Ir para conteúdo
  • Cadastre-se

Creatina - Entenda Mais A Respeito Deste Suplemento Por Markus B


Markus B

Post Destacado

Postado

CREATINA

A busca pelo corpo perfeito ou pela melhora do rendimento esportivo tem levado ao estudo e desenvolvimento de muitos métodos para potencializar o rendimento, o ganho de massa muscular e a perda de gordura. A creatina é um suplemento que tem despertado interesse no meio esportivo uma vez que evidências sugerem que esta substancia é capaz de melhorar o rendimento em exercícios de força e potência muscular, além de auxiliar na hipertrofia e ganho de massa magra1,2,3,4,5.

A creatina (ácido a-metil guanidino acético) é uma amina nitrogenada de ocorrência natural encontrada primariamente no músculo esquelético. É sintetizada endogenamente pelo fígado, rins e pâncreas a partir dos aminoácidos glicina, arginina e metionina, mas também pode ser obtida pela alimentação, através do consumo de carnes e peixes principalmente. Sua produção endógena (1g) somada à obtida na dieta (1g) se iguala a taxa de degradação espontânea (2g/dia)6. Essa degradação se dá por um processo não enzimático, resultando em creatinina, a qual é excretada na urina após filtração renal 7.

Evidências sugerem que a creatina dietética tem alta biodisponibilidade e é absorvida intacta pelo trato gastrointestinal, de forma semelhante à dos aminoácidos e peptídeos8,9. Estudos mostram que a ingestão de doses maiores que 10g são mais rapidamente absorvidas apresentando um pico plasmático em torno de 20 minutos após sua administração. Já o consumo de doses menores apresenta um pico máximo próximo a 2 horas10. Após sua absorção a creatina plasmática é distribuída para vários tecidos corporais, principalmente músculo esquelético.

A captação de creatina pelas células musculares é um processo saturável que ocorre ativamente contra um gradiente de concentração (transporte sódio-dependente) através do transportador de creatina (CreaT)11. Esse processo é parcialmente regulado pela concentração extracelular de creatina através de feedback negativo, sugerindo que a ingestão crônica deste suplemento promova uma diminuição do seu transportador a fim de se evitar o armazenamento excessivo de Cr intramuscular 9,11.

Uma vez no músculo esquelético, a creatina encontra-se em equilíbrio reversível entre as suas formas livre e fosforilada (fosfocreatina)12.

A creatina nesta forma constitui uma reserva de energia para a rápida regeneração do trifosfato de adenosina (ATP), em exercícios de alta intensidade e curta duração. Além disso, na condição de repouso, atua no músculo como transportador de grupos fosfatos de alta energia da mitocôndria para o citoplasma 13. A fosfocreatina (CP) também é utilizada durante o trabalho anaeróbico (lático), quando sua quebra vai ajudar a tamponar o meio ácido intracelular causado pelo acúmulo de lactato aumentando o tempo de resistência à fadiga14.

Acredita-se que a suplementação de creatina aumenta o conteúdo total de creatina intramuscular. Este aumento é responsável pelos efeitos ergogênicos dessa substancia uma vez que é capaz de acelerar a ressíntese de fosfocreatina no intervalo dos exercícios. Como resultado, a taxa de refosforilação de ADP requerida pode ser mantida durante o exercício, aumentando a capacidade de contração muscular15.

Outro efeito atribuído à creatina é o ganho de massa corpórea. Segundo alguns autores este ganho é proveniente da massa livre de gordura podendo ser resultado da síntese proteica aumentada ou catabolismo reduzido8. Estudos mostram que a creatina é um agente osmótico, que arrasta água para dentro da célula quando está acumulada nela. Esta hiperhidratação pode atuar como um sinal anabólico, estimulando a síntese protéica16. Por outro lado a hipo-osmolalidade causada na célula também pode reduzir a degradação de proteínas. Esses mecanismos ainda necessitam serem melhores elucidados17.

Devido á esses fatores a creatina tem sido utilizada em praticantes de exercícios repetitivos, de alta intensidade, curta duração e com períodos de recuperação muito curtos.

