kadisonsilva Postado 31 de maio de 2010 Postado 31 de maio de 2010 RESUMO Várias são as teorias e práticas para se almejar a hipertrofia muscular, porem, todas têm a mesma base: intensidade versus volume. Esta pesquisa visou justamente expor como a intensidade e o volume estão presentes na montagem de um treino para aumento da secção transversal do músculo: a sobrecarga tensional e a sobrecarga metabólica, que são inversamente proporcionais. Este estudo teve por objetivo apresentar os resultados decorrentes dos treinamentos com ambas as formas, aplicados em um grupo de voluntários fisicamente não ativos (n=9), subdivididos em 2 grupos de 4 pessoas, que treinaram com métodos diferentes. Um único sujeito, executou um treinamento unilateral com ambos os métodos. Como resultados no presente estudo apresentamos que, entre os grupos, houve maior ganho na perimetria naquele grupo que treinou sob o método de sobrecarga tensional. Porém, no sujeito que trabalhou com as sobrecargas tensional e metabólica, de forma unilateral, ocorreu o inverso. Para a presente amostra concluímos que, os dois métodos de treinamento são de grande utilidade para a hipertrofia muscular, mesmo que por caminhos diferentes, sendo o ponto de união entre os mesmos, provavelmente, o ideal para uma hipertrofia muscular eficiente em condições de treino e alimentação normais. Especula-se que a variação de resultados possa depender de outros fatores não controlados. Indicam-se novos estudos, com uma população maior e com diferentes metodologias de treino. Palavras-chave: hipertrofia muscular – sobrecarga tensional – sobrecarga metabólica – treinamento de força – repetições Introdução A musculação vem apresentando grande desenvolvimento a mais de quatro décadas, tendo grande avanço na década de 90, quando muitos estudos foram realizados considerando as novas teorias de treinamento, demonstrando cada vez mais a necessidade de novas pesquisas neste campo para compreensão e entendimento de várias questões e indagações. Encontra-se atualmente um enorme acervo de pesquisas nesta área, porém poucas com aplicabilidade no cotidiano do profissional dentro da sala de musculação. A literatura atual da área nos traz um limite numérico mágico para trabalhar a hipertrofia muscular: 6 a 12 repetições para cada série de um exercício. Mas porque destes números, e porque uma lacuna tão grande entre eles (6 a 12)? A resposta provavelmente se encontra na divisão das sobrecargas e de como elas podem ser interpretadas e trabalhadas. Várias são as teorias e práticas para a obtenção de um significativo ganho de hipertrofia muscular, porém, todas têm a mesma base: intensidade versus volume de treinamento. As várias formas de aplicação destes dois itens, formam a base para a montagem e estruturação de um treinamento para hipertrofia muscular. Este estudo visou justamente expor dois métodos, base de dois extremos na musculação em um treinamento para aumento da secção transversal do músculo: a sobrecarga tensional e a sobrecarga metabólica. As duas sobrecargas em questão foram aplicadas dentro dos limites de séries, repetições e intervalos referenciados atualmente como ideais e de consenso geral entre profissionais da área, fazendo dos resultados obtidos e discutidos nesta pesquisa um amparo ideal, como forma de consulta para a montagem de um programa de treinamento para hipertrofia muscular e seus subprodutos. Revisão de literatura Repetições por série A degradação de proteínas em uma série de musculação depende da carga e do trabalho mecânico realizado. Portanto, a massa de proteína catabolizada durante um exercício de musculação, pode se apresentar como o produto da taxa de proteína degradada por repetição e pelo número de repetições (BADILLO & GOROSTIAGA, 2001, p.169). Com intensidades muito altas que só permitam realizar uma repetição, há uma taxa de degradação muito elevada, mas um trabalho mecânico muito baixo. O mesmo resultado será produzido se utilizarmos cargas que permitam realizar elevadas repetições por série: o trabalho mecânico é alto, mas a taxa de degradação