
Imagem meramente ilustrativa e que pode ser fictícia.
Tabela resumida | |
Princípio ativo: | Mesterolona |
Nome comercial mais conhecido: | Proviron® |
Família: | Derivado do DHT, não C17-aa |
Forma: | Comprimido oral |
Meia-vida: | ~12 horas |
Anabolismo (hipertrofia): | |
Androgenia (masculinização): | |
Estrogenismo (feminilização): | não se aplica |
Hepatoxidade: | |
Efeito lipolítico (queima de gordura): | |
Retenção hídrica: | não se aplica |
Distúrbios psicológicos: | |
Disponibilidade (acesso no mercado): | |
Preço (custo): |
Introdução
O que é a mesterolona (Proviron®)?
A Mesterolona, comercializada predominantemente sob o nome Proviron®, é um esteroide androgênico sintético administrado por via oral. Quimicamente, deriva da diidrotestosterona (DHT), sendo especificamente a 1α-metil-diidrotestosterona (1α-metil-5α-androstan-17β-ol-3-ona).1 Uma característica distintiva fundamental é a ausência da alquilação na posição 17-alfa (C17-aa), comum em muitos outros esteroides orais. Esta ausência implica uma toxicidade hepática significativamente menor em comparação com compostos C17-aa como metandienona (Dianabol®), estanozolol (Winstrol®) ou oximetolona (Anadrol®/Hemogenin®). A mesterolona exibe fortes propriedades androgênicas, mas é considerada um agente anabólico muito fraco. Esta debilidade anabólica deve-se, em grande parte, à sua rápida inativação pela enzima 3α-hidroxiesteroide desidrogenase (3α-HSD) no tecido muscular esquelético. Consequentemente, seu uso primário, tanto no contexto médico quanto, mais frequentemente, no de melhoria de performance, não visa ganhos de massa muscular, mas sim explorar suas outras propriedades farmacológicas.
Um pouco da história
A mesterolona foi desenvolvida pela Schering (atualmente parte da Bayer) na Alemanha. Embora algumas fontes mencionem incorretamente o ano de 1934, a mesterolona foi descrita pela primeira vez em 1966 e introduzida para uso médico por volta de 1967 sob o nome comercial Proviron®. É relevante notar que a Schering já utilizava o nome Proviron® anteriormente, desde 1936, para comercializar o propionato de testosterona. Após a introdução da mesterolona como Proviron®, o propionato de testosterona continuou a ser vendido sob a marca Testoviron®.
Inicialmente, a mesterolona foi indicada para tratar condições associadas à deficiência androgênica em homens, como o hipogonadismo. Também foi utilizada no tratamento de certos tipos de infertilidade masculina, baseada na hipótese de que poderia melhorar a contagem e a qualidade dos espermatozoides. No entanto, a eficácia para este último propósito é considerada controversa e limitada, com estudos posteriores, incluindo um ensaio duplo-cego da Organização Mundial da Saúde (OMS), não demonstrando melhorias significativas na qualidade do sêmen, apesar de um possível aumento nas taxas de gravidez em alguns subgrupos.
Devido às suas propriedades predominantemente androgênicas e fracamente anabólicas, a Mesterolona nunca se estabeleceu como um agente primário para ganho de massa muscular ou tratamento de estados catabólicos severos. Contudo, ganhou popularidade no fisiculturismo a partir das décadas de 1970 e 1980, não como um construtor muscular principal, mas como um composto auxiliar ("ancilar") em ciclos de outros esteroides anabolizantes androgênicos (EAA). Os fisiculturistas valorizavam sua capacidade de aumentar a "dureza" e definição muscular (devido à ausência de aromatização e retenção hídrica), melhorar a libido (frequentemente suprimida por outros EAA, como nandrolona ou trembolona) e, teoricamente, potencializar a eficácia de outros esteroides através da sua forte ligação à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), aumentando a fração livre de outros andrógenos. O Proviron® continua disponível como medicamento de prescrição em muitos países, embora seu uso médico tenha diminuído com o desenvolvimento de opções mais modernas para terapia de reposição de testosterona (TRT).
