado como moderado-baixo. A natureza como derivado do DHT também implica uma forte afinidade pelo receptor androgênico e uma predisposição a efeitos colaterais androgênicos específicos, como alopecia androgenética (queda de cabelo) e hiperplasia prostática em indivíduos predispostos.
Um pouco da história (propionato de drostanolona)
A molécula de drostanolona, juntamente com seu éster mais conhecido, o propionato, foi descrita pela primeira vez na literatura científica em 1959. O desenvolvimento inicial é atribuído à Syntex Pharmaceuticals, uma empresa que desempenhou um papel significativo na pesquisa e síntese de hormônios esteroides durante meados do século XX. O propionato de drostanolona foi introduzido para uso médico no início da década de 1960, com aprovação nos Estados Unidos em 1961, sendo comercializado pela Lilly sob o nome Drolban®.
Seu principal e mais notável uso terapêutico foi no tratamento de câncer de mama avançado e inoperável em mulheres na pós-menopausa. A eficácia neste contexto estava relacionada às suas propriedades antiestrogênicas, que ajudavam a combater tumores sensíveis ao estrogênio. Contudo, os efeitos colaterais androgênicos, levando à virilização (desenvolvimento de características masculinas) em pacientes do sexo feminino, eram uma desvantagem significativa. Com o advento de terapias mais eficazes e com perfis de efeitos colaterais mais favoráveis (como os SERMs e inibidores de aromatase), o propionato de drostanolona foi gradualmente descontinuado para uso clínico.
Paralelamente ao seu uso médico, o o propionato de drostanolona ganhou popularidade considerável na comunidade de fisiculturismo e entre atletas, principalmente como um agente para fases de "corte" (cutting) e preparação para competições, devido à sua capacidade de promover dureza muscular e definição sem retenção hídrica.
A versão enantato de drostanolona
Ao contrário da sua contraparte propionato, o enantato de drostanolona não possui qualquer histórico farmacêutico legítimo e nunca foi aprovado para uso médico por nenhuma agência reguladora. Sua aparição é muito mais recente, datando provavelmente do final da década de 1990 ou início dos anos 2000. Este período coincide com o aumento da produção e popularização de esteroides por laboratórios clandestinos, conhecidos como underground labs (UGLs), um fenômeno impulsionado, em parte, por restrições legais mais severas sobre EAA, como o Anabolic Steroid Control Act de 1990 nos Estados Unidos, que dificultou o acesso a produtos farmacêuticos.
A criação e disseminação do enantato de drostanolona são, portanto, atribuídas exclusivamente aos UGLs. A lógica por trás da introdução deste éster mais longo foi primariamente a conveniência para o usuário: o éster enantato, devido à sua meia-vida mais prolongada, permite uma frequência de injeções menor (tipicamente uma a duas vezes por semana) em comparação com o éster propionato, que geralmente requer administrações em dias alternados (DSDN) ou até mesmo diárias para manter níveis sanguíneos estáveis. O objetivo era oferecer os mesmos efeitos desejados da drostanolona (dureza muscular, ausência de aromatização) com um esquema de administração menos exigente.
A transição da drostanolona do mercado farmacêutico para o mercado clandestino reflete uma tendência maior observada com muitos EAA. À medida que o uso médico de certos esteroides diminui ou cessa e as regulamentações se tornam mais estritas, a demanda persistente do mercado de melhoria de performance frequentemente impulsiona a produção por UGLs. A origem exclusivamente UGL do enantato de drostanolona implica que os usuários não possuem qualquer garantia quanto à pureza, dosagem correta, esterilidade ou mesmo a identidade do composto presente no frasco, expondo-os a riscos significativos, como contaminação ou presença de substâncias não declaradas.
Status legal
No Brasil, o enantato de drostanolona, como um análogo sintético da testosterona e derivado do DHT, enquadra-se na Lista C5 (Substâncias Anabolizantes) da Portaria SVS/MS nº 344/98 e suas subsequentes atualizações. Esta classificação implica que a substância está sujeita a controle especial. Sua comercialização, caso existissem produtos farmacêuticos aprovados, exigiria a apresentação de receita médica em duas vias, com uma via retida pelo estabelecimento farmacêutico.
Disponibilidade no mercado brasileiro
Atualmente, não existem produtos farmacêuticos aprovados contendo drostanolona (seja propionato ou enantato) registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para comercialização no Brasil. Portanto, a única via de acesso ao enantato de drostanolona no país é através do mercado paralelo, ou seja, por meio de laboratórios clandestinos (UGLs). É crucial ressaltar que os produtos provenientes de UGLs não passam por nenhum controle de qualidade, e sua dosagem, pureza, esterilidade e até mesmo a identidade do princípio ativo são altamente questionáveis e não garantidas. O uso de produtos injetáveis de fontes não regulamentadas acarreta riscos sérios, incluindo infecções, reações adversas a contaminantes e dosagens imprecisas.
Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM)
O Conselho Federal de Medicina (CFM) do Brasil, através da Resolução CFM nº 2.333/2023, estabeleceu diretrizes claras sobre a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA). Esta resolução proíbe expressamente a prescrição médica de EAA, incluindo a drostanolona, para fins estéticos, para ganho de massa muscular ou para melhora do desempenho esportivo, seja para atletas amadores ou profissionais.
De acordo com a resolução, a prescrição de terapias hormonais com EAA é indicada apenas em casos de deficiência hormonal específica comprovada laboratorialmente, onde exista um nexo causal claro entre a deficiência e a condição clínica do paciente, e desde que a terapia de reposição hormonal ofereça benefícios cientificamente comprovados para essa condição específica. A resolução também reitera que os médicos estão proibidos de prescrever medicamentos para indicações não aceitas pela comunidade científica.
Esta conjuntura legal e regulatória cria uma situação complexa. A proibição da prescrição para fins de performance pelo CFM, juntamente com a classificação como substância controlada pela ANVISA, torna o enantato de drostanolona inacessível por vias legais para os fins pelos quais é popularmente procurada. Consequentemente, os indivíduos que buscam esses compostos para melhoria de desempenho ou estética são compelidos a recorrer ao mercado clandestino, expondo-se a riscos significativos à saúde devido à falta de supervisão médica e à qualidade duvidosa dos produtos UGL. Profissionais de saúde que desrespeitam as diretrizes do CFM e prescrevem EAA para fins não terapêuticos estão sujeitos a sanções éticas e legais.
Status de doping
A arostanolona é categoricamente proibida pela Agência Mundial Antidoping (WADA). Ela está classificada na seção S1.1 da Lista de Substâncias Proibidas, que se refere aos Esteroides Androgênicos Anabolizantes (AAS). A Drostanolona é explicitamente mencionada na lista como um exemplo de substância proibida.
A proibição é válida em todos os momentos, o que significa que seu uso é vetado tanto durante os períodos de competição quanto fora de competição para atletas sujeitos ao código da WADA. Adicionalmente, a drostanolona é considerada uma substância "não especificada" pela WADA. Esta classificação é relevante no processo de sanção por uma violação de regra antidoping; substâncias não especificadas geralmente implicam que a possibilidade de redução da sanção é menor, mesmo que o atleta alegue uso inadvertido, em comparação com substâncias "especificadas".
Detecção em testes antidoping
Os metabólitos da drostanolona são detectáveis em amostras de urina através de métodos analíticos sofisticados, como a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS) ou a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem (LC-MS/MS), que são técnicas padrão em laboratórios credenciados pela WADA.
