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Suplementos Nutricionais Para Ganho de Peso (artigo)


rafaelcorrea

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Suplementos Nutricionais Para Ganho de Peso

GATORADE SPORTS SCIENCE INSTITUTE

SPORTS SCIENCE EXCHANGE 22

Abril/Maio/Junho - 1999

Suplementos Nutricionais Para Ganho de Peso

Priscila M. Clarkson, Ph. D.

Professora e Diretora Associada

Department of Exercise Science

University of Massachusetts

Amherst, MA

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Principais tópicos

» Entre os principais suplementos nutricionais utilizados para manter a massa muscular encontramos: cromo, creatina, sulfato de vanádio, boro, beta hidroxi beta metil butirato (HMB), compostos protéicos e aminoácidos.

» O cromo é um mineral traço que potencializa os efeitos da insulina. Estudos científicos muito bem conduzidos demonstram que a suplementação com cromo não aumenta a massa muscular.

» A creatina encontrada na carne tem demonstrado que aumenta o peso corporal em algumas pessoas. O aumento de peso a curto prazo parece estar relacionado com a retenção de água, porém, as pesquisas mais recentes demonstram que o seu uso a longo prazo, pode promover uma elevação do peso corporal devido ao aumento da proteína muscular.

» O vanádio é um mineral traço não essencial, que supostamente tem efeitos semelhantes ao da insulina. Não foi observado nenhum aumento da massa muscular devido ao seu uso. O boro também é um mineral traço não essencial, sua função no organismo não parece muito clara e não aumenta a massa muscular.

» O HMB é um produto do metabolismo da leucina. Um estudo demonstrou que o HMB aumenta a massa muscular, a resistência e reduz as contusões musculares durante a prática de exercícios. Pesquisas adicionais são necessárias para confirmar esses resultados e estabelecer o seu mecanismo de ação, assim como a segurança de seu uso.

» A ingestão de suplementos protéicos para o aumento da massa muscular são desnecessários porque a ingestão de quantidades adequadas de proteína (1,4 a 1,8g de proteína/kg/dia), pode ser obtida através da alimentação. Se bem que, os suplementos protéicos de "alta tecnologia" são adicionados a algumas substancias com o propósito de estimular o ganho de peso, muito embora muitos deles nunca foram avaliados para ter a sua eficácia comprovada.

» As pesquisas demonstram que o ganho de massa muscular e resistência ocorre quando o atleta está bem nutrido, por exemplo, se houver uma ingestão adequada de energia e proteína e desenvolvendo um programa de treinamento bem elaborado para aprimorar a resistência.

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Introdução

A aparência da musculatura do homem, ao longo do tempo, tem sido considerada através de um determinado padrão. No início da década de 20, Charles Atlas iniciou uma campanha promocional, preconizando um programa destinado ao fisiculturismo. Nessa propaganda, através de uma estória em quadrinhos, um homem magro, com menos de 50kg de peso corporal, deitado na areia de uma praia era molestado por um indivíduo musculoso. O molestado fez curso de Charle Atlas e retornou à praia para desafiar o seu desafeto. Ainda nos nossos dias, o curso de Charles Atlas continua sendo oferecido, o corpo perfeito preconizado por ele, atualmente é apenas um pálido exemplo quando o comparamos com os atuais fisiculturistas apresentados em revistas especializadas. Muitos fisiculturistas não acreditam que apenas com o treinamento possam desenvolver os músculos de acordo com os padrões atuais. Aqueles que não desejam comprometer seu organismo e sua saúde com drogas para desenvolver a musculatura, dedicam-se à ingestão de suplementos nutricionais.

Entre os suplementos nutricionais mais divulgados para aumentar a massa corporal, destacam-se: o cromo, a creatina, o sulfato de vanádio, o boro, o beta hidroxi beta metil butirano (HMB), as preparações protéicas e as misturas de aminoácidos. Esses suplementos normalmente disponíveis para compra em academias com preços promocionais, por telefone, correio ou mesmo pela Internet. A popularidade dos suplementos nutricionais para aumento da massa corporal vem se popularizando nos últimos anos, em paralelo com a cultura estética de um corpo musculoso. Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão sobre a crendice popular a respeito dos suplementos e apresentar estudos científicos avaliando a eficácia dos mesmos.