Status legal
No Brasil, a mesterolona está incluída na Lista C5 (Lista das Substâncias Anabolizantes) da Portaria SVS/MS nº 344/98 e suas atualizações. Sua dispensação exige receita de controle especial em duas vias.
Disponibilidade no mercado brasileiro
O medicamento de referência Proviron® (Bayer) está ou esteve disponível em farmácias mediante receita C5. Sua disponibilidade pode variar. É também um produto frequentemente encontrado no mercado paralelo, produzido por laboratórios clandestinos (UGLs).
Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM)
A Resolução CFM nº 2.333/2023 veda a prescrição médica de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA), como a mesterolona, com finalidade estética, para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo, devido à falta de comprovação científica de benefício e segurança para esses fins.
Status de doping
A Mesterolona é classificada pela Agência Mundial Antidoping (WADA) como um agente anabólico na categoria S1.1 Anabolic Androgenic Steroids (AAS), sendo proibida tanto em competição quanto fora de competição para atletas sujeitos a testes antidoping.
Detecção em testes antidoping
Seus metabólitos, como o 1α-metil-androsterona, podem ser detectados na urina por métodos cromatográficos acoplados à espectrometria de massas (GC-MS ou LC-MS/MS) por um período considerável (várias semanas) após a interrupção do uso.
Contexto no fisiculturismo
Proibida em competições de fisiculturismo natural. É, no entanto, comumente utilizada no fisiculturismo tradicional (não testado) como um agente auxiliar durante ciclos de EAA.
Para que serve (efeitos esperados)
Usos médicos aprovados
- Tratamento de hipogonadismo masculino (deficiência de andrógenos).
- Tratamento de certos tipos de infertilidade masculina associada a hipogonadismo ou oligozoospermia idiopática (uso limitado e controverso).
- Potencial uso experimental no tratamento de depressão em homens (pesquisas em andamento).
Principais efeitos fisiológicos e desejados (não médicos/uso off-label para performance)
- Redução da SHBG (Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais): a mesterolona possui uma afinidade de ligação extremamente alta pela SHBG, superior à da própria testosterona e DHT em alguns estudos. Ao ligar-se à SHBG, desloca outros hormônios (principalmente a testosterona) que estariam ligados a ela, aumentando assim a concentração de testosterona livre e biologicamente ativa na circulação. Este é frequentemente considerado seu principal benefício em um ciclo de EAA.
- Aumento da dureza muscular e densidade: sendo um derivado puro do DHT e não aromatizando em estrogênio, a mesterolona não causa retenção hídrica. Isso pode contribuir para uma aparência muscular mais "seca", "densa" e "rígida", efeito valorizado especialmente em fases de definição (cutting) ou pré-competição.
- Melhora da libido: é frequentemente utilizada para contrabalancear a diminuição da libido que pode ocorrer durante o uso de certos EAA (notavelmente nandrolona e trembolona, que podem suprimir a função sexual via mecanismos relacionados à progesterona ou prolactina) ou simplesmente para manter ou aumentar o desejo sexual durante um ciclo.
- Potencial efeito anti-estrogênico leve: existe alguma especulação de que a mesterolona possa exercer uma leve inibição da enzima aromatase ou competir fracamente com o estradiol pelos receptores de estrogênio. No entanto, este efeito é considerado muito fraco e clinicamente insignificante para o controle de efeitos colaterais estrogênicos relevantes, como ginecomastia ou retenção hídrica severa. Não deve ser considerada um substituto para inibidores de aromatase (IAs) ou moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs) quando o controle estrogênico é necessário.
- Efeito anabólico mínimo: como mencionado, é um agente anabólico muito pobre devido à sua rápida inativação no músculo esquelético. Não é eficaz para promover ganhos significativos de massa muscular por si só. Qualquer ganho de peso observado durante seu uso é geralmente atribuível a outros EAA presentes no ciclo.
