
Imagem meramente ilustrativa e que pode ser fictícia.
Tabela resumida | |
Princípio ativo: | Enantato de testosterona |
Nome comercial mais conhecido: | Testoviron® Depot |
Família: | Testosterona (éster longo) |
Forma: | Injetável (Solução oleosa) |
Meia-vida: | ~4.5 - 7 dias (biológica) |
Anabolismo (hipertrofia): | |
Androgenia (masculinização): | |
Estrogenismo (feminilização): | |
Hepatoxidade: | |
Efeito lipolítico (queima de gordura): | |
Retenção hídrica: | |
Distúrbios psicológicos: | |
Disponibilidade (acesso no mercado): | |
Preço (custo): |
Introdução
O que é o enantato de testosterona?
O enantato de testosterona é um esteroide anabolizante androgênico (EAA) injetável, classificado como um derivado sintético e pró-fármaco éster da testosterona, o principal hormônio sexual masculino. Quimicamente, consiste na molécula de testosterona com um grupo éster de ácido enântico (também conhecido como ácido heptanoico, um ácido carboxílico de sete carbonos) ligado à posição 17-beta do grupo hidroxila da molécula de esteroide.
A presença deste éster longo e lipofílico (afinidade por gordura) é crucial para sua função farmacológica. Ele retarda significativamente a liberação da testosterona do local da injeção (seja no músculo ou no tecido subcutâneo) para a corrente sanguínea. Isso cria um efeito de "depósito" (depot), resultando em uma duração de ação prolongada em comparação com a testosterona não esterificada ou ésteres mais curtos, como o propionato de testosterona. Farmacologicamente, é classificado como um andrógeno, esteroide anabolizante e um éster de andrógeno.
Devido à sua eficácia e perfil de liberação prolongada, o enantato de testosterona tornou-se uma das formas mais amplamente prescritas e utilizadas de testosterona em todo o mundo, tanto para fins terapêuticos – especialmente na Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) – quanto para uso não médico visando a melhora do desempenho físico e da composição corporal (uso recreativo).
É importante notar que o enantato de testosterona em si é uma molécula inativa. Ele precisa ser clivado (quebrado) por enzimas chamadas esterases, presentes nos tecidos e na corrente sanguínea, para liberar a testosterona livre e biologicamente ativa. Este mecanismo de pró-fármaco é fundamental para sua utilidade clínica. Ao controlar a taxa de liberação da testosterona ativa através da lenta hidrólise do éster, permite-se um esquema de injeções menos frequente (geralmente semanal ou quinzenal) em comparação com ésteres curtos que exigiriam injeções múltiplas por semana. Essa conveniência melhorou significativamente a adesão do paciente ao tratamento, especialmente em terapias de longo prazo como a TRT, resolvendo um dos principais desafios enfrentados com as primeiras formas de terapia com testosterona. Contudo, a dependência da clivagem enzimática in vivo também introduz uma fonte potencial de variabilidade na cinética de liberação da testosterona entre indivíduos, já que fatores que afetam a atividade das esterases poderiam, teoricamente, influenciar os níveis do fármaco.
Um pouco da história
O desenvolvimento do enantato de testosterona ocorreu no contexto da busca por formas mais práticas e duradouras de terapia com testosterona, após a isolação e síntese do hormônio em 1935 e a introdução do primeiro éster comercialmente viável, o propionato de testosterona, em 1937. Embora eficaz, o propionato possuía uma meia-vida curta, exigindo injeções frequentes (várias vezes por semana), o que limitava sua conveniência para uso terapêutico crônico.
A necessidade de formulações com ação mais prolongada impulsionou a pesquisa em ésteres de cadeia mais longa. O enantato de testosterona foi descrito na literatura científica já em 1952 e sua introdução para uso médico ocorreu pouco depois, em meados da década de 1950. A aprovação inicial nos Estados Unidos data de 24 de dezembro de 1953.
Duas marcas pioneiras dominaram o mercado inicial:
- Delatestryl®: lançada pela Squibb (que mais tarde se tornou parte da Bristol-Myers Squibb e depois Upjohn/Pfizer) nos Estados Unidos em 1954. A bula do Delatestryl® confirma sua identidade como enantato de testosterona.
- Testoviron® Depot: lançada pela Schering AG (hoje parte da Bayer) na Alemanha e internacionalmente por volta de 1954-1956. É importante notar que a Schering já utilizava a marca "Testoviron®" para o propionato de testosterona anteriormente.
A introdução quase simultânea desses produtos por duas grandes farmacêuticas (Squibb nos EUA, Schering na Europa) reflete a intensa competição e a clara percepção da necessidade clínica e do potencial de mercado para uma formulação de testosterona de longa duração. Ambas as empresas reconheceram a lacuna terapêutica deixada pelo propionato e a oportunidade comercial.
A conveniência de injeções menos frequentes (a cada 1 a 4 semanas, dependendo do protocolo médico inicial) fez com que o enantato de testosterona rapidamente se tornasse um pilar no tratamento do hipogonadismo masculino, superando o propionato para esta finalidade na maioria dos países. Seu sucesso, juntamente com o do cipionato de testosterona (outro éster longo popular nos EUA), provavelmente consolidou esses ésteres como o padrão para TRT injetável por muitas décadas, potencialmente influenciando o foco da pesquisa e do mercado e talvez retardando o desenvolvimento ou a adoção mais ampla de outras opções (como ésteres ultra-longos ou novas vias de administração) até tempos mais recentes.
Seu uso se expandiu também para outras condições médicas, como puberdade masculina retardada e, historicamente, certos tipos de câncer de mama em mulheres, embora muitas dessas aplicações tenham sido descontinuadas ou substituídas por tratamentos mais específicos e seguros. Paralelamente, a partir das décadas de 1960 e 1970, o enantato de testosterona ganhou enorme popularidade no mundo do fisiculturismo e dos esportes como um componente fundamental em ciclos para ganho de massa muscular e força ("bulking").
Atualmente, o enantato de testosterona continua sendo uma das formas mais prescritas de testosterona para TRT globalmente e uma das mais fabricadas por laboratórios clandestinos (underground labs - UGLs) e farmácias de manipulação. Um desenvolvimento mais recente foi a aprovação pela FDA em 2018 do Xyosted®, uma formulação de enantato de testosterona em auto-injetor descartável para administração subcutânea semanal, oferecendo uma alternativa à tradicional injeção intramuscular.
Status legal
A regulamentação e a disponibilidade do enantato de testosterona no Brasil seguem regras específicas para esteroides anabolizantes. De acordo com a classificação e prescrição (ANVISA e Portaria 344/98), temos:
- Lista de controle: o enantato de testosterona, assim como outros esteroides anabolizantes, está incluído na Lista C5 ("Lista das Substâncias Anabolizantes") do Anexo I da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, e suas atualizações posteriores. Esta portaria aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
- Tipo de receita: a dispensação de medicamentos contendo substâncias da Lista C5 exige a Receita de Controle Especial, emitida em duas vias. A primeira via fica retida na farmácia ou drogaria para fins de controle, enquanto a segunda via é devolvida ao paciente com carimbo comprovando o atendimento, servindo como orientação.