é muito baixa (BADILLO & GOROSTIAGA, 2001, p.169). Muitos autores atribuem a hipertrofia ao tempo em que o músculo permanece sob tensão e não somente a determinados algarismos. Uma série de 10 repetições, por exemplo, pode ser realizada em 10 segundos, 40 segundos ou 2 minutos. A velocidade de execução, a carga utilizada, tempo de pausa, amplitude de execução, podem ocasionar notáveis diferenças de vias metabólicas necessárias para manter o exercício, com diferentes respostas adaptativas bioquímicas e morfológicas. Verkhoshansky (2000) e Poliquin (1997), referen-se há tempos entre 20-40 a 60-70 segundos de execução como ideais para ganhos de massa muscular, em cada série no treinamento de força. Cossenza (2001), define que a glicólise encontra seu máximo por volta de 45 segundos. Consoante Cossenza (2001), Bompa (2000), Brooks (2000), Fleck e Kraemer (1999), Zatsiorsky (1999), Santarem (1999), Andrada (1998), Monteiro (1997) e Araújo Filho (1994), há maior ganho de hipertrofia muscular com um treinamento de musculação com a realização de 6 a 12 repetições. Estes são os dois pontos críticos, enfatizados e exaustamente discutidos e respaldados por vários autores, onde se presume serem estes os limites numéricos ideais para uma hipertrofia muscular eficiente e significativa, dentro dos padrões normais de treino e alimentação. Carga de treinamento “Quanto mais rígida a intensidade, menor o volume e vice-versa” (VERKHOSHANSKI, 2000, p. 26). Para Dantas (1998) e Badillo & Gorostiaga (2001), um maior volume do treinamento de musculação se dá ao maior número de repetições, e uma maior intensidade se dá ao maior percentual do peso máximo utilizado para o trabalho. O volume e a intensidade do treinamento se interdependem inversamente, ou seja, com o aumento do volume ocorre a diminuição da intensidade e vice-versa (GUEDES JÚNIOR, 2003, p.108). A carga de trabalho é diretamente proporcional ao tempo de trabalho. Em sumo, a idéia dos vários autores consultados é de que, quanto maior o volume menor a intensidade, ou seja, quanto maior o número de repetições menor será a carga com que a pessoa conseguirá realizá-las. Segundo Badillo & Gorostiaga (2001) e Dantas (1998), intensidades compreendidas entre 60% e 80% de 1-RM é possível realizar 6 a 12 repetições por série. A intensidade mínima que pode ser usada para executar uma série até a fadiga voluntária momentânea, que possa resultar em um aumento da força muscular e hipertrofia muscular, é de 60 a 65% de 1-RM (MCDONAGH & DAVIES apud FLECK & KRAEMER, 1999, p.22). Sobrecarga tensional e hipertrofia miofibrilar De acordo com a hipótese energética a taxa de degradação protéica é uma função do peso levantado: quanto maior o peso maior a taxa de degradação da proteína (ZATSIORSKY, 1999, p.150). Por serem sintetizadas mais proteínas contráteis, durante o período de anabolismo, a densidade dos filamentos aumenta. Segundo Guedes Júnior (2003), Santarem (1999), Zatsiorsky (1999) e Tous (1999), o aumento da síntese de proteínas contráteis, estimulado pelo treinamento de força, promove o aumento do tamanho e do número de miofibrilas por fibra muscular. A essa adaptação dá-se o nome de hipertrofia miofibrilar (Quadro nº 1), e o estímulo capaz de causar tal adaptação seria a sobrecarga tensional, relacionada com o alto nível de tensão imposto ao músculo graças ao peso elevado a ser vencido. Nos exercícios resistidos quanto maior a carga maior a sobrecarga tensional. Grandes sobrecargas tensionais implicam em baixas repetições e um curto tempo de execução de cada série de um exercício. Para Santarem (1999), o aumento de tensão muscular durante os exercícios caracteriza uma sobrecarga tensional e é diretamente proporcional à resistência oposta ao movimento. O mesmo autor, ainda cita que o treinamento típico para aumento de força enfatiza a sobrecarga tensional, com pouca ênfase na sobrecarga metabólica. Bompa (2000), cita a hipertrofia miofibrilar, estimulada pela sobrecarga tensional, mais estável e duradoura. Sobrecarga metabólica e hipertrofia sarcoplasmática A sobrecarga metabólica