Mecanismo de ação
A mesterolona exerce seus efeitos por meio de diversos mecanismos inter-relacionados. Em termos de atividade androgênica, ela atua ligando-se aos receptores de andrógenos (AR) localizados em tecidos-alvo como a próstata, a pele e o sistema nervoso central. Essa ligação é responsável por promover efeitos típicos dos andrógenos, como o aumento da libido, o desenvolvimento de características sexuais secundárias e a contribuição para a firmeza muscular. No entanto, sua potência androgênica é considerada relativamente baixa quando comparada a outros derivados da diidrotestosterona (DHT), em razão de peculiaridades estruturais e do seu metabolismo.
Um aspecto relevante de sua ação é a altíssima afinidade pela globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG). Ao se ligar fortemente a essa proteína plasmática, a mesterolona reduz a capacidade da SHBG de se associar a outros hormônios sexuais, como a testosterona. Isso resulta em um aumento da fração livre — e, portanto, biologicamente ativa — da testosterona e de outros andrógenos eventualmente utilizados em conjunto.
No que diz respeito ao metabolismo, a mesterolona não é substrato para a enzima aromatase, o que significa que ela não pode ser convertida em metabólitos estrogênicos. Além disso, também não sofre ação significativa da 5-alfa-redutase, uma vez que já é um derivado 5-alfa-reduzido do DHT. No entanto, ela é rapidamente metabolizada e inativada no músculo esquelético pela enzima 3α-hidroxiesteroide desidrogenase (3α-HSD), o que ajuda a explicar sua limitada atividade anabólica nesse tipo de tecido.
Quanto ao seu potencial antiestrogênico, ainda que algumas teorias sugiram uma leve inibição da aromatase ou uma possível competição com os receptores estrogênicos, essas hipóteses carecem de comprovação clínica robusta. Assim, qualquer efeito antagonista ao estrogênio atribuído à Mesterolona é considerado fraco e farmacologicamente pouco confiável para fins terapêuticos.
Farmacocinética
Após administração oral, a mesterolona é bem absorvida, embora sua biodisponibilidade absoluta seja bastante baixa, estimada em torno de 3%. Apesar desse valor aparentemente modesto, o composto consegue exercer atividade significativa por via oral, o que é incomum entre os esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) que não são alquilados na posição 17-alfa. Essa eficácia oral se deve à presença de um grupo metil na posição C1α, que confere proteção contra o metabolismo hepático de primeira passagem.
A meia-vida de eliminação terminal da mesterolona situa-se consistentemente entre 12 e 13 horas. Esse perfil farmacocinético justifica o regime de dosagem diária, geralmente dividido em duas administrações ao longo do dia (a cada 12 horas), com o objetivo de manter níveis séricos mais estáveis da substância no organismo.
Em relação à distribuição, a mesterolona apresenta uma ligação extensa às proteínas plasmáticas, atingindo cerca de 98%. Desse total, aproximadamente 58% se ligam à globulina transportadora de hormônios sexuais (SHBG) e cerca de 40% à albumina, demonstrando uma afinidade significativa por ambas.
O metabolismo da mesterolona ocorre principalmente no fígado, mas segue vias que não implicam a mesma sobrecarga enzimática observada com esteroides C17-alfa-alquilados, o que contribui para seu baixo potencial hepatotóxico. Os principais metabólitos identificados na urina incluem o 1α-metil-androsterona — excretado principalmente em formas conjugadas como glucuronídeos e sulfatos — e, em menor grau, o 1α-metil-5α-androstano-3α,17β-diol.
Quanto à excreção, cerca de 80% de uma dose marcada de mesterolona é eliminada pela urina em até sete dias, enquanto aproximadamente 13% são excretados pelas fezes. A quantidade do fármaco inalterado presente na urina é mínima ou indetectável, e cerca da metade da dose administrada é excretada via urinária já nas primeiras 24 horas.
Efeitos colaterais
Apesar de não ser C17-alfa-alquilada e não aromatizar, a Mesterolona não é isenta de riscos e pode causar efeitos colaterais, principalmente de natureza androgênica e cardiovascular:
Efeitos colaterais androgênicos
São os efeitos adversos mais proeminentes e comuns:
- Queda de cabelo (alopecia androgenética): por ser um derivado potente do DHT, pode acelerar significativamente a calvície de padrão masculino em indivíduos geneticamente predispostos.
