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Cipionato de testosterona (Depo®-Testosterone)

Saiba tudo sobre cipionato de testosterona (Depo®-Testosterone): como ciclar, efeitos colaterais, para que serve e mais


Cipionato de testosterona

Imagem meramente ilustrativa e que pode ser fictícia.

Tabela resumida
Princípio ativo: Cipionato de testosterona
Nome comercial mais conhecido: Depo®-Testosterone
Família: Testosterona (éster longo)
Forma: Injetável (Solução oleosa)
Meia-vida: ~5-8 dias (biológica)
Anabolismo (hipertrofia):
Androgenia (masculinização):
Estrogenismo (feminilização):
Hepatoxidade:
Efeito lipolítico (queima de gordura):
Retenção hídrica:
Distúrbios psicológicos:
Disponibilidade (acesso no mercado):
Preço (custo):

Introdução

O que é o cipionato de testosterona?

O cipionato de testosterona (CT) é um éster sintético, solúvel em óleo, do hormônio androgénico testosterona, especificamente o éster 17β-ciclopentilpropionato. Quimicamente, a sua fórmula molecular é C27H40O3 e o peso molecular é 412.61 g/mol. Apresenta-se como um pó cristalino branco ou quase branco, praticamente inodoro e estável ao ar. É insolúvel em água, mas solúvel em óleos vegetais (como óleo de semente de algodão ou azeite) e livremente solúvel em álcool, clorofórmio, dioxano e éter. 

Farmacologicamente, o cipionato de testosterona é classificado como um androgénio e um esteroide anabolizante androgénico (EAA). É administrado por via injetável, tipicamente intramuscular (IM) ou subcutânea (SC). Funciona como um pró-fármaco. Após a injeção, enzimas no corpo (esterases) clivam a ligação éster, libertando testosterona livre na corrente sanguínea. A principal utilização médica aprovada é no tratamento de condições associadas a níveis baixos ou ausentes de testosterona endógena em homens (hipogonadismo masculino), incluindo terapia hormonal para homens transgênero.

A modificação química chave é a esterificação na posição 17-beta com o grupo ciclopentilpropionato. A testosterona nativa tem uma semi-vida muito curta (aproximadamente 10 minutos), tornando-a impraticável para terapia de reposição consistente. A adição do éster cipiônico aumenta significativamente a lipofilicidade do composto, o que retarda a sua absorção a partir do veículo oleoso no local da injeção. Este processo cria um efeito de "depósito" (depot), permitindo uma libertação prolongada da testosterona e, consequentemente, intervalos de administração menos frequentes (tipicamente a cada 1 a 4 semanas em contextos terapêuticos), melhorando a conveniência e adesão do paciente em comparação com a testosterona não esterificada.

Embora frequentemente considerado funcionalmente intercambiável com o enantato de testosterona devido a perfis farmacocinéticos muito semelhantes, existem pequenas diferenças na formulação. O cipionato de testosterona é frequentemente formulado em óleo de semente de algodão, embora o azeite também seja mencionado como um veículo menos viscoso. O enantato de testosterona é tipicamente dissolvido em óleo de sésamo, que é mais viscoso. Esta diferença na viscosidade do veículo pode influenciar a facilidade de preparação e injeção, bem como a potencial dor ou formação de nódulos no local da injeção, o que pode afetar a preferência do prescritor ou do paciente, apesar da equivalência farmacológica geral.

Um pouco da história

O desenvolvimento do cipionato de testosterona ocorreu no final da década de 1940 e início da década de 1950, num período de intensa investigação focada na criação de ésteres de testosterona de ação mais prolongada. O objetivo era superar a necessidade de injeções frequentes exigidas por ésteres de ação mais curta, como o propionato de testosterona. O cipionato de testosterona foi sintetizado em 1951 e introduzido no mercado médico dos Estados Unidos nesse mesmo ano pela empresa farmacêutica Upjohn (que mais tarde se tornou parte da Pharmacia & Upjohn, e atualmente integra a Pfizer) sob o nome comercial Depo®-Testosterone.   

O Depo®-Testosterone rapidamente se estabeleceu como uma das formas mais prescritas de testosterona para Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) nos EUA, uma posição que mantém até hoje. O seu desenvolvimento ocorreu em paralelo com o do enantato de testosterona, que foi lançado pouco depois por outras companhias farmacêuticas. Enquanto o enantato de testosterona ganhou maior predominância em muitas outras partes do mundo, o cipionato consolidou uma forte presença no mercado norte-americano.

As razões exatas para esta preferência regional não são totalmente claras, mas podem estar relacionadas com estratégias de marketing iniciais, familiaridade dos prescritores com o produto pioneiro da Upjohn e, possivelmente, as diferenças subtis na experiência de injeção devido aos veículos oleosos utilizados. A longa presença do Depo®-Testosterone no mercado dos EUA provavelmente gerou um reconhecimento de marca significativo e uma inércia prescritiva entre os clínicos, contribuindo para a sua dominância regional contínua, mesmo após a introdução de genéricos e do enantato.   

O principal uso terapêutico do cipionato de testosterona sempre foi o tratamento do hipogonadismo masculino. Adicionalmente, tal como o enantato, ganhou imensa popularidade fora do âmbito médico, nomeadamente no fisiculturismo e em esportes, como base para ciclos de esteroides, devido à sua eficácia anabólica e perfil de libertação prolongada. Frequentemente, é usado de forma intercambiável com o enantato nestes contextos. Atualmente, o Depo®-Testosterone ainda é comercializado pela Pfizer , e existem múltiplas versões genéricas disponíveis nos EUA.

Recentemente, foi aprovada pela FDA uma formulação em frascos de dose única e seringas pré-cheias, Azmiro®, que alega maior estabilidade (menos cristalização) em comparação com as formulações multidose tradicionais. Esta inovação sugere uma tendência de mercado para maior conveniência e potencial redução de riscos associados a frascos multidose (como contaminação). No mercado paralelo (laboratórios clandestinos ou UGLs - Underground Labs), o cipionato de testosterona é amplamente produzido e distribuído globalmente, tipicamente em concentrações de 100mg/ml, 200mg/ml ou 250mg/ml , embora estes produtos acarretem riscos inerentes de qualidade, pureza e segurança.   

Status legal

No Brasil, o cipionato de testosterona, assim como outros esteroides anabolizantes androgénicos (EAA), é classificado como uma substância controlada. Está incluído na Lista C5 ("Lista das Substâncias Anabolizantes") da Portaria SVS/MS nº 344/98. A inclusão nesta lista reflete o reconhecimento do seu potencial para abuso e dependência, alinhando a regulamentação brasileira com controlos internacionais, como a classificação de Schedule III nos EUA.   

A prescrição de substâncias da Lista C5 exige uma Receita de Controle Especial emitida em duas vias. Esta receita tem uma validade de 30 dias a contar da data de emissão. Existem também limites de quantidade que podem ser prescritos: para ampolas, o máximo é de 5 unidades por receita. Para outras formas farmacêuticas, a quantidade deve ser suficiente para um máximo de 60 dias de tratamento. Estas restrições legais e administrativas visam controlar o acesso e mitigar o risco de desvio para uso não médico, constituindo uma medida de saúde pública.   