Devido à presença do éster enantato, que promove uma liberação lenta e prolongada da drostanolona no organismo, a janela de detecção é consideravelmente longa. Embora dados específicos para o enantato de drostanolona sejam escassos devido à sua natureza UGL, pode-se inferir com base em outros ésteres enantato, como o de testosterona. O enantato de testosterona, por exemplo, pode ser detectável por até 3 meses após a última administração. De forma geral, ésteres de ação prolongada resultam em janelas de detecção que podem se estender por várias semanas a muitos meses após a interrupção do uso. Esta longa janela de detecção torna a enantato de drostanolona uma escolha particularmente arriscada para atletas que competem em modalidades esportivas com programas de teste antidoping rigorosos, mesmo durante os períodos fora de competição.
Contexto no fisiculturismo
No âmbito do fisiculturismo, a drostanolona (tanto propionato quanto enantato) é proibida em competições e federações que seguem as regras da WADA ou que se autodenominam "naturais" (ou seja, livres de drogas).
Mas ela é extremamente popular em federações de fisiculturismo "tradicional" ou "não testado" (untested federations). Nestes contextos, ela é frequentemente utilizada, especialmente durante as fases de preparação para competições (cutting) e pré-competição, devido aos seus efeitos na melhoria da dureza muscular, densidade e definição, sem causar retenção hídrica.
A popularidade do enantato de drostanolona em circuitos de fisiculturismo não testados sugere que, na ausência de fiscalização antidoping, os atletas tendem a priorizar os efeitos percebidos da substância na melhoria da performance e estética, em detrimento dos riscos de detecção ou das preocupações éticas e de saúde levantadas pelas organizações esportivas regulamentadas.
Para que serve (efeitos esperados)
Usos médicos aprovados
É fundamental destacar que o enantato de drostanolona não possui nenhum uso médico aprovado em nenhum país. Sua existência é confinada ao mercado paralelo de substâncias para melhoria de performance.
Historicamente, a forma de éster curto, o propionato de drostanolona, teve aprovação para uso médico no tratamento de certos tipos de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa, devido às suas propriedades antiestrogênicas. No entanto, este uso foi amplamente descontinuado com o desenvolvimento de alternativas terapêuticas mais seguras e eficazes.
Principais efeitos fisiológicos e desejados (não médicos/uso em performance)
Os efeitos procurados do enantato de drostanolona no contexto não médico, particularmente no fisiculturismo, estão alinhados com os objetivos de fases de "corte" (cutting) ou preparação para competições, visando aprimorar a qualidade e a aparência muscular, em vez de promover ganhos brutos de massa.
O aumento da dureza muscular e densidade é, talvez, o efeito mais célebre e procurado da drostanolona. Ela é conhecida por conferir aos músculos uma aparência "granulada", densa, com melhor separação entre os grupos musculares e um aspecto "pétreo". Este efeito é particularmente pronunciado quando o percentual de gordura corporal do indivíduo já está baixo. Acredita-se que este resultado seja uma combinação de suas fortes propriedades androgênicas, que podem aumentar o tônus neuromuscular, e a ausência de retenção hídrica subcutânea.
O efeito "secante" e levemente diurético também atrai fisiculturistas. A drostanolona não se converte em estrogênio (não aromatiza). Níveis elevados de estrogênio estão associados à retenção de água subcutânea, que pode mascarar a definição muscular. Ao não contribuir para o aumento dos níveis de estrogênio, e possivelmente até mesmo reduzindo a atividade estrogênica através de um leve mecanismo anti-estrogênico intrínseco, a drostanolona ajuda a minimizar ou eliminar a retenção hídrica. Isso resulta em uma aparência muscular mais "seca", definida e vascularizada. É importante notar que este não é um efeito diurético primário, como o de medicamentos diuréticos que atuam diretamente nos rins, mas sim uma consequência da modulação do ambiente hormonal e do balanço hídrico.
Ademais pode haver um leve efeito anti-estrogênico. Além de não aromatizar, a drostanolona pode exercer uma leve atividade anti-estrogênica. Este efeito pode ajudar a mitigar alguns dos efeitos colaterais estrogênicos (como ginecomastia leve ou retenção hídrica adicional) de outros esteroides aromatizáveis que possam estar sendo utilizados concomitantemente em um ciclo. Os mecanismos propostos para esta ação incluem uma possível inibição fraca da enzima aromatase ou uma competição com o estradiol pelos seus receptores. No entanto, este efeito é considerado modesto e não é suficientemente potente para substituir o uso de inibidores de aromatase (IAs) ou moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs) dedicados em ciclos que envolvem doses significativas de compostos altamente aromatizáveis.
Outro ponto é a preservação de massa magra em cutting. Durante períodos de restrição calórica (dietas de cutting), há um risco aumentado de catabolismo muscular (perda de massa magra). Embora a drostanolona não seja um esteroide primariamente conhecido por grandes ganhos de massa muscular, suas propriedades anabólicas, mesmo que moderadas, juntamente com uma possível ação anti-catabólica, podem ajudar a preservar o tecido muscular conquistado durante esses períodos de déficit calórico.
Há também um aumento moderado da força. Usuários frequentemente relatam aumentos moderados na força muscular durante o uso de drostanolona. Este aumento de força pode ocorrer sem um ganho expressivo de peso corporal, o que pode ser vantajoso para atletas que competem em categorias de peso ou para aqueles que buscam melhorar a performance sem aumentar significativamente o volume.
Em alguns casos ocorre a melhora da libido. Devido à sua natureza androgênica, a drostanolona pode, em alguns indivíduos, levar a um aumento da libido. Este efeito é mais provável de ser percebido se os níveis de estrogênio estiverem bem controlados (nem muito altos, nem excessivamente suprimidos) e se a função testicular não estiver severamente comprometida pela supressão do eixo HPTA. No entanto, é importante notar que a supressão da produção endógena de testosterona, um efeito colateral comum de todos os EAA, pode, paradoxalmente, levar à redução da libido após a interrupção do ciclo ou se uma dose adequada de testosterona exógena não for administrada concomitantemente.
A ênfase nos efeitos "estéticos" (dureza, densidade, secura) em vez de ganhos massivos de volume posiciona a drostanolona como uma droga de "acabamento", "refinamento" ou "ajuste fino. É apreciada por usuários que já possuem uma base muscular significativa e buscam refinar sua aparência física, especialmente em preparação para competições de fisiculturismo. Isso também explica por que raramente é utilizada como o principal agente anabólico em um ciclo focado primariamente em ganho de massa bruta.
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação do enantato de drostanolona envolve uma série de processos farmacológicos que começam com sua administração e culminam na interação com receptores celulares para produzir seus efeitos característicos.
O enantato de drostanolona, na forma como é administrada, é um pró-fármaco. Isso significa que ele é uma precursor inativo ou menos ativo da molécula farmacologicamente ativa, a drostanolona livre. Após a injeção intramuscular (IM) da solução oleosa, o éster enantato ligado à molécula de drostanolona é gradualmente clivado (hidrolisado) por enzimas esterases presentes nos tecidos locais e na corrente sanguínea. Este processo de clivagem enzimática libera lentamente a drostanolona ativa (o hormônio pai) na circulação sistêmica. A taxa de clivagem do éster enantato, que é relativamente lenta devido à sua longa cadeia carbônica, é o que determina a liberação prolongada e a meia-vida estendida da drostanolona no organismo.