- Validade e quantidade: a Receita de Controle Especial para substâncias da Lista C5 tem validade de 30 (trinta) dias a partir da data de sua emissão e é válida em todo o território nacional. A quantidade prescrita é limitada a um máximo de 5 (cinco) ampolas ou, para outras formas farmacêuticas, a quantidade necessária para no máximo 60 (sessenta) dias de tratamento.
- Dispensação: a entrega do medicamento só pode ser feita por farmácias ou drogarias, mediante a apresentação e retenção da primeira via da receita. Prescrições de outras Unidades Federativas devem ser apresentadas à autoridade sanitária local para visto em até 72 horas.
Disponibilidade no mercado brasileiro
A forma como o enantato de testosterona é acessado no Brasil difere um pouco de outros países:
- Farmácias comerciais (drogarias): a disponibilidade de produtos farmacêuticos de marca contendo exclusivamente enantato de testosterona (como seria o Testoviron Depot®, por exemplo) parece ser limitada ou incerta nas grandes redes de drogarias para venda direta ao consumidor. Buscas online frequentemente retornam outros ésteres (como undecilato de testosterona) ou misturas ou blends (como Durateston®). Isso sugere que, embora seja uma droga globalmente comum, sua presença como produto de marca isolado nas prateleiras das farmácias brasileiras pode não ser ampla.
- Farmácias de manipulação: esta parece ser a principal via de acesso legal ao enantato de testosterona isolado no Brasil. Médicos podem prescrever a substância, e farmácias de manipulação devidamente licenciadas podem prepará-la (manipulá-la) sob encomenda, mediante apresentação da Receita de Controle Especial em duas vias.
- Mercado paralelo ("Underground"): como muitos EAA, o enantato de testosterona é facilmente encontrado no mercado ilícito, produzido por laboratórios clandestinos ou underground (UGLs). No entanto, produtos dessa origem apresentam riscos extremamente elevados relacionados à falta de controle de qualidade, dosagem incorreta (sub ou superdosagem), contaminação por outras substâncias, presença de impurezas e falta de esterilidade, podendo causar graves danos à saúde. Uma das marcas mais famosas é a Landerlan (Testenat Enantato 4ml).
Essa aparente discrepância entre a importância global do enantato de testosterona e sua limitada disponibilidade como produto de marca em farmácias comuns no Brasil provavelmente reflete decisões de mercado das companhias farmacêuticas (custos de registro, estratégias de marketing, foco em outros produtos) e a forte presença do setor de manipulação no país, em vez de uma barreira regulatória específica para o enantato (já que ele está na Lista C5 e é prescritível). A consequência é que muitos pacientes que utilizam enantato de testosterona legalmente no Brasil o fazem através de formulações manipuladas. Embora legal e essencial, a manipulação pode introduzir uma variabilidade na qualidade e concentração do produto que não existe na produção industrial padronizada, um fator a ser considerado por prescritores e pacientes.
Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM)
A prescrição de esteroides anabolizantes no Brasil é também fortemente regulada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o órgão que normatiza a prática médica no país.
A Resolução CFM nº 2.333/2023, publicada em 11 de abril de 2023, proíbe expressamente os médicos de prescreverem terapias hormonais, incluindo esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) como o enantato de testosterona, com as seguintes finalidades:
- Fins estéticos: incluindo ganho de massa muscular (hipertrofia);
- Melhora do desempenho esportivo: seja para atletas amadores ou profissionais.
A proibição baseia-se na falta de evidências científicas robustas que comprovem os benefícios e a segurança do uso de EAA para esses fins, e na crescente preocupação com os riscos de efeitos adversos graves e potencialmente irreversíveis associados ao uso indiscriminado e em doses suprafisiológicas.
A resolução reitera que a prescrição de EAA permanece indicada apenas para o tratamento de doenças e condições médicas específicas em que haja deficiência hormonal comprovada e uma relação causal estabelecida entre a deficiência e a condição clínica, e para as quais a reposição hormonal ofereça benefícios cientificamente comprovados. Exemplos incluem hipogonadismo masculino diagnosticado, puberdade atrasada selecionada, micropênis neonatal, caquexia associada a doenças graves, terapia hormonal cruzada para indivíduos transgênero, e, de forma controversa e limitada, o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo em mulheres.
Esta resolução reforçou significativamente o controle sobre a prescrição de EAA no Brasil, buscando coibir práticas de prescrição para fins não terapêuticos que vinham ocorrendo em algumas clínicas com foco em "modulação hormonal" ou estética. Ao definir claramente os limites éticos e legais para os médicos, a resolução visa proteger a saúde pública. No entanto, uma consequência não intencional pode ser o deslocamento da demanda por EAA para fins não médicos ainda mais para o mercado ilegal, negro ou underground (UGLs), onde os riscos associados à falta de qualidade e supervisão são ainda maiores. Isso ilustra a complexa dinâmica entre controle regulatório e demanda por substâncias que melhoram o desempenho ou a aparência.
Status de doping
O enantato de testosterona é uma substância estritamente proibida no esporte competitivo regulamentado. No contexto do fisiculturismo é crucial diferenciar os tipos de competição:
- Fisiculturismo natural: Federações dedicadas a esta modalidade geralmente seguem as diretrizes da WADA e realizam testes antidoping rigorosos. O uso de enantato de testosterona resultaria em desqualificação.
- Fisiculturismo tradicional/sem testes (Untested Bodybuilding): a maioria das federações de fisiculturismo mais conhecidas e populares não realiza testes antidoping seguindo os padrões da WADA. Nessas competições, o uso de substâncias como o enantato de testosterona e outros EAA é comum, esperado e muitas vezes implícito para atingir o nível de desenvolvimento muscular exigido.
A Agência Mundial Antidoping (WADA - World Anti-Doping Agency) classifica a testosterona e todos os seus ésteres (incluindo o enantato) na Lista de Substâncias e Métodos Proibidos sob a categoria S1. Agentes Anabolizantes. Mais especificamente, eles se enquadram na subcategoria S1.1. Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA). A proibição é válida em todos os momentos, o que significa que seu uso é proibido tanto durante o período de competição quanto fora de competição para atletas sujeitos ao Código Mundial Antidoping.
Detecção em testes antidoping
A detecção do uso de testosterona exógena é um pilar dos programas antidoping. Os métodos utilizados evoluíram para se tornarem altamente sofisticados:
- Amostra primária: a urina é a matriz biológica mais comumente utilizada para testes de EAA.
- Teste de triagem (histórico): A medição da razão entre Testosterona (T) e seu isômero inativo, Epitestosterona (E), na urina (Razão T/E) foi um dos primeiros métodos. Uma razão T/E elevada (tipicamente acima de 4:1) levanta suspeita de administração exógena, mas não é conclusiva por si só, pois pode ser influenciada por fatores genéticos, étnicos, condições médicas ou outras substâncias.