Disponibilidade no mercado brasileiro

A disponibilidade de cipionato de testosterona como produto de marca industrializado nas grandes cadeias de farmácias comerciais no Brasil parece ser limitada ou inexistente. A principal via de acesso legal ao medicamento no país é através de farmácias de manipulação (compounding pharmacies), mediante apresentação da Receita de Controle Especial. Esta dependência de farmácias de manipulação, embora legal, introduz uma potencial variabilidade na qualidade, doseamento e excipientes do produto final em comparação com medicamentos industrializados sujeitos à aprovação e fiscalização rigorosa da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Paralelamente ao acesso legal, o cipionato de testosterona é extremamente comum no mercado paralelo, ou negro, ou "underground", produzido por laboratórios clandestinos (UGLs). A dificuldade ou inconveniência no acesso legal (disponibilidade limitada, necessidade de receita controlada, consulta médica específica) provavelmente contribui para a elevada procura neste mercado ilícito, especialmente por parte de utilizadores que procuram o fármaco para fins não médicos (estéticos ou de performance). O uso de produtos UGL acarreta riscos significativos relacionados com a falta de controlo de qualidade, subdosagem, sobredosagem, contaminação por outras substâncias ou microrganismos, e ausência de supervisão médica.

Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM)

Para além da regulamentação da ANVISA sobre a venda e prescrição, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece normas éticas para a prática médica. A Resolução CFM nº 2.333/2023 veta explicitamente a prescrição médica de cipionato de testosterona e outros EAA para fins estéticos (como ganho de massa muscular) ou para melhoria do desempenho desportivo. Esta resolução reforça que o uso legítimo destes fármacos está restrito ao tratamento de condições médicas comprovadas onde existe deficiência hormonal diagnosticada, como o hipogonadismo masculino. A resolução cria, assim, uma barreira ética e legal clara para os médicos, definindo a prescrição para fins de "enhancement" como má prática profissional, independentemente do cumprimento formal dos requisitos da receita C5.   

Status de doping

A Agência Mundial Antidoping (WADA - World Anti-Doping Agency) inclui a testosterona e todos os seus ésteres, incluindo o cipionato, na sua Lista de Substâncias e Métodos Proibidos. Especificamente, está classificada na categoria S1: Agentes Anabolizantes, subcategoria S1.1: Esteroides Anabolizantes Androgénicos (EAA). A classificação S1 indica que a WADA considera estas substâncias como tendo um elevado potencial para melhorar o desempenho desportivo e riscos significativos para a saúde do atleta. O uso de cipionato de testosterona é proibido tanto em competição como fora de competição para atletas sujeitos ao Código Mundial Antidoping.   

A deteção do uso de testosterona exógena é realizada através de análises à urina, utilizando métodos sofisticados como a Espectrometria de Massa de Relação Isotópica (IRMS - Isotope Ratio Mass Spectrometry), que consegue distinguir a testosterona sintética da endógena. Devido à libertação prolongada do éster, a janela de deteção para o cipionato de testosterona é longa, estimada em pelo menos 3 meses após a última administração, sendo similar à do enantato de testosterona. A deteção de ésteres de testosterona no sangue também é possível. Esta longa janela de deteção torna difícil para os atletas que utilizam cipionato de testosterona evitarem um resultado positivo nos controlos antidoping, mesmo cessando o uso semanas ou meses antes.

No âmbito do fisiculturismo, existe uma distinção importante entre federações. Nas competições de "Fisiculturismo Natural", que seguem regras antidoping alinhadas com a WADA, o uso de cipionato de testosterona é estritamente proibido e sujeito a testes. Por outro lado, em muitas federações de fisiculturismo tradicional ou "sem testes" (Untested), o uso de cipionato de testosterona e outros EAA é comum, aceito e geralmente não sujeito a testes pelos padrões da WADA. Esta divisão cria subculturas distintas dentro do esporte, com abordagens farmacológicas, padrões físicos e éticas muito diferentes, sendo o cipionato de testosterona um componente frequente nos regimes utilizados no fisiculturismo não testado.

Detecção em testes antidoping 

A detecção do uso de testosterona exógena é um pilar dos programas antidoping. Os métodos utilizados evoluíram para se tornarem altamente sofisticados:

  • Amostra primária: a urina é a matriz biológica mais comumente utilizada para testes de Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA).
  • Teste de triagem (histórico): a medição da razão entre Testosterona (T) e seu isômero inativo, Epitestosterona (E), na urina (Razão T/E) foi um dos primeiros métodos. Uma razão T/E elevada (tipicamente acima de 4:1) levanta suspeita de administração exógena, mas não é conclusiva por si só, pois pode ser influenciada por fatores genéticos, étnicos, condições médicas ou outras substâncias.
  • Teste confirmatório definitivo (GC/C/IRMS): o método padrão-ouro atual para confirmar a origem exógena da testosterona é a Cromatografia Gasosa acoplada à Combustão e Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (GC/C/IRMS). Este teste analisa a proporção dos isótopos de carbono na molécula de testosterona e/ou em seus metabólitos na urina. A testosterona produzida naturalmente pelo corpo (endógena) tem uma assinatura isotópica ligeiramente diferente da testosterona sintética (exógena), que geralmente é derivada de fontes vegetais (como fitoesteróis). O teste IRMS consegue distinguir essas assinaturas, fornecendo prova conclusiva do uso de testosterona exógena, mesmo que a razão T/E esteja dentro dos limites normais. A sofisticação do IRMS torna extremamente difícil para um atleta que utiliza qualquer forma de testosterona exógena (incluindo cipionato) evitar a detecção se testado dentro da janela apropriada.
  • Detecção de ésteres no sangue: métodos mais recentes, utilizando cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa (LC-MS/MS), permitem a detecção direta dos próprios ésteres de testosterona (como cipionato, enantato, decanoato, undecanoato) ou seus metabólitos diretos no sangue (soro ou plasma) por um período após a administração. Isso adiciona outra ferramenta poderosa ao arsenal antidoping.

Devido à sua natureza de liberação lenta a partir do depósito intramuscular ou subcutâneo, o cipionato de testosterona possui uma janela de detecção relativamente longa (muito similar à do enantato):

  • Urina (IRMS): a detecção da assinatura isotópica exógena na urina via IRMS pode persistir por pelo menos 3 meses ou mais após a última injeção de cipionato de testosterona. Esta janela pode ser ainda maior dependendo da dose utilizada, da duração do ciclo, do metabolismo individual do atleta e da sensibilidade do método analítico empregado pelo laboratório credenciado pela WADA.
  • Sangue (detecção de ésteres): a janela de detecção dos ésteres intactos no sangue pode variar dependendo do comprimento do éster. Estudos mostraram detecção de ésteres como propionato por 4-5 dias, fenilpropionato/isocaproato por pelo menos 8 dias, decanoato por 18 dias, e undecanoato por mais de 60 dias. A janela específica para o cipionato (e similarmente para o enantato) no sangue representa um período significativo, mais longo que ésteres curtos como propionato, mas possivelmente um pouco mais curto que ésteres mais longos como decanoato ou undecanoato.

A longa janela de detecção do cipionato de testosterona (e outros ésteres de ação prolongada), especialmente via IRMS na urina, representa um desafio considerável para atletas que tentam usar a substância e evitar um teste positivo, agindo como um forte dissuasor.

Para que serve (efeitos esperados)

Usos médicos aprovados

A principal e mais comum indicação médica aprovada para o cipionato de testosterona é a Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) em homens diagnosticados com hipogonadismo. O hipogonadismo pode ser primário (falência testicular congénita ou adquirida) ou secundário/terciário (disfunção hipotalâmica ou hipofisária, também conhecida como hipogonadismo hipogonadotrófico). O objetivo da TRT é restaurar os níveis séricos de testosterona para a faixa fisiológica normal, aliviando assim os sintomas associados à deficiência androgénica e mantendo as características sexuais secundárias.