Uma vez liberada, a drostanolona, sendo um derivado da diidrotestosterona (especificamente, 2-alfa-metil-DHT), exerce seus efeitos primários através da ligação e ativação dos receptores de andrógenos (AR). Estes receptores estão localizados no interior das células de diversos tecidos-alvo, incluindo células musculares esqueléticas, folículos pilosos, glândulas sebáceas, próstata, e certas áreas do sistema nervoso central. A ligação da drostanolona ao AR forma um complexo hormônio-receptor que, por sua vez, se transloca para o núcleo da célula. No núcleo, este complexo interage com sequências específicas de DNA, conhecidas como elementos de resposta a hormônios (HREs), modulando a transcrição de genes específicos. Esta modulação genética resulta na síntese de proteínas que medeiam os diversos efeitos anabólicos e androgênicos da substância. Acredita-se que a 2-alfa-metilação na estrutura da drostanolona possa influenciar sua afinidade de ligação ao AR ou sua estabilidade, potencialmente aumentando sua potência androgênica em comparação com o DHT não metilado em certos contextos.
Uma característica fundamental da drostanolona é sua incapacidade de ser convertida em estrogênio. A enzima aromatase é responsável pela conversão de certos andrógenos (como a testosterona e a androstenediona) em estrogênios (como o estradiol e a estrona). Devido à sua estrutura química como um derivado da DHT (que já é um produto da ação da 5-alfa-redutase sobre a testosterona e não é um substrato para a aromatase), a drostanolona não sofre aromatização. Esta propriedade é crucial, pois elimina o risco de efeitos colaterais estrogênicos diretos, como ginecomastia (desenvolvimento de tecido mamário em homens) e retenção hídrica significativa, que são comuns com esteroides aromatizáveis.
Além de não aromatizar, existem evidências e relatos que sugerem que a drostanolona pode possuir uma leve atividade anti-estrogênica intrínseca. Os mecanismos exatos para este efeito não são completamente elucidados, mas algumas hipóteses foram propostas:
- Inibição fraca da enzima aromatase: a drostanolona poderia competir com outros andrógenos aromatizáveis (se presentes no organismo, como a testosterona endógena ou exógena de um ciclo) pelo sítio de ligação da enzima aromatase. Ao ocupar a enzima, mesmo que fracamente, poderia reduzir a taxa de conversão desses outros andrógenos em estrogênios.
- Interação com o receptor de estrogênio (ER): é possível que a drostanolona, ou seus metabólitos, tenham alguma afinidade pelo receptor de estrogênio. Se essa ligação ocorrer de forma antagônica, ela poderia bloquear a ligação do estradiol endógeno ao ER, impedindo a ativação do receptor e, consequentemente, reduzindo os efeitos estrogênicos nos tecidos. Estudos sobre o uso de Drostanolona Propionato no tratamento de câncer de mama indicam que ela pode induzir uma redução ou inibição dos receptores de estrogênio no tecido mamário, o que está ligado aos seus efeitos antitumorais. Este efeito anti-estrogênico é geralmente considerado leve e não deve ser considerado um substituto para o uso de inibidores de aromatase (IAs) potentes ou moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs) quando se utilizam doses elevadas de esteroides que aromatizam significativamente. No entanto, pode contribuir para a aparência "seca" e definida associada ao uso de Masteron®.
A enzima 5-alfa-redutase é responsável pela conversão da testosterona em diidrotestosterona (DHT), uma forma mais potente de andrógeno em certos tecidos (como pele, couro cabeludo e próstata). A drostanolona já é, por definição, um derivado do DHT (2-alfa-metil-DHT). Portanto, ela não é um substrato para a enzima 5-alfa-redutase e não é metabolizada por ela. Isso tem duas implicações importantes: primeiro, sua potência androgênica não é aumentada nesses tecidos pela conversão em um metabólito mais ativo; segundo, inibidores da 5-alfa-redutase (como a finasterida ou dutasterida), que são usados para reduzir os efeitos colaterais androgênicos de alguns esteroides (como a queda de cabelo induzida por testosterona), não terão efeito sobre a androgenicidade da drostanolona nem sobre seus efeitos colaterais androgênicos específicos, como a alopecia androgenética em indivíduos predispostos.
A drostanolona é considerada um substrato pobre para a enzima 3α-HSD.2 Esta enzima está presente em altas concentrações no tecido muscular esquelético e é conhecida por converter rapidamente o DHT em metabólitos com atividade androgênica muito reduzida (como o 3-alfa-androstanodiol), limitando assim a capacidade do DHT de exercer efeitos anabólicos significativos diretamente no músculo. Acredita-se que a presença do grupo metil na posição 2-alfa da drostanolona confira uma certa proteção contra essa rápida inativação pela 3α-HSD. Essa maior resistência à degradação pela 3α-HSD no músculo permite que a drostanolona permaneça ativa por mais tempo neste tecido, possibilitando que exerça seus efeitos anabólicos através da ligação ao AR de forma mais eficaz do que o DHT não modificado.
O mecanismo de ação da drostanolona é, portanto, uma combinação de características herdadas de sua molécula parental, o DHT (como a forte afinidade pelo AR e a incapacidade de aromatizar), e modificações estruturais específicas (como a 2-alfa-metilação) que otimizam sua atividade farmacológica e sua resistência ao metabolismo em certos tecidos-alvo.
Farmacocinética
A farmacocinética do enantato de drostanolona descreve o curso da substância no organismo, incluindo sua absorção, distribuição, metabolismo e excreção. O éster enantato desempenha um papel central em determinar essas características.
Após a administração por injeção intramuscular (IM) profunda, o enantato de drostanolona, dissolvido em um veículo oleoso, forma um depósito no tecido muscular. A absorção da drostanolona a partir deste depósito para a corrente sanguínea é lenta e gradual. O éster enantato, sendo uma cadeia lipofílica longa (7 átomos de carbono), aumenta a solubilidade da drostanolona no óleo do veículo e diminui sua solubilidade na água (fluido intersticial), o que retarda sua liberação do local da injeção. À medida que o éster é lentamente clivado por enzimas esterases teciduais e sanguíneas, a drostanolona ativa é liberada.
Devido à absorção lenta e à clivagem gradual do éster, os níveis séricos de drostanolona aumentam progressivamente após a injeção. A concentração máxima (Cmax ou Tmax) no plasma não é atingida imediatamente, mas sim alguns dias após a administração. Para ésteres enantato, como o da testosterona (que serve como um bom modelo farmacocinético), a Cmax pode ser alcançada entre 3 a 5 dias após a injeção, com níveis permanecendo elevados por vários dias antes de começarem a declinar lentamente. O perfil de liberação do éster enantato proporciona níveis hormonais mais estáveis e com menos flutuações agudas em comparação com ésteres de ação mais curta, como o propionato, que exigem injeções mais frequentes para manter a estabilidade dos níveis séricos.
A meia-vida de eliminação da drostanolona, uma vez que o éster enantato foi clivado e a droga ativa está na circulação, é o principal determinante da duração de sua ação e da frequência de dosagem. Para o enantato de drostanolona, a meia-vida de eliminação é estimada em torno de 7 a 10 dias. Esta estimativa é consistente com a meia-vida de outros esteroides esterificados com enantato; por exemplo, o enantato de testosterona tem uma meia-vida reportada na faixa de 7 a 9 dias ou cerca de 8 dias. Uma meia-vida desta magnitude permite um esquema de dosagem de uma a duas injeções por semana, o que é geralmente suficiente para manter níveis sanguíneos relativamente estáveis e terapêuticos (no contexto de uso para performance).
Após a clivagem do éster enantato, a drostanolona livre circula no sangue, ligada em grande parte a proteínas plasmáticas como a albumina e, em menor grau, à globulina de ligação a hormônios sexuais (SHBG). A fração livre é a que está disponível para interagir com os receptores androgênicos nos tecidos-alvo.
O metabolismo da drostanolona ocorre principalmente no fígado, mas também em outros tecidos, de forma análoga a outros andrógenos esteroides. Ela é convertida em vários metabólitos inativos ou menos ativos. Estes metabólitos, bem como uma pequena porção da droga inalterada, são subsequentemente conjugados (por exemplo, com ácido glucurônico ou sulfato) para aumentar sua solubilidade em água e facilitar sua excreção.