A creatina monoidratada é a forma mais comum disponível no mercado para a suplementação e a mais utilizada nos estudos de pesquisa. Outras formas menos difundidas são vendidas em pequenas quantidades, como a creatina fosfato e o citrato de creatina, porém apresentam um preço maior e não acrescentam nenhum beneficio em relação à creatina monoidratada18.

Atualmente, o programa mais utilizado para a suplementação de creatina é dividida em duas fases. A primeira, denominada super compensação, é caracterizada por um consumo mais elevado de creatina, em torno de 20g/ dia, fracionada em 4 horários, por 5 a 7 dias. Posteriormente o consumo de creatina é reduzido para 0,03g/kg de peso corporal. Após três meses de suplementação contínua, alguns autores sugerem um mês sem consumo19.

Existem vários fatores capazes de influenciar a captação de creatina para as células musculares e dentre eles, os hormônios exercem importante efeito. A insulina, as catecolaminas e o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), podem estimulam essa captação 20. O exercício físico também demonstrou efeitos estimulantes sobre captação de creatina21. Em contrapartida a suplementação de cafeína não melhora a eficiência da creatina, não aumenta os níveis musculares de CP, e não aperfeiçoa o desempenho físico, sendo considerada como supressora do efeito ergogênico da creatina22,23.

A creatina está fora da lista de substâncias proibidas pelo COI, sendo considerada suplemento por esse órgão e por este fato seu consumo não é considerado doping24. Recentemente a ANVISA legalizou seu consumo no Brasil, recomendando um grau de pureza de 99,9% visto que sua segurança é diretamente proporcional a este fator25. Os contaminantes da creatina são a Dicyandiamida e a Dyhydrotriazina sendo os valores máximos de segurança presentes permitidos para ambos de <10ppm. É possível que grande parte da polêmica em torno da Creatina e sua segurança se deve a produtos de baixa qualidade cujos contaminantes estão acima do permitido26. Evidências sugerem que o maior risco para a saúde é resultado da contaminação da creatina por essas substancias, pois podem causar toxicidade e danificar o organismo27.

Não há evidências que sugerem que a suplementação da creatina pura em pessoas saudáveis seja deletéria28. O conceito de que a creatina é deletéria ao rim é insustentável por não se tratar de uma proteína e sua degradação não requerer a desaminação no processo de excreção pelos rins9. Estudos mostram que a suplementação com creatina em doses adequadas não traz efeitos danosos aos rins e que pode ser considerada um suplemento ergogênico seguro em pessoas saudáveis 29,30.

Além disso, estudos recentes têm demonstrado que a suplementação de creatina pode ainda possuir propriedades antioxidantes 31,32e pode ser benéfica em certos acometimentos neuromusculares33 doenças crônico-degenerativas34,35 e tolerância à glicose36.