Cromo

O Cromo é um mineral "traço" essencial para o organismo. Devido a metodologia considerada ainda insuficiente para determinar o papel do cromo no metabolismo, o Comitê Norte-Americano para Alimentos e Nutrição não determinou as necessidades diárias (RDA) desse mineral. Entretanto, uma faixa de valores foi estimada como segura para ser ingerida diariamente (ESID) e está situada entre 50-20mg (Food and Nutrition Board, 1989). Anderson & Kozlovsky (1985) verificaram que a maior parte da população americana não ingere 50mg por dia. A ESID foi estabelecida usando equipamentos menos sofisticados que os atuais, no entanto existe a possibilidade dos valores recomendados serem maiores (Stoecker, 1996).

O cromo potencializa a ação da insulina e esta estimula a captação de glicose e de aminoácidos pelas células (Lefavi, et al., 1992; Mertz, 1992). Sabe-se que o incremento na captação de aminoácidos pelas células promove um aumento na síntese protéica e consequentemente leva ao aumento na massa muscular. De fato, já foi observado que a suplementação com cromo promove um ganho de massa muscular em animais na fase de crescimento (Stoecker, 1996). Entretanto, os efeitos do cromo em seres humanos não foram totalmente esclarecidos. A suplementação com cromo é mais eficiente na forma de picolinato, no entanto, também apresenta-se efetivo nas formas de nicotinato e de cloreto. O ácido picolinico é um composto orgânico que se une ao cromo e aumenta a sua absorção e o transporte no organismo (Evans, 1989).

Evans, em 1989, foi o primeiro pesquisador a demonstrar os efeitos da suplementação com cromo no aumento da massa magra em seres humanos praticantes de exercícios físicos. Em seus estudos, Evans forneceu 200mg de picolinato de cromo ou placebo a estudantes colegiais que foram divididos em dois grupos diferentes, um grupo treinava futebol americano e o outro era composto por estudantes que não praticavam exercícios. A administração era diária e o programa de treinamento de resistência levou de 40 a 42 dias. O autor verificou que os estudantes que receberam suplementação de cromo ganharam uma massa muscular significativamente maior em comparação com o grupo que recebeu placebo. Entretanto, o aumento da massa magra foi determinado pela medida de circunferência e o erro deste método pode ter interferido nos resultados.

Quatro estudos subsequentes não confirmaram os resultado obtidos por Evans. Hasten e seus colegas (1992). 200mg de picolinato de cromo ou placebo, foi fornecido durante 12 semanas para alguns estudantes que participavam de um programa de treinamento de força. Os resultados demonstraram que ocorreu um pequeno aumento de peso corporal entre os homens, tanto no grupo que recebeu o picolinato de cromo, como no grupo que recebeu placebo. Entre as mulheres ocorreu um pequeno aumento de peso no grupo que recebeu placebo, porém o grupo que recebeu a suplementação como cromo sofreu um aumento ne massa corporal de 2,5kg. A massa magra não foi determinada e os autores fizeram diversas especulações para explicar o aumento de peso corporal entre as mulheres que ingeriram o suplemento de cromo: 1) as mulheres possivelmente estavam com deficiência de cromo (não foram apresentados dados sobre a dieta); 2) a dose de cromo foi elevada para o grupo feminino; 3) possivelmente as mulheres são menos resistentes à insulina que os homens e 4) o ganho de peso relativamente elevado encontrado no grupo masculino no início do treinamento de força pode ter mascarado o efeito da suplementação. Estudos adicionais devem ser feitos para confirmar os resultados obtidos com os participantes do sexo feminino com o intuito de determinar quais as razões das mesmas terem sido mais beneficiadas com a suplementação com cromo durante o programa de treinamento para desenvolvimento de força.

Estudando os efeitos da suplementação com cromo na massa magra, Clancy e seus colegas (1994) deram 200mg por dia de picolinato de cromo ou placebo, durante 9 semanas a estudantes colegiais praticantes de futebol americano que estavam inseridos no programa de treinamentos de força. As modificações na composição corporal foram feitas através da determinação da densidade corporal (peso sub-aquatico) e medidas antropométricas. Foi feita a determinação da ingestão de alimentos e a excreção urinária de cromo. Não foram observadas diferenças entre o grupo que recebeu suplementação com cromo e o que recebeu placebo nas medidas das dobras cutâneas, percentual de gordura, massa magra e medidas de circunferências.