A principal via de excreção da drostanolona e seus metabólitos é a renal, ou seja, através da urina. Uma pequena quantidade também pode ser eliminada pelas fezes.
A farmacocinética do éster enantato é projetada para oferecer conveniência ao usuário, reduzindo a necessidade de injeções frequentes que seriam requeridas com ésteres mais curtos como o propionato. No entanto, essa meia-vida mais longa também implica que, caso ocorram efeitos colaterais adversos significativos, levará um período de tempo maior para que a substância seja completamente eliminada do organismo após a interrupção do uso, em comparação com o éster propionato. Essa característica também tem implicações diretas para a janela de detecção em testes antidoping, que será correspondentemente mais longa.
Efeitos colaterais
O uso do enantato de drostanolona está associado a uma gama de efeitos colaterais, que são primariamente de natureza androgênica, refletindo sua estrutura como um potente derivado da diidrotestosterona (DHT) e sua alta afinidade pelo receptor androgênico. A ausência de conversão em estrogênio elimina os riscos de efeitos colaterais estrogênicos diretos, mas não isenta a substância de outros riscos significativos.
Efeitos colaterais androgênicos
Estes são os efeitos colaterais mais proeminentes e frequentemente relatados.
- Queda de cabelo (alopecia androgenética/calvície de padrão masculino - CPM): indivíduos com predisposição genética à calvície masculina enfrentam um risco significativo de aceleração da queda de cabelo ou início da queda. Sendo um derivado direto do DHT, a drostanolona tem uma forte afinidade pelos receptores androgênicos nos folículos capilares. É importante notar que inibidores da 5-alfa-redutase (como finasterida) não são eficazes para mitigar este efeito, pois a drostanolona não é metabolizada por esta enzima para exercer sua androgenicidade no couro cabeludo.
- Acne e pele oleosa: o aumento da estimulação androgênica sobre as glândulas sebáceas pode levar ao aumento da produção de sebo, resultando em pele oleosa e desenvolvimento ou agravamento da acne, tanto facial quanto corporal.
- Aumento de pelos corporais e faciais (hirsutismo em mulheres): a estimulação androgênica pode promover o crescimento de pelos mais grossos e escuros no corpo e na face. Em mulheres, este efeito é um sinal de virilização.
- Agressividade, irritabilidade e alterações de humor ("roid rage"): alterações comportamentais e de humor são possíveis, variando de aumento da assertividade e libido a irritabilidade, impaciência e, em casos mais pronunciados ou em indivíduos suscetíveis, agressividade desproporcional ("roid rage"). Embora mais associado a compostos como a trembolona, é um efeito de classe para EAA potentes.
- Hiperplasia prostática benigna (HPB) e risco de agravamento de câncer de próstata: a próstata é um tecido sensível a andrógenos. O uso de drostanolona pode estimular o crescimento do tecido prostático, potencialmente levando ao desenvolvimento ou agravamento da HPB em homens predispostos, especialmente os mais velhos. Em indivíduos com câncer de próstata preexistente (mesmo não diagnosticado), os andrógenos podem acelerar o crescimento do tumor.
Efeitos colaterais estrogênicos
Não há nenhum efeito colateral estrogênico direto. Como a drostanolona não aromatiza em estrogênio, ela não causa diretamente efeitos colaterais como ginecomastia (desenvolvimento de tecido mamário em homens) ou retenção hídrica significativa. Seu leve efeito anti-estrogênico pode, inclusive, ajudar a mitigar esses problemas se outros compostos aromatizáveis estiverem presentes no ciclo.
Efeitos colaterais cardiovasculares
Há efeitos colaterais cardivasculares.
- Impacto negativo nos lipídios (dislipidemia): este é um dos efeitos colaterais mais sérios e bem documentados dos EAA. A drostanolona pode alterar adversamente o perfil lipídico, causando uma redução nos níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade, ou "colesterol bom") e um aumento nos níveis de LDL (lipoproteína de baixa densidade, ou "colesterol ruim"). Esta dislipidemia promove a aterosclerose (formação de placas nas artérias) e aumenta significativamente o risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral, com o uso crônico.
- Hipertensão arterial: embora a drostanolona não cause retenção hídrica significativa (um fator comum para o aumento da pressão arterial com outros EAA que aromatizam), o impacto negativo nos lipídios, possíveis efeitos diretos na vasculatura e o aumento do hematócrito podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento da hipertensão arterial em alguns usuários.
- Hipertrofia ventricular esquerda (HVE): o uso crônico e em altas doses de EAA tem sido associado a alterações estruturais no coração, incluindo o espessamento da parede do ventrículo esquerdo. A HVE pode prejudicar a função cardíaca e aumentar o risco de arritmias e insuficiência cardíaca.
- Aumento do hematócrito (policitemia): andrógenos podem estimular a produção de glóbulos vermelhos (eritropoiese). Um aumento excessivo no hematócrito (a proporção de glóbulos vermelhos no volume total de sangue) torna o sangue mais viscoso, aumentando o risco de eventos tromboembólicos (coágulos sanguíneos), como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, infarto e AVC.
Efeitos colaterais de supressão de testosterona
Pode ocorrer a supressão do eixo hipotálamo-pituitária-testicular (HPTA). A administração de qualquer EAA exógeno, incluindo a o enantato de drostanolona, inevitavelmente leva à supressão da produção natural de testosterona pelo organismo. O corpo detecta os níveis elevados de andrógenos externos e, por um mecanismo de feedback negativo, reduz a secreção de gonadotrofinas (LH e FSH) pela glândula pituitária. Isso, por sua vez, cessa a estimulação dos testículos para produzir testosterona e espermatozoides. A intensidade e a duração da supressão dependem da dose utilizada, da duração do ciclo e da sensibilidade individual. Após a interrupção do uso, a recuperação do eixo HPTA pode ser lenta e incompleta, levando a um período de hipogonadismo (baixa testosterona) com sintomas como fadiga, depressão, perda de libido e perda de massa muscular. Uma Terapia Pós-Ciclo (TPC) adequada é considerada crucial por muitos usuários para tentar acelerar a restauração da produção hormonal endógena.
Efeitos colaterais hepatotóxicos
O enantato de drostanolona, por ser uma substância injetável e não possuir a modificação química C17-alfa-alquilação (C17-aa) – comum em muitos esteroides orais e conhecida por causar estresse hepático – não apresenta um risco direto e significativo de hepatotoxicidade aguda como os esteroides orais C17-aa. No entanto, o uso de doses muito elevadas de qualquer EAA ou o uso prolongado e contínuo pode, indiretamente, impor uma carga metabólica ao fígado. Além disso, o impacto negativo nos lipídios pode contribuir para a esteatose hepática (fígado gorduroso) a longo prazo. Fontes indicam que, embora não seja C17-alquilada, altas doses ou uso prolongado podem potencialmente danificar o fígado.
Virilização em mulheres
Este é um dos riscos mais graves e pronunciados para usuárias do sexo feminino. Devido às suas potentes propriedades androgênicas, a drostanolona apresenta um alto risco de causar virilização, mesmo em doses que poderiam ser consideradas baixas para homens. A virilização refere-se ao desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas em mulheres. Os sintomas incluem:
- Disfonia (engrossamento da voz): pode ser um dos primeiros sinais e, frequentemente, é irreversível mesmo após a descontinuação da droga.
- Clitoromegalia (aumento do clitóris): também pode ser irreversível.
- Hirsutismo (crescimento excessivo de pelos faciais e corporais).