- Acne e pele oleosa: estimulação das glândulas sebáceas.
- Aumento de pelos corporais/faciais (Hirsutismo).
- Hiperplasia prostática benigna (HPB): pode estimular o crescimento da próstata ou agravar sintomas pré-existentes (dificuldade em urinar, etc.) em homens mais velhos ou com predisposição. Recomenda-se exame prostático antes e durante o tratamento.
- Priapismo: ereções indesejadas, frequentes ou prolongadas e dolorosas podem ocorrer, exigindo redução da dose ou interrupção.
Efeitos colaterais cardiovasculares
O impacto negativo nos lipídios é um dos efeitos colaterais mais preocupantes. Estudos e informações de bulas indicam que a mesterolona pode reduzir significativamente os níveis de HDL ("colesterol bom") e aumentar os níveis de LDL ("colesterol ruim") e triglicerídeos, contribuindo para um perfil lipídico aterogênico e aumentando o risco cardiovascular. Estudos em modelos animais mostraram que o exercício físico pode atenuar parcialmente esses efeitos deletérios.
Pode causar retenção hídrica (embora menos comum que com esteroides aromatizáveis) e agravar condições como hipertensão em indivíduos sensíveis.
Efeitos colaterais de supressão de testosterona
Pode haver a supressão do eixo hipotálamo-pituitária-testicular (HPTA). Embora estudos iniciais sugerissem o contrário, evidências posteriores e informações de bulas indicam que a mesterolona suprime a produção endógena de gonadotrofinas (LH e FSH) e, consequentemente, de testosterona, especialmente em doses supra fisiológicas (como 75-100 mg/dia) usadas para fins de performance. A magnitude da supressão pode ser menor do que a de EAA mais potentes em doses anabólicas equivalentes, mas como a mesterolona não é usada primariamente para anabolismo, a comparação direta é complexa. A supressão ocorre e requer terapia pós-ciclo (TPC) adequada após a descontinuação do uso para restaurar a função testicular normal. O uso excessivo está associado a níveis diminuídos de testosterona.
Efeitos colaterais hepatotóxicos
É um efeito muito baixo por não possuir a modificação C17-alfa-alquilação. No entanto, casos raros de tumores hepáticos benignos e malignos (incluindo carcinoma hepatocelular) e peliose hepática foram relatados com o uso de substâncias hormonais androgênicas, incluindo a mesterolona, especialmente em altas doses e/ou uso prolongado. Monitoramento da função hepática é recomendado em algumas circunstâncias. Dor abdominal superior persistente pode ser um sinal de alerta.
Efeitos colaterais estrogênicos
Nenhum efeito estrogênico, pois não aromatiza. Não causa ginecomastia ou retenção hídrica significativa por conversão estrogênica. A ginecomastia listada em algumas bulas como efeito adverso geral de andrógenos provavelmente não se aplica diretamente à mesterolona por este mecanismo.
Virilização em mulheres
É alto o risco de virilização em mulheres. Devido às suas fortes propriedades androgênicas, a mesterolona pode facilmente induzir efeitos de virilização em mulheres, como engrossamento da voz, crescimento de pelos faciais/corporais, aumento do clitóris, irregularidades menstruais e acne. Seu uso é fortemente desaconselhado para mulheres.
Efeitos colaterais diversos
Outros efeitos também pode ocorrer:
- Dor de cabeça;
- Alterações de humor (depressão, agressividade, elação, irritabilidade, alterações nos níveis de energia);
- Desconforto gastrointestinal (dor abdominal);
- Possível exacerbação de diabetes, policitemia ou apneia do sono.
Em adolescentes, pode causar fechamento prematuro das epífises e interrupção do crescimento linear.
Superdosagem e uso indevido
Estudos de toxicidade aguda indicam que a mesterolona tem baixa toxicidade aguda, e uma superdosagem única é improvável de causar problemas graves e imediatos. O uso indevido crônico, caracterizado por doses excessivas (supra fisiológicas) ou uso por períodos prolongados, aumenta significativamente os riscos de efeitos colaterais, particularmente os cardiovasculares (perfil lipídico adverso, risco de doença cardíaca), androgênicos (queda de cabelo, problemas prostáticos), supressão prolongada do eixo HPTA e, embora raro, complicações hepáticas.