O diagnóstico de hipogonadismo requer uma avaliação clínica cuidadosa. As diretrizes da Endocrine Society recomendam o diagnóstico apenas em homens com sintomas e sinais consistentes de deficiência de testosterona (como diminuição da libido, disfunção erétil, fadiga, humor deprimido, perda de massa muscular ou óssea) e níveis séricos de testosterona total matinal inequivocamente e consistentemente baixos, confirmados em pelo menos duas ocasiões distintas. A medição da testosterona livre pode ser indicada em casos limítrofes ou quando há alterações nos níveis de SHBG. A bula aprovada pela FDA também exige a confirmação dos níveis baixos em pelo menos duas manhãs separadas antes de iniciar a terapia.

Outros usos médicos menos comuns ou históricos do cipionato de testosterona podem incluir a indução da puberdade em rapazes com atraso puberal constitucional e, muito raramente hoje em dia, como tratamento paliativo para certos tipos de câncer de mama metastático em mulheres.

É importante notar que a segurança e eficácia do cipionato de testosterona (e outras formas de testosterona) não foram estabelecidas para o tratamento da diminuição de testosterona associada apenas ao envelhecimento ("hipogonadismo relacionado com a idade" ou "hipogonadismo de início tardio") na ausência de uma condição médica diagnosticada. A FDA e as diretrizes clínicas expressam cautela sobre a medicalização do envelhecimento normal e os potenciais riscos a longo prazo versus benefícios não comprovados nesta população.

Efeitos e uso para melhora de performance

Além dos usos médicos, o cipionato de testosterona é amplamente utilizado de forma não terapêutica por atletas e fisiculturistas que buscam melhorar o desempenho e a composição corporal (uso recreativo). É crucial entender que este uso ocorre fora das indicações aprovadas, frequentemente em doses suprafisiológicas e sem supervisão médica, acarretando riscos significativos à saúde.

Principais efeitos fisiológicos e desejados (não médicos)

Os efeitos fisiológicos do cipionato de testosterona são idênticos aos da testosterona endógena e de outros ésteres como o enantato, uma vez que a molécula ativa libertada é a própria testosterona. Estes efeitos incluem:

  • Efeitos anabólicos: aumento da síntese proteica, levando ao aumento da massa muscular (hipertrofia) e da força. Melhoria da recuperação muscular após o exercício.
  • Efeitos androgênicos e sexuais: aumento da libido (desejo sexual) e melhoria da função sexual (incluindo função erétil em homens hipogonádicos). Desenvolvimento e manutenção das características sexuais secundárias masculinas.
  • Efeitos metabólicos e gerais: melhoria do humor, sensação de bem-estar e níveis de energia. Aumento da densidade mineral óssea, importante para a prevenção da osteoporose em homens hipogonádicos. Estimulação da eritropoiese (produção de glóbulos vermelhos), levando a um aumento do hematócrito. Retenção de azoto, sódio, potássio e fósforo, e diminuição da excreção urinária de cálcio. Potencial aumento dos níveis de Fator de Crescimento Semelhante à Insulina tipo 1 (IGF-1).

No contexto não médico (uso para performance ou estética), os utilizadores procuram maximizar os efeitos anabólicos (aumento de massa muscular e força) e, por vezes, os efeitos no bem-estar e libido, através do uso de doses suprafisiológicas. A característica chave do cipionato de testosterona, partilhada com o enantato, é a sua libertação lenta e sustentada, que permite injeções menos frequentes em comparação com ésteres mais curtos, sendo esta uma vantagem prática tanto em TRT como em ciclos de performance.

Mecanismo de ação

O cipionato de testosterona funciona como um pró-fármaco. Após a administração intramuscular ou subcutânea, o éster ciclopentilpropionato é clivado por esterases presentes no tecido e na corrente sanguínea, libertando a molécula de testosterona livre e ativa. A testosterona livre exerce então os seus efeitos biológicos através de dois mecanismos principais:

  • Ativação do Receptor de Androgénios (AR): a testosterona livre entra nas células dos tecidos-alvo e pode ligar-se diretamente ao Receptor de Androgénios (AR) intracelular no citosol. Alternativamente, em certos tecidos (como pele, couro cabeludo, próstata, vesículas seminais), a testosterona pode ser convertida numa forma mais potente, a dihidrotestosterona (DHT), pela enzima 5-alfa-redutase (5AR). A DHT também se liga ao mesmo AR, mas com uma afinidade aproximadamente 2.5 a 4 vezes maior do que a testosterona, resultando numa potência androgénica superior. Após a ligação de T ou DHT ao AR, o complexo hormona-receptor sofre uma alteração conformacional, transloca-se para o núcleo da célula e liga-se a sequências específicas de ADN conhecidas como Elementos de Resposta Hormonal (HREs - Hormone Response Elements). Esta ligação modula a transcrição de genes específicos, levando à síntese de proteínas que medeiam os diversos efeitos anabólicos e androgénicos da testosterona. A maior potência da DHT explica por que razão é o principal mediador de certos efeitos androgénicos, como o crescimento da próstata e a calvície de padrão masculino, e por que a inibição da 5AR pode mitigar esses efeitos específicos.
  • Conversão em Estradiol e Ativação do Receptor de Estrogénios (ER): a testosterona também pode ser convertida em estradiol (E2), um estrogênio, pela enzima aromatase, presente em vários tecidos, incluindo tecido adiposo, cérebro, osso e fígado. O estradiol resultante liga-se e ativa os Receptores de Estrogénios (ERs), mediando alguns dos efeitos da testosterona (por exemplo, no osso, na função cerebral, na regulação do feedback do eixo HPTA) e também contribuindo para certos efeitos colaterais, como ginecomastia e retenção hídrica.

Esta dupla via de sinalização (AR e ER) explica a vasta gama de efeitos fisiológicos e também o perfil de efeitos colaterais associado à terapia com testosterona ou ao seu abuso. A gestão de alguns efeitos colaterais envolve frequentemente a modulação destas vias, por exemplo, com inibidores da aromatase (para reduzir a conversão em E2) ou inibidores da 5AR (para reduzir a conversão em DHT).

Farmacocinética

A farmacocinética do cipionato de testosterona injetável é caracterizada pela sua libertação prolongada e é considerada muito semelhante e clinicamente intercambiável com a do enantato de testosterona.