- Irregularidades menstruais ou amenorreia (ausência de menstruação).
- Acne e aumento da oleosidade da pele.
- Alopecia de padrão masculino (queda de cabelo nas entradas ou coroa).
- Alterações na composição corporal (redistribuição de gordura para um padrão mais masculino, atrofia mamária).
O uso de drostanolona por mulheres é, portanto, fortemente desaconselhado. Se, apesar dos riscos, uma atleta experiente optar por usá-la (uma prática de altíssimo risco), as doses teriam que ser extremamente baixas e os ciclos muito curtos, com monitoramento constante para os primeiros sinais de virilização. A versão propionato, com sua meia-vida mais curta, seria teoricamente uma escolha menos arriscada que o enantato, pois permitiria uma eliminação mais rápida da substância do corpo caso os efeitos colaterais se manifestassem. No entanto, o risco fundamental permanece.
Dor pós-injeção (PIP - Post-Injection Pain):
Pode ocorrer dor, sensibilidade ou inchaço no local da injeção intramuscular. A intensidade da PIP pode variar dependendo da concentração da droga, dos solventes utilizados na formulação do produto UGL (clandestino ou parelelo), da técnica de injeção e da sensibilidade individual. Geralmente, o éster enantato tende a causar menos PIP do que o éster propionato, que é notoriamente associado a uma dor pós-injeção mais significativa.
Efeitos colaterais psicológicos e comportamentais
Além da agressividade já mencionada, o uso de EAA pode estar associado a um espectro de efeitos psicológicos, incluindo euforia, aumento da autoconfiança, mas também ansiedade, paranoia, episódios depressivos (especialmente durante a TPC ou após a interrupção do uso, devido aos baixos níveis de testosterona endógena), e distúrbios do sono como insônia.
Efeitos colaterais de redução da globulina de ligação a hormônios sexuais (SHBG)
Os EAA, incluindo a drostanolona, tendem a suprimir os níveis circulantes de SHBG. A SHBG é uma proteína que se liga a andrógenos e estrogênios no sangue, regulando sua biodisponibilidade. Uma redução na SHBG leva a um aumento na fração de testosterona livre e outros andrógenos bioativos no plasma. Isso pode, teoricamente, potencializar tanto os efeitos anabólicos quanto os androgênicos dos esteroides administrados. No entanto, uma supressão excessiva e prolongada da SHBG também pode ter implicações metabólicas adversas a longo prazo.
Os efeitos colaterais do enantato de drostanolona são um reflexo direto de sua potente natureza androgênica e de sua profunda interação com o sistema endócrino. A ausência de efeitos estrogênicos diretos é uma vantagem em certos contextos, mas não elimina outros riscos significativos para a saúde, especialmente com o uso crônico, em altas doses ou por populações sensíveis como as mulheres. A alta probabilidade de efeitos colaterais androgênicos, como virilização em mulheres e queda de cabelo em homens predispostos, limita o apelo da drostanolona para alguns usuários, apesar de seus efeitos estéticos desejáveis em fases de "cutting". A necessidade de TPC e o monitoramento cardiovascular são considerações cruciais para qualquer usuário.
Superdosagem e uso indevido
Uma superdosagem aguda do enantato de drostanolona, ou seja, a administração de uma quantidade excessivamente grande em uma única vez ou em um curto período, é improvável de causar risco de vida imediato. Os sintomas agudos poderiam incluir uma exacerbação dos efeitos colaterais conhecidos, como náuseas, vômitos, dores de cabeça, ou alterações de humor mais pronunciadas. No entanto, devido à natureza de liberação lenta do éster enantato, os efeitos de uma dose muito alta se manifestariam ao longo de dias, em vez de instantaneamente.
O maior perigo reside no uso indevido crônico (ao longo do tempo), que se caracteriza por:
- Doses suprafisiológicas elevadas: utilização de dosagens muito acima das que seriam consideradas terapêuticas, caso houvesse um uso médico legítimo.
- Ciclos excessivamente longos: prolongamento do uso por muitos meses sem interrupção.
- Uso contínuo ou "blast and cruise": prática de manter o uso de EAA de forma quase ininterrupta, alternando entre doses altas ("blast") e doses mais baixas de "manutenção" ("cruise"), sem permitir a recuperação completa do eixo HPTA.
O uso indevido crônico aumenta drasticamente a incidência, a severidade e a probabilidade de cronificação de todos os efeitos colaterais mencionados anteriormente. Especificamente:
- Riscos cardiovasculares graves: dislipidemia severa e persistente, hipertensão arterial crônica, desenvolvimento de hipertrofia ventricular esquerda, aumento do risco de arritmias, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
- Complicações androgênicas intensificadas: calvície avançada, acne cística severa, problemas prostáticos significativos.
- Supressão profunda e prolongada do eixo HPTA: dificuldade extrema ou incapacidade de restaurar a produção natural de testosterona, podendo levar a hipogonadismo secundário persistente ou permanente, com necessidade de terapia de reposição de testosterona (TRT) por toda a vida.
- Danos a outros órgãos: embora a drostanolona não seja primariamente hepatotóxica, o estresse metabólico crônico pode afetar o fígado e outros órgãos.
- Efeitos psicológicos e comportamentais duradouros: alterações de personalidade, dependência psicológica da substância para manutenção da autoimagem ou performance, depressão crônica, ansiedade.
O corpo humano não está adaptado para lidar com níveis hormonais suprafisiológicos de forma contínua. A exposição prolongada e excessiva a andrógenos exógenos desregula múltiplos sistemas fisiológicos, levando a adaptações mal adaptativas e, eventualmente, a condições patológicas. A busca incessante por resultados estéticos ou de performance cada vez maiores pode levar a um ciclo vicioso de escalada de doses e duração dos ciclos, aumentando exponencialmente os riscos à saúde. Não existe um "uso seguro" de EAA em doses suprafisiológicas a longo prazo, e o conceito de "superdosagem" no contexto dos EAA é mais relevante quando se considera os efeitos cumulativos do uso crônico.
Contraindicações
As contraindicações representam condições ou circunstâncias nas quais o uso do enantato de drostanolona é absolutamente desaconselhado devido a um risco inaceitável de danos à saúde. É importante reiterar que, como o enantato de drostanolona não tem uso médico aprovado, estas contraindicações são extraídas do conhecimento geral sobre andrógenos e EAA, e não de um medicamento específico aprovado por agência reguladora.
- Câncer de próstata ou suspeita de câncer de próstata: os andrógenos podem estimular o crescimento de tumores prostáticos hormônio-dependentes.
- Câncer de mama masculino: alguns tipos de câncer de mama em homens também podem ser sensíveis a andrógenos.
- Gravidez e amamentação: A drostanolona é classificada como categoria X na gravidez (se tivesse uma classificação formal). A exposição a andrógenos durante a gestação pode causar virilização da genitália externa do feto feminino. Não se sabe se a droga é excretada no leite materno, mas devido aos seus potenciais efeitos adversos no lactente, é contraindicada.
- Hipersensibilidade conhecida: alergia à drostanolona ou a qualquer um dos excipientes presentes na formulação injetável (como o óleo carreador – frequentemente óleo de gergelim, semente de uva, etc. – ou conservantes como álcool benzílico).
- Doença cardíaca grave preexistente: incluindo, mas não se limitando a, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial coronariana instável ou avançada, histórico recente de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Os EAA podem exacerbar essas condições devido aos seus efeitos sobre os lipídios, pressão arterial e estrutura cardíaca.
- Doença renal grave (insuficiência renal): a excreção da droga e seus metabólitos pode ser comprometida, e alterações no balanço hidroeletrolítico induzidas por andrógenos podem ser problemáticas.