traz as células musculares um maior estresse bioquímico, pelo maior tempo de execução de uma série, mas em compensação com um menor número de carga do que a sobrecarga tensional. Segundo Guedes Júnior (2003), Santarem (1999), Zatsiorsky (1999) e Tous (1999), durante as contrações musculares prolongadas ocorre um aumento de atividade dos processos de produção de energia, caracterizando uma sobrecarga metabólica do tipo energética. Essa sobrecarga metabólica contribui para o aumento de volume muscular através do aumento de substratos energéticos localizados no sarcoplasma: CP-supercompensação e o aumento das reservas de glicogênio, uma resposta adaptativa ao consumo aumentado dessa substância altamente hidratada (superhidratação). O outro mecanismo é extracelular, e consiste no aumento de vascularização do tecido muscular. A isso se pode chamar de hipertrofia sarcoplasmática (Quadro nº 1) ou volumização celular, estimulada pela sobrecarga metabólica, caracterizada pelo elevado número de repetições e pelo tempo prolongado de execução de cada série de um exercício. Para Bompa (2000), o aumento de massa muscular em alguns culturistas é freqüentemente o resultado de um aumento de fluido/plasma no músculo (Quadro nº 1), ao invés do engrossamento dos elementos contrateis da fibra muscular. Do ponto de vista prático, a sobrecarga metabólica aumenta nos exercícios com pesos na medida em que aumentamos as repetições e/ou diminuímos os intervalos de repouso. Assim sendo, a sobrecarga metabólica é inversamente proporcional à sobrecarga tensional (SANTAREM, 1999, p.39). Materiais e métodos A amostra foi constituída por 9 voluntários do sexo masculino (n=9), não praticantes contínuos de exercícios físicos: Idade (anos) Peso (Kg.) Estatura (cm.) Média (n=9) 30,33 66,56 171,46 Dois grupos, de quatro pessoas cada, foram organizados para a aplicação dos treinamentos. Estes 8 sujeitos foram distribuídos segundo a semelhança de idade, peso, altura e composição corporal, para o máximo equilíbrio entre os dois grupos de treinamento. Além destes dois grupos, foi aplicado em paralelo um treinamento unilateral no voluntário nº 9, que nesta pesquisa foi denominado sujeito x. Este foi o indivíduo chave da pesquisa, pois as duas sobrecargas em questão foram aplicadas em um mesmo corpo, um em cada membro superior (treino unilateral). A aplicabilidade da pesquisa consistiu em: 1º - Avaliação física inicial: perimetria de braço relaxado e contraído com uma fita antropometrica, espessura de dobra cutânea de bíceps e tríceps com um plicometro científico e força manual aferida por um dinamômetro manual; 2º - Treinamento específico: para adaptação neuromuscular, com duração de duas semanas; 3º - Teste de carga máxima (1-RM): no final da segunda semana de treinamento, para a definição das cargas de 60% e 80% de 1-RM; 4º - Treinamento específico: aplicação das sobrecargas em questão, com duração de oito semanas. Realizados nas segundas, quartas e sextas-feiras, conforme Panza (2003), Cossenza (2001), Maughan (2000), Andrada (1998) e Araújo Filho (1994); 5º - Avaliação física final. O treinamento consistiu em um programa de quatro exercícios tradicionais de musculação para os membros superiores, seguindo a esta ordem alternada por segmento: • Rosca direta (anterior de braço) ? Polia alta (posterior de braço) ? Rosca Scott (anterior de braço) ? Tríceps Testa (posterior de braço). A aplicação das sobrecargas metabólica e tensional foram feitas em forma de treinos distintos, dentro dos limites numéricos considerados como ideais para hipertrofia muscular, conforme renomados autores, dentro da sala de musculação: Grupos Quant. de exercícios Séries Reps Tempo de duração de cada série Carga (1-RM) Intervalo entre séries Grupo 1 (Sobrecarga tensional) 4 3 6 30" 80% 1´ Grupo 2 (Sobrecarga metabólica) 12 60" 60% Sujeito x Quant. de exercícios Séries Reps Tempo de duração de cada série Carga (1-RM) Intervalo entre séries Braço esq. (Sobrecarga tensional) 4 3 6 30" 80% 1´ Braço dir. (Sobrecarga metabólica) 12 60" 60% *Conforme Cossenza (2001), Badillo & Gorostiaga (2001), Bompa (2000), Brooks (2000), Verkhoshansky (2000), Weineck (2000), McArdle (2000), Santarem (1999), Zatsiorsky (1999), Fleck & Kraemer (1999), Tous (1999), Dantas (1998), Andrada (1998), Hartmann (1998), Poliquin (1997), Guimarães Neto (1997), Monteiro (1997), Araújo Filho (1994) e Cossenza (1992). Resultados e análise Após as 10 semanas de treinamento, comparando a avaliação física inicial e a final, obteve-se os seguintes resultados e conseqüentes comparações nos ganhos na perimetria dos braços: Grupos – Ganhos na perimetria Grupo 1 Grupo 2 Diferença Braço relaxado (média) 1 cm. 0,575 cm. 0,425 cm. Braço contraído (média) 1,125 cm. 0,8 cm. 0,325 cm. Sujeito x – Ganhos na perimetria Braço direito Braço esquerdo Diferença Braço relaxado (média) 3,4 cm. 2,9 cm. 0,5 cm. Braço contraído (média) 3,5 cm. 3,4 cm. 0,1 cm. O grupo 1, que treinou com sobrecarga tensional, obteve uma média de superioridade no aumento da perimetria tanto do braço relaxado, com 0,425 cm. a mais, quanto no braço contraído, com 0,325 cm. a mais que o grupo 2. Os resultados se inverteram quando a comparação das sobrecargas foi feita com o sujeito x, que realizou um treinamento unilateral, utilizando em cada membro superior uma das sobrecargas em questão nesta pesquisa. O braço direito, que treinou com sobrecarga metabólica, obteve uma média de superioridade no aumento da perimetria tanto do braço relaxado, com 0,5 cm. a mais, quanto no braço contraído, com o irrisório 0,1 cm. a mais que o braço esquerdo. Todos os participantes da pesquisa obtiveram uma redução significativa e semelhante das dobras cutâneas de bíceps (média de -6,6 mm.) e tríceps (média de -3,5 mm.). Pela a aferição de força com o dinamômetro manual, o grupo 1 obteve um aumento de 4,75 Kgf a mais que o grupo 2, e o braço esquerdo do sujeito x obteve 5 Kgf a mais que o braço direito, demonstrando ganho superior de força pela sobrecarga tensional nos dois casos. Discussão Durante a execução dos exercícios de musculação ocorre no músculo uma degradação de substâncias, tanto estruturais quanto energéticas. Segundo os vários autores consultados, as adaptações do organismo estimuladas pela sobrecarga tensional, que é a síntese de proteína contrátil miofibrilar, é o mecanismo mais importante para a hipertrofia do músculo esquelético. Cargas maiores, localizadas entre 70% a 90% de 1-RM, ativam, segundo Santarem (1999), um maior número de fibras tanto brancas quanto vermelhas. A sobrecarga tensional por sua característica de maior intensidade, proporciona um estímulo mais significativo às fibras do tipo II, que tem maior poder de hipertrofia (GUIMARÃES NETO, 1997, p.18; BADILLO & GOROSTIAGA, 2001, p.62). Levando em consideração que os músculos do braço tem um maior número de fibras tipo II (FOX, 2000, p.135), isto seria um fator pré-determinante para uma maior hipertrofia com uma sobrecarga tensional nos m.m.s.s.. Além disto, a sobrecarga tensional mostrou ter um grande ganho funcional, pois houve uma diferença significativa de ganho de força se comparando a sobrecarga metabólica. Segundo Verkhoshanski (2000), quanto mais substratos utilizados durante o treinamento, maior a supercompensação. A crescente concentração do lactato mais piruvato e outros intermediários da via glicolítica, aumentam a osmolaridade local e a fibra começa a reter água durante um período prolongado de esforço anaeróbio. Esta exacerbação na glicólise anaeróbia muscular ultrapassa os mecanismos de preservação da taxa fisiológica da glicose sangüínea. O aumento da hidratação celular, conseqüente ao aumento das reservas de glicogênio, é uma resposta adaptativa ao consumo aumentado dessa substância altamente hidratada após um período prolongado de contração muscular. A quantidade de glicogênio pode triplicar nos músculos adequadamente treinados, e considerando que por razões de hidratação molecular, cada grama de glicogênio carreia quase três gramas de água, compreende-se o grande aumento do conteúdo de água intracelular resultante do processo. As mitocôndrias e a vascularização aumentam na sobrecarga