  • Absorção: após a injeção intramuscular (IM) ou subcutânea (SC), o cipionato de testosterona é absorvido lentamente e gradualmente a partir do depósito oleoso formado no local da injeção. A esterificação aumenta a lipossolubilidade, permitindo esta absorção lenta.
  • Níveis séricos e Tmax: os níveis séricos de testosterona começam a aumentar dentro de 24-48 horas após a administração. O pico de concentração sérica (Tmax) ocorre tipicamente entre 4 a 8 dias após uma injeção IM. Segue-se um declínio lento e gradual dos níveis.
  • Meia-vida de eliminação (T½): a meia-vida de eliminação do cipionato de testosterona após injeção IM é geralmente estimada em aproximadamente 8 dias. Algumas fontes reportam semi-vidas ligeiramente diferentes para o enantato (por exemplo, 7 dias 7 ou 4.5 dias 4). Esta variabilidade pode dever-se a diferenças nos estudos, metodologias ou populações, mas na prática clínica e no uso para performance, ambos os ésteres são frequentemente dosificados com a mesma frequência (semanal, bi-semanal ou a cada 2-4 semanas em TRT) e considerados funcionalmente equivalentes.
  • Distribuição e ligação proteica: uma vez na circulação, a testosterona liga-se extensivamente às proteínas plasmáticas. Cerca de 98% está ligada, principalmente à Globulina de Ligação de Hormonas Sexuais (SHBG - Sex Hormone-Binding Globulin) e, em menor grau, à albumina. Apenas uma pequena fração (menos de 2-3%) circula como testosterona livre, que é a forma biologicamente ativa capaz de interagir com os receptores. A concentração de SHBG no plasma influencia significativamente a proporção de testosterona livre versus ligada, o que pode afetar a eficácia e os efeitos colaterais. Fatores que alteram os níveis de SHBG (idade, obesidade, condições da tiroide, certos medicamentos) podem, portanto, impactar a resposta à terapia com testosterona.
  • Metabolismo: a testosterona libertada do éster é metabolizada principalmente no fígado, mas também em tecidos extra-hepáticos. É convertida nos seus principais metabolitos ativos, DHT (via 5AR) e estradiol (via aromatase), como descrito no mecanismo de ação. A testosterona e os seus metabolitos são posteriormente inativados através de redução e conjugação (principalmente glucuronidação e sulfatação) para formar metabolitos hidrossolúveis.
  • Excreção: os metabolitos conjugados da testosterona são excretados principalmente pela urina (cerca de 90% de uma dose administrada). Uma pequena fração (cerca de 6%) é excretada nas fezes, maioritariamente na forma não conjugada.

Efeitos colaterais

O perfil de efeitos colaterais do cipionato de testosterona é essencialmente idêntico ao do enantato de testosterona e da própria testosterona endógena quando em excesso, pois a molécula ativa é a mesma. A incidência e a gravidade destes efeitos dependem de múltiplos fatores, incluindo a dose utilizada (terapêutica vs. suprafisiológica), a duração do tratamento ou ciclo, a sensibilidade individual, a idade e condições médicas pré-existentes. Os efeitos colaterais podem ser categorizados da seguinte forma:

Efeitos Colaterais Estrogênicos

Resultam da conversão da testosterona em estradiol pela enzima aromatase. Incluem:

  • Ginecomastia: desenvolvimento de tecido mamário em homens.
  • Retenção hídrica e edema: acumulação de fluidos, que pode levar a inchaço (edema), especialmente nos tornozelos e pés, e ganho de peso. Pode ser particularmente problemático em pacientes com insuficiência cardíaca, renal ou hepática pré-existente.
  • Aumento da gordura corporal: o excesso de estrogénio pode promover o armazenamento de gordura.
  • Aumento da pressão arterial: a retenção hídrica e outros mecanismos podem contribuir para a elevação da pressão arterial.
  • Alterações de humor: flutuações nos níveis de estrogénio podem afetar o humor.

Estes efeitos podem ser mitigados com o uso de Inibidores da Aromatase (IAs), que bloqueiam a conversão de T em E2, ou Moduladores Seletivos do Receptor de Estrogénio (SERMs), como o Tamoxifeno®, que bloqueiam a ação do E2 no tecido mamário.

Efeitos colaterais androgênicos

Resultam da ligação da testosterona e, principalmente, da DHT aos recetores de androgênicos. Incluem:

  • Pele oleosa e acne: aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas.
  • Queda de cabelo: aceleração da calvície de padrão masculino (alopecia androgenética) em indivíduos geneticamente predispostos, principalmente mediada pela DHT.
  • Aumento de pelos corporais e faciais (hirsutismo): estimulação do crescimento de pelos em áreas androgénio-dependentes.
  • Agressividade e alterações de humor: irritabilidade, agressividade ou outras alterações comportamentais podem ocorrer, especialmente com doses elevadas ou abuso.
  • Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e Risco Prostático: Pode piorar os sintomas urinários em homens com HBP pré-existente ou causar obstrução uretral aguda.8 A testosterona estimula o crescimento do tecido prostático. Embora a ligação entre TRT e o desenvolvimento de cancro da próstata seja incerta 8, a monitorização do PSA é essencial, e o cancro da próstata é uma contraindicação.1

Alguns efeitos androgênicos podem ser mitigados. Os mediados pela DHT (queda de cabelo, HBP) podem ser parcialmente mitigados com o uso de inibidores da 5-alfa-redutase (5-ARIs), como a finasterida ou dutasterida, que bloqueiam a conversão de testosterona em DHT.

O uso de testosterona por mulheres acarreta um risco muito elevado de desenvolvimento de características masculinas (virilização), muitas das quais são irreversíveis. Os sinais incluem:

  • Engrossamento da voz (muitas vezes permanente);
  • Hirsutismo (crescimento excessivo de pelos faciais e corporais);
  • Aumento do clitóris (clitoromegalia);
  • Irregularidades ou cessação do ciclo menstrual;
  • Acne;
  • Queda de cabelo de padrão masculino;
  • Atrofia mamária;
  • Alterações na distribuição de gordura e aumento da massa muscular (masculinização do habitus corporal - distribuição da gordura interna).

O uso é fortemente desaconselhado em mulheres, exceto em indicações médicas muito específicas e raras, ou em terapia hormonal para homens transgénero sob supervisão médica. As práticas de micro-dosing (micro-dose) são consideradas extremamente arriscadas, especialmente com ésteres de longa duração como o cipionato, que dificultam a gestão rápida de efeitos colaterais.

Efeitos colaterais de supressão de testosterona

É comum a Supressão do Eixo Hipotálamo-Pituitária-Testicular (HPTA). A administração de testosterona exógena suprime a produção natural de gonadotrofinas (LH e FSH) pela hipófise, através de feedback negativo. Isto leva a:

  • Supressão da produção endógena de testosterona: os testículos reduzem ou param a produção de testosterona.
  • Atrofia testicular: diminuição do tamanho dos testículos devido à falta de estimulação por LH e à redução da produção de testosterona intratesticular.
  • Infertilidade: supressão da espermatogénese (produção de espermatozoides), resultando em oligozoospermia (baixa contagem de esperma) ou azoospermia (ausência de esperma).

Após a interrupção do uso suprafisiológico de testosterona (ciclos), é geralmente necessária uma Terapia Pós-Ciclo (TPC) para ajudar a restaurar a função normal do eixo HPTA (geralmente envolvendo SERMs como clomifeno (Clomid®) e/ou tamoxifeno (Nolvadex®), e às vezes hCG) na tentativa de estimular a recuperação da produção natural de gonadotrofinas e testosterona. A recuperação pode ser lenta, difícil e, em alguns casos, incompleta, especialmente após ciclos longos ou com doses muito altas.

