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Quimicamente, a carnitina é uma amina quaternária (a mesma família química à qual a colina pertence) e existe sob a forma de dois estereoisômeros (estruturas que são a imagem espelhada uma da outra) chamados L-carnitina (a forma ativa encontrada em nossos tecidos) e D-carnitina ( a forma biologicamente inativa).

 

Uma mistura das duas formas em partes iguais tem o nome de DL-carnitina. A L-carnitina é sintetizada no corpo humano, principalmente no fígado e nos rins, a partir de aminoácidos essenciais, a lisina e a metionina. Três vitaminas, niacina, B6 e C, assim como o ferro, participam dessa síntese. Hoje sabe-se que a L-carnitina é essencial para a manutenção da saúde dos seres humanos.

 

A L-carnitina é absolutamente necessária para o transporte dos ácidos graxos de cadeia longa até a mitocôndria, a fornalha metabólica das células. Os ácidos graxos são as principais fontes de produção de energia no músculo cardíaco e esqueletal, estruturas particularmente vulneráveis à deficiência de L-carnitina.

 

Já foram identificados vários estados de insuficiência de L-carnitina, muitos dos quais são de origem genética. Dentre os sintomas dessas deficiências estão: fraqueza muscular, confusão severa e angina (“dor no peito”). Alguns grupos, particularmente, correm risco de deficiência de L-carnitina. Dentre eles estão pacientes de insuficiência renal crônica em hemodiálice e pacientes com insuficiência hepática. Até alguns subgrupos saudáveis apresentam necessidade adicionais de L-carnitina.

 

Dentre eles estão os vegetarianos radicais, recém-nascidos, gestantes e lactantes. Só recentemente se reconheceu que a L-carnitina é essencial para a saúde ótima. O futuro dessa substância parece promissor, desde que a ciência médica continue a investigá-la. Dentre os argumentos a favor dessas substâncias estão:

 

1. Protege contra doenças cardiovasculares;

2. Protege contra doenças musculares (e ajuda a desenvolver os músculos e o vigor);

3. Protege contra doenças hepáticas;

4. Protege contra o diabetes;

5. Protege contra doenças renais;

6. Ajuda nas dietas.

 

Estudos clínicos demonstraram os efeitos positivos da suplementação de L-carnitina em pacientes que sofrem de doenças da artéria coronária e que recebem injeções de L-carnitina. Em um grupo, por exemplo, demonstrou-se o aumento significativo da tolerância aos exercícios entre pacientes tratados com L-carnitina com doenças da artéria coronária.

 

Outros demonstraram também uma maior tolerância a exercícios entre pacientes de doença da artéria coronária tratados com L-carnitina. Em outro estudo, dois grupos semelhantes de pacientes que sofriam de angina pectoris (a dor no peito severa que freqüentemente acompanha o fluxo insuficiente de sangue e oxigênio para o músculo cardíaco) tomaram duas formas diferentes de carnitina. Observou-se uma melhoria notável nos dois grupos durante os trintas dias iniciais nos quais se administrou carnitina por via oral.

 

Entre trinta e sessenta dias, entretanto, observou-se uma melhoria maior no grupo que tomou L-carnitina (50 miligramas por quilograma de peso corporal por dia) mas não no grupo que tomou DL – cartinina (100 miligramas por quilograma de peso corporal por dia).

 

Muitas pessoas consomem gérmen de trigo e o óleo derivado do gérmen de trigo como fontes de vitamina E “natural” e octacosanol. Não há indícios persuasivos que sugiram que a vitamina E ou qualquer outra substância derivada dessas fontes seja mais eficaz do que a vitamina E comprada em cápsulas.

 

Além disso, o óleo contido nessas cápsulas é muito menos propenso à rancidez do que o do gérmen de trigo. Foi elaborado um argumento não-convincente, com base em pesquisas inadequadas, de que o óleo de gérmen de trigo é superior aos suplementos concentrados de vitamina de vitamina E.

 

A razão disso, segundo alegações, é que o óleo de gérmen de trigo contém octacosanol, um álcool de 28 carbonos. Atualmente, os fabricantes e divulgadores do óleo de gérmen de trigo competem em relação à quantidade de octacosanol contida em seus respectivos produtos.

 

O fato é que há poucas informações na literatura científica que indiquem que o octacosanol desempenhe um papel significativo na biologia e saúde humanas. É interessante e instrutivo notar que os autores de artigos que divulgam o octacosanol freqüentemente citam um documento científico específico, sugerindo claramente que esse documento trata do reagente catalisador octacarbonila de dicobalto, que nada tem a ver com octacosanol!

 

Uma observação final sobre esse assunto: atualmente, parece que descobertas anteriores que mostram um possível papel benéfico do óleo de gérmen de trigo no tratamento da distrofia muscular talvez tenham sido resultantes de uma substância inteiramente diferente, como o selênio, que hoje parece ter uma possível função nesse distúrbio, embora ainda não se tenha demonstrado claramente isso.

 

Relatou-se, há algum tempo, que a suplementação de carnitina reduz significativamente os lipídios sangüíneos totais (gorduras e substâncias semelhantes à gordura), uma descoberta confirmada recentemente por pesquisadores japoneses que relataram que a administração oral de 900 miligrama de L-carnitina diminuiu notavelmente os níveis sangüíneos de triglicerídeos, um dos lipídios envolvidos nas doenças cardiovasculares.