metabólica anaeróbia, em função da ativação paralela do metabolismo aeróbio, como conseqüência de uma série prolongada de 60 segundos. A consistência do músculo aumenta proporcionalmente ao grau de sobrecarga metabólica, em função da saturação de glicogênio e água. A supercompensação de glicogênio e outras substâncias do sarcoplasma, provavelmente, é a resposta ao maior ganho de volume muscular ocasionada no braço direito do sujeito x. No entanto, a literatura nos traz que a hipertrofia ocasionada com a sobrecarga tensional ocorre lentamente, porque a síntese protéica é um processo lento, mas em compensação pode atingir grande magnitude. Já no treinamento com sobrecarga metabólica a hipertrofia ocorre mais rapidamente, porque o acúmulo de glicogênio é um processo relativamente rápido. Porém, a perda de volume muscular com o destreinamento também é rápida, devido ao caráter não estrutural do glicogênio e da água. Conclusão Como citado neste artigo, a sobrecarga metabólica é inversamente proporcional à sobrecarga tensional e vice-versa, relação oposicional entre volume e intensidade. Ambas as sobrecargas contribuem para o aumento de volume dos músculos, porém, por diferentes mecanismos. O ponto de união entre as duas seria, provavelmente, o estímulo mais eficiente a hipertrofia muscular em condições normais de treino e alimentação. Este ponto de união ficaria em 9 repetições, executadas em 45 segundos com uma carga de em média 70% de 1-RM, dando mais fundamento ao que muitos autores afirmam ser 10 repetições como o número mais eficiente para hipertrofia muscular, sendo o tempo de 45 segundos o ponto máximo da glicólise segundo a literatura. Na sala de musculação deve-se levar em conta a biotipo do aluno, o seu principal objetivo e qual seu nível de treinamento, podendo assim estas informações e resultados aqui expostos e discutidos, ajudar na aplicação das sobrecargas no momento correto da periodização do treinamento. Além disto o profissional pode realizar a associação das sobrecargas através de séries pirâmides, ondulatórias ou mistas (ex.: 12/ 06/ 06/ 12 reps), para o máximo resultado de seus clientes / alunos. Finalizando, vale ressaltar a individualidade biológica, pois cada indivíduo terá uma reação fisiológica ímpar sobre uma sobrecarga aplicada. A variação na perimetria dos sujeitos 1 ao 8 foi significativa, mesmo todos sendo do sexo masculino e não praticantes de exercícios físicos. Indicam-se mais pesquisas nesta linha de estudo, principalmente utilizando-se do treinamento unilateral, com diferentes sobrecargas em cada hemicorpo. Referências ANDRADA, Marcos Barros Caldeira de. Musculação: manual do profissional. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. ARAÚJO FILHO, Ney Pereira de. Musculação aplicada à ginástica localizada. 3º ed. Londrina: Midiograf, 1994. BADILLO, Juan José Gonzalez; GOROSTIAGA, Esteban. Fundamentos do treinamento de força: aplicação ao alto rendimento desportivo. 2º ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. BOMPA, Tudor O. Treinamento de força consciente. São Paulo: Phorte, 2000. BROOKS, Douglas. Manual do personal trainer: um guia completo para o condicionamento físico completo. 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claudioatelier Postado 2 de junho de 2010 Postado 2 de junho de 2010 Apenas uma segunda opinião; Hipertrofia sarcoplasmática X miofibrilar Autor: Paulo Gentil Graduado em Educação Física pela Universidade de Brasília. Pós-graduado em Musculação e Treinamento de Força pela Gama Filho e em Fisiologia do Exercício pela Veiga de Almeida. Presidente do Gease Autor do livro Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia Coordenador de musculação da Academia Resistência Física Treinador de força da triatleta Mariana Ohata Treinador da equipe profissional do Gama de basquete Existem basicamente dois tipos de hipertrofia: sarcoplasmática e miofibrilar. A primeira é muito vista em fisiculturistas e atletas que treinam com repetições mais elevadas (maiores que 10), sendo uma de suas características básicas o aumento de volume com