Efeitos colaterais cardiovasculares

Esta é uma área de atenção significativa e investigação contínua. Os riscos incluem:

  • Dislipidemia: alterações nos níveis de lípidos no sangue, tipicamente uma diminuição do colesterol HDL ("bom" colesterol) e potenciais aumentos no colesterol LDL ("mau" colesterol).
  • Hipertensão: aumento da pressão arterial, um risco destacado nas atualizações recentes da FDA. A monitorização regular da PA é crucial.
  • Policitemia (eritrocitose): aumento do número de glóbulos vermelhos, levando a um aumento do hematócrito. Isto aumenta a viscosidade do sangue e o risco de eventos tromboembólicos (coágulos). A monitorização do hematócrito é essencial.
  • Eventos Tromboembólicos Venosos (TEV): risco aumentado de Trombose Venosa Profunda (TVP) e Embolia Pulmonar (EP).
  • Risco Cardiovascular Geral (MACE): Estudos epidemiológicos e ensaios clínicos randomizados têm sido inconclusivos sobre o risco de Eventos Cardiovasculares Adversos Maiores (MACE - Major Adverse Cardiovascular Events), como enfarte do miocárdio não fatal, AVC não fatal e morte cardiovascular, com o uso de testosterona em comparação com não uso. O ensaio clínico TRAVERSE concluiu que não houve aumento do risco de MACE em homens a usar testosterona para hipogonadismo. No entanto, a FDA removeu a linguagem de aviso anterior sobre MACE, mas reforçou os avisos sobre o risco de aumento da pressão arterial. O abuso de EAA está claramente associado a eventos cardiovasculares graves, incluindo enfarte, AVC e morte súbita.
  • Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE): potencial aumento da massa do músculo cardíaco, especialmente com uso prolongado ou abuso.

Efeitos colaterais hepatotóxicos

O cipionato de testosterona, por não ser um esteroide C17-alfa-alquilado (C17-aa), não é considerado diretamente hepatotóxico em doses terapêuticas. O risco de lesão hepática é mínimo com TRT. No entanto, o uso prolongado de doses muito elevadas (abuso crónico), especialmente em combinação com outros EAA (incluindo orais C17-aa), tem sido raramente associado a complicações hepáticas graves, como adenomas hepáticos, carcinoma hepatocelular e peliose hepática (cavidades cheias de sangue no fígado), que são potencialmente fatais. Podem ocorrer alterações nos testes de função hepática. É fundamental distinguir o perfil de risco hepático dos ésteres injetáveis como o cipionato do perfil dos EAA orais C17-aa, que são conhecidamente hepatotóxicos.

Efeitos colaterais diversos:

  • Dor no Local da Injeção (PIP - Post-Injection Pain): dor, vermelhidão, inchaço ou formação de nódulos no local da injeção IM (intramuscular) ou SC (subcutânea).
  • Apneia do sono: pode ocorrer ou piorar em pacientes suscetíveis.
  • Reações alérgicas: raras, mas podem ocorrer (urticária, dificuldade respiratória, inchaço). O conservante álcool benzílico, presente em algumas formulações, pode causar reações graves em neonatos ("síndrome de gasping").
  • Efeitos em adolescentes: risco de fecho prematuro das epífises ósseas, resultando em estatura final comprometida se usado antes da conclusão do crescimento. A maturação óssea deve ser monitorizada.
  • Hipercalcemia: aumento dos níveis de cálcio no sangue, especialmente em pacientes imobilizados ou com metástases ósseas.
  • Efeitos psiquiátricos: além de alterações de humor, o abuso está associado a manifestações psiquiátricas graves, incluindo depressão major, mania, paranoia, psicose, hostilidade e agressão. Pensamentos suicidas também foram relatados.
  • Microembolismo Oleoso Pulmonar (POME - Pulmonary Oil Microembolism): uma complicação rara mas grave da injeção IM de soluções oleosas, causando sintomas respiratórios agudos (tosse, dispneia, aperto na garganta, dor torácica) e sistémicos (tontura, síncope).

Superdosagem e uso indevido

Não se espera toxicidade aguda grave de uma única superdose de cipionato de testosterona, devido à sua lenta libertação do depósito intramuscular. No entanto, o uso indevido e abuso crónico com doses suprafisiológicas (muito acima das terapêuticas) está associado a riscos graves para a saúde e à exacerbação de todos os efeitos colaterais listados anteriormente, particularmente os cardiovasculares (enfarte, AVC, insuficiência cardíaca, morte súbita), psiquiátricos (depressão, mania, agressão, psicose) e endócrinos (supressão HPTA severa, infertilidade, atrofia testicular).

O cipionato de testosterona tem um potencial significativo para abuso, tipicamente por atletas e fisiculturistas que procuram melhorar o desempenho ou a aparência física, muitas vezes em combinação com outros EAA. O abuso é definido como o uso intencional não terapêutico, mesmo que uma única vez, pelos seus efeitos psicológicos ou fisiológicos recompensadores. A dependência pode desenvolver-se com o abuso continuado, caracterizada por comportamentos como tomar doses maiores que as prescritas, uso continuado apesar de problemas médicos ou sociais, dificuldade em parar o uso, e priorização do consumo da droga sobre outras obrigações.

A interrupção abrupta após o uso de doses suprafisiológicas pode levar a uma síndrome de abstinência, que pode durar semanas ou meses. Os sintomas de abstinência incluem humor deprimido (podendo evoluir para depressão major), fadiga extrema, desejo intenso pela droga (craving), inquietação, irritabilidade, anorexia, insónia, diminuição da libido e hipogonadismo hipogonadotrófico (devido à supressão prolongada do eixo HPTA). É importante notar que a dependência não foi documentada em indivíduos que utilizam doses aprovadas de testosterona para indicações médicas aprovadas. A classificação como substância controlada (Lista C5 no Brasil, Schedule III nos EUA) reflete legalmente este potencial de abuso e dependência.

Contraindicações

O uso de cipionato de testosterona é absolutamente contraindicado nas seguintes situações:

  • Hipersensibilidade conhecida ao cipionato de testosterona ou a qualquer componente da formulação (incluindo o óleo veículo ou conservantes como álcool benzílico);
  • Homens com carcinoma da mama;
  • Homens com carcinoma da próstata conhecido ou suspeito;
  • Mulheres que estão grávidas ou que podem engravidar (Categoria de Gravidez X nos EUA; a testosterona é teratogénica e pode causar virilização do feto feminino);
  • Pacientes com doença cardíaca, hepática ou renal grave (devido ao risco de exacerbação de edema).

Adicionalmente, as diretrizes da Endocrine Society consideram contraindicações relativas ou absolutas para iniciar TRT 17:

  • Homens que planeiam fertilidade a curto prazo (devido à supressão da espermatogénese);
  • Nível de Antigénio Específico da Próstata (PSA) > 4 ng/mL, ou > 3 ng/mL em homens com risco aumentado de cancro da próstata (afro-americanos, história familiar de primeiro grau) sem avaliação urológica prévia;
  • Nódulo ou endurecimento prostático palpável no exame retal digital (DRE);
  • Hematócrito elevado (> 54% ou acima do limite superior da normalidade para o laboratório);
  • Apneia obstrutiva do sono grave não tratada;
  • Sintomas graves do trato urinário inferior (LUTS), associados a HBP;
  • Insuficiência cardíaca não controlada ou instável (Classe III ou IV da NYHA);
  • Enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral nos últimos 6 meses;
  • Trombofilia (tendência aumentada para formar coágulos sanguíneos).