A Excreção urinária de cromo foi baixa antes da suplementação e em alguns casos não foi detectável. O mesmo também foi observado no grupo que recebeu placebo. Entretanto, no grupo que recebeu a suplementação com cromo, a excreção urinária aumentou significativamente após 4 semanas e permaneceu elevada por 9 semanas. Esses resultados sugerem que as reservas de cromo no organismo estavam adequadas e a ingestão extra de cromo foi eliminada através da urina. Em outro estudo (Hallmark, e colaboradores, 1996), usando praticamente o mesmo planejamento experimental de Clancy e cols. (1994), mas empregando pessoas destreinadas do sexo masculino, também não observou resultados positivos com a suplementação com cromo na massa magra.

Em um estudo muito bem controlado, Lukaski e colegas (1996) verificaram o efeito da suplementação de cloreto de cromo, picolinato de cromo ou placebo durante 8 semanas em homens que estavam iniciando um programa de treinamento de resistência. A composição corporal foi cuidadosamente determinada através de dobras cutâneas, circunferências e da dupla verificação da absorção de raios X (DEXA). O controle alimentar também foi observado. As duas formas de cromo administradas aumentaram de maneira similar a excreção urinária de cromo e não apresentaram nenhum efeito na composição corporal.

A maioria dos trabalhos publicados demonstram que a suplementação com cromo é ineficiente no aumento da massa magra. Estudos feitos com cultura de células, sugerem que o picolinato de cromo pode se acumular nas células e provocar danos nos cromossomos (Stearns et al., 1995 a; Stearns et al., 1995 :P. Esses resultados não foram encontrados em estudos efetuados com seres humanos (McCarty, 1996) e parece ser mais prudente ingerir alimentos ricos em cromo. Entre os alimentos que apresentaram um alto teor de cromo encontram-se: levedo, queijo, cogumelos e germe de trigo.

Creatina

A creatina é encontrada na carne e no peixe. Quando ingerida, a creatina é absorvida pelo intestino e lançada na corrente circulatória sem sofrer alterações. Uma vez na corrente sangüínea é levada por proteínas transportadoras específicas para o tecido muscular. A creatina normalmente é sintetizada pelo organismo utilizando os aminoácidos glicina e arginina. No músculo esquelético a creatina se combina com o fosfato, uma molécula importante no fornecimento de radicais fosfatos para as moléculas de adenosina di-fosfato regenerarem a adenosina tri-fosfato (ATP), a primeira fonte de energia para os músculos.

A creatina se tornou um dos suplementos nutricionais mais populares na última década (Balsom, 1994; Volek & Kraemer, 1996). Muitos, mas nem todos os estudos científicos mostraram que a creatina é agente ergogênico, que melhora o desempenho em esportes repetitivos de alta intensidade e curta duração e sua eficácia ainda vem sendo discutida (Mujika e Padilla, 1997).

O efeito colateral dos suplementos com creatina reside no aumento da massa muscular. Diversos estudos demonstraram que a suplementação com creatina (20 a 30g/dia durante 5 dias), resulta em um aumento significativo (da ordem de 1 a 3kg) no peso corporal, (Balsom et al., 1993a-b; Balsom et al., 1995; Earnest et al., 1995; Green et al. 1996; Greenhaff et al., 1996; Jacobs et al., 1997; Mjika et al., 1996; Soderlund et al., 1994; Stroud et al., 19947; Volek et al., 1997; Prevost et al., 1997). Entretanto, alguns estudos não encontraram um aumento significativo no peso corporal (Earnest et al., 1997;Grindstaff et al., 1997;

Prevost et al., 1997). É importante destacar que a ingestão de 20g de creatina corresponde a cerca de 5,5kg de carne (Eichner, 1997).