pequeno aumento de força, desta forma fica claro que a hipertrofia sarcoplasmática se manifesta em um aumento do líquido e demais organelas do sarcoplasma, que não as miofibrilas. Já a hipertrofia miofibrilar é mais vista em levantadores de peso, os quais treinam com repetições mais baixas (normalmente abaixo de 6), este tipo de hipertrofia manifesta-se morfologicamente como um aumento da densidade miofibrilar (aumento do tamanho do volume das miofibrilas) sem um aumento correspondente das demais organelas, desta forma há um ganho mais significativo de força. Em princípio este parágrafo está de acordo com o senso comum... mas onde se comprova que isso é verdade? Onde se explica isso de forma convincente? A divisão de hipertrofia em dois tipos é um dogma tão antigo e repetido que já é aceito como verdade absoluta, porém esta visão simplista não encontra fundamentos e em grande parte de suas bases colide fortemente com as descobertas e conceitos científicos atuais. Densidade de organelas Pesquisadores da Universidade de McMaster (Canadá) realizaram um estudo para verificar as alterações nas fibras musculares em resposta a diferentes tipos de treino. A amostra era composta por 4 grupos: atletas de força (levantadores de peso e fisiculturistas), atletas de endurance (maratonistas), pessoas ativas (esportes recreativos) e sedentários, a análise envolveu tanto fibras tipo I quanto tipo II do tríceps sural. De acordo com os resultados as fibras musculares eram 2,5- 1,7- e 1,6 vezes maiores em atletas de força, atletas de endurance e pessoas ativas, respectivamente, em relação ao grupo controle. Apesar desta grande diferença de tamanho, os volumes relativos do reticulo sarcoplasmático, sarcoplasma e miofibrilas eram iguais em todos os grupos e entre os dois tipos de fibra. De todas as organelas estudadas a única que mostrou ter sua quantidade relativa alterada foi a mitocôndria. Ou seja, independente da fibra muscular ser de um atleta de força ou endurance, independente das fibras serem tipo I ou tipo II, todas elas possuíam cerca de 81% de densidade miofibrilar e 11% de volume de líquido sarcoplasmático. Ora, se a suposição é que o treino de força com cargas elevadas aumente a densidade miofibrilar e reduza o volume de líquido sarcoplasmático, seria de se esperar que os atletas de endurance possuíssem densidade miofibrilar reduzida e maior volume relativo líquido, assim como poderia se esperar que esta relação fosse diferente entre os dois tipos de fibra, porém nenhuma das suposições se confirmou. Músculo cardíaco A diferença na alteração da densidade miofibrilar é comumente verificada em corações de animais (MEDUGORAC, 1976), mas mesmo nesses casos ainda há controvérsias, com alguns estudos verificando o contrário (MATTFELDT et al, 1986; EVERETT et al 1975). A diferença pode estar no protocolo empregado, pois a maioria dos estudos que verificaram alterações nas densidades dos componentes ultraestrutturais induziram condições patológicas ou foram feitos em corações com degenerações patológicas (FITZL et al, 1998), enquanto os outros utilizaram um programa de exercícios mais equilibrado. A ocorrência de uma "hipertrofia sarcoplasmática" como condição patológica também foi verificada em corações humanos hipertrofiados em razão de uma patologia na válvula da aorta, onde constatou-se que as células destas pessoas possuíam menor densidade miofibrilar e maior volume de liquido sarcoplasmático (SCHAPER et al, 1981) Estudos longitudinais parecem corroborar com os resultados do grupo de ALWAY. Em 1986 BRZANK & PIEPER submeteram um grupo de estudantes a 5 semanas de treinamento de força explosiva, obtendo hipertrofia das fibras tipo I (20%) e tipo II (24%). Porém os autores verificaram que o aumento da secção transversa não é relacionado a nenhuma mudança na proporção dos volumes dos componentes celulares (miofibrilas e sarcoplasma). Estes autores inclusive fazem uma afirmação controversa: "ao contrário de atletas de endurance e pessoas não treinadas, os atletas de potência mostram maiores valores de densidade de volume