Precauções e advertências

Além das contraindicações, várias precauções e advertências devem ser consideradas ao usar cipionato de testosterona:

  • Doença cardiovascular, renal ou hepática: usar com cautela devido ao risco de retenção de sódio e água, que pode causar ou agravar edema e insuficiência cardíaca congestiva.
  • Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP): pode agravar os sintomas ou causar obstrução uretral aguda. Monitorizar sintomas urinários.
  • Apneia do sono: a terapia com testosterona pode induzir ou piorar a apneia do sono.
  • Policitemia: monitorizar o hematócrito regularmente devido ao risco de aumento excessivo, que eleva a viscosidade sanguínea e o risco de trombose. Se o hematócrito exceder 54%, a terapia pode precisar ser interrompida ou a dose reduzida.
  • Eventos Tromboembólicos Venosos (TEV): estar atento a sinais e sintomas de TVP (dor, inchaço, calor, vermelhidão na extremidade) e EP (falta de ar aguda, dor torácica).
  • Risco cardiovascular e pressão arterial: monitorizar a pressão arterial periodicamente, especialmente em hipertensos. A FDA enfatiza o risco de aumento da PA.
  • Abuso e dependência: alertar os pacientes sobre o potencial de abuso e os graves riscos associados a doses suprafisiológicas.
  • Uso pediátrico (atraso puberal): usar com extrema cautela em adolescentes. Monitorizar a maturação óssea (idade óssea por raio-X a cada 6 meses) para evitar o fecho prematuro das epífises e comprometer a estatura adulta final.
  • Hipercalcemia: pode ocorrer, especialmente em pacientes imobilizados ou com cancro com metástases ósseas. Monitorizar os níveis de cálcio sérico.
  • Ginecomastia: pode desenvolver-se e ocasionalmente persistir.
  • Priapismo: ereções prolongadas e dolorosas podem ocorrer. Se acontecer, a droga deve ser interrompida e, se reiniciada, usar uma dose menor.
  • Oligospermia: pode ocorrer com administração prolongada ou doses excessivas.
  • Microembolismo Oleoso Pulmonar (POME): alertar sobre os sintomas (tosse, dispneia, etc.) que podem ocorrer durante ou logo após a injeção IM.
  • Toxicidade do álcool benzílico: formulações contendo álcool benzílico como conservante não devem ser usadas em neonatos ou prematuros devido ao risco de "síndrome de gasping" fatal.
  • Não intercambialidade com propionato: não usar de forma intercambiável com propionato de testosterona devido a durações de ação diferentes.
  • Via de administração: apenas para uso IM (intramuscular) ou SC (subcutânea). Não administrar por via intravenosa.

Monitoramento médico essencial

A terapia com cipionato de testosterona, especialmente a TRT a longo prazo, requer monitorização médica regular e abrangente para garantir a eficácia, a segurança e a gestão proativa de potenciais efeitos colaterais. As recomendações de monitorização baseiam-se nas diretrizes de sociedades médicas como a Endocrine Society e nas informações da bula aprovada pela FDA. A abordagem holística é crucial, pois focar apenas nos níveis de testosterona é insuficiente para uma gestão segura e eficaz.

Os principais parâmetros a monitorizar incluem:

  • Avaliação clínica: em cada consulta, avaliar a resposta sintomática do paciente (melhoras na libido, energia, humor, função sexual, etc.), a presença de quaisquer efeitos colaterais (acne, ginecomastia, edema, alterações de humor, sintomas urinários, etc.) e a adesão ao tratamento.
  • Níveis séricos de testosterona: medir testosterona total (e/ou livre em certas situações) no início, aos 3-6 meses após o início ou ajuste da dose, e depois anualmente, se estável. O objetivo é manter os níveis na faixa média-normal para homens jovens saudáveis. O momento da colheita de sangue é crucial e depende da formulação; para injeções de cipionato ou enantato, a medição deve ser feita a meio do intervalo entre as injeções.
  • Hematócrito e hemoglobina: medir no início, aos 3-6 meses, e depois anualmente. Monitorizar para detetar policitemia. Se o hematócrito exceder 54% (ou o limite superior do laboratório), a terapia deve ser interrompida temporariamente, investigadas as causas (hipóxia, apneia do sono) e, se apropriado, reiniciada com dose menor.
  • Monitorização Prostática:
    • PSA: medir o Antigénio Específico da Próstata (PSA) no início, aos 3-12 meses, e depois anualmente (ou conforme as diretrizes de rastreio de cancro da próstata baseadas na idade e risco) em homens com mais de 40-55 anos (dependendo do risco).17 Um aumento significativo do PSA (>1.4 ng/mL acima da linha de base no primeiro ano, ou um PSA absoluto >4.0 ng/mL a qualquer momento, ou uma velocidade de PSA elevada) justifica uma avaliação urológica.17
    • Exame Retal Digital (DRE): realizar no início e anualmente (ou conforme as diretrizes de rastreio) para detectar nódulos ou endurecimentos. Qualquer anormalidade requer avaliação urológica.
  • Perfil lipídico: avaliar no início e periodicamente (por exemplo, anualmente) para monitorizar alterações no HDL, LDL e triglicerídeos.
  • Pressão arterial: medir em cada visita. O controle da hipertensão é essencial.
  • Função hepática: testes de função hepática (transaminases) são recomendados no início e periodicamente, especialmente se houver suspeita de abuso ou uso de doses elevadas.
  • Densidade Mineral Óssea (DMO): em homens hipogonádicos com osteoporose ou osteopenia, avaliar a DMO por DXA (densitometria óssea) no início e a cada 1-2 anos para monitorizar a resposta ao tratamento.
  • Níveis de estradiol: a medição não é rotineiramente recomendada, mas pode ser útil se o paciente apresentar sintomas sugestivos de excesso (ginecomastia, edema) ou deficiência de estrogénio.
  • Idade óssea (em adolescentes): em rapazes a receber tratamento para atraso puberal, monitorizar a idade óssea (Raio-X do punho e mão) a cada 6 meses.

Interações medicamentosas

O cipionato de testosterona pode interagir com vários outros medicamentos. É crucial que os pacientes informem o seu médico sobre todos os medicamentos, suplementos e produtos à base de plantas que estão a tomar. As interações clinicamente mais significativas incluem:

  • Anticoagulantes orais (ex: varfarina): os androgênios podem aumentar a sensibilidade aos anticoagulantes cumarínicos, potenciando o seu efeito e aumentando o risco de hemorragia. Pode ser necessária uma redução da dose do anticoagulante e uma monitorização mais frequente do tempo de protrombina (INR).
  • Insulina e hipoglicemiantes orais: os androgênios podem diminuir os níveis de glicose no sangue e melhorar a sensibilidade à insulina. Em pacientes diabéticos, isto pode reduzir a necessidade de insulina ou de medicamentos hipoglicemiantes orais. É necessária uma monitorização rigorosa da glicemia, e pode ser preciso ajustar a dose da medicação antidiabética.
  • Corticosteroides (ex: prednisona, dexametasona): a administração concomitante de androgénios e corticosteroides ou ACTH pode aumentar a retenção de fluidos e o risco de edema. Esta combinação deve ser usada com cautela, especialmente em pacientes com doença cardíaca, renal ou hepática.
  • Oxifenbutazona: a administração concomitante pode resultar em níveis séricos elevados de oxifenbutazona.
  • Propranolol: Foi relatada uma possível interação, embora os detalhes não sejam especificados nas fontes principais.
  • Medicamentos que afetam enzimas hepáticas (Indutores/Inibidores): a testosterona é metabolizada por enzimas hepáticas, incluindo CYP3A4 e UGTs. Teoricamente, medicamentos que induzem ou inibem estas enzimas podem alterar os níveis de testosterona, embora a relevância clínica destas interações possa ser menor para formulações injetáveis de longa duração em comparação com as orais. Exemplos específicos incluem:
    • Abiraterona (inibidor CYP): pode diminuir o metabolismo da testosterona.
    • Cabotegravir (metabolizado por UGT1A1/1A9): indutores fortes destas enzimas (a testosterona pode ter algum efeito indutor) podem diminuir os níveis de cabotegravir; a coadministração é contraindicada.
    • Carbamazepina (indutor CYP): a testosterona pode aumentar a toxicidade da carbamazepina por diminuir o seu metabolismo.
    • Ciclosporina (substrato CYP3A4): a testosterona pode aumentar os níveis de ciclosporina por diminuir o seu metabolismo; recomenda-se evitar ou usar alternativa.