- Teste confirmatório definitivo (GC/C/IRMS): o método padrão-ouro atual para confirmar a origem exógena da testosterona é a Cromatografia Gasosa acoplada à Combustão e Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (GC/C/IRMS). Este teste analisa a proporção dos isótopos de carbono (¹³C em relação a ¹²C) na molécula de testosterona e/ou em seus metabólitos na urina. A testosterona produzida naturalmente pelo corpo (endógena) tem uma assinatura isotópica ligeiramente diferente da testosterona sintética (exógena), que geralmente é derivada de fontes vegetais (como fitoesteróis). O teste IRMS consegue distinguir essas assinaturas, fornecendo prova conclusiva do uso de testosterona exógena, mesmo que a razão T/E esteja dentro dos limites normais. A sofisticação do IRMS torna extremamente difícil para um atleta que utiliza qualquer forma de testosterona exógena (incluindo enantato) evitar a detecção se testado dentro da janela apropriada.
- Detecção de ésteres no sangue: métodos mais recentes, utilizando cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa (LC-MS/MS), permitem a detecção direta dos próprios ésteres de testosterona (como enantato, decanoato, undecanoato) ou seus metabólitos diretos no sangue (soro ou plasma) por um período após a administração. Isso adiciona outra ferramenta poderosa ao arsenal antidoping.
Devido à sua natureza de liberação lenta a partir do depósito intramuscular ou subcutâneo, o enantato de testosterona possui uma janela de detecção relativamente longa:
- Urina (IRMS): a detecção da assinatura isotópica exógena na urina via IRMS pode persistir por pelo menos 3 meses após a última injeção de enantato de testosterona. Esta janela pode ser ainda maior dependendo da dose utilizada, da duração do ciclo, do metabolismo individual do atleta e da sensibilidade do método analítico empregado pelo laboratório credenciado pela WADA.
- Sangue (detecção de ésteres): a janela de detecção dos ésteres intactos no sangue pode variar dependendo do comprimento do éster. Estudos mostraram detecção de ésteres como propionato por 4-5 dias, fenilpropionato/isocaproato por pelo menos 8 dias, decanoato por 18 dias, e undecanoato por mais de 60 dias. A janela específica para o enantato no sangue provavelmente se situa entre a do decanoato e a do undecanoato, mas ainda representa um período significativo.
A longa janela de detecção do enantato de testosterona, especialmente via IRMS na urina, representa um desafio considerável para atletas que tentam usar a substância e evitar um teste positivo, agindo como um forte dissuasor.
Para que serve (efeitos esperados)
Usos médicos aprovados
As indicações terapêuticas aprovadas e o uso clínico do enantato de testosterona evoluíram desde sua introdução.
As principais indicações médicas reconhecidas para o Enantato de Testosterona incluem:
- Hipogonadismo masculino: esta é a principal indicação terapêutica. O enantato de testosterona é usado como terapia de reposição (TRT) em homens com deficiência ou ausência de testosterona endógena, seja por causas primárias (falha testicular congênita ou adquirida, como síndrome de Klinefelter, criptorquidia, orquite, torção bilateral, síndrome do testículo evanescente, orquiectomia) ou secundárias/hipogonadotrópicas (falha hipotalâmica ou hipofisária em produzir GnRH, LH ou FSH, seja idiopática ou devido a tumores, trauma, radiação). O objetivo da TRT é restaurar os níveis de testosterona para a faixa fisiológica normal, aliviando os sintomas associados à deficiência, como baixa libido, disfunção erétil, fadiga, perda de massa muscular e óssea, humor deprimido e dificuldades cognitivas.
- Atraso puberal em meninos: pode ser utilizado de forma seletiva e por curto prazo para induzir a puberdade em meninos com atraso puberal constitucional significativo, geralmente após avaliação e suporte psicológico. O uso requer cautela e monitoramento rigoroso da maturação óssea (idade óssea avaliada por raio-X a cada 6 meses), pois os andrógenos podem acelerar o fechamento das epífises ósseas, potencialmente comprometendo a estatura adulta final se usados por longos períodos ou em doses excessivas.
- Câncer de mama metastático em mulheres: historicamente, foi aprovado como terapia paliativa de segunda linha para mulheres na pós-menopausa (1 a 5 anos) com câncer de mama avançado, inoperável e com metástases (especialmente ósseas), particularmente em tumores considerados hormônio-responsivos ou após falha de outras terapias como ooforectomia. No entanto, devido ao alto risco de virilização e ao desenvolvimento de terapias mais eficazes e com melhor perfil de segurança (como anti-estrogênios e inibidores de aromatase), seu uso para esta indicação tornou-se raro na prática clínica atual.
Como mencionado, a TRT (Terapia de Reposição de Testosterona) é a aplicação mais comum do enantato de testosterona. O objetivo é normalizar os níveis hormonais e aliviar os sintomas do hipogonadismo. Os protocolos de dosagem evoluíram. Inicialmente, doses maiores (e.g., 200-400 mg) eram administradas a cada 2 a 4 semanas. No entanto, a compreensão da farmacocinética levou a uma preferência por regimes que proporcionam níveis mais estáveis. Atualmente, doses de 50 mg a 250 mg administradas por via IM ou SC a cada 7 a 14 dias são mais comuns, com ajustes baseados na resposta clínica e nos níveis séricos de testosterona do paciente. A monitorização regular é essencial para garantir a eficácia e a segurança da terapia.
Essa mudança para doses menores e mais frequentes reflete uma melhor compreensão da farmacocinética do enantato e o desejo de mimetizar os níveis fisiológicos de testosterona de forma mais consistente, evitando os picos suprafisiológicos e os vales subfisiológicos associados aos regimes mais antigos. Níveis mais estáveis podem levar a uma melhor gestão dos sintomas e potencialmente a um menor risco de efeitos colaterais relacionados às flutuações hormonais. A introdução de formulações como o auto-injetor subcutâneo Xyosted®, projetado especificamente para administração semanal de doses menores (50, 75 ou 100 mg), valida essa tendência e oferece aos pacientes uma opção mais conveniente para auto-administração, o que pode melhorar a adesão ao tratamento a longo prazo.
Além desses usos, historicamente, a testosterona (incluindo o enantato) foi utilizada para tratar certas formas de anemia, devido à sua capacidade de estimular a eritropoiese (produção de glóbulos vermelhos). Também foi explorada no tratamento da caquexia (perda de massa muscular associada a doenças crônicas). No entanto, para essas condições, geralmente existem tratamentos mais específicos e direcionados disponíveis hoje.
Efeitos e uso para melhora de performance
Além dos usos médicos, o enantato de testosterona é amplamente utilizado de forma não terapêutica por atletas e fisiculturistas que buscam melhorar o desempenho e a composição corporal (uso recreativo). É crucial entender que este uso ocorre fora das indicações aprovadas, frequentemente em doses suprafisiológicas e sem supervisão médica, acarretando riscos significativos à saúde.