Contraindicações
O uso de mesterolona (Proviron®) é contraindicado nas seguintes situações:
- Câncer de próstata;
- Câncer de mama masculino;
- Tumores hepáticos atuais ou prévios (benignos ou malignos);
- Níveis elevados de cálcio no sangue (hipercalcemia);
- Hipersensibilidade (alergia) à mesterolona ou a qualquer um dos excipientes do produto (ex: lactose, amido, povidona, estearato de magnésio, metilparabeno, propilparabeno - verificar a formulação específica);
- Gravidez e amamentação (não aplicável ao uso masculino típico, mas absolutamente contraindicado em mulheres).
Precauções e advertências
- Realizar exame prostático antes de iniciar o tratamento e monitorar regularmente durante o uso, especialmente em homens mais velhos, devido ao risco de estimular HPB ou câncer de próstata.
- Monitorar o perfil lipídico (HDL, LDL, triglicerídeos) devido ao impacto negativo conhecido da mesterolona.
- Monitorar a função hepática periodicamente, especialmente com uso prolongado ou altas doses.
- Usar com cautela em pacientes com doença cardíaca, renal, hipertensão, epilepsia, enxaqueca, diabetes, apneia do sono ou policitemia, pois a Mesterolona pode agravar essas condições.
- Estar ciente do potencial significativo de aceleração da queda de cabelo em indivíduos predispostos.
- Não utilizar como agente anti-estrogênico primário ou único; sua eficácia para este fim é mínima.
- Não utilizar com o objetivo primário de ganho de massa muscular devido à sua baixa eficácia anabólica.
- Interromper o uso e procurar avaliação médica em caso de ereções frequentes ou prolongadas (priapismo) ou dor abdominal superior persistente.
- O uso em adolescentes pode levar ao fechamento prematuro das epífises ósseas e interrupção do crescimento.
Monitoramento médico essencial
Idealmente, o uso de mesterolona deve ocorrer sob supervisão médica, embora seu uso clínico seja limitado fora de indicações específicas como hipogonadismo. No contexto de uso não médico (performance/estético), os usuários devem, por conta própria ou com acompanhamento profissional, realizar monitoramento regular do perfil lipídico, função hepática, hemograma completo e, em homens com idade apropriada ou fatores de risco, o antígeno prostático específico (PSA) e exame retal digital. A atenção aos sinais e sintomas de efeitos colaterais é crucial.
Interações medicamentosas
A mesterolona pode interagir com outros medicamentos:
- Anticoagulantes (ex: varfarina, acenocumarol, dicumarol): andrógenos podem aumentar a sensibilidade a anticoagulantes orais, potencializando seu efeito e aumentando o risco de sangramento. Monitoramento do tempo de protrombina (INR) pode ser necessário.
- Hipoglicemiantes/antidiabéticos (ex: insulinas, metformina, glibenclamida, acarbose, etc.): andrógenos podem melhorar a tolerância à glicose e reduzir a necessidade de insulina ou outros medicamentos antidiabéticos. Ajustes de dose podem ser necessários.
- Ciclosporina: andrógenos podem aumentar os níveis plasmáticos de ciclosporina, elevando o risco de toxicidade.
- Hormônios tireoidianos (ex: levotiroxina): andrógenos podem alterar os níveis de globulina ligadora de tiroxina (TBG), podendo afetar os testes de função tireoidiana e a eficácia da terapia de reposição.
- Corticosteroides (ex: prednisona, hidrocortisona, dexametasona): o uso concomitante com andrógenos pode aumentar o risco de edema (retenção de fluidos), especialmente em pacientes com doença cardíaca ou hepática.
- Medicamentos indutores enzimáticos hepáticos (ex: fenobarbital, fenitoína, rifampicina): podem aumentar o metabolismo (clearance) da mesterolona, potencialmente reduzindo sua eficácia terapêutica.
- Bloqueadores neuromusculares: há relatos de resistência aos efeitos de bloqueadores neuromusculares em pacientes recebendo andrógenos.