Muitas outras interações potenciais baseadas no metabolismo ou transporte (P-gp) estão listadas em bases de dados como DrugBank e Medscape.

Dada a complexidade e o número de interações potenciais, a reconciliação medicamentosa completa pelo médico prescritor é fundamental antes de iniciar a terapia com cipionato de testosterona e durante o tratamento.

Ciclos comuns

Esta seção descreve padrões de uso comuns do cipionato de testosterona fora das indicações médicas aprovadas, nomeadamente no contexto do fisiculturismo e melhoria do desempenho. Esta informação é apresentada apenas para fins informativos e não constitui uma recomendação ou endosso de tais práticas, que acarretam riscos significativos para a saúde e são ilegais ou proibidas em muitos contextos. O uso para estes fins é explicitamente desaconselhado por agências reguladoras e pelo CFM no Brasil.

Devido à farmacocinética e aos efeitos quase idênticos, os ciclos com cipionato de testosterona são praticamente os mesmos que os com enantato de testosterona, sendo frequentemente usados de forma intercambiável dependendo da disponibilidade e preferência pessoal.

Administração

  • Vias: injeção intramuscular (IM) ou subcutânea (SC);
  • Locais IM: tradicionalmente no músculo glúteo profundo, mas a face externa da coxa (vasto lateral) é comum para auto-administração.
  • Locais SC: abdômen, coxas ou parte superior dos braços.
  • Agulhas: tipicamente agulhas de calibre 22G ou 23G com 1 a 1.5 polegadas (2,54 cm a 3,81 cm) de comprimento para IM; agulhas mais curtas e finas (ex: 25G, 5/8 polegadas - 1,59 cm) para SC.

Administração em homens (contexto de performance)

  • Frequência: geralmente 1 a 2 injeções por semana para manter níveis séricos mais estáveis do que as injeções menos frequentes usadas em alguns protocolos de TRT mais antigos.
  • Dosagem para performance: tipicamente muito acima das doses terapêuticas, variando comumente entre 250 mg a 750 mg por semana. Doses que excedem 1000 mg por semana são usadas por alguns atletas avançados, mas aumentam drasticamente os riscos de efeitos colaterais. Esta discrepância significativa em relação às doses de TRT (50-200 mg/semana 7) reflete os objetivos diferentes (maximização anabólica vs. reposição fisiológica) e a maior aceitação de risco no uso para performance.
  • Duração do ciclo: comumente entre 10 a 16 semanas, por vezes mais longos.
  • Exemplos de stacks (combinações): a prática de "stacking" (combinar múltiplos EAA) é generalizada, embora baseada em evidência anedótica e não em estudos clínicos controlados. A combinação de múltiplos EAA aumenta exponencialmente a complexidade e os riscos potenciais. Exemplos comuns incluem:
  • Cruise (manutenção entre ciclos): períodos de uso de doses mais baixas de testosterona, semelhantes às de TRT (ex: 100-200 mg/semana), para permitir alguma recuperação do corpo enquanto se tenta manter os ganhos, antes de iniciar outro ciclo de doses elevadas.

Administração em mulheres

O uso de cipionato de testosterona em mulheres para fins de performance ou estéticos é fortemente desaconselhado devido ao risco extremamente elevado de virilização grave e frequentemente irreversível. Os efeitos masculinizantes, como engrossamento da voz e clitoromegalia, podem ser permanentes mesmo após a descontinuação do fármaco. A longa meia-vida do cipionato de testosterona torna a gestão de efeitos colaterais particularmente difícil, pois os níveis do hormônio permanecem elevados por muito tempo após a interrupção. Não é considerado uma opção segura para mulheres fora de contextos médicos muito específicos e controlados.

As práticas relatadas no meio underground (que são inerentemente arriscadas e não recomendadas) geralmente envolvem estratégias bastante restritivas para tentar mitigar os efeitos androgênicos do cipionato de testosterona em mulheres, focando em:

  • Micro-doses: o uso tende a se limitar a quantidades extremamente baixas, de 25 a 50 mg por semana. Em comparação, homens costumam usar de 100 a 200 mg por semana em reposição hormonal, e mais que isso em ciclos anabolizantes, que é de 500 a 750 mg por semana. Algumas usuárias optam por fracionar ainda mais essa dose, aplicando 12,5 mg a cada 3-4 dias, para evitar picos hormonais altos, na tentativa de manter níveis hormonais mais estáveis e evitar picos abruptos.

Mesmo com doses reduzidas, o risco de virilização é significativo. A testosterona é altamente androgênica e sua conversão em DHT potencializa os efeitos masculinizantes. Cada organismo responde de forma diferente, e algumas alterações, como o engrossamento vocal, podem ocorrer precocemente e não reverter.

  • Ciclos curtos e espaçados: mulheres que insistem no uso costumam limitar os ciclos a 6 a, no máximo, 8 semanas, tentando minimizar o tempo de exposição ao hormônio. Após isso, há um longo intervalo sem uso, buscando permitir alguma recuperação hormonal.

A longa meia-vida do cipionato, cerca de 8 dias, torna esse controle delicado. O composto permanece ativo por várias semanas após a última aplicação, dificultando o manejo de efeitos adversos que possam surgir subitamente.

Para quem, ainda assim, decide assumir esse risco, recomenda-se uma abordagem extremamente cautelosa:

  • Monitoramento rigoroso e suspensão imediata ao menor sinal de virilização: qualquer indício como alterações na voz, surgimento de pelos em padrões masculinos, oleosidade excessiva, acne ou aumento de clitóris deve ser interpretado como um sinal de alerta. A interrupção imediata é a única chance de conter a progressão, embora nem sempre seja eficaz devido à persistência do fármaco no organismo.
  • Problema com cipionato: assim como o enantato, o cipionato também é um éster de longa duração. Isso significa que mesmo com a suspensão, a testosterona continua circulando e agindo por dias ou semanas, prolongando os riscos. O controle dos efeitos colaterais, portanto, é limitado.
  • Preferência por outros compostos: na prática, a maior parte das mulheres que busca resultados anabólicos com menor risco de virilização opta por substâncias menos androgênicas, como a oxandrolona (Anavar®), a metenolona (Primobolan®) ou a nandrolona (Deca®), que ainda carregam riscos, mas oferecem um perfil mais manejável em doses muito baixas.

Embora existam relatos no meio underground sobre o uso de micro-doses de cipionato de testosterona por fisiculturistas mulheres, essa permanece sendo uma prática de altíssimo risco. A meia-vida longa torna o manejo de colaterais extremamente difícil, e os efeitos androgênicos podem ser irreversíveis. A abordagem mais segura e sensata continua sendo a evitação completa do cipionato de testosterona em mulheres fora de contextos médicos rigidamente controlados.

Terapia pós-ciclo (TPC)

O uso de testosterona exógena (como o cipionato) em doses que excedem a produção natural do corpo (suprafisiológicas), inevitavelmente leva à supressão do eixo Hipotálamo-Pituitária-Testicular (HPTA). O corpo percebe níveis elevados de andrógenos e, por um mecanismo de feedback negativo, sinaliza ao hipotálamo para reduzir a produção de GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) e à hipófise (pituitária) para reduzir a liberação de LH (Hormônio Luteinizante) e FSH (Hormônio Folículo-Estimulante). Sem o estímulo do LH e FSH, os testículos diminuem ou cessam a produção de testosterona endógena e espermatozoides, podendo levar à atrofia testicular.