- Doença hepática grave (insuficiência hepática): embora a drostanolona injetável não seja primariamente hepatotóxica como os esteroides orais C17-alfa-alquilados, o metabolismo hepático pode ser uma carga adicional para um fígado já severamente comprometido.
- Hipercalcemia: os andrógenos podem aumentar os níveis séricos de cálcio. Em pacientes com hipercalcemia preexistente (frequentemente associada a certas malignidades ou doenças ósseas), isso pode ser perigoso.
A existência destas contraindicações sublinha o fato de que o enantato de drostanolona não é uma substância benigna. Mesmo que fosse utilizada sob supervisão médica (o que não ocorre para fins de melhoria de performance), uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios seria mandatória. A maioria das contraindicações está diretamente ligada aos efeitos androgênicos e metabólicos intrínsecos da droga, como a estimulação androgênica que agravaria cânceres hormônio-dependentes.
Precauções e advertências
Além das contraindicações absolutas, existem diversas precauções e advertências que devem ser consideradas por qualquer indivíduo que opte por utilizar o entanto de drostanolona, especialmente no contexto de uso não médico e com produtos de origem UGL (mercado paralelo ou clandestino).
O monitoramento do perfil lipídico é essencial durante o uso de drostanolona, devido ao risco significativo de dislipidemia, que inclui a redução do HDL (colesterol "bom") e o aumento do LDL (colesterol "ruim"). Assim, é crucial realizar exames regulares para avaliar os níveis de colesterol e triglicerídeos antes, durante e após o uso da substância.
Indivíduos com predisposição genética à alopecia androgenética devem estar atentos ao risco de queda de cabelo. A drostanolona, sendo um potente derivado do DHT, pode acelerar ou mesmo desencadear a calvície. Vale destacar que esse efeito não pode ser prevenido por inibidores da enzima 5-alfa-redutase.
A saúde da próstata também merece atenção, especialmente em homens com mais de 40 anos ou com histórico familiar de problemas prostáticos, como a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). O uso de drostanolona pode agravar condições já existentes ou contribuir para o surgimento dessas doenças. Portanto, seria prudente realizar exames como o PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal, mesmo que isso não seja comum no contexto de uso de produtos de laboratórios clandestinos (UGLs).
É fundamental compreender que o uso da drostanolona suprime a produção natural de testosterona. Por isso, é indispensável planejar uma Terapia Pós-Ciclo (TPC) adequada antes mesmo de iniciar o ciclo. A TPC tem o objetivo de ajudar na recuperação da função testicular o mais rápido possível.
As mulheres devem ser extremamente cautelosas em relação ao uso de drostanolona, uma vez que o risco de virilização é muito alto. Efeitos como engrossamento da voz e aumento do clitóris (clitoromegalia) podem ser irreversíveis, mesmo com a interrupção do uso da droga. Por essa razão, o uso por mulheres é altamente desaconselhado.
Outro ponto de atenção importante é a qualidade dos produtos obtidos de laboratórios clandestinos (UGLs), já que o enantato de drostanolona só está disponível por esse meio. Tais produtos não oferecem qualquer garantia de qualidade, pureza, dosagem correta ou esterilidade. Os riscos incluem subdosagem ou superdosagem da substância ativa, contaminação com impurezas da síntese, solventes tóxicos, metais pesados ou bactérias, além da possibilidade de o frasco conter uma substância diferente da declarada ou apenas óleo inerte. A ausência de condições adequadas de esterilidade também pode causar infecções no local da aplicação, abscessos e, em casos graves, infecções sistêmicas ou necrose tecidual.
Em relação à saúde mental e comportamental, é importante que o usuário esteja atento a mudanças de humor, como aumento da agressividade, irritabilidade, ansiedade ou sintomas depressivos, especialmente após o ciclo. Essas alterações devem ser levadas a sério e, se necessário, tratadas com acompanhamento profissional.
No contexto da saúde cardiovascular geral, além de monitorar os lipídios, é essencial verificar regularmente a pressão arterial. Pessoas com fatores de risco cardiovascular — como histórico familiar, tabagismo, obesidade e diabetes — devem evitar o uso de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA).
O uso de EAA por adolescentes representa riscos adicionais significativos, como o fechamento prematuro das epífises ósseas, o que pode comprometer o crescimento e resultar em uma estatura final reduzida. Além disso, os impactos sobre o desenvolvimento hormonal e psicológico nessa fase da vida podem ser profundos e duradouros.
A extensa lista de precauções sublinha a natureza complexa e os perigos potenciais associados ao uso da Drostanolona Enantato. A ausência de supervisão médica no contexto do uso para melhoria de performance torna a adesão diligente a estas precauções uma responsabilidade inteiramente individual, uma responsabilidade que é frequentemente negligenciada ou subestimada, aumentando os riscos à saúde.
Monitoramento médico essencial
Em um cenário ideal de uso terapêutico supervisionado por um profissional de saúde – um cenário que, é crucial reiterar, não existe para a Drostanolona Enantato utilizada para fins de melhoria de performance ou estéticos – o monitoramento médico regular seria uma parte indispensável do tratamento para garantir a segurança e eficácia.
Para indivíduos que, apesar dos riscos e da ausência de aprovação médica, optam por utilizar o enantato de drostanolona (ou qualquer outro EAA) proveniente do mercado clandestino, a realização de exames de sangue periódicos e outros acompanhamentos pode ser considerada uma estratégia de redução de danos. Embora tal monitoramento não elimine os riscos inerentes ao uso de substâncias não regulamentadas e não substitua a orientação médica profissional, ele pode ajudar a identificar precocemente o desenvolvimento de efeitos adversos e permitir que o usuário tome decisões mais informadas sobre a continuação ou interrupção do uso.
Os exames e monitoramentos sugeridos, a serem realizados idealmente antes do início do ciclo, durante o ciclo em intervalos regulares, e após a conclusão do ciclo e da TPC, incluem:
- Perfil lipídico completo: dosagem de colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e Triglicerídeos. Fundamental para detectar dislipidemia induzida por EAA.
- Função hepática: transaminases (AST/TGO e ALT/TGP), Gama-GT, Fosfatase Alcalina e Bilirrubinas (Total e Frações). Embora a Drostanolona injetável não seja considerada primariamente hepatotóxica, este painel ajuda a monitorar o estresse hepático geral, especialmente se outros compostos (orais ou injetáveis) estiverem sendo usados concomitantemente.
- Função renal: Ureia, Creatinina e Estimativa da Taxa de Filtração Glomerular (eGFR). Para avaliar o impacto nos rins.
- Hemograma completo: contagem de glóbulos vermelhos, hemoglobina e hematócrito (para verificar o risco de policitemia, que aumenta a viscosidade sanguínea e o risco trombótico), além de leucócitos e plaquetas.
- PSA (Antígeno Prostático Específico): especialmente para homens acima de 40 anos ou com histórico familiar de doenças prostáticas, para monitorar a saúde da próstata.
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Painel Hormonal:
- Testosterona Total e Livre: para avaliar o grau de supressão do eixo HPTA durante o ciclo e a eficácia da recuperação pós-ciclo.
- LH (Hormônio Luteinizante) e FSH (Hormônio Folículo-Estimulante): indicadores diretos da função pituitária e da recuperação do eixo HPTA.
- Estradiol (E2): importante para monitorar o balanço hormonal, especialmente se compostos aromatizáveis estiverem sendo usados. Níveis de estradiol excessivamente baixos (devido ao uso excessivo de IAs, por exemplo) ou muito altos podem causar efeitos colaterais.
- Pressão arterial: monitoramento regular, pois os EAA podem contribuir para a hipertensão.