Num estudo em que os participantes ingeriram 30g de creatina por dia, durante 6 dias, a pessoa que apresentou o maior aumento de peso corporal (2,5kg), foi um vegetariano (Balsom et al., 1993a). Possivelmente a captação de creatina pelo músculo é maior em vegetarianos (Harris et al., 1992), o que parece ser lógico, pois os vegetarianos apresentam uma reserva de creatina baixa em nível muscular, enquanto outros apresentaram apenas pequenas modificações. Parece que a grande variação observada nas respostas do organismo à ingestão de creatina reflete o estágio inicial do nível deste elemento no organismo.

O modo de ação da creatina em aumentar o peso corporal não é conhecido. A ingestão de 20g de creatina durante 4 a 5 dias resulta em um aumento significativo nos níveis de creatina muscular (Harris et al., 1992). A ação da creatina no músculo pode ser osmótica, aumentando a retenção de água pelas células (Volek & Kraemer, 1996). Hultman et al. (1996), observaram que quando as pessoas ingerem creatina ocorre uma diminuição na excreção de urina, indicando uma retenção de água. Os estudos preliminares sugerem que pode ocorrer um aumento na síntese protéica, assim como na retenção de fluidos (Ziegenfuss et al., 1997; Flisinska-Bojanowska, 1996).

A segurança do uso de suplementos de creatina chamou a atenção em dezembro de 1997, após a morte de três colegiais halterofilistas. Na ocasião especulou-se que a creatina teve alguma participação no fato. Entretanto, esses halterofilistas se submeteram a uma desidratação intensa que possivelmente teria causado um estresse térmico fatal. Qualquer contribuição que a creatina tenha dado ao evento, não foi confirmada. Muitas são as informações corriqueiras a respeito dos efeitos da creatina no organismo que são divulgadas por preparadores físicos, destacando-se as cãibras, espasmos e mesmo distensões musculares. Tem sido postulado que a retenção de água pelo músculo causa esses problemas, porém esses fatos não foram estudados ou documentados.

Estudos laboratoriais tem demonstrado um mínimo ou mesmo nenhum efeito colateral que possa ser atribuído à ingestão de creatina, esses estudos tem utilizado um protocolo de curta duração (de 4 dias a menos de 2 meses). O uso de altas doses de creatina por períodos longos não foi estudado. Os fabricantes recomendam a ingestão de 20g de creatina por dia, durante 5 dias e continuar o programa com a ingestão diária de 2 a 5g. Os atletas muitas vezes elevam a ingestão quando os períodos são longos, partindo do princípio de que é necessário realizar outros estudos para definir se a ingestão de suplementos de creatina em diversas quantidades e períodos é segura e em que condições exigem cuidados especiais.

Vanádio

O vanádio é um mineral traço, cuja essencialidade ainda não foi demonstrada para os seres humanos. Embora algumas informações sobre suas necessidades possam ser encontradas (Food and Nutrition Board, 1989), a ingestão de uma quantidade diária em torno de 10mg provavelmente atende a qualquer necessidade postulada (Nielsen, 1996). A deficiência de vanádio em animais tem demonstrado efeitos deleteriosos, como a diminuição da longevidade. No entanto, ainda não foram relatados casos de deficiência de vanádio em humanos. Diversas funções para o vanádio vem sendo propostas, incluindo uma semelhante à da insulina, em promover o transporte de aminoácidos para o interior das células. Devido ao fato de aumentar a captação de aminoácidos pelos músculos, lhe é atribuída a característica de aumentar a massa muscular; o vanádio na forma de sulfato é amplamente utilizado como construtor de músculos. Os dados obtidos com animais e cultura de células, sugerem que o vanádio tem uma função anabólica.

Como as informações relativas à essencialidade do vanádio em seres humanos ainda não são suficientes, não foi estabelecida uma RDA ou uma ESID (Food and Nutrition Board, 1989). Entre os alimentos ricos em vanádio encontramos os cogumelos, a salsa e os crustáceos. As frutas, verduras e óleos contém pequenas quantidades de vanádio (Nielsen, 1996).

Foi sugerido que alguns atletas devem ingerir cerca de 60mg por dia durante 2 a 3 meses para aumentar a massa muscular (Fawcett et al., 1996). Entretanto, não existem trabalhos demonstrando os efeitos anabolizantes do vanádio em seres humanos. No único estudo que avalia o uso de uma suplementação com vanádio, os indivíduos ingeriram 0,5mg/kg/dia de sulfato de vanádio ou placebo por 12 semanas durante um programa de treinamento de força e os resultados não demonstraram efeitos positivos na composição corporal que foi obtida através de medidas antropométricas ou por escaneamento DEXA (Fawcett et al., 1996).