Referências

  • Hoffman J, Ratamess N, Kang J, Mangine G, Faigenbaum A, Stout J. Effect of creatine supplementation on performance and endocrine responses in strength/power athletes. Int J Sport Nutr Exerc Metab, 16:430-446, 2006.
  • Maganaris CN, Maughan RJ. Creatine supplementation enhances maximum voluntary isometric force and endurance capacity in resistance trained men. Acta Physiologica Scandivavica. 163: 279-297,1998.
  • Volek JS, Duncan ND, Mazzeti SA, Staron RS, Putukian M, Gomes AL, Pearson DR, Fink WJ, Kraemer WJ. Performance and muscle fiber adaptations to creatine supplementation and heavy resistance training. Medicine and Science in Sports and Exercise. 31,1999.
  • Bemben MG, Lamont HS. Creatine supplementation and exercise performance: recent findings. Sports Med, 35:107-125, 2005.
  • Willoughby DS, Rosene JM. Effects of oral creatine and resistance training on myogenic regulatory factor expression. Med Sci Sports Exerc, 35:923-929, 2003.
  • Wyss M and Kaddurah-Daouk R. Creatine and creatinine metabolism. Rev . Physiol. 80:1107-213, 2000;.
  • Walker, J.B. Creatine: Biosynthesis, regulation, and function. Advances in Enzymology v.50, n.177, p.242, 1979.
  • Persky, A.M.; Brazeau, G.A. Clinical Pharmacology of the Dietary Supplement Creatine Monohydrate. Pharmacological Reviews Fast Forward, May 10, 2001.
  • Stout, J.R. Essential of Creatine in sports and Health. Totowa: Humana Press, 2008.
  • Greenhaff, P. The nutritional biochemistry of creatine. Journal of Nutritional Biochemistry, Stoneham, v.11,p.610-618, 1997.
  • Ontiveros ML, Wallimann T. "Creatine supplementation in heath and disease. Effects of chronic creatine ingestion in vivo: Down-regulation of the expression of creatine transporter isoforms in skeletal muscle." Mol Cell Biochem. 184: 427-437, 1998.
  • Balsom, P., Soderlund, K., Sjodin, B., Ekblom, B. Skeletal muscle metabolism during short duration high intensity exercise: influence of creatine supplementation. Acta Physiologica Scandinavica, Stockholm, v.154, n.3, p.303-310, 1995.
  • Mayes, P. The respiration chain and oxidative phosphorylation. In: MURRAY, R., GRANNER, D., MAYES, P., RODWELL, V. (Ed.). Harper’s biochemistry. 24.ed. Stamford : Lange, p.123-134, 1996.
  • Soderlund, K., BALSOM, P., EKBLOM, B. Creatine supplementation and high intensity exercise: influence on performance and muscle metabolism. Clinical Science, Colchester, v. 87 p.120-121, 1994. Supplement.
  • Greenhaff P. The nutritional biochemistry of creatine. Nut Biochem; 8: 610-618, 1997.
  • Haussinger D, Lang F and Gerok W. Regulation of cell function by the cellular hydration state. Am J Physiol 267:E343–E355, 1994.
  • Berneis K, Ninnis R, Haussinger D, Keller U. Effects of hyper- and hypoosmolality on whole body protein and glucose kinetics in humans. Am J Physiol 276:E188–E195, 1999.
  • Mendes, R.R; Tirapegui, J. Creatina: o suplemento nutricional para a atividade física–Conceitos atuais. ALAN. v.52, n.2, supl.2, 2002.
  • Guerrero-Ontiveros, M.L., Wallimann, T. Creatine supplementation in health and disease of chronic creatine ingestion in vivo: Down-regulation of the expression of creatine transporter isoforms in skeletal muscles. Molecular and cellular Biochemistry. Washington, v.184, n.1/2, p.427-437, 1998.
  • Odoom JE. et al. "The regulation of total content in a myoblast cell line. Mol Cell Biochem. 158: 179-188, 1996.
  • Harris RC, Soderlund K, Hultman E. "Elevation of creatine in resting and exrcised muscle of normal subjects by creatine supplementation." Clin Sci 1992; 83: 367-374.
  • Vandenberghe, K., Gillis, N., Van Hecke, P., Van Leemputte, M., Vanstapel, F., Hespel, P. Caffeine counteracts the ergogenic action of muscle creatine loading. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v.80, n.2, p.452-457, 1996.
  • P. Hespel, B. Op ‘T Eijnde, M. Van Leemputte. Opposite actions of caffeine and creatine on muscle relaxation time in humans. J Appl Physiol 92: 513–518, 2002.
  • Antonio Herbert Lancha Jr. Relatório Creatina: Suplementação e suas conseqüências
  • ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC, nº18, de 27 de abril de 2010. Aprova o regulamento técnico sobre alimentos para atletas. Disponível em:
  • Williams, M. H.; Kreider, R. B.; Branch, J. D. Creatina, 1ª ed, São Paulo: Manole, 2000.
  • Stead, L. M.; Au, K. P.; Jacobs, R. L. et al. Methylation demand and homocysteine metabolism: effectsof dietary provision of creatine and guanidinoacetate. Am J Physiol Endocrinol Metab, v. 281, n. 5, p. 1095-1100, 2001.
  • Poortmans, J.R, Francaux, M. Adverse Effects of Creatine Supplementation: fact or fiction?. Sports Med., sep. 30 (3):155-170, 2000.
  • Poortmans, J.R, Francaux, M. Long-term oral creatine supplementation does not impair renal function in healthy athletes. Med. Sci. Sports Exerc., aug. 31 (icon_cool.gif:1108-1110, 1999.
  • Bizzarini, E, De Angelis, L. Is the use of oral creatine supplementation safe? J. Sports Med. Phys. Fitness, dec.44 (4): 411-6. 2004
  • Deminice, R.; Vilhena, R.; Portari, G. V. et al. SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA, HOMOCISTEÍNA E ESTRESSE OXIDATIVO. Medicina (Ribeirão Preto), v. 40, n. 3, p. 368-377, Jul/Set, 2007.
  • Ferrante, R. J.; Andreassen, O. A.; Jenkins, B. G. et al. Neuroprotective effects of creatine in a transgenic mouse model of Huntington’s disease. J Neurosci, v. 20, n. 12, p. 4389-4397, Jun, 2000.
  • Pearlman, J. P.; Fielding, R. A. Creatine monohydrate as a therapeutic aid in muscular dystrophy. Nutr Rev, v. 64, n. 2, p. 80-88, Feb.2006.
  • Woo, Y. J.; Grand, T. J.; Zenko, S. et al. Creatine phosphate administration preserves myocardial function in a model of off-pump coronary revascularization. J Cardiovasc Surg, Torino, v. 46, n. 3, p. 297-305, 2005.
  • Wyss, M.; Schulze, A. Health implications of creatine: can oral creatine supplementation protect against neurological and atherosclerotic disease? Neuroscience, v. 112, n. 2, p. 243- 260, 2002.
  • Gualano, B.; Ugrinowitsch, C.; Seguro, A. C. et al. A Suplementação de Creatina Prejudica a Função Renal? Rev Bras Med Esporte, Niterói. v. 14, n. 1, Jan/Fev, 2008.