- Glicemia de jejum e hemoglobina glicada (HbA1c): para avaliar o impacto no metabolismo da glicose, especialmente em indivíduos com risco de diabetes.
A necessidade deste tipo de monitoramento, mesmo que autoimposto e sem a interpretação de um profissional de saúde (o que é uma limitação significativa), destaca a natureza potente e potencialmente perigosa do enantato de drostanolona e de outros EAA. A realidade é que muitos usuários de produtos UGL (mercado clandestino) não realizam este acompanhamento de forma adequada, seja por custo, falta de acesso, desconhecimento da importância ou receio de revelar o uso de substâncias ilegais, o que aumenta consideravelmente os riscos à saúde. A ausência de um médico para interpretar os resultados dos exames e fornecer orientação individualizada é uma falha crítica na abordagem de redução de danos quando se trata do uso não médico de EAA.
Interações medicamentosas
O enantato de drostanolona, sendo uma substância predominantemente encontrada no mercado clandestino e sem estudos clínicos formais, carece de dados específicos e bem documentados sobre suas interações medicamentosas. No entanto, com base em seu pertencimento à classe dos esteroides anabólicos androgênicos (EAA) e no conhecimento farmacológico sobre andrógenos como a testosterona, podem-se inferir potenciais interações significativas:
- Anticoagulantes orais (ex: varfarina, acenocumarol): os EAA podem aumentar a sensibilidade aos anticoagulantes cumarínicos. Eles podem diminuir a concentração de fatores de coagulação dependentes da vitamina K ou aumentar a afinidade do anticoagulante por seus receptores. Isso pode resultar em um aumento do tempo de protrombina (TP) e do Índice Internacional Normalizado (INR), elevando o risco de sangramento. É crucial um monitoramento rigoroso dos parâmetros de coagulação e um possível ajuste da dose do anticoagulante caso o uso concomitante seja inevitável (o que é improvável e desaconselhado fora de um contexto médico estrito).
- Hipoglicemiantes (insulina e antidiabéticos orais, ex: metformina, glibenclamida): os EAA podem influenciar o metabolismo da glicose. Eles podem melhorar a sensibilidade à insulina ou diminuir os níveis de glicose no sangue. Em pacientes diabéticos, isso pode levar a um risco aumentado de hipoglicemia se as doses dos medicamentos antidiabéticos não forem ajustadas. Portanto, um monitoramento mais frequente da glicemia pode ser necessário.
- Corticosteroides (ex: prednisona, hidrocortisona): o uso concomitante de EAA com corticosteroides pode potencializar o risco de edema (retenção de fluidos) e desenvolvimento de acne. Esta interação é particularmente preocupante em pacientes com doença cardíaca, renal ou hepática preexistente, que já têm uma predisposição à retenção de fluidos.
- Medicamentos hepatotóxicos: embora o enantato de drostanolona injetável não seja considerada primariamente hepatotóxica (por não ser C17-alfa-alquilada), o uso concomitante com outras substâncias que sabidamente causam estresse ou dano ao fígado (incluindo outros EAA orais, certos medicamentos e álcool em excesso) pode ter um efeito aditivo ou sinérgico, aumentando o risco de lesão hepática.
- Propranolol: alguns estudos com outros andrógenos (como a testosterona) sugeriram que eles podem aumentar o clearance (eliminação) do propranolol, um betabloqueador, potencialmente reduzindo sua eficácia.
- Ciclosporina: há relatos de aumento dos níveis de ciclosporina e potencial nefrotoxicidade quando usada concomitantemente com andrógenos.
É de suma importância que qualquer indivíduo que utilize o enantato de drostanolona (ou qualquer outro EAA) informe a todos os profissionais de saúde consultados sobre este uso antes de iniciar qualquer novo medicamento, seja ele prescrito, de venda livre ou suplemento. A natureza clandestina do uso de EAA frequentemente impede essa comunicação aberta, aumentando o risco de interações medicamentosas não reconhecidas e potencialmente perigosas, que podem levar a efeitos adversos inesperados ou à falha terapêutica de outros tratamentos essenciais.
Ciclos comuns
As informações apresentadas a seguir são baseadas em relatos de uso anedótico e discussões em comunidades de fisiculturismo e usuários de esteroides anabolizantes. Não constituem uma recomendação médica, endosso ou orientação para o uso. A utilização de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) para fins de melhoria de performance ou estéticos é ilegal em muitos países, incluindo o Brasil para prescrição fora de indicações médicas específicas (Resolução CFM nº 2.333/2023) 16, e acarreta riscos significativos e potencialmente graves à saúde. A qualidade, pureza, dosagem e esterilidade de produtos provenientes de laboratórios clandestinos (UGLs) são desconhecidas e não controladas, aumentando ainda mais esses riscos.
Administração
O enantato de drostanolona é administrado exclusivamente por injeção intramuscular (IM) profunda. Os locais comuns de injeção incluem os músculos glúteos (quadrante superior externo) e o vasto lateral da coxa. A rotação dos locais de injeção é uma prática comum para minimizar a dor e o risco de desenvolvimento de tecido cicatricial ou abscessos.
Administração em homens
As dosagens comumente relatadas por usuários do sexo masculino variam tipicamente entre 200mg a 600mg por semana. Doses na faixa de 300-500mg semanais parecem ser as mais frequentes em relatos de ciclos de "cutting".
Usuários iniciantes podem optar por doses na extremidade inferior dessa faixa (ex: 200-400mg/semana), enquanto usuários mais experientes e tolerantes aos efeitos podem utilizar doses mais próximas de 600mg/semana.
Doses superiores a 600mg por semana são relatadas, mas aumentam desproporcionalmente o risco de efeitos colaterais androgênicos (queda de cabelo, acne, agressividade), cardiovasculares (dislipidemia, hipertensão) e supressão do eixo HPTA, com retornos decrescentes em termos de benefícios adicionais.
Devido à meia-vida do éster enantato (aproximadamente 7-10 dias), as injeções semanais são geralmente divididas em uma ou, mais comumente, duas aplicações por semana (ex: 200mg na segunda-feira e 200mg na quinta-feira para um total de 400mg/semana). Esta prática visa manter níveis sanguíneos mais estáveis da substância, minimizando picos e vales que poderiam exacerbar efeitos colaterais ou reduzir a eficácia percebida.
Ciclos típicos de enantato de drostanolona geralmente variam de 8 a 12 semanas.
Ciclos mais curtos (ex: 6-8 semanas) podem ser utilizados, especialmente se combinada com outros compostos de ação rápida ou em fases finais de preparação. Ciclos mais longos que 12 semanas aumentam o risco de supressão prolongada do eixo HPTA e a acumulação de efeitos colaterais.
Finalidade no stack (combinações com outros EAA)
O enantato de drostanolona é quase invariavelmente utilizado em ciclos de "cutting" (definição muscular) ou em fases de pré-competição. Seu principal apelo reside na capacidade de promover um aumento na dureza muscular, densidade, vascularização e um aspecto "seco", devido à ausência de aromatização e ao seu leve efeito anti-estrogênico.
É raramente utilizado como o principal agente anabólico em ciclos de ganho de massa bruta ("bulking"), pois seu potencial anabólico intrínseco é considerado moderado a baixo em comparação com outros EAA como testosterona, nandrolona ou trembolona. No entanto, pode ser incluído em ciclos de "massa magra" (lean bulk) para adicionar qualidade muscular e ajudar a controlar os efeitos colaterais estrogênicos de outros compostos aromatizáveis.