Ciclos comuns
A administração se dá por meio dos comprimidos orais, o que atrai aqueles que têm pavor de agulha. Como já visto, seu uso médico foi diminuído com o desenvolvimento de opções mais modernas para terapia de reposição de testosterona (TRT), restando o uso recreativo para performance.
Administração em homens (contexto de performance):
As doses mais comuns variam de 25 mg a 100 mg por dia. Doses na faixa de 50-75 mg/dia são frequentemente citadas. Devido à meia-vida de aproximadamente 12-13 horas, a dose diária é frequentemente dividida em duas administrações (ex: 25 mg pela manhã e 25 mg à noite) para manter níveis sanguíneos mais estáveis.
Frequentemente utilizada durante todo o ciclo de outros esteroides (ex: 8-16 semanas) ou introduzida em fases específicas. É comum seu uso nas últimas semanas de um ciclo de cutting (definição) para maximizar a dureza muscular e reduzir a aparência de retenção hídrica, ou durante ciclos contendo compostos conhecidos por suprimir a libido (ex: nandrolona, trembolona) para suporte da função sexual.
A Mesterolona não serve como base anabólica do ciclo num Stack (ciclo combinado). É adicionada a um ciclo que já contém testosterona e/ou outros EAA com propriedades anabólicas mais significativas. Seus propósitos principais como composto auxiliar são:
- Ligar-se à SHBG, aumentando a testosterona livre e a atividade de outros EAA.
- Adicionar um efeito androgênico para melhorar a dureza, densidade e aspecto estético muscular.
- Suportar ou aumentar a libido.
Exemplos de stacks comuns (ilustrativos)
Ciclo de bulking com foco em qualidade e libido
- Testosterona enantato/cipionato: 500mg/semana (semanas 1-12).
- Nandrolona decanoato (Deca®): 400mg/semana (semanas 1-10).
- Proviron®: 50mg/dia (semanas 1-12) - para ajudar a manter a libido (contra o efeito da nandrolona) e potencialmente aumentar a testosterona livre.
Ciclo de cutting/definição para dureza
- Testosterona propionato: 100mg DSDN (dia sim, dia não) (semanas 1-8)
- Drostanolona propionato (Masteron®): 100mg DSDN(dia sim, dia não) (semanas 1-8)
- Proviron®: 50-75mg/dia (semanas 1-8 ou apenas nas últimas 4-6 semanas) - para maximizar a dureza muscular, o aspecto "seco" e o efeito androgênico.
Ciclo com agentes de baixa aromatização para estética
- Boldenona undecilenato (Equipoise®): 600mg/semana (semanas 1-14)
- Oxandrolona (Anavar®): 50mg/dia (semanas 8-14)
- Proviron®: 25-50mg/dia (Semanas 1-14) - para aumentar a testosterona livre (se houver uma base de testo no ciclo ou para otimizar a endógena em ciclos muito leves, embora Proviron® seja supressivo), e adicionar dureza.
"Ponte" entre ciclos (prática antiga e questionável)
Alguns usuários utilizavam Proviron® em doses baixas (25mg/dia) entre ciclos, na tentativa de manter algum efeito androgênico e libido enquanto o eixo HPTA se recuperava. Esta prática não é recomendada, pois Proviron® é supressivo por si só e pode atrapalhar a recuperação.
Durante terapia pós-ciclo (TPC) - controverso e geralmente não recomendado
Alguns adicionam Proviron® à TPC para combater a baixa libido. Isso é contraproducente, pois o Proviron® suprime o LH e FSH, dificultando a recuperação do eixo.
Administração em mulheres
Fortemente desaconselhado devido ao alto e quase certo risco de virilização (efeitos masculinizantes), mesmo em doses baixas.
É crucial enfatizar que o uso de Proviron® (mesterolona) por mulheres é fortemente desaconselhado e carrega um risco significativo de virilização (desenvolvimento de características masculinas), que pode ser irreversível.
A mesterolona é um derivado potente da DHT, e os receptores androgênicos femininos são muito sensíveis a esse tipo de estímulo.