Principais efeitos fisiológicos e desejados (não médicos)
Os efeitos buscados no contexto de performance são uma amplificação dos efeitos fisiológicos da testosterona:
- Anabolismo muscular: o principal objetivo é o aumento significativo da massa muscular (hipertrofia) e da força. A testosterona promove a síntese de proteínas musculares e a retenção de nitrogênio, criando um ambiente favorável ao crescimento muscular, especialmente quando combinado com treinamento de força e dieta adequada.
- Melhora da recuperação: usuários relatam uma capacidade aumentada de recuperação entre sessões de treinamento intenso, permitindo maior volume e frequência de treino.
- Aumento da densidade óssea: embora seja um efeito terapêutico, a manutenção da saúde óssea também é relevante para atletas.
- Aumento da eritropoiese: a estimulação da produção de glóbulos vermelhos pode levar a um aumento da capacidade de transporte de oxigênio, potencialmente melhorando a resistência em algumas atividades. No entanto, isso também leva ao risco de policitemia (ver efeitos colaterais).
- Efeitos psicológicos: pode haver aumento da sensação de bem-estar, energia, motivação, confiança e, em alguns casos, agressividade, que podem ser percebidos como vantajosos para o treinamento ou competição.
Mecanismo de ação
O enantato de testosterona funciona como um pró-fármaco, o que significa que ele é administrado em uma forma inativa e deve ser convertido no corpo para exercer seu efeito terapêutico. Após a injeção intramuscular ou subcutânea, o éster enantato é lentamente clivado (hidrolisado) por enzimas esterases presentes no tecido local e na corrente sanguínea. Este processo libera a molécula de testosterona livre e ativa.
A testosterona livre então exerce seus efeitos ligando-se aos receptores de andrógenos (AR), que são proteínas localizadas no citoplasma das células em diversos tecidos-alvo, incluindo músculos, ossos, sistema nervoso central, pele, próstata e órgãos sexuais. A testosterona também pode ser convertida em outros hormônios ativos antes de se ligar ao receptor:
- Diidrotestosterona (DHT): em certos tecidos (como próstata, pele, folículos capilares), a testosterona é convertida em DHT pela enzima 5-alfa-redutase. O DHT liga-se ao mesmo AR que a testosterona, mas com uma afinidade significativamente maior, sendo responsável por alguns efeitos androgênicos específicos.
- Estradiol (E2): a testosterona pode ser convertida em estradiol, um estrogênio, pela enzima aromatase (CYP19A1). Esta conversão é responsável pelos efeitos estrogênicos associados à terapia com testosterona.
Após a ligação da testosterona (ou DHT) ao AR, o complexo hormônio-receptor sofre uma mudança conformacional, transloca-se para o núcleo da célula e liga-se a sequências específicas do DNA conhecidas como Elementos de Resposta a Hormônios (HREs). Essa ligação modula a transcrição de genes-alvo específicos, alterando a síntese de proteínas e resultando nos diversos efeitos fisiológicos dos andrógenos. Estes incluem os efeitos anabólicos (aumento da síntese proteica muscular, retenção de nitrogênio, crescimento muscular e ósseo) e os efeitos androgênicos (desenvolvimento e manutenção das características sexuais masculinas primárias e secundárias, libido, função sexual, eritropoiese).
Farmacocinética
A farmacocinética descreve como o corpo absorve, distribui, metaboliza e excreta um fármaco. No caso do enantato de testosterona injetável, o perfil é caracterizado por uma liberação lenta e sustentada.
- Absorção: a injeção intramuscular (IM) ou subcutânea (SC) de enantato de testosterona em um veículo oleoso cria um "depósito" no local da injeção. Devido à alta lipofilicidade conferida pelo longo éster enantato, a absorção da testosterona do depósito para a corrente sanguínea é lenta e gradual.
- Níveis séricos e tempo para pico (Tmax): os níveis de testosterona no soro começam a aumentar nas primeiras 24-48 horas após a injeção. O tempo para atingir a concentração máxima (Tmax) e o valor dessa concentração (Cmax) mostram considerável variabilidade entre estudos, doses e vias de administração. Estudos reportam Tmax variando de 1 a 7 dias. Por exemplo, um estudo com doses múltiplas de IM relatou Cmax acima de 1200 ng/dL 24 horas após a última dose, com Tmax deslocando-se para 36-48 horas dependendo da dose. Estudos com injeções semanais SC mostraram Tmax medianos entre 12 e 45 horas. Após atingir o pico, os níveis de testosterona diminuem lentamente ao longo de 1 a 4 semanas. Regimes de injeção IM tradicionais a cada 2-4 semanas podem resultar em picos suprafisiológicos e vales subfisiológicos, enquanto injeções semanais (IM ou SC) tendem a manter níveis mais estáveis dentro da faixa fisiológica para TRT.
- Meia-vida de eliminação (T½): a meia-vida de eliminação funcional, que determina a frequência de dosagem, também é relatada com variabilidade. Os valores geralmente ficam na faixa de aproximadamente 4.5 a 9 dias. Esta meia-vida relativamente longa permite esquemas de dosagem semanais ou quinzenais. A variabilidade observada nos estudos (com valores reportados de ~4 dias a ~10 dias) pode ser atribuída a diferenças nas doses, vias de administração (IM vs SC), metodologias de estudo, e fatores biológicos individuais. É importante distinguir esta meia-vida funcional do éster da meia-vida muito curta da testosterona livre no plasma (minutos).
- Distribuição e ligação proteica: uma vez na circulação, a testosterona liga-se extensivamente a proteínas plasmáticas. Cerca de 98% está ligada, principalmente à Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais (SHBG) (aproximadamente 40-60%) e à albumina. Apenas uma pequena fração (cerca de 1-2%) circula na forma livre, que é considerada a forma biologicamente ativa. A concentração de SHBG pode influenciar significativamente a quantidade de testosterona livre disponível. O volume de distribuição da testosterona é de aproximadamente 1 L/kg.
- Metabolismo: o metabolismo da testosterona ocorre principalmente no fígado. A molécula é inativada através de processos de redução e conjugação (principalmente glicuronidação e sulfatação), formando metabólitos inativos como androsterona e etiocolanolona. Como mencionado, a testosterona também é convertida em metabólitos ativos (DHT e estradiol) em vários tecidos periféricos.
- Excreção: os metabólitos inativos da testosterona são excretados predominantemente pela urina (cerca de 90%), com uma pequena porção (cerca de 6%) eliminada pelas fezes.
A notável variabilidade nos parâmetros farmacocinéticos reportados (Tmax, T½) entre diferentes estudos e fontes sublinha que a resposta individual ao enantato de testosterona pode diferir. Fatores como dose, via de administração (IM vs SC), local da injeção, técnica, metabolismo individual, níveis de SHBG e possivelmente atividade das esterases podem influenciar a cinética do fármaco.