sarcoplasmático em suas fibras musculares", ou seja, justamente o contrário do que se prega. WANG et al (1993) realizaram um estudo mais longo que o anterior. Nesta pesquisa se utilizou um treino de força com altas repetições por 18 semanas e obteve-se aumento tanto do volume absoluto das miofibrilas quanto do volume intermiofibrilar sem, no entanto, ocorrerem alterações nos seus volumes relativos, levando os autores a concluir que o treino de repetições elevadas ocasiona um aumento dos componentes da fibra muscular proporcional ao aumento da própria fibra. Existe um estudo produzido por pesquisadores da Universidade McMaster (Canadá) que por vezes é citado como base para a diferenciação da hipertrofia em dois tipos. Nesta pesquisa comparou-se amostras retiradas do tríceps braquial de um grupo de atletas que possuíam elevados níveis de hipertrofia (fisiculturistas e levantadores de peso) com pessoas que praticavam musculação há 6 meses. De acordo com os resultados, o volume miofibrilar era significativamente menor (73,2% em comparação com 82,5%) e o volume citoplasmático maior (24,1% contra 14,8%) em atletas de força do que pessoas que treinam há 6 meses. Porém há um pequeno detalhe nesta pesquisa: dos sete atletas da amostra, seis afirmaram estar usando ou terem usado esteróides anabólicos androgênicos regularmente, enquanto ninguém do grupo controle o fazia. Neste estudo os autores ficaram surpresos com "anormalidades" como: grande número de núcleos no centro da célula (os núcleos normalmente ficam na periferia), proliferação de tecido gorduroso e aumento anormal do espaço citoplasmático. Uma das hipóteses sugeridas pelos autores é que o uso de esteróides ocasionou tais efeitos, assim como ocasionou a retenção de fluídos, (fato já verifica em animais por APPELL et al, 1983) o que por sua vez dissolveu as proteínas miofibrilares. É interessante notar que o volume miofibrilar encontrado nesse estudo é expressivamente baixo em relação às demais pesquisas feitas (mesmo em pesquisas feitas na mesma Universidade e com os mesmo autores), mais um fato que gera espanto e impulsiona as conclusões para uma condição patológica. A questão da diferenciação de hipertrofia, desta forma estaria associada a uma condição patológica e não meramente a uma adaptação corriqueira de treinos diferenciados. Como a densidade se mantém constante A densidade constante dos componentes protéicos pode estar relacionada também à densidade do número de núcleos, pois quando uma fibra hipertrofia há um aumento compensatório no número de núcleos, tendo em vista a aparente necessidade de se manter uma determinada quantidade de material genético para atender as necessidades da célula (ROLAND et al, 1999; KADI & THORNELL, 2000). Isto nos leva a especular que o aumento proporcional de material genético origine uma manutenção da densidade das organelas em um segundo momento. HUBBARD et al (1975) encontraram um interessante padrão temporal de hipertrofia em seu estudo: 1) aumento do material genético; 2) aumento das proteínas sarcoplasmáticas (praticamente concomitante com o anterior) 3) aumento da densidade das proteínas miofibrilares. O único componente que foge a esta densidade constante é a mitocôndria tendo em vista sua relativa independência genética e capacidade autônoma de se multiplicar (há inclusive a suposição que a mitocôndria seja um ser vivo em simbiose com nossas células). De onde vem as adaptações diferenciadas em razão dos diferentes tipos de treino? A resposta provavelmente reside nos diversos pontos comprovadamente diferentes entre pessoas treinadas em força ou resistência e relacionados à performance em tarefas específicas (isto pode ser verificado de forma mais completa em bons livros e artigos de treinamento), diante dos quais chega a ser ingênuo atribuir os maiores ganhos de força em atletas que treinam com repetições baixas a uma alteração morfológica fictícia. Dentre os fatores já verificados podemos citar os seguintes: Ganhos de força (ALWAY et al, 1988; SALE et al, 1983; KAMEN et al, 1983; MILNER-BROWN et al, 1975; MAUGHAN et al, 2000): 1. - Coordenação inter e intra-muscular 2. - Bomba de cálcio 3. - Atividade da ATPase 4. - Velocidade de condução do impulso nervoso 5. - Sincronização de unidades motoras... Ganhos na resistência (MACDOUGALL et al ,1979; LUTHI et al, 1986; TESCH et al, 1984; MAUGHAN et al, 2000). 