Finalidade da TPC

  • Restaurar a produção endógena de testosterona: o objetivo principal é "reiniciar" a produção natural de testosterona o mais rápido possível após a cessação do uso do esteroide exógeno. Isso é crucial para evitar um estado prolongado de hipogonadismo (baixos níveis de testosterona).
  • Restaurar a função do eixo HPTA: a TPC visa estimular o hipotálamo e a hipófise a retomar a produção e liberação de GnRH, LH e FSH, que por sua vez sinalizarão aos testículos para voltarem a funcionar. A meta é restaurar a comunicação hormonal natural do corpo.
  • Mitigar efeitos negativos da suspensão de uso: ao restaurar os níveis hormonais mais rapidamente, a TPC ajuda a minimizar os efeitos colaterais associados à baixa testosterona pós-ciclo.

Fármacos comumente utilizados na TPC

  • SERMs (Moduladores Seletivos do Receptor de Estrogênio):
    • Citrato de clomifeno (Clomid®): atua bloqueando os receptores de estrogênio no hipotálamo e na hipófise. O cérebro interpreta isso como níveis baixos de estrogênio (que normalmente exerce feedback negativo) e responde aumentando a secreção de GnRH, LH e FSH. Isso estimula os testículos a produzir testosterona. É frequentemente considerado mais potente na estimulação de LH/FSH, mas pode ter mais efeitos colaterais (alterações de humor, visuais).
    • Citrato de tamoxifeno (Nolvadex®): funciona de maneira semelhante ao clomifeno, bloqueando os receptores de estrogênio no hipotálamo/hipófise para estimular a produção de LH/FSH. Muitos usuários o preferem por acreditarem que causa menos efeitos colaterais, embora possa ser ligeiramente menos potente na estimulação direta de LH/FSH comparado ao clomifeno em doses equivalentes para este fim específico. Ambos são eficazes e a escolha pode depender da preferência individual e tolerância.
  • hCG (Gonadotrofina Coriônica Humana):
    • Função: o hCG mimetiza a ação do LH, estimulando diretamente as células de Leydig nos testículos a produzir testosterona e também a manter o volume testicular.
    • Uso: é potencialmente usado antes do início dos SERMs (ou nas últimas semanas do ciclo de esteroides, diminuindo a dose antes da TPC). O objetivo é "acordar" os testículos que podem ter se tornado insensíveis ou atrofiados devido à falta de estímulo de LH durante o ciclo. Ao usar hCG logo após a última injeção de cipionato e antes dos SERMs, garante-se que os testículos estejam mais responsivos ao LH endógeno que será estimulado pelos SERMs.
    • Precauções: não se deve usar hCG durante a TPC com SERMs, pois a testosterona produzida pelo estímulo do hCG pode suprimir novamente o eixo HPTA, anulando o efeito dos SERMs. O uso prolongado ou em altas doses de hCG também pode dessensibilizar as células de Leydig ao LH (tanto endógeno quanto hCG).

Duração típica e protocolos

  • Timing do ínício: a TPC deve começar apenas quando os níveis do esteroide exógeno (cipionato de testosterona) tiverem caído o suficiente para não suprimir mais o HPTA. O cipionato tem uma meia-vida de aproximadamente 7-8 dias. Geralmente, a TPC começa cerca de 2 a 3 semanas após a última injeção de cipionato de testosterona. Iniciar cedo demais pode ser contraproducente.
  • Duração: protocolos de TPC com SERMs geralmente duram de 4 a 6 semanas. A duração pode variar dependendo da duração e dosagem do ciclo de esteroides, dos compostos utilizados e da resposta individual.

Estrutura comum de uso (exemplo ilustrativo, não é prescrição)

  • (Opcional) hCG: usado por 2-3 semanas imediatamente após a última injeção de cipionato, terminando 3-4 dias antes de iniciar os SERMs (ex: 250-500 UI, 2-3x por semana).
  • Semana 1-2 (SERMs): dose inicial mais alta (ex: clomifeno 50-100mg/dia E/OU tamoxifeno 20-40mg/dia). Alguns usam ambos em doses menores.
  • Semana 3-4 (SERMs): dose reduzida (ex: clomifeno 50mg/dia E/OU tamoxifeno 20mg/dia).
  • (Opcional) Semana 5-6 (SERMs): dose ainda mais baixa ou descontinuação, dependendo da recuperação (avaliada por exames de sangue).

Importância da TPC para mitigar efeitos negativos

  • Perda de massa muscular: a testosterona é anabólica e anti-catabólica. Na sua ausência, o corpo entra em um estado catabólico (onde o cortisol pode dominar), levando à perda dos ganhos musculares obtidos durante o ciclo. Uma TPC eficaz ajuda a restabelecer a testosterona endógena mais rapidamente, preservando melhor a massa magra.
  • Depressão e fadiga: baixos níveis de testosterona estão fortemente associados a sintomas de depressão, letargia, falta de motivação e mal-estar geral. A TPC visa encurtar esse período de "crash" hormonal.
  • Disfunção sexual prolongada: libido baixa, disfunção erétil e infertilidade são consequências diretas do hipogonadismo pós-ciclo. A recuperação da função do HPTA é essencial para restaurar a função sexual normal.

Considerações importantes

  • Acompanhamento médico e exames: o uso de esteroides anabolizantes e os medicamentos de TPC devem ocorrer sob estrita supervisão médica. Exames de sangue antes, durante e após o ciclo (e TPC) são fundamentais para monitorar níveis hormonais (Testosterona Total/Livre, LH, FSH, Estradiol, Prolactina), saúde geral (hepática, renal, lipídica) e ajustar protocolos.
  • Individualidade: a resposta à supressão e à TPC varia enormemente entre indivíduos.
  • Não é garantia: a TPC aumenta as chances de recuperação, mas não garante um retorno completo ou rápido à função hormonal normal, especialmente após ciclos muito longos, com altas doses ou múltiplos compostos. Em alguns casos, a supressão pode ser de longa duração ou, raramente, permanente.

AVISO: CONSULTE UM MÉDICO ANTES DE TOMAR QUALQUER MEDICAMENTO. As informações apresentadas neste site não substituem prescrição médica personalizada. O conteúdo postado é meramente informativo. Os textos publicados por Cláudio Chamini foram manipulados por IA e podem conter alucinações. Os textos do Dr. Thiago Carneiro não sofreram manipulação.

Referências

  • Anabolics (William Llewellyn);
  • Hormônios no Fisiculturismo (Dudu Haluch);
  • Esteróides Anabólico Androgênicos (Lucas Caseri);
  • Endocrinologia Feminina e Andrologia (Ruth Clapauch);
  • PubChem / NCBI Databases.

Nomes de referência: Azmiro®.

Vídeos relevantes

Indisponível.

Links relevantes

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  18. RDC Nº 734, DE 13 DE JULHO DE 2022 - ANVISA. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/arquivos/RDC73420222.pdf. Acesso em: 17 de abr. 2025.
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  20. RESOLUÇÃO - RDC Nº 98, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2000 - BVSMS Saúde Legis. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2000/rdc0098_20_11_2000.html. Acesso em: 17 de abr. 2025.
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