Isso implica que uma abordagem padronizada de dosagem (especialmente os regimes mais antigos de injeções a cada 2-4 semanas) pode não ser ideal para todos os pacientes em TRT, levando a flutuações indesejadas nos níveis hormonais. A tendência recente para doses menores e mais frequentes (semanais ou até mais frequentes, facilitadas pela via SC) visa mitigar essas flutuações e manter níveis de testosterona mais estáveis e fisiológicos. O desenvolvimento de formulações como auto-injetores SC (Xyosted®) e ésteres de ação ainda mais longa (undecanoato) reflete os esforços contínuos para otimizar a farmacocinética da terapia de reposição de testosterona, buscando melhorar a eficácia e reduzir os efeitos colaterais associados às oscilações hormonais.
Efeitos colaterais
O uso de enantato de testosterona, especialmente em doses suprafisiológicas ou por períodos prolongados, está associado a uma ampla gama de potenciais efeitos colaterais. A incidência e a gravidade dependem da dose, duração do uso, predisposição genética e sensibilidade individual.
Efeitos colaterais estrogênicos
Estes efeitos ocorrem devido à conversão da testosterona em estradiol pela enzima aromatase. São mais pronunciados com doses mais altas.
- Ginecomastia: desenvolvimento de tecido mamário em homens, podendo variar de sensibilidade e inchaço a nódulos palpáveis. Risco significativo com doses suprafisiológicas.
- Retenção hídrica: acúmulo de sódio e água, levando a inchaço (edema), aumento do volume sanguíneo e potencial aumento da pressão arterial. Pode dar uma aparência "inchada".
- Acúmulo de gordura: níveis elevados de estrogênio podem facilitar o depósito de gordura subcutânea.
- Alterações de humor: flutuações nos níveis de estrogênio podem contribuir para instabilidade emocional.
Estes efeitos podem ser mitigados. Eles podem ser gerenciados no uso não médico com Inibidores de Aromatase (IAs), como Anastrozol®, Letrozol® ou Exemestano®, que bloqueiam a conversão de testosterona em estradiol. Alternativamente, Moduladores Seletivos do Receptor de Estrogênio (SERMs), como Tamoxifeno® ou Raloxifeno®, podem ser usados para bloquear o efeito do estrogênio especificamente no tecido mamário (para tratar ginecomastia), mas não reduzem outros efeitos estrogênicos como a retenção hídrica. O uso de IAs também acarreta seus próprios riscos e efeitos colaterais potenciais.
Efeitos colaterais androgênicos
Resultam da ação da própria testosterona e de sua conversão em Diidrotestosterona (DHT), um andrógeno mais potente em alguns tecidos.
- Pele oleosa e acne: especialmente no rosto, costas e peito.
- Queda de cabelo: aceleração da calvície de padrão masculino (alopecia androgenética) em indivíduos geneticamente predispostos.
- Aumento de pelos corporais e faciais (Hirsutismo).
- Agressividade e alterações de humor: aumento da irritabilidade, impaciência ou comportamento agressivo ("roid rage") em alguns indivíduos, especialmente com doses altas.
- Hiperplasia prostática benigna (HPB): pode estimular o crescimento da próstata ou agravar sintomas em homens mais velhos. Há preocupação sobre o potencial aumento do risco de câncer de próstata, exigindo monitoramento (PSA).
Estes efeitos podem sofrer mitigação parcial com o uso de inibidores da 5-alfa-redutase (como Finasterida® ou Dutasterida®) que podem reduzir a conversão de testosterona em DHT, aliviando alguns efeitos como queda de cabelo e crescimento prostático, mas não eliminam os efeitos androgênicos da própria testosterona e podem ter seus próprios efeitos colaterais (incluindo sexuais).
Além disso, o uso de enantato de testosterona por mulheres acarreta um risco muito alto de virilização (desenvolvimento de características masculinas), muitos dos quais podem ser irreversíveis, sendo prováveis:
- Engrossamento da voz (irreversível).
- Aumento de pelos faciais e corporais (hirsutismo).
- Aumento do clitóris (clitoromegalia, potencialmente irreversível).
- Irregularidades ou cessação dos ciclos menstruais.
- Redução do tamanho dos seios.
- Acne, pele oleosa, alterações na distribuição de gordura corporal.
- Queda de cabelo de padrão masculino.
Devido a esses riscos severos, o enantato de testosterona é considerado inadequado e perigoso para uso feminino, exceto nas raras indicações médicas mencionadas (câncer de mama terminal) sob estrita supervisão médica. É absolutamente contraindicado durante a gravidez devido ao risco de masculinização do feto feminino.
Efeitos colaterais de supressão de testosterona
É comum a supressão do eixo hipotálamo-pituitária-testicular (HPTA). A administração de testosterona exógena envia um sinal de feedback negativo para o hipotálamo e a hipófise, suprimindo a produção natural de gonadotrofinas (LH e FSH).
- Supressão da produção endógena: leva à diminuição ou cessação da produção de testosterona pelos testículos.
- Atrofia testicular: os testículos podem diminuir de tamanho devido à falta de estimulação pelo LH.
- Infertilidade: a supressão do FSH interrompe a espermatogênese, levando à redução da contagem de espermatozoides (oligospermia) ou ausência total (azoospermia), resultando em infertilidade temporária (ou potencialmente prolongada/permanente com uso abusivo).
É necessária a realização de Terapia Pós-Ciclo (TPC). Após a interrupção do uso suprafisiológico de EAA, é necessária uma TPC (geralmente envolvendo SERMs como Clomifeno® e/ou Tamoxifeno®, e às vezes hCG) na tentativa de estimular a recuperação da produção natural de gonadotrofinas e testosterona. A recuperação pode ser lenta, difícil e, em alguns casos, incompleta, especialmente após ciclos longos ou com doses muito altas.
Efeitos colaterais cardiovasculares
Estes são alguns dos riscos mais sérios associados ao uso de testosterona, especialmente em doses elevadas ou por longos períodos.
- Dislipidemia: alterações negativas no perfil lipídico, caracterizadas principalmente pela redução do colesterol HDL ("bom") e, potencialmente, aumento do colesterol LDL ("ruim") e triglicerídeos. Isso contribui para o risco de aterosclerose.
- Hipertensão arterial: aumento da pressão sanguínea, exacerbado pela retenção hídrica.
- Policitemia/eritrocitose: aumento excessivo da produção de glóbulos vermelhos, levando ao aumento do hematócrito e da viscosidade sanguínea. Isso aumenta significativamente o risco de eventos tromboembólicos (formação de coágulos), como trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar (EP), acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio. Requer monitoramento regular do hemograma.
- Hipertrofia ventricular esquerda (HVE): espessamento do músculo cardíaco, que pode levar à disfunção cardíaca a longo prazo.
- Aumento do risco cardiovascular geral: o uso de testosterona, especialmente em doses suprafisiológicas ou em populações de risco (como idosos), tem sido associado a um risco aumentado de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE), incluindo infarto, AVC e morte súbita. Embora a hepatotoxicidade direta do enantato injetável seja baixa, o sistema cardiovascular emerge como um alvo primário de toxicidade. A crescente conscientização sobre esses riscos levou a maior escrutínio regulatório e alertas de segurança, destacando que a saúde cardiovascular a longo prazo é uma preocupação central.