Dito isso, se fôssemos descrever as práticas relatadas no meio underground por mulheres que, apesar dos enormes riscos, insistem em usar Proviron®, a abordagem geralmente se baseia em tentar usar a menor dose possível pelo menor tempo possível, com foco em alguns efeitos específicos (e frequentemente mal interpretados ou exagerados):
Micro-doses extremas
Se usado, seria em doses muito, muito baixas. Estamos falando de quantidades como 12.5mg por dia (meio comprimido de 25mg) ou até 12.5mg em dias alternados. Raramente se vê relatos de doses maiores que 25mg/dia por mulheres, e mesmo isso já é considerado de alto risco.
Algumas mulheres podem usá-lo na tentativa de obter um leve aumento na dureza muscular, um efeito diurético sutil para uma aparência mais "seca", ou para tentar combater efeitos colaterais de outros compostos (como baixa libido induzida por certos SARMs ou outros EAA de baixo teor androgênico, o que é uma lógica falha, pois Proviron® também tem seus próprios riscos). Algumas podem erroneamente acreditar que ele tem propriedades significativas de queima de gordura, o que não é o caso.
Ciclos extremamente curtos
O uso seria limitado a períodos muito curtos, talvez 2 a 4 semanas no máximo, geralmente na fase final de uma preparação para competição (em categorias de fisiculturismo onde a aparência "dura" é valorizada e os riscos são ignorados).
Isso para tentar obter um "polimento" final na aparência, sem um uso prolongado que aumentaria exponencialmente o risco de virilização.
Combinação com outros agentes "mais suaves" (prática arriscada)
Algumas mulheres podem tentar combiná-lo com doses baixas de Anavar® ou Primobolan®, na esperança de que o Proviron® "potencialize" os efeitos ou adicione dureza. No entanto, isso apenas adiciona outro vetor de risco androgênico.
Isso é uma péssima ideia e o que geralmente acontece:
- Virilização rápida: mesmo em doses baixas, sinais de virilização como alteração na voz (engrossamento, que pode ser o primeiro e mais permanente), crescimento de pelos faciais/corporais, acne, aumento do clitóris, e irregularidades menstruais podem surgir rapidamente em mulheres sensíveis.
- Relação risco/benefício desfavorável: os benefícios estéticos ou de performance que uma mulher poderia obter com doses tão baixas de Proviron® são provavelmente mínimos e dificilmente superam o alto risco de efeitos colaterais androgênicos permanentes. Existem outros compostos (como Anavar®, ainda que arriscado) que oferecem uma relação anabólico/androgênico muito mais favorável.
- Má interpretação dos efeitos: muitas vezes, o uso por mulheres pode ser baseado em desinformação sobre os reais efeitos do Proviron®, como acreditar que ele é um potente queimador de gordura ou um anabólico significativo, o que não é verdade.
Não há uma forma "segura" para mulheres usarem Proviron®. As práticas relatadas de micro-doses e ciclos ultra-curtos são tentativas desesperadas de mitigar riscos inerentemente altos. A probabilidade de virilização ainda é considerável e os efeitos podem ser permanentes. A recomendação médica e de segurança é a evitação completa do Proviron® por mulheres.
AVISO: CONSULTE UM MÉDICO ANTES DE TOMAR QUALQUER MEDICAMENTO. As informações apresentadas neste site não substituem prescrição médica personalizada. O conteúdo postado é meramente informativo. Os textos publicados por Cláudio Chamini foram manipulados por IA e podem conter alucinações. Os textos do Dr. Thiago Carneiro não sofreram manipulação.
Referências
- Anabolics (William Llewellyn);
- Hormônios no Fisiculturismo (Dudu Haluch);
- Esteróides Anabólico Androgênicos (Lucas Caseri);
- Endocrinologia Feminina e Andrologia (Ruth Clapauch);
- PubChem / NCBI Databases.
Nomes de referência: Androlic, Provibol, Provibolic, Provi-R 25, Providex, Provix, Mesterolona C5, Mesterolona 25mg, Proviron Muscle Labs, Proviron Rotterdam, Proviron Nouv, Proviron Eminence Labs, Providark, Mesterolone Tablets (INN)..