1. - Volume de mitocôndrias 2. - Densidade capilar. 3. - Atividade de enzimas oxidativas e glicolíticas e outras... Isto obviamente sem falar de condições genéticas que predispõem um indivíduo a ter maior capacidade de realizar força em determinados movimentos como: sistema de alavancas favorável (inserção de tendões, comprimento de membros...), estruturas osteo-articulares (capacidade de ossos e articulações em suportar carga...), vantangens neurais (espessura dos axônios, características da bainha de mielina...) e outras. Desta forma podemos concluir que a diferença entre um fisiculturista e e um halterofilista, ou entre qualquer outros tipos de atleta de alto nível, não é somente em decorrência do treinamento, mas também em decorrência de sua predisposição biológica. Considerações finais A divisão de hipertrofia em dois tipos é um dogma tão antigo e repetido que já é aceito como verdade absoluta, porém esta visão simplista não encontra fundamentos e em grande parte de suas bases colide fortemente com as descobertas e conceitos científicos atuais. Esta divisão provavelmente era usada como artifício didático pelos soviéticos, os quais normalmente mostram uma visão sistêmica do treinamento, porém ao traduzir e transferir estes conceitos para a cultura ocidental, ele foi acomodado à nossa visão mecanicista e fragmentada, tornado-se um conceito incrivelmente agradável para o cartesianismo, porém totalmente contraditório com a visão sistêmica, e sem embasamento científico. O ser humano parece ter uma enorme propensão a gostar de explicações fáceis de obter e que ao mesmo tempo aparentam ser difíceis, mesmo que elas sejam erradas. Distinguir dois tipos de hipertrofia, dando-lhes nomes complexos certamente soa interessante e "técnico", porém uma mentira repetida mil vezes não se tornará verdade, por mais bonita e agradável que ela possa parecer. Desta forma, até que haja provas convincentes da fragmentação morfológica da hipertrofia em dois tipos (se um dia houver), o mais sensato é esquecer este conceito e procurar explicações comprovadas e convincentes para os treinos. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS GR, HADDAD F, BALDWIN KM Time course of changes in markers of myogenesis in overloaded rat skeletal muscles. Journal of Applied Physiology 1999 Nov;87(5):1705-12. ADAMS GR, MCCUE AS Localized infusion of IGF-I results in skeletal muscle hypertrophy in rats. Journal of Applied Physiology 1998 May;84(5):1716-22. ALWAY SE, MACDOUGALL JD, SALE DG, SUTTON JR, MCCOMAS AJ. Functional and structural adaptations in skeletal muscle of trained athletes. Journal of Applied Physiology 1988 Mar;64(3):1114-20. APPELL HJ, HELLER-UMPFENBACH B, FERAUDI M, WEICKER H. Ultrastructural and morphometric investigations on the effects of training and administration of anabolic steroids on the myocardium of guinea pigs. Int J Sports Med. 1983 Nov;4(4):268-74. BRZANK KD, PIEPER KS. Characteristics of muscle-cellular adaptation to intense physical loads. Biomed Biochim Acta 1986;45(1-2):S107-10. EVERETT AW, TAYLOR RR, SPARROW MP. Increased protein synthesis during right ventricular hypertrophy following pulmonary stenosis in the dog. Recent Adv Stud Cardiac Struct Metab. 1976 May 26-29;12:35-8. FITZL G, MEYER U, WASSILEW G, WELT K. Morphological investigations of the myocardium of cardiomyopathic hamsters during the postnatal development and experimental hypoxia. A quantitative ultrastructural study. Exp Toxicol Pathol. 1998 Jun;50(3):245-52 HUBBARD RW, IANUZZO CD, MATHEW WT, LINDUSKA JD. Compensatory adaptations of skeletal muscle composition to a long-term functional overload. Growth. 1975 Mar;39(1):85-93. KADI F, THORNELL LE. Concomitant increases in myonuclear and satellite ce
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