Efeitos colaterais hepatotóxicos
Diferentemente dos esteroides anabolizantes orais 17-alfa-alquilados, o enantato de testosterona injetável não é considerado diretamente hepatotóxico. No entanto, precaução é recomendada em pacientes com doença hepática preexistente. Há relatos raros de peliose hepática (cistos cheios de sangue no fígado) e tumores hepáticos (adenomas, carcinomas) associados ao uso prolongado de altas doses de andrógenos em geral, embora a causalidade direta com enantato injetável em doses terapêuticas seja menos estabelecida.
Efeitos colaterais diversos
Além dos efeitos colaterais específicos já mencionados, outros podem ocorrer:
- Dor no local da injeção (PIP): comum, embora geralmente menos intensa que com ésteres mais curtos como o propionato.
- Alterações de humor: além da agressividade, pode ocorrer ansiedade, depressão (especialmente na interrupção ou durante TPC) ou euforia.
- Apneia do sono: pode agravar ou desencadear a condição.
- Reações alérgicas: raras, mas possíveis (reação ao óleo veículo ou conservantes).
- Efeitos em adolescentes: além do fechamento prematuro das epífises ósseas, pode causar desenvolvimento sexual precoce.
- Hipercalcemia: risco aumentado de níveis elevados de cálcio no sangue em pacientes imobilizados ou com metástases ósseas de câncer de mama.
Superdosagem e uso indevido
O uso de doses muito altas ou por muito tempo pode agravar ainda mais o risco de efeitos colaterais.
- Superdosagem aguda: não há relatos de toxicidade aguda com risco de vida por superdosagem de enantato de testosterona.
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Uso indevido crônico (abuso): o uso crônico de doses suprafisiológicas (muito acima das terapêuticas), comum no contexto de melhora de performance, está associado a uma exacerbação severa de todos os efeitos colaterais listados anteriormente. Os riscos incluem:
- Cardiovasculares: risco significativamente aumentado de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, arritmias, morte súbita cardíaca.
- Psiquiátricos: dependência psicológica, alterações de humor severas ("roid rage"), depressão (especialmente na interrupção), psicose, mania.
- Endócrinos: supressão prolongada ou permanente do eixo HPTA, infertilidade, atrofia testicular irreversível.
- Hepáticos: embora menos comum com injetáveis, risco de peliose hepática e tumores com uso abusivo a longo prazo.
- Outros: danos renais, disfunções sexuais, problemas dermatológicos graves.
- Síndrome de abstinência: a interrupção abrupta após uso prolongado e/ou abusivo pode levar a uma síndrome de abstinência caracterizada por sintomas severos de hipogonadismo, incluindo fadiga extrema, depressão profunda, perda total de libido, disfunção erétil, perda de massa muscular e dificuldade de concentração. A recuperação pode ser muito lenta e exigir intervenção médica.
Contraindicações
O uso de enantato de testosterona é contraindicado nas seguintes situações:
- Câncer de próstata conhecido ou suspeito.
- Câncer de mama masculino.
- Gravidez ou mulheres que podem engravidar (Categoria X da FDA devido ao risco de virilização fetal).
- Amamentação.
- Hipersensibilidade conhecida ao enantato de testosterona ou a qualquer componente da formulação (e.g., óleo de gergelim, clorobutanol).
Precauções e advertências
Usar com cautela e sob supervisão médica em pacientes com:
- Doença cardíaca preexistente (insuficiência cardíaca, doença coronariana).
- Doença renal ou hepática.
- Apneia do sono (pode piorar).
- Epilepsia.
- Enxaqueca.
- Idosos: Maior risco de desenvolver HPB, câncer de próstata, policitemia e eventos cardiovasculares. A TRT não é indicada apenas para "hipogonadismo relacionado à idade" ou "andropausa" sem diagnóstico claro de deficiência.
- Histórico de tromboembolismo venoso (TEV).
Monitoramento médico essencial
O uso terapêutico de enantato de testosterona (TRT) requer acompanhamento médico regular e exames laboratoriais periódicos para garantir a eficácia e segurança, incluindo:
- Níveis de testosterona total e livre (para ajuste de dose).
- Hemograma completo (monitorar Hematócrito e Hemoglobina para risco de policitemia).
- Perfil lipídico (Colesterol HDL, LDL, Triglicerídeos).
- Antígeno prostático específico (PSA) e exame retal digital (em homens, especialmente acima de 40-50 anos).
- Função hepática (enzimas como AST, ALT).
- Pressão arterial.
- Níveis de estradiol (E2) (se houver sintomas de excesso ou deficiência de estrogênio).
- Níveis de cálcio sérico (em pacientes com câncer de mama e metástases ósseas).
- Idade óssea (em adolescentes em tratamento para puberdade atrasada).
Interações medicamentosas
O enantato de testosterona pode interagir com vários outros medicamentos, potencialmente alterando sua eficácia ou aumentando o risco de efeitos adversos. Algumas interações clinicamente significativas incluem:
- Anticoagulantes orais (e.g., Varfarina®): a testosterona pode aumentar o efeito anticoagulante, elevando o risco de sangramento. Monitoramento rigoroso do Tempo de Protrombina (TP) / Razão Normalizada Internacional (INR) e ajuste da dose do anticoagulante são necessários.
- Insulina e hipoglicemiantes orais: a testosterona pode melhorar a sensibilidade à insulina e diminuir os níveis de glicose no sangue. Pacientes diabéticos podem precisar de ajuste na dose de seus medicamentos antidiabéticos para evitar hipoglicemia.
- Corticosteroides (e.g., Prednisona®, Hidrocortisona®) ou ACTH: o uso concomitante pode aumentar a retenção de líquidos e o risco de edema, sendo necessária cautela, especialmente em pacientes com doença cardíaca, renal ou hepática.
- Medicamentos que afetam enzimas hepáticas (indutores e inibidores do citocromo P450): embora o enantato de testosterona não seja primariamente metabolizado pelo sistema CYP450 de forma clinicamente relevante como os orais, algumas interações são possíveis. Indutores enzimáticos (como Carbamazepina, Fenitoína, Rifampicina, Fenobarbital) podem teoricamente acelerar o metabolismo da testosterona, diminuindo seus níveis. Inibidores enzimáticos (como alguns antifúngicos azólicos, antibióticos macrolídeos, inibidores de protease) podem diminuir o metabolismo, potencialmente aumentando os níveis de testosterona.
- Propranolol: alguns dados sugerem que andrógenos podem diminuir os níveis de propranolol.
- Oxifenbutazona: níveis séricos de oxifenbutazona podem ser elevados pelo uso concomitante de andrógenos.
A lista de interações potenciais é extensa. É fundamental que os pacientes informem seus médicos sobre todos os medicamentos (prescritos, isentos de prescrição, suplementos) que estão utilizando.
Ciclos comuns
Esta seção aborda aspectos práticos relacionados ao uso do enantato de testosterona, incluindo administração, dosagens, monitoramento e interações.