A utilização de suplementos com vanádio pode ser prejudicial se for feita por um período de tempo longo. A ingestão suplementar de 13,5mg de vanádio por dia, durante o período de 6 semanas, ou de 9mg até16 meses não demonstraram toxicidade. Entretanto, as doses maiores provocaram diarréia, língua verde, distúrbios intestinais e cãibras (Nielsen, 1996). Até o momento, não existe justificativa científica para o uso do sulfato de vanádio como um agente anabólico para atletas e doses elevadas durante um determinado período mostraram ser prejudiciais.

Boro

O boro é um elemento químico essencial para o crescimento de plantas e pode também ser essencial para os animais, porem para os seres humanos ainda não existem dados suficientes para que se estabeleça uma RDA ou uma ESID (Food and Nutrition Board, 1989; Nielsen, 1996). Não há dados relativos ao conteúdo de boro nos alimentos, porém a ingestão foi calculada estar entre 0,5 e 3,1mg (Nielsen, 1996). Estudos realizados com animais sugerem uma ingestão da ordem de 1mg/dia. O boro está presente em alimentos de origem vegetal. As frutas não cítricas, folhas de vegetais, nozes e legumes são boas fontes de boro (Nielsen, 1996). Ainda não se conhece a maneira como boro ingerido é transportado no organismo. O boro está presente em todos os tecidos moles, porém apresenta concentrações mais elevadas nos ossos, unhas, cabelos e dentes (Nielsen, 1996).

A função do boro no organismo ainda é desconhecida com exatidão, porém sabe-se que ele afeta o metabolismo do cálcio, do magnésio e a função da membrana (Chrisley, 1997). Foi proposto que o boro aumenta a massa muscular devido ao aumento na produção de testosterona. Um estudo demonstrou que a ingestão de 3mg/dia de boro diminui a excreção urinária de cálcio, quando a dieta é deficiente em magnésio e promove um aumento nos estrogenos e na testosterona sérica em mulheres no período pós-menopausa. Foi observado ainda que a ingestão de 3mg de boro altera os níveis dos minerais no soro, porém, não modifica os teores dos hormônios circulantes (Meachan et al., 1994; 1995; Volpe et al., 1993a; 1993b). No único estudo efetuado com o boro para verificar seu efeito na massa muscular entre os homens, Green e Ferrando (1994), forneceram diariamente uma suplementação de 2,5mg de boro ou placebo, durante 7 semanas, a fisiculturistas e não encontraram diferenças entre os grupos no que tange a massa muscular, total de testosterona e força nas 7 semanas do experimento. Até o presente, não existem informações que comprovem a eficiência da ingestão de boro no aumento da massa muscular de atletas.


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Beta Hidroxi Beta Metil Butirato (HMB)

O HMB é um composto derivado do metabolismo da leucina, que é um aminoácido essencial e por essa razão é também chamado de metabólito da leucina. Além de ser produzido pelo organismo, o HMB é encontrado em alguns alimentos como nas frutas cítricas e em alguns peixes, como no peixe-gato. O HMB não é um nutriente essencial. A função do HMB no organismo humano não está perfeitamente esclarecida, mas é sugerida uma ação no aumento da massa muscular pela prevenção da degradação protéica que ocorre com a prática de exercícios intensos e de resistência, assim como teria uma atuação no aumento no processo de reconstituição dos tecidos (Nielsen et al., 1996).

Embora sejam encontrados na literatura alguns resumos científicos demonstrando os efeitos anabólicos do HMB, existe apenas uma publicação que faz uma pré-revisão do assunto (Nielsen et al., 1996). No primeiro experimento descrito nesse trabalho, foram estudados os efeitos da ingestão de zero, 1,5g e 3,0g de HMB durante 3 semanas em homens submetidos a um treinamento padronizado em 3 dias por semana, cujas sessões eram supervisionadas por preparadores físicos. Os indivíduos dos grupos que receberam suplementos de HMB tiveram uma maior aumento da massa muscular após as três semanas (1,21kg). A ingestão de doses mais elevadas também ocasionou um aumento na força (total em exercícios de levantamento e agachamento). No grupo que recebeu suplementação, também foi observado uma diminuição nas primeiras 2 semanas da degradação muscular, assim como uma menor evidência de danos na musculatura.