 

A L-carnitina oral, neste estudo, foi tão eficaz quanto a L-carnitina intravenosa. O efeito continuou enquanto se deu continuidade à administração de carnitina; os níveis de triglicerídeos aumentaram novamente quando se suspendeu a administração da carnitina. Não se observou nenhum efeito sobre o colesterol. Entretanto, em outros estudos, a administração oral de 1 grama de L-carnitina diariamente durante um período de dez a quinze semanas gerou um aumento substancial no colesterol HDL em dois homens normais. O HDL é o colesterol “bom”, a parte protetora contra a doença da artéria coronária.

 

As pesquisas realizadas até o momento sugerem um papel potencialmente importante para a L-carnitina no tratamento e possivelmente na prevenção de algumas formas de doenças cardiovasculares. Entretanto, hoje não existem indícios que as pessoas com níveis normais de carnitina e metabolismo normal de ácidos graxos se beneficiem da suplementação não alimentícia de carnitina. Maiores pesquisas estão garantidas.

 

Demonstrou-se recentemente, em um estudo bem projetado, que a suplementação de L-carnitina aumenta a distância que os pacientes de claudicação intermitente decorrente de doença vascular periférica conseguem caminhar.

 

Quanto às alegações relacionadas aos músculos e ao vigor, demonstrou-se que os pacientes com algumas formas de doenças que enfraquecem os músculos, em sua maioria hereditárias, apresentam deficiências de carnitina que, em algumas instâncias, respondem à suplementação de carnitina. As alegações de que a carnitina pode ajudar a desenvolver a musculatura e aumentar a resistência física levaram à sua adoção entre alguns atletas e adeptos da musculação.

 

È possível que os indivíduos normais possam se beneficiar do aumento da energia proporcionado por suplementos de carnitina, mas não há provas de que isso realmente aconteça. Nem tampouco há muitos indícios de que a carnitina ofereça proteção direta contra doenças hepáticas. As deficiências de carnitina, entretanto, podem atrapalhar os processos normais do metabolismo hepático das lipoproteinas, contribuindo para elevações potencialmente danosas dos níveis sangüíneos de triglicerídeos e colesterol. (Veja a discussão acima sobre doenças cardiovasculares.)

 

Quanto ao diabetes, embora tenham sido relatadas anormalidade no metabolismo da carnitina em diabéticos, não há provas de que a suplementação de carnitina previna o diabetes. O argumento de que a carnitina oferece proteção contra doenças renais aparentemente provém de relatos de que a deficiência de carnitina em pacientes de falência renal que passam por hemodiálise, hoje freqüentemente observada, possa ser prevenida através da suplementação oral de carnitina.

 

Não há indícios, entretanto, de que esses suplementos beneficiem indivíduos normais que buscam prevenir o desenvolvimento de problemas renais. Postulou-se que a carnitina seria um suplemento útil para os indivíduos em dietas de baixa caloria; que a carnitina, aumentando a eficiência da oxidação dos ácidos graxos (aumentando a taxa de queima das calorias armazenadas sob forma de gordura) seria capaz de aumentar a tolerância a dietas de baixa caloria, reduzindo a sensação de fome e franqueza que resultam da oxidação menos eficiente das gorduras. Trata-se de uma idéia intrigante que vale a pena investigar.

 

Do lado negativo, precisamos observar que foram relatados sintomas da miastenia (franqueza progressiva de certos grupos de músculos sem indícios de atrofia ou desgaste) em pacientes renais mantidos em hemodiálise e suplementação de DL-carnitina por tempo prolongado. Os sintomas desapareceram com a suspensão da administração da DL-carnitina. Quando, mais tarde, esses mesmos pacientes receberam uma forma L de carnitina (L-carnitina), os sintomas da miastenia não voltaram.

 

Essas descobertas sugerem que os suplementos devem ter a forma de L-carnitina, e não de DL-carnitina. Desconhece-se qual seria a ingestão ideal de L-carnitina na alimentação. Na verdade, a quantidade de L-carnitina na alimentação ocidental média permanece indefinida.

 

Uma análise não publicada de pacientes hospitalizados nos Estados Unidos mostrou uma ingestão de carnitina na alimentação entre 2 miligramas a 300 miligramas por dia. Até que tenhamos maiores – e melhores – informações em mãos não podemos faze nenhuma recomendação. As fontes mais ricas de L-carnitina na alimentação são as carnes vermelhas (carneiro e boi, em particular).

 

Os laticínios contém L-carnitina. Vegetais, frutas e determinados cereais contém pouco ou nenhum carnitina. (O abacate contém alguma; o tempeh, produto fermentado da soja, também.)

 

Existem suplementos disponíveis nas formas DL e L. Se usar suplementos de carnitina, use apenas a L-carnitina. Lembre-se de que ficou demonstrado que a forma DL da carnitina causa uma síndrome semelhante à miastenia em alguns pacientes. A forma L-carnitina, por outro lado, não gerou efeitos colaterais negativos, nem mesmo em indivíduos que tomaram 1,6 grama diária durante mais de um ano.

  • 10 anos depois...

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ótimo paper!!!
mas nada será mais benéfico que um déficit calórico....

Como o psico dos indivíduos são tão fortes, tomar um plus junto às práticas saudáveis de alimentação e exercícios esse suplemento será tendencioso aos resultados, portanto, quem tem condições financeiras que o tomem (o texto diz ser seguro). Mas quem não tem condições, a falta não será o ponto crucial para os resultados.

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