EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ANTIOXIDANTES NO EXERCÍCIO FÍSICO – MECANISMOS DE REPRESSÃO NO PROCESSO DE PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA
Matheus Uba Chupel
Radicais Livres e Exercício
A maior taxa metabólica de um indivíduo, assim como o aumento na captação de oxigênio, são fatores que levam à maior produção de radicais livres. O exercício produz oxigênio reativo ou radicais livres pelo menos de duas maneiras. A primeira é observada através de um vazamento de elétrons nas mitocôndrias, provavelmente ao nível do citocromo, que produz radicais superóxido. A segunda ocorre durante as alterações no fluxo sanguíneo e no suprimento de oxigênio - perfusão insuficiente durante o exercício intenso seguida por reperfusão na recuperação, que acarreta a geração excessiva de radicais livres.
O metabolismo de pessoas que são ativas (mas não são classificadas como atletas) tende a ter sua taxa metabólica em níveis estáveis, e suas defesas antioxidantes no organismo são suficientes para deter a peroxidação lipídica tecidual. Porém, será que os agentes protetores com propriedades antioxidantes são necessários em maiores quantidades nas dietas dos indivíduos mais ativos (atletas)?
O que são Alimentos Antioxidantes?
Esta questão deve ser respondida com uma pequena discussão: já é de conhecimento da medicina que existem alimentos antioxidantes, que ajudam no processo de combate ao estresse oxidativo, entretanto, ainda é muito discutível a dosagem e se a administração de “suplementos vitamínicos” traz vantagens reais neste processo de defesa do organismo.
Atualmente, a vitamina E pode ser classificado como o antioxidante mais poderoso relacionado ao exercício.
Alguma evidência nos seres humanos sugere um possível benefício de suplementação com vitamina E (e possivelmente com vitamina C). O gráfico 01 mostra os efeitos sobre a eliminação de pentano (um marcador primário da produção de radicais livres) com 3 semanas de suplementos diários de 200mg de vitamina E em homens antes e após uma sessão de exercício máximo de 20 minutos. A produção de radicais livres após o exercício diminuía drasticamente nos ensaios com suplementos de vitamina E. Para os seres humanos alimentados com uma mistura vitamínica antioxidante diária de β-caroteno, ácido ascórbico e vitamina E, os marcadores séricos e respiratórios (hálito) de peroxidação lipídica continuavam sendo mais baixo em repouso e após o exercício que nos indivíduos que não haviam recebido suplementos. Cinco meses de suplementação com vitamina E em ciclistas competitivos exerciam um efeito protetor sobre os marcadores do estresse oxidativo induzido pelo exercício extremo de endurance.
A vitamina E lipossolúvel desempenha um papel de pivô nessa defesa, pela inserção nas membranas, e por quebrar a reação química em cadeia da lipoperoxidação se torna um radical estável. A vitamina E é uma molécula com uma cabeça trimetildroquinona e uma cadeia lateral de diterpenóide. A cadeia lateral parece estar associada com a habilidade da vitamina em inserir na porção hidrofóbica da membrana. Embora essa cadeia lateral seja essencial à função da vitamina E in vivo, é de fato a cabeça que é responsável pela atividade antioxidante. Enquanto a varredura de radicais das membranas parece ser a função principal da vitamina E, acredita-se que desempenha um papel em outros mecanismos também. Por exemplo, uma vitamina E análoga foi mostrado restaurar radicais de aminoácidos de volta à forma original de aminoácido. O betacaroteno também funciona como um antioxidante rompedor de cadeia, embora, não com a eficácia da vitamina E.
Os AO interagem entre si formando um intricado sistema cooperativo de defesa para minimizar as consequências do estresse oxidativo. Como por exemplo, o radical tocoferil, resultante da interação de alfatocofenol com radicais peroxil, durante a peroxidação lipídica, pode ser reconvertido em alfatocofenol reagindo com a vitamina C. Realmente, foi demonstrado que a vitamina C reativa a vitamina E até a depleção completa da reserva de vitamina C. Sinergismo adicional também foi evidenciado enter o betacaroteno e vitamina E, por causa da inibição da peroxidação lipídica in vitro, que é igual ou significativamente maior que inibição individual.
Minerais e Aminoácidos – Sua atuação no sistema de defesa Antioxidante
Os minerais têm uma participação muito importante não só por sua atividade antioxidante, como na formação das enzimas AO. Entre eles, destacam-se o magnésio que participa de mais de 60% das reações químicas do nosso organismo, o selênio na glutationa peroxidase e o manganês, zinco e cobre na superóxido desmutase.
Os aminoácidos (AA) têm uma participação extraordinária e diversificada, pois conferem às proteínas funções e propriedades tão diferentes que suas degradações pelos radicais livres podem levar a danos irreversíveis. A administração de AA individualizada de acordo com a necessidade, bem como das vitaminas e minerais, é importante para prevenir ou mesmo ajudar o organismo a se reestruturar de acordo com o sistema afetado.
São proteínas formadas por grupos de aminoácidos importantes as enzimas:
- SOD (superóxido dismutase);
- catalase;
- peroxidase.
Estas proteínas possuem valor biológico importantíssimo, pois removem antioxidantes enzimaticamente e, juntamente com as proteínas estruturais, auxiliam no processo de reestruturação de tecidos.
Concluindo
Tendo por base que a atividade física intensa promove a formação de compostos nocivos ao organismo (radicais livres) e que, mesmo existindo um sistema antioxidante natural, deve-se ter plena consciência de que a administração de antioxidantes na alimentação de atletas e praticantes de exercícios físicos extenuantes é extremamente necessária. Dentre os antioxidantes mais potentes existem as vitaminas A e C, que atuam como varredores, assim como a vitamina E, capaz de quelar metais e ser pivô de um eficiente sistema de defesa. Julgando estes dados, pode-se dizer que os radicais livres e a oxidação na atividade física exigem sua neutralização por meio de uma estratégia antioxidante que pode resultar beneficamente a curto e a longo prazo.
Referencial
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- Schneider, C. de Oliveira, A. Radicais livres de oxigênio e exercício: mecanismos de adaptação ao treinamento físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2004.
- Schneider CD. Avaliação do estresse oxidativo em indivíduos submetidos a diferentes intensidades de exercício em esteira rolante [Dissertação apresentada para obtenção do título de mestre em ciências do movimento humano]. Porto Alegre: Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
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