No segundo experimento, os indivíduos foram treinados por 7 semanas e a intensidade dos exercícios foi maior. Neste experimento, também foi observado que a ingestão de 3g/dia de HMB aumenta significativamente a massa magra e a força de apreensão (mas não a força de pegada no levantamento e no agachamento) comparando com o placebo. Os resultados são interessantes e parecem demonstrar que o HMB pode ser um suplemento anabolizante utilizado no treinamento de força. Deve-se ressaltar que o aumento da massa muscular não foi muito elevado. A ingestão alimentar foi bem controlada no primeiro experimento quando eram fornecidos alimentos congelados e lanches embalados, fato que não ocorreu no segundo estudo. Todavia, estudos complementares são necessários para comprovação dos resultados e determinar o possível mecanismo de ação e a sua inocuidade no uso por períodos prolongados.

Proteína

Muitos suplementos contendo proteínas e várias combinações de aminoácidos estão disponíveis no mercado para aqueles que desejam um aumento na massa muscular. A ESID para a ingestão de proteína é de 0,8g/kg/dia (Food and Nutrition Board, 1989). Diversos estudos demonstram que os atletas necessitam de quantidades superiores e outras revisões bibliográficas estão disponíveis para informações adicionais sobre a necessidade de proteínas para atletas (Lemon, 1991; 1992;1994).

Os exercícios de resistência, aumentam a síntese protéica e ocasionam um balanço nitrogenado negativo (Chesley et al., 1992; 1993), o que sugere a necessidade de aumentar a ingestão de proteína na dieta. Alguns estudos indicam a ingestão de 2g/kg/dia de proteína como a quantidade adequada para manter um balanço nitrogenado positivo para os atletas em programas de treinamento de força (Celejowa et al., 1978). Quando os atletas no período de treinamento, ingeriram 2g de proteína/kg/dia, além do que normalmente ingeriam (1,3g/kg/dia), durante 4 semanas, a síntese protéica total do organismo e a massa magra aumentaram (Fern et al., 1991). Esse estudo também demonstrou que houve um aumento significativo na oxidação dos aminoácidos, o que sugere que ocorreu uma ingestão excessiva de proteína, portanto superior àquela necessária para o crescimento muscular (Lemon, 1994). Tarpolsky et al. (1992) verificaram que a ingestão de 2,4g/kg/dia de proteína, não aumenta a síntese protéica acima da ingestão de 1,4g/kg/dia, porém, o aumento na ingestão de proteína provoca um aumento na oxidação dos aminoácidos. Assim, a ingestão extra de proteína é utilizada principalmente para a produção de energia e não na síntese protéica.

Lemon (1995) recomenda aos atletas a ingestão de 1,4 a 1,8g/kg/dia de proteína. Os atletas principiantes nas primeiras 3 semanas podem necessitar de uma quantidade mais elevada que os atletas já treinados (Lemon, 1992). Tão logo ocorra a adaptação ao treinamento, o balanço nitrogenado positivo retorna ao normal, assim sendo, é recomendada a ingestão de quantidades de proteína em níveis menores para os atletas mais experientes e em limites mais altos para os iniciantes. Até o presente momento, não existem informações suficientes para garantir que a ingestão de quantidades superiores a 2g/kg/dia de proteína aumenta a massa muscular acima da observada com a ingestão de quantidades moderadas.

A maior parte dos atletas ingerem grandes quantidades de energia e a ingestão de proteína geralmente atende as necessidades preconizadas ou excede a faixa recomendada para os atletas que participam dos programas de treinamento de força. Os atletas que ingerem uma dieta deficiente em energia, quando a ingestão de alimentos não é muito variada ou quando os atletas são vegetarianos, que via de regra não consomem quantidades adequadas de proteína, não atingem os níveis adequados de ingestão protéica. Para que ocorra um aumento na massa muscular é necessário ingerir quantidades adequadas de energia e de proteína. As necessidades protéicas geralmente são maiores quando a ingestão energética é baixa (Butterfield et al., 1992).