Administração
- Via de administração: O enantato de testosterona é formulado como uma solução oleosa para injeção. As vias primárias são:
- Intramuscular (IM): injeção profunda em um músculo grande, como o glúteo máximo ou vasto lateral da coxa. Esta é a via tradicional.
- Subcutânea (SC): injeção no tecido adiposo sob a pele, geralmente no abdômen ou coxa. Esta via ganhou popularidade por ser potencialmente menos dolorosa e mais fácil para auto-administração, especialmente com formulações como o auto-injetor Xyosted®. Estudos sugerem que a via SC pode proporcionar níveis séricos mais estáveis.
Administração em homens
- TRT: Para manter níveis fisiológicos relativamente estáveis, a administração semanal ou a cada 10-14 dias é comum na prática moderna. As doses variam consideravelmente com base nas necessidades individuais e nos níveis séricos monitorados, mas geralmente situam-se entre 50 mg a 250 mg por semana ou a cada 10-14 dias. O objetivo é manter os níveis de testosterona total e livre dentro da faixa de referência fisiológica para homens jovens e saudáveis.
- Uso para performance (recreativo): injeções 1 a 2 vezes por semana são típicas para tentar manter níveis suprafisiológicos mais constantes e minimizar flutuações. As doses são suprafisiológicas e tipicamente variam de 250 mg a 750 mg por semana. Doses de 1000 mg (1 grama) por semana ou mais são relatadas entre usuários avançados, mas aumentam exponencialmente os riscos à saúde.
Uso não médico para performance (fisiculturismo/esportes)
- Popularidade e papel: O enantato de testosterona é um dos EAA mais populares e frequentemente utilizado como a "base" de ciclos de esteroides, especialmente para ganho de massa ("bulking"). Sua popularidade deriva de sua eficácia comprovada, custo relativamente acessível no mercado paralelo e perfil de liberação prolongada.
- Vantagem percebida: A liberação sustentada permite manter níveis elevados de testosterona com injeções menos frequentes (tipicamente 1-2 vezes por semana) em comparação com ésteres curtos como o propionato, tornando-o conveniente para ciclos que podem durar de 10 a 16 semanas ou mais.
- Dosagens suprafisiológicas: As doses usadas para performance são invariavelmente muito mais altas que as doses terapêuticas de TRT. Doses comuns variam de 250 mg a 750 mg por semana, mas usuários avançados ou competitivos podem exceder 1000 mg por semana. É fundamental ressaltar que o risco de efeitos colaterais aumenta drasticamente com o aumento da dose.
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Ciclos comuns ("Stacks"): é raro o uso isolado. Geralmente, o enantato de testosterona é combinado ("empilhado" ou "stacked") com outros EAA para potencializar os efeitos desejados:
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Ciclos de bulking (ganho de massa muscular): O enantato de testosterona serve frequentemente como base (e.g., 500 mg/semana) combinado com outros EAA conhecidos por promoverem ganho de massa. Combinações comuns incluem nandrolona decanoato (Deca®), boldenona undecilenato (Equipoise®), ou orais potentes como metandrostenolona (Dianabol®) ou oximetolona (Hemogenin®), geralmente usados no início do ciclo ("kickstart"). De forma exemplificativo, podemos ter o enantato de testosterona como a base principal destes ciclos, usado em doses como 500mg a 750mg por semana e para aumentar ainda mais os ganhos de massa, outros anabolizantes são comumente adicionados:
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Adicionando outro injetável de ação longa:
- Nandrolona decanoato (Deca-Durabolin®): é uma escolha clássica para ganho de volume e força. A dose típica é de 300mg a 500mg por semana e a duração é a mesma do enantato, pelo mesmo período (ex: 10 a 14 semanas).
- Boldenona undecilenato (Equipoise®): busca-se ganhos de massa mais graduais e de maior qualidade ("limpa"), além de possível aumento de apetite. A dose típica é de 400mg a 600mg por semana e a duração é a mesma do enantato, por períodos semelhantes, ou até mais longos (ex: 12 a 16 semanas).
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Adicionando um oral para "kickstart" (começo rápido - obter ganhos visíveis mais rapidamente logo no início do ciclo usando um esteroide oral potente, enquanto os injetáveis [enantato, Deca®, etc.] levam algumas semanas para atingir o pico de ação):
- Metandrostenolona (Dianabol®): 30mg a 50mg por dia durante as primeiras 4 a 6 semanas do ciclo.
- Oximetolona (Hemogenin®/Anadrol®): 50mg a 100mg por dia durante as primeiras 4 a 6 semanas do ciclo.
- Estrutura comum do ciclo: normalmente, um ciclo de bulking combina a base de testosterona enantato com um outro injetável de longa duração (como Deca® ou Equipoise®). O "kickstart" com um oral pode ser adicionado a essa combinação (Ex: testo + Deca® + Dianabol® no início) ou usado apenas junto com a testosterona (Ex: testo + Dianabol® no início).
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Adicionando outro injetável de ação longa:
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Ciclos de cutting (definição): pode ser usado como base (frequentemente em doses menores para minimizar retenção hídrica) combinado com compostos "secos" como trembolona (acetato ou enantato), stanozolol (Winstrol®), oxandrolona (Anavar®) ou drostanolona (Masteron®). Nesses ciclos, o controle rigoroso dos níveis de estrogênio (com Inibidores de Aromatase) torna-se ainda mais crítico. Pode ser usado como base (geralmente em doses menores, ex: 250-400mg enantato/semana) combinado com compostos que promovem definição e dureza muscular, exigindo controle rigoroso do estrogênio (com IAs). Exemplos de combinações e dosagens comuns (variam conforme experiência e tolerância):
- com trembolona acetato: 50-75mg DSDN (dia sim, dia não) por 6-8 semanas.
- com Masteron® (propionato de drostanolona): 75-100mg DSDN por 6-10 semanas.
- com Anavar® (oxandrolona): 30-50mg TSD (todos os dias) por 6-8 semanas.
- com Winstrol® (estanozolol oral): 30-50mg TSD por 4-6 semanas (devido à hepatotoxicidade).
- com Winstrol® (estanozolol injetável): 50mg DSDN ou TSD por 6-8 semanas.
- Nota: É comum combinar mais de um desses compostos com a base de testosterona em ciclos de cutting avançados, por exemplo, testosterona + trembolona + Masteron®, ou testosterona + Anavar® + Masteron®.
- Cruise (manutenção entre blasts): usado em doses de TRT (100-250mg/semana) por períodos prolongados.