  • Respostas 100
  • Criado
  • Última resposta
Postado

Opa tenho várias dúvidas, foi bem esclarecedor...mas a principal é sobre a saturação!Já li diversas vezes o fato de se tomar mais de 10g/dia seria jogar dinheiro fora, pois o roganismo jogaria todo esse "excesso" pela urina, e pelo que li ali diz ao contrário certo?

Atualmente, o programa mais utilizado para a suplementação de creatina é dividida em duas fases. A primeira, denominada super compensação, é caracterizada por um consumo mais elevado de creatina, em torno de 20g/ dia, fracionada em 4 horários, por 5 a 7 dias. Posteriormente o consumo de creatina é reduzido para 0,03g/kg de peso corporal. Após três meses de suplementação contínua, alguns autores sugerem um mês sem consumo19.

Postado

Opa tenho várias dúvidas, foi bem esclarecedor...mas a principal é sobre a saturação!Já li diversas vezes o fato de se tomar mais de 10g/dia seria jogar dinheiro fora, pois o roganismo jogaria todo esse "excesso" pela urina, e pelo que li ali diz ao contrário certo? Científicamente sem fundamento, a não ser que seja após a saturação.

Atualmente, o programa mais utilizado para a suplementação de creatina é dividida em duas fases. A primeira, denominada super compensação, é caracterizada por um consumo mais elevado de creatina, em torno de 20g/ dia, fracionada em 4 horários, por 5 a 7 dias. Posteriormente o consumo de creatina é reduzido para 0,03g/kg de peso corporal. Após três meses de suplementação contínua, alguns autores sugerem um mês sem consumo19.

`Primeiro reforçando tomar 10 g ao não jogará creatina pela urina, pelo menos na fase de saturação (não compensação) nesta fase poderá tomar até 20 g ao dia (divididas de 2 a 4 vezes ao dia..o interessante é tomar até 5 g por vez para não eventualmente um desconforto gástrico, por isso dividir em 4.

vc poderá fazer a dita saturação para ter os benefícios mais rápidos deste suplemento, ou então, simplesmente tomar 3-5 g ao dia pelo .....no que se refere ao período de 3 meses é que alguns estudos sugerem que depois deste período poderá parar de tomar por um mes sem prejuízos ergogênicos...

Valeu pelas dúvidas Mariizinha...continue assim...sempre estudando...qqr dúvida manda aí

Postado

Markus, li estudos que dizem que se fizer a fase de saturação, ou não, os ganhos serão os mesmos. Procede essa informação ?

procede sim Victor...o que muda aí é o tempo para este ganho....recomendo não saturar...a não ser que vc tenha uma prova ou competição e tenha um curto espaço de tempo para se preparar.

Arquivado

Este tópico foi arquivado e está fechado para novas respostas.

×
×
  • Criar novo...