Os atletas que participam de programas de desenvolvimento de força e tem como objetivo aumentar a massa muscular devem ser cuidadosos para não ingerir quantidades adicionais de carne vermelha ou de ovos, pois apresentam um teor elevado de gordura. Se os atletas acreditam que não estão ingerindo quantidades adequadas de proteína, uma boa forma de suplementação seria a ingestão de leite em pó (caseína), que é uma proteína de alto valor biológico e barata, pois além de fornecer todos ou "suplementos protéicos de alta tecnologia", encontrados no comércio de suplementos nutricionais para atletas. A maioria desses suplementos nutricionais fornecem quantidades adicionais de energia e proteína. A eficiência de formulações que incluem substâncias "especiais", não foram testadas cientificamente, o que não garante qual sua eficiência para o aumento da massa muscular.

Aminoácidos

Os efeitos anabolizantes estão atribuídos aos seguintes aminoácidos: arginina, ornitina, lisina, metionina e fenilalanina. Existem dois estudos que relacionam a ingestão de arginina e ortinina conjugado com um programa de treinamento de força havendo o aumento da massa muscular e a diminuição com massa gordurosa, quando comparado com a ingestão de placebo (Elam, 1988; Elam et al., 1989). Porém, a composição corporal só foi determinada através das dobras cutâneas e o consumo alimentar não foi controlado.

É sugerido que esses aminoácidos estimulam a liberação de hormônio de crescimento e da insulina e dessa maneira ocorre o aumento da massa muscular (Jacobson, 1990; Kreider et al., 1993). Bucci et al. (1990;1992), forneceram 40, 100, ou 170mg de L-ornitina a fisiculturistas em três diferentes ocasiões, não tendo sido observada nenhuma modificação na quantidade de insulina sérica, embora tenha sido observado um aumento significativo no teor de hormônio de crescimento quando a dose administrada era 170mg/kg (cerca de 12g de ortinina para um atleta de 70kg). No único estudo disponível com doses baixas de aminoácidos com uma resposta de 1,2g de L-lisina mais 1,2g de L-arginina, os resultados demonstraram um aumento plasmático do hormônio de crescimento bem como da insulina (Isidori et al., 1981).

Outros estudos não comprovaram esses efeitos. A administração durante 4 dias de uma combinação de L-arginina, L-ortinina e L-lisina (2g/dia de cada) não aumentou os níveis séricos de hormônio de crescimento e de insulina (Fogelholm et al., 1993). A ingestão feita por fisiculturistas do sexo masculino, de um suplemento de 2,4g de arginina/lisina, ou de 1,85g de ortinina/tirosina, ou ainda de uma bebida protéica, não alterou a liberação de hormônio de crescimento (Lambert et al., 1993). Halterofilistas de elite da categoria juniores que tomaram um suplemento de aminoácidos (contendo vários aminoácidos), durante uma semana de treinamento muito volumoso, não mostraram alterações nos níveis séricos de hormônio de crescimento, testosterona ou cortisol durante os exercícios e em repouso (Fry et al., 1993). Embora, Suminski et al. (1997), encontraram um aumento no hormônio de crescimento sérico nas condições de repouso quando se administrava 1,5g de L-arginina e 1,5g de lisina, ressalta-se que o aumento foi pequeno (7,5mg/1), transitório e com uma grande variação individual. A ingestão desses aminoácidos antes de uma sessão de treinamento de resistência não afeta a resposta do organismo ao hormônio de crescimento. Em outro estudo, a administração de 200mg/kg de arginina, por dez dias, não aumenta o hormônio de crescimento sérico, nem influenciou na perda de peso, gordura, tecido magro ou mesmo na força (Walberg- Rankin et al., 1994).

As doses recomendadas pelos fabricantes de suplementos de aminoácidos, não se assemelham àquelas que elevam o hormônio de crescimento e alteram o peso corporal. Os suplementos de aminoácidos disponíveis comercialmente no mercado norte-americano contém menos de 4g por porção; doses elevadas de aminoácidos e podem ocasionar cólicas estomacais e diarréias. Esses suplementos são de preço elevado e as conseqüências do uso de somente alguns aminoácidos por um período de tempo prolongado ainda não foi determinada. A ingestão de quantidades elevadas de um aminoácido afeta a absorção de outros aminoácidos. Até o momento existem poucas evidências que o uso de suplementos de aminoácidos possa promover um aumento na massa muscular.

