A prescrição do programa de exercícios físicos para diabéticos deve ser individualizado e requer cuidados especiais, baseado em resultados de exames clínicos, físicos, laboratoