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Esteroides e o fígado Uma das maiores preocupações dos usuários mais cautelosos de esteroides anabólicos, sempre é a saúde de seu fígado. Lógico que existem muitos que não estão nem aí tanto para o estado do seu fígado quanto para outros órgãos do corpo, principalmente o cérebro. São esses imbecis que normalmente acabam desenvolvendo diversos efeitos colaterais provenientes do uso incorreto de drogas anabólicas, e quando não há mais nada a fazer, culpam as drogas por sua infelicidade, quando na verdade deveriam culpar sua própria ignorância. Este artigo expõe algumas estratégias para minimizar o nível de lesão a este órgão durante um ciclo, assim como promover uma regeneração mais rápida e eficaz após o término da administração das drogas. Esta última consideração é extremamente importante principalmente para aqueles que insistem em fazer ciclos subseqüentes, mantendo muitas vezes, pequenos intervalos entre os mesmos. Funções do fígado O fígado é o maior órgão do corpo humano. Pesa cerca de 1,5 kg localizando-se ao lado direito, no quadrante superior da cavidade abdominal, protegido pelas costelas. Esse órgão executa mais de 500 funções importantes em nosso organismo, sendo que as principais são as seguintes: Integração entre os vários mecanismos energéticos do organismo; Armazenar e metabolizar vitaminas; Fazer síntese de proteínas plasmáticas; Detoxificação de toxinas químicas produzidas pelo organismo; Detoxificação de toxinas químicas externas ao organismo; Filtragem mecânica de bactérias; Controle do equilíbrio hidro-salínico; Síntese de gorduras e secreção do suco biliar. Esteroides e lesões no fígado Quase todos os esteróides causam lesão no fígado, sendo que os 17 alpha-alquelados são os mais tóxicos pela dificuldade de processamento. Observa-se maior toxicidade por parte de drogas como a oximetolona, stanozolol, methandrostenolona, metiltestosterona e em menor grau, pela oxandrolona. Vale mencionar que vários medicamentos largamente utilizados pela população, tais como os “inocentes” ácido acetil salicílico (aspirina) e o paracetamol (tylenol), podem ser tanto ou até mesmo mais tóxicos ao fígado do que os “temíveis” esteróides anabólicos. O tipo de lesão hepática clássica encontrado em usuários de esteróides anabólicos denomina-se colestática. As alterações na estrutura dos hepatócitos acontecem provavelmente por ação oxidante na membrana, por meio do aumento de LDH plasmático e pela diminuição da glutationa peroxidase (enzima antioxidante). Retenção de bile nos canalículos biliares ocorre principalmente com o uso da oximetolona. A maior parte das lesões promovidas no fígado são reversíveis tão logo o uso do medicamento seja interrompido, devido a grande capacidade de regeneração desse órgão. Existem relatos de fígados que se regeneraram após terem cerca de 80% de seus hepatócitos comprometidos. Porém, efeitos mais sérios como icterícia somatizada pelo amarelamento da pele, das unhas e branco dos olhos é um sinal para imediata interrupção do medicamento e procura de orientação médica para monitoramento das funções hepáticas. Cuidados durante o ciclo Para os que ainda insistem em fazer uso dessas drogas hepatotóxicas, o primeiro passo, após um exame cerebral para verificar o grau de sanidade, seria realizar uma bateria de exames laboratoriais a fim de verificar a saúde de seu fígado. Os exames mais comuns denominam-se aminotransferases. Estas são enzimas amplamente distribuídas nos tecidos humanos, porém atividades mais elevadas são encontradas no miocárdio, fígado, músculo esquelético, com pequenas quantidades nos rins, pâncreas, baço, cérebro, pulmões e eritrócitos. Os níveis séricos das aminotransferases são importantes na verificação da função hepática. As aminotransferases mais úteis a fim de diagnóstico são: transaminases glutâmico-oxaloacética e transaminases glutâmico pirúvica. Além de logicamente evitar superdosagens dessas drogas, o segundo passo seria a adoção de algumas medidas profiláticas, dentre elas, a inclusão de protetores hepáticos, evitar alguns medicamentos e ervas específicas, manter uma boa alimentação, etc. Protetores hepáticos Com relação aos protetores hepáticos, o mais conhecido e utilizado é o silybum marianum ou silimarina. Diversos estudos científicos realizados na Alemanha confirmam os efeitos benéficos da silimarina. Extraída das sementes do cardo marianum e formada por flavonolignanos, a silimarina apresenta grande capacidade regeneradora dos hepatócitos, provavelmente por estimular a síntese de proteínas. Estudos comprovaram seu poder na diminuição dos níveis de bilirrubinas, redução da esteatose hepática e dos níveis de transaminases. Entre outros protetores hepáticos estão: a cynara scolymus - a conhecida alcachofra, que aparentemente também apresenta uma ação regeneradora, mas necessita de mais estudos para confirmar tal efeito; os ácidos graxos ômega 3 e o óleo de prímula da noite que possuem ação anti-inflamatória e ajudam na diminuição das transaminases; os aminoácidos metionina, cisteína e glutamina que auxiliam na eliminação das toxinas hepáticas; a vitamina E, o mineral selênio e o ácido alpha-lipóico, que atuam na síntese do complexo antioxidante glutationa peroxidase. Protegendo o fígado pela dieta Quanto à dieta, deve-se evitar uma ingestão excessiva de ferro (carne vermelha), vitamina A (acima de 10.000 UI/dia), frituras, alimentos gordurosos e condimentados, minimizar o álcool, incentivar a ingestão de proteínas vegetais (soja), peixes, frutas, cereais, verduras e legumes. Ainda quanto à alimentação, o uso do alecrim é uma boa escolha por sua ação antioxidante, protetora e regeneradora hepática; já a alfafa auxilia no processo digestivo; o abacate é um grande protetor hepático, pois estudos realizados no Japão demonstraram uma diminuição do dano ao fígado em pessoas que comiam abacate todos os dias; o abacaxi, através da bromelina, auxilia a digestão; o boldo, na forma de chá, ajuda a diminuir as transaminases e auxilia no processo digestivo; e o chá verde, devido sua ação antioxidante e digestiva. Ervas e medicamentos que devem ser evitados Deve-se ainda evitar ervas hepatotóxicas, tais como a equinácea e a valeriana, e ter cautela com alguns medicamentos, como os anti-inflamatórios hormonais, a maioria dos antibióticos, fenitoína, bupropiona, anti-depressivos tricíclicos, acetaminofem, paracetamol, ácido acetil salicílico, dentre outros. Uma boa medida é sempre verificar a bula dos medicamentos, a fim de constatar se existe algum risco de toxicidade hepática. Cuidados ao terminar o ciclo: dieta detoxificante Ao se terminar um ciclo com drogas anabólicas hepatotóxicas, é comum que o fígado tenha sofrido lesões em algum grau. Devido a grande capacidade de regeneração deste órgão, como já mencionado, a tendência é que o órgão recupere toda sua estrutura em um determinado período. Porém, existem medidas que podem otimizar este processo, sendo estas fundamentais para aqueles ainda mais teimosos que insistem em realizar ciclos pesados com maior freqüência e com curto período de intervalo entre os mesmos. Após um ciclo, o sistema de detoxificação do fígado é sobrecarregado, sendo que os metabólitos tóxicos se acumulam e a sensibilidade a outros químicos torna-se progressivamente maior. A implementação da dieta detoxificante deve ser feita de maneira progressiva e dura, em média, de três a quatro semanas. É importante a conscientização do indivíduo para que a dieta detoxificante faça parte da rotina diária, mantendo os resultados benéficos a longo prazo. Quando o objetivo da terapêutica nutricional é detoxificar ou melhorar a reserva orgânica hepática, alguns aspectos também devem ser considerados. Alguns alimentos e bebidas que contêm toxinas e alergenos alimentares deveriam ser excluídos da dieta, como leite de vaca, açúcar e glúten. A hidratação adequada é importante para eliminar os produtos biotransformados, possibilitando a excreção mais eficiente dos compostos tóxicos. É importante ressaltar que de nada adianta ingerir grande quantidade de água em um determinado período. A melhor forma de hidratar-se é administrar pequenas quantidades de líquidos, constantemente, durante todo o dia. Uma das principais vias de eliminação de toxinas modificadas é a bile. Entretanto, quando a excreção de bile é inibida, as toxinas ficam no fígado por mais tempo. Alimentos como o chá verde ou preto, alecrim, alho e cebola, frutas cítricas, frutas vermelhas, oleaginosas, cereais integrais e leguminosas, soja, peixes e alimentos orgânicos possuem propriedades benéficas ao processo de detoxificação de acordo com sua composição. Agentes como a colina, betaína, metionina, vitamina B6, ácido fólico e vitamina B12, são úteis para promover a fluidez da bile para fora do fígado. Já as vitaminas do complexo B são importantes para evitar o dano celular e ajudar no mecanismo de detoxificação. Os alimentos funcionais são auxiliares no processo de detoxificação, entre eles destacam-se os vegetais brássicos (agrião, brócolis, couve-chinesa, couve-de-bruxelas, couve-folha, mostarda, nabo, rabanete e repolho). Elementos probióticos, tais como os lactobacillus e os bifidobactériuns, também atuam na metabolização de medicamentos. Eles podem ser definidos como preparações ou produtos contendo microorganismos determinados que, quando viáveis e em número suficiente, alteram a microbiota intestinal do indivíduo, exercendo efeitos benéficos à sua saúde. A vitamina C (ácido ascórbico), além de auxiliar no processo de detoxificação, também atua reduzindo a ação do hormônio catabólico cortisol, que normalmente encontra-se elevado após o término de um ciclo. A silimarina além de seu efeito protetor já mencionado, também possui ação detoxificante. Vale ressaltar novamente que o melhor para a saúde de qualquer fígado é manter-se longe de qualquer tipo de droga anabólica, ainda mais quando observa-se que os objetivos estéticos alvejados pela maioria de seus usuários, poderiam ser atingidos por meio de treinamento rigoroso e dieta adequada. Mais informações sobre o assunto podem ser obtidas no livro Guerra Metabólica – Manual de Sobrevivência.
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