Resumo

Neste trabalho foi feita uma revisão sobre a eficiência anabolizante de algumas substâncias utilizadas como suplementos para atletas; foram estudados: cromo, creatina, sulfato de vanádio, boro, HMB, proteína e aminoácidos. Muitos outros produtos encontrados no comércio americano proclamam o aumento da massa corporal, porém não existem estudos científicos que comprovem a sua eficiência em seres humanos até a presente revisão da literatura. Os resultados apresentados mostram que o cromo não promove um aumento na massa muscular. A creatina demonstrou ser efetiva no ganho de peso corporal em alguns casos. O ganho de peso registrado no início da ingestão de creatina parece ser devido à retenção de água pelo músculo, a longo prazo, parece que ocorre um aumento da síntese protéica. As pesquisas demonstraram que o sulfato de vanádio e o boro não promovem um aumento da massa muscular. No único estudo disponível, o HMB demonstrou ser efetivo aumento da massa muscular e no da força, mostrou também diminuir a degradação protéica nos exercícios de resistência. Esses resultados necessitam de confirmação, assim como seu mecanismo de ação, que não esta claro.

As necessidades de proteínas para atletas durante o treinamento de força é da ordem de 1,4 a 1,8/g/kg/dia, juntamente com a ingestão de quantidades adequadas de energia; essa quantidade de proteína pode ser obtida através da alimentação normal, sem haver necessidade de ingestão de suplementos, se bem que, suplementos protéicos de "alta tecnologia" incluem em suas fórmulas uma série de substâncias estimuladoras do ganho de peso, cuja eficácia nunca foi cientificamente avaliada. Parece ser muito improvável que esses suplementos sejam mais efetivos que a alimentação ou um suplemento como caseína (leite em pó). Diversas formulações de aminoácidos tem sido preconizadas para aumentar os níveis séricos do hormônio do crescimento e da insulina e consequentemente promoverem um aumento na massa muscular, porém, os estudos efetuados não demonstraram consistência nos resultados.

A propaganda dos suplementos nutricionais normalmente são enganosas e/ou conduzem a interpretações erradas. Esses suplementos podem ser comercializados nos EUA, sem o aval do US Food and Drug Administration (FDA) no que diz respeito a sua segurança e seus efeitos, e muitos dos efeitos preconizados não são confirmados. A concentração dos ingredientes ativos varia de um produto para outro, justamente devido a ausência de uma regulamentação.

Os estudos sobre os efeitos desses suplementos no aumento da massa muscular foram feitos quase que exclusivamente com homens. Existe uma falta de informações sobre os possíveis efeitos em mulheres, sua eficiência e tipo de respostas em mulheres com situações fisiológicas diferentes. Alguns estudos indicam que a creatina e o HMB podem aumentar a massa corporal. Seus efeitos na força e no desempenho não estão esclarecidos; o aumento de peso é relativamente pequeno e os resultados não foram confirmados adequadamente. Um suplemento nutricional, não transformará um indivíduo magro de 45kg em um Charles Atlas. Além do mais, um suplemento nutricional, mesmo combinado a sua ingestão com um programa de treinamento de força, certamente não transformará o fisíco de Charles Atlas em algo parecido com o corpo dos fisiculturistas atuais.

Agradecimentos

Parte deste trabalho foi publicado em: Clarkson, P.M. (1998). Dietary supplements and pharmaceutical agents for weight loss and gain. In: D.R. Lamb and R. Murray (eds) Perspectives in Exercise Science and sports Medicine Vol 10. Exercise Nutrition, and Weight Control Carmel, IN: Cooper Publishing Group.

Referências

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Ziegler, E., Filer, LJ (eds). (1996) Present Knowledge in Nutrition, Washington, D.C., 7th ed.

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São interessantes esses textos...

Mas sempre saliento que, o duro de tudo isso, é que vira ano...vem ano...e o que era bom...passa a ser meia-boca.

Acho d+ que suplemento é modinha...cada hora o fabricante quer te empurrar outra coisa...

Impressionante...

Mas é claro, tem coisa que funfa hehe! :wink:

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