A dor muscular de inicio tardio (DMIT) é caracterizada pela sensação de dor ou desconforto muscular, aparecendo geralmente 8 horas após a realização de um exercício intenso, sendo que seu pico de dor fica entre 24 e 48 horas, podendo permanecer até 7 dias após a realização desse exercício (Barquilha et al, 2010; Clarkson e Hubal, 2002; Tricoli, 2001).
A DMIT está constantemente presente em indivíduos sedentários que iniciam uma prática esportiva, sendo que muitos desses indivíduos abandonam um programa de atividade física por causa desta.
Porém, a DMIT também esta presente em atletas que retornam ao treinamento após um período de férias, ou mesmo quando se muda bruscamente o estimulo do treinamento.
A DMIT parece ser mais presente em exercícios que envolvam ações musculares excêntricas, como na musculação (Foschini et al, 2006). Autores associam a DMIT com o processo inflamatório responsável pela reparação ao dano muscular (reparo ao tecido danificado) (Armstrong, 1984).
Um fato interessante é sobre um fenômeno conhecido como “efeito protetor da carga”, que consiste na diminuição da DMIT após subseqüentes sessões de exercícios.
Resumindo, quando se dá um estimulo intenso, principalmente uma ação excêntrica não-habitual, é comum que apareça a DMIT. Se esse mesmo estimulo for repetido alguns dias depois, a DMIT será menor do que no primeiro estimulo, e assim sucessivamente.
A DMIT pode afetar o desempenho esportivo através de uma redução na amplitude de movimento e na redução do pico de torque de força, causando um estresse em músculos, ligamentos e tendões (7,.
Essa informação sobre a diminuição na performance causado pela DMIT é importante para atletas e preparadores físicos, sendo um dos motivos para alguns profissionais não realizarem treinamentos intensos dias antes da prática de uma modalidade esportiva que envolva força e potência, por exemplo.
Outra estratégia para se evitar a DMIT é evitar mudanças bruscas nas sessões de treino antes de uma competição.
Porém a DMIT pode ser interessante para atletas que busquem hipertrofia muscular, como o Fisiculturismo.
A DMIT é considerada como um marcador indireto de dano muscular (Uchida et al, 2009), sendo que outros marcadores de lesão muscular também são muito utilizados, como a creatina quinase (CK) e Lactato desidrogenase (LDH) (Barquilha et al, 2009).
Estudos vêm associando o dano muscular com o aumento da hipertrofia (HAWKE e GARRY, 2001) através do processo de migração de células satélites ao tecido lesionado, onde estas células satélites podem se fundir às fibras musculares (pelo menos as ainda viáveis) ou diferenciar-se em mioblastos. Esse processo permite um aumento na síntese de proteínas (Hawke e Garry, 2001; Machado, 2010).
Porém, como já citado acima, o dano muscular é cada vez menor em indivíduos treinados, sendo importante uma boa periodização para que se obtenham bons resultados. Variar a intensidade, volume, tipo de exercícios e modelos de treinamento, dentre outras variáveis, parece ser útil na maximização da hipertrofia muscular.
Prof. Mestrando Gustavo Barquilha
Membro do Instituto de ciências da Atividade Física e Esportes (ICAFE) – Universidade Cruzeiro do Sul
Pesquisador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Físico e Fisiologia Aplicada (GEPEFFA) – Unifieo
Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Preparador Físico de Atletas de Alto Rendimento
REFERÊNCIAS
1. Armstrong R.B. Mechanisms of exercise-induced delayed onset muscular soreness: a brief review. Med Sci Sports Exerc 1984; 16:529-538.
2. Barquilha G; Moura N.R; dos Reis S.A; Uchida M.C; Freitas Junior P.B; Hirabara S.M. Sessão de exercícios para hipertrofia muscular provoca dano muscular sem diminuição da força (in press). Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2010.
3. Barquilha G; Santos V.C; Azevedo P.H.S.M; Cury-Boaventura M. F; Moura N.R; Pithon-Curi T.C; Hatanaka E; Hirabara.S.M. Treinamento crônico de força em atletas profissionais de hockey in line: estudo da lesão, inflamação e força. Revista de Educação Física 2009;147:77-77.
4. Clarkson P.M, Hubal M.J. Exercise-induce muscle damage in humans. Am J Phys Rehabil 2002; 81:S52-S69.
5. Clarkson P.M; Nosaka K; Braun B. “Muscle function after exercise-induced muscle damage and rapid adaptation.” Medicine and Science in Sports and Exercise. 1992; 24: 512-520.
6. Foschini D; Prestes J; Charro M. Relação entre exercício físico, dano muscular e dor muscular de início tardio. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano 2006;09:101-105.
7. Hawke T.J; Garry D.J. Myogenic satellite cells: physiology to molecular biology. Journal of Applied Physiology 2001;91:534-551.
8. Machado M. O papel dos micro-traumas e das células satélites na plasticidade muscular. Arquivos em Movimento 2010;3:103-117.
9. Uchida M.C; Nosaka K; Ugrinowitsch C; Yamashita A.S; Martins Junior E; Moriscot A.S; Aoki M.S. Effect of bench press exercise on muscular soreness and inflamatory mediators. Journal of Sports Sciences 2009;27:499-507.
10. Tricoli V. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev Bras Cien Mov 2001; 9:39-44.
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