Vídeos relevantes
Indisponível.
Links relevantes
- Adverse effect of the anabolic–androgenic steroid mesterolone on .... Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC2613982/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Anabolic steroid - Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Anabolic_steroid. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Arquivos Resolução 2.333/23 do CFM - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO EXERCÍCIO E ESPORTE. Disponível em: https://www.medicinadoesporte.org.br/category/resolucao-2-333-23-do-cfm/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- CFM publica resolução que estabelece regras para a prescrição de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes | MPPR. Disponível em: https://site.mppr.mp.br/saude/Noticia/CFM-publica-resolucao-que-estabelece-regras-para-prescricao-de-terapias-hormonais-com. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Changes in Health-related Parameters Associated with Sports Performance Enhancement Drugs - PMC. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10049838/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Emerging medication for the treatment of male hypogonadism - PubMed. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22612692/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Mesterolone - Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Mesterolone. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Mesterolone | C20H32O2 | CID 15020 - PubChem. Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/1424-00-6. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Mesterolone | C20H32O2 | CID 15020 - PubChem. Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Mesterolone. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Mesterolone and idiopathic male infertility: a double-blind study .... Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2680994/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Mesterolone: Uses, Interactions, Mechanism of Action | DrugBank .... Disponível em: https://go.drugbank.com/drugs/DB13587. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Mesterolone: Uses, Side Effects and Medicines - Apollo Pharmacy. Disponível em: https://www.apollopharmacy.in/salt/Mesterolone. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Nova Resolução CFM veta terapias hormonais para fins estéticos e .... Disponível em: https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-proibe-a-prescricao-medica-de-terapias-hormonais-com-fins-esteticos-de-ganho-de-massa-muscular-e-de-melhoria-de-desempenho-esportivo/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998 - Minist rio da Sa de. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep.html. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- PROHIBITED LIST - WADA. Disponível em: https://www.wada-ama.org/sites/default/files/prohibited_list_2018_en.pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- PROHIBITED LIST - World Sailing. Disponível em: https://www.sailing.org/tools/documents/wada2019englishprohibitedlist-[25557].pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Proviron - Bayer. Disponível em: https://www.bayer.com/sites/default/files/PROVIRON_EN_PI.pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- PROVIRON®. Disponível em: https://www.nps.org.au/assets/medicines/7a6a6aa4-93f8-4bd2-a23e-a53300feff80.pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- PROVIRON - NPS MedicineWise. Disponível em: https://www.nps.org.au/medicine-finder/proviron-tablets. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Proviron® é apresentado na forma de comprimido simples ... - Bayer. Disponível em: https://www.bayer.com.br/sites/bayer_com_br/files/2021-11/proviron-bula-paciente.pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Proviron® mesterolona - Bayer. Disponível em: https://www.bayer.com.br/sites/bayer_com_br/files/2021-02/Proviron_Paciente.pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- resources.bayer.com.au. Disponível em: https://resources.bayer.com.au/resources/uploads/pi/file9420.pdf. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- S1. Anabolic Agents - Anti-Doping Prohibited List - Drugs.com. Disponível em: https://www.drugs.com/wada/s1-anabolic-agents.html. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Sex hormone-binding globulin - Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Sex_hormone-binding_globulin. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Sex hormone-binding globulin regulation of androgen bioactivity in vivo - PubMed Central. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5066276/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- Steroids-Bayer-Schering - C&EN. Disponível em: https://cen.acs.org/articles/89/i15/Steroids-Bayer-Schering.html. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- The Best TRT Protocol - Optimale. Disponível em: https://www.optimale.co.uk/trt-uk/the-best-trt-protocol/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- The effect of mesterolone on sperm count, on serum follicle stimulating hormone, luteinizing hormone, plasma testosterone and outcome in idiopathic oligospermic men - PubMed. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2892728/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- The medical treatment of male infertility - PubMed. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/6666860/. Acesso em: 5 de maio de 2025.
- The Prohibited List | World Anti Doping Agency. Disponível em: https://www.wada-ama.org/en/prohibited-list. Acesso em: 5 de maio de 2025.