A combinação com alguma forma de testosterona exógena é considerada essencial pela maioria dos usuários masculinos. A drostanolona, como qualquer EAA, suprime a produção natural de testosterona. A administração de testosterona exógena (geralmente em doses de Terapia de Reposição de Testosterona - TRT, ou doses ligeiramente superiores) visa manter as funções fisiológicas dependentes da testosterona (libido, bem-estar, função cognitiva, etc.) e prevenir os sintomas de hipogonadismo induzido pelo ciclo.
Exemplos de stacks comuns (baseados em relatos do senso comum)
A lógica por trás da combinação de diferentes EAA (stacking) é tentar obter efeitos sinérgicos, onde os compostos trabalham juntos para alcançar um resultado desejado (ex: máxima definição muscular), ou para mitigar certos efeitos colaterais. No entanto, o stacking também pode aumentar a complexidade e o perfil de risco geral.
Cutting clássico
- Testosterona (propionato, enantato ou cipionato): 100-250mg/semana (dose de TRT ou ligeiramente suprafisiológica para suporte).
- Enantato de drostanolona: 300-500mg/semana.
-
Opcionais (adicionados para intensificar o efeito de "cutting"):
- Stanozolol (Winstrol®) oral ou injetável: 25-50mg/dia ou em dias alternados (DSDN), geralmente utilizado nas últimas 6-8 semanas do ciclo para maximizar a secura e dureza.
- Oxandrolona (Anavar®) oral: 40-80mg/dia, conhecida por seus efeitos de preservação de massa magra e leve queima de gordura, com um perfil androgênico relativamente mais suave.
- Acetato de trembolona (para usuários avançados e tolerantes): 50-100mg DSDN. Uma combinação extremamente potente para recomposição corporal, mas com um risco significativamente maior de efeitos colaterais severos (cardiovasculares, psicológicos, supressão do HPTA).
"Polimento" Pré-Competição (geralmente as últimas 4-8 semanas antes de uma competição)
Nesta fase, o objetivo é atingir o pico de condicionamento, com máxima definição, dureza e vascularização, e mínima retenção hídrica. Ésteres de ação mais curta são frequentemente preferidos para um controle mais fino sobre os níveis hormonais e para permitir uma eliminação mais rápida do sistema antes da competição.
- Propionato de testosterona: 50-100mg DSDN ou todos os dias (TD).
- Propionato de drostanolona (preferível ao enantato nesta fase): 50-150mg DSDN ou TD. Se o enantato de drostanolona foi usada anteriormente no ciclo, ela seria descontinuado algumas semanas antes em favor do propionato.
- Acetato de trembolona: 50-100mg DSDN ou TD.
Outros agentes: podem incluir stanozolol, e nas fases finais (últimos dias), diuréticos e manipuladores de eletrólitos (práticas de altíssimo risco que exigem conhecimento e cautela extremos e não são recomendadas).
Ciclo de "Massa Magra" (Lean Bulk)
O objetivo é promover ganhos de massa muscular de alta qualidade, com mínimo ganho de gordura e retenção hídrica.
- Testosterona (enantato ou cipionato): 300-500mg/semana.
- Enantato de drostanolona: 300-400mg/semana (para adicionar qualidade muscular, dureza e ajudar no controle do estrogênio dos outros compostos).
-
Opcionais:
- Enantato de metenolona (Primobolan® Depot): 400-600mg/semana, conhecido por promover ganhos magros e de qualidade com baixo risco de efeitos colaterais.
- Undecilenato de boldenona (Equipoise®): 400-600mg/semana, pode aumentar o apetite e promover ganhos lentos e constantes de massa magra com boa vascularização.
Administração em mulheres
O uso de enantato de drostanolona por mulheres é geralmente desaconselhado e considerado de altíssimo risco devido à sua potente natureza androgênica e à alta probabilidade de causar virilização severa e, em muitos casos, irreversível.
Se, apesar dos enormes riscos, uma atleta feminina experiente e ciente das consequências optar por utilizar drostanolona (uma prática não endossada e extremamente perigosa), as doses teriam que ser drasticamente mais baixas do que as utilizadas por homens. Doses relatadas anedoticamente (e ainda assim consideradas muito arriscadas) podem variar de 25mg a 50mg por semana, e mesmo estas podem ser suficientes para induzir efeitos virilizantes em indivíduos sensíveis. Algumas fontes de pesquisa underground mencionam 50-100mg/semana, o que representa uma dose excessivamente alta e perigosa para a vasta maioria das mulheres.
Os períodos de uso seriam necessariamente muito curtos, por exemplo, de 4 a 6 semanas no máximo.
A versão propionato da drostanolona é quase universalmente preferida por mulheres que se arriscam a usar este composto. Sua meia-vida mais curta permite uma eliminação mais rápida da substância do corpo caso surjam os primeiros sinais de virilização, oferecendo um grau de controle ligeiramente maior. O éster enantato, com sua meia-vida longa, é uma escolha ainda pior e mais arriscada para mulheres, pois os efeitos androgênicos persistiriam por um tempo considerável mesmo após a descontinuação.
O monitoramento constante e atento para os primeiros sinais de virilização (alterações na voz, crescimento de pelos faciais, acne, irregularidades menstruais, aumento do clitóris) é absolutamente crucial, e o uso deve ser interrompido imediatamente ao menor sinal. No entanto, mesmo com interrupção imediata, alguns efeitos podem ser permanentes.
A complexidade dos "stacks" e a variação nas dosagens e durações de ciclo encontradas em relatos anedóticos destacam a natureza largamente experimental e não científica do uso de EAA para fins de performance. Existe uma grande quantidade de "bro-science" (conhecimento empírico compartilhado entre usuários) misturada com alguns princípios farmacológicos básicos. Contudo, sem o rigor de estudos clínicos controlados, os resultados e, mais importante, os riscos são altamente variáveis, individualizados e frequentemente subestimados. A menção de "suporte hepático" (liver support) em alguns contextos de ciclos com esteroides injetáveis, como testosterona e enantato de trembolona, é um exemplo de prática comum na comunidade de usuários, mas cuja real eficácia e necessidade podem ser questionáveis ou mal compreendidas, especialmente para compostos não C17-alfa-alquilados.
Comparativo: enantato de drostanolona vs. propionato de drostanolona
Para melhor compreensão das nuances entre as duas formas esterificadas mais conhecidas da drostanolona, e a forma como esses esteroides são ciclados, a tabela abaixo apresenta um comparativo direto de suas principais características:
Característica | Enantato de drostanolona | Propionato de drostanolona |
Éster | Enantato (7 carbonos) | Propionato (3 carbonos) |
Meia-vida estimada | ~7-10 dias | ~2-3 dias |
Frequência de injeção típica | 1-2 vezes por semana | Dias alternados (DSDN) ou diariamente (TD) |
Início da ação percebido | Mais lento, gradual (níveis estáveis em algumas semanas) | Mais rápido (níveis aumentam em poucos dias) |
Duração típica do ciclo | 8-12 semanas ou mais | 6-10 semanas |
Uso comum em fases do ciclo | Início e meio de ciclos mais longos | Ciclos mais curtos, ou parte final de ciclos mais longos (para "polimento" e controle fino) |
Popularidade/Disponibilidade UGL | Menos comum que o Propionato | Mais comum e tradicionalmente conhecido como "Masteron" |
PIP (Dor Pós-Injeção) percebida | Geralmente leve a moderada | Frequentemente moderada a severa ("notório por PIP") |
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Referências
- Anabolics (William Llewellyn);
- Hormônios no Fisiculturismo (Dudu Haluch);
- Esteróides Anabólico Androgênicos (Lucas Caseri);
- Endocrinologia Feminina e Andrologia (Ruth Clapauch);
- PubChem / NCBI Databases.
Nomes de referência: Masteron E, Masto E, Drosta E.
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Indisponível.
Links relevantes
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