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Ciclos de bulking (ganho de massa muscular): O enantato de testosterona serve frequentemente como base (e.g., 500 mg/semana) combinado com outros EAA conhecidos por promoverem ganho de massa. Combinações comuns incluem nandrolona decanoato (Deca®), boldenona undecilenato (Equipoise®), ou orais potentes como metandrostenolona (Dianabol®) ou oximetolona (Hemogenin®), geralmente usados no início do ciclo ("kickstart"). De forma exemplificativo, podemos ter o enantato de testosterona como a base principal destes ciclos, usado em doses como 500mg a 750mg por semana e para aumentar ainda mais os ganhos de massa, outros anabolizantes são comumente adicionados:
É inerente ao uso de testosterona exógena que os efeitos anabólicos desejados (crescimento muscular) estejam intrinsecamente ligados aos efeitos androgênicos (características masculinas) e aos efeitos resultantes da conversão em estradiol (efeitos estrogênicos) e DHT (efeitos androgênicos potentes). Não é possível separar completamente esses efeitos. Portanto, usuários que buscam maximizar o anabolismo com doses suprafisiológicas inevitavelmente se expõem a um risco aumentado de efeitos colaterais androgênicos (acne, queda de cabelo, etc.) e estrogênicos (ginecomastia, retenção hídrica). Isso frequentemente leva à necessidade de usar medicamentos adicionais (como Inibidores de Aromatase ou SERMs) para tentar mitigar esses efeitos colaterais, o que adiciona complexidade, custo e riscos próprios ao regime. Esta interconexão fundamental diferencia o uso para performance da TRT, onde o objetivo é a restauração fisiológica, tornando a avaliação de risco-benefício no uso não médico extremamente desfavorável do ponto de vista da saúde.
Administração em mulheres
O uso de enantato de testosterona por mulheres é fortemente desaconselhado devido ao altíssimo risco de virilização severa e potencialmente irreversível. Mesmo doses muito baixas apresentam riscos significativos. Não é uma opção segura ou recomendada para atletas femininas.
É importante ressaltar a extrema cautela, pois, o enantato de testosterona é uma escolha muito arriscada e geralmente inadequada para mulheres devido ao alto potencial de virilização (desenvolvimento de características masculinas), que podem ser permanentes.
Reiterando o alerta: a recomendação médica e de segurança é não usar. Os riscos superam em muito os potenciais benefícios para a vasta maioria das mulheres.
Dito isso, abordando o tema de "como as mulheres têm usado na prática o enantato, para tentar minimizar colaterais" (o que não significa que seja seguro ou eficaz em prevenir) vamos à forma de administração.
As práticas relatadas no meio underground (que são inerentemente arriscadas e não recomendadas) geralmente envolvem estratégias extremas para tentar mitigar os efeitos androgênicos, focando em:
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Micro-doses: utilizar quantidades extremamente baixas de enantato de testosterona, muito inferiores às usadas por homens ou mesmo às doses terapêuticas masculinas. Estamos falando de doses que, na prática, podem variar de 10mg a 25mg por semana, no máximo, e às vezes até menos. Alguns relatos mencionam dividir essa pequena dose semanal em duas aplicações para tentar manter os níveis mais estáveis (embora a relevância disso com um éster tão longo seja debatível).
- Problema: mesmo nessas doses minúsculas, o risco de virilização ainda existe, pois a testosterona é inerentemente androgênica e converte para DHT. A sensibilidade individual varia enormemente.
-
Ciclos extremamente curtos: limitar o tempo de exposição ao mínimo possível. Ciclos, se tentados, seriam muito curtos, talvez 4 a 6 semanas no máximo, seguidos por um longo período sem uso.
- Problema: alguns efeitos de virilização, como o engrossamento da voz, podem ocorrer rapidamente e ser irreversíveis mesmo com ciclos curtos.
E a mulher que assume o risco de usar o enantato, ainda deve, por precaução, se atentar para:
- Monitoramento intenso e cessação imediata: a usuária precisaria estar hipervigilante aos primeiros sinais de virilização (qualquer alteração na voz, aumento de pelos em locais não usuais, aumento da oleosidade da pele/acne, aumento do clitóris ou sensibilidade) e interromper o uso imediatamente ao menor sinal.
- Problema com enantato: a longa meia-vida do enantato é uma grande desvantagem aqui. Mesmo após interromper, o composto continua agindo no corpo por semanas, dificultando o controle rápido dos efeitos colaterais que já começaram. Ésteres mais curtos (como o propionato, ainda que também muito arriscado) permitiriam uma depuração mais rápida, mas o risco fundamental da testosterona permanece.
- Preferência por outros compostos: na prática, a maioria das mulheres que busca efeitos anabólicos com menor risco de virilização evita a testosterona (especialmente ésteres longos) e opta por compostos com uma relação anabólico/androgênico mais favorável, como oxandrolona (Anavar®) ou metenolona (Primobolan®), ainda assim com riscos e necessidade de doses e ciclos controlados.
Embora existam relatos de mulheres usando micro-doses e ciclos ultra-curtos de enantato de testosterona na tentativa de obter benefícios minimizando riscos, esta continua sendo uma prática de altíssimo risco. Não há dose "segura" garantida, e a probabilidade de efeitos colaterais virilizantes permanentes é substancial. A longa duração do éster enantato torna o manejo dos efeitos colaterais particularmente difícil. A abordagem mais segura e sensata para mulheres é evitar completamente o uso de enantato de testosterona.
AVISO: CONSULTE UM MÉDICO ANTES DE TOMAR QUALQUER MEDICAMENTO. As informações apresentadas neste site não substituem prescrição médica personalizada. O conteúdo postado é meramente informativo. Os textos publicados por Cláudio Chamini foram manipulados por IA e podem conter alucinações. Os textos do Dr. Thiago Carneiro não sofreram manipulação.
Referências
- Anabolics (William Llewellyn);
- Hormônios no Fisiculturismo (Dudu Haluch);
- Esteróides Anabólico Androgênicos (Lucas Caseri);
- Endocrinologia Feminina e Andrologia (Ruth Clapauch);
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Nomes de referência: Delatestryl®, Xyosted®.
Vídeos relevantes
Indisponível.
Links relevantes
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- CFM - Conselho Federal de Medicina: https://portal.cfm.org.br/. Acesso em: 17 de abr. de 2025. (Para acesso à Resolução CFM nº 2.333/2023 e outras normativas).
- WADA - World Anti-Doping Agency: https://www.wada-ama.org/. Acesso em: 17 de abr. de 2025. (Para consulta da Lista Proibida atualizada).
- SBEM - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia: https://www.endocrino.org.br/. Acesso em: 17 de abr. de 2025. (Pode conter informações para pacientes sobre hipogonadismo e riscos de anabolizantes na seção "Informes" ou "Cuidados com a Saúde") 36.
- PubChem - Testosterone Enanthate: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/9416. Acesso em: 17 de abr. de 2025. (Base de dados com informações químicas e farmacológicas).
- DrugBank - Testosterone Enanthate: https://go.drugbank.com/drugs/DB13944. Acesso em: 17 de abr. de 2025. (Base de dados com informações detalhadas sobre o fármaco) 4.
- FDA - U.S. Food & Drug Administration (Drugs@FDA): https://www.accessdata.fda.gov/scripts/cder/daf/. Acesso em: 17 de abr. de 2025. (Para buscar informações sobre medicamentos aprovados nos EUA, como Delatestryl e Xyosted).
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- Testenat Enantato 4 ml. Disponível em: <https://landerlan.com.br/produtos/enantato-testenat-250mg-4ml-1ml>. Acesso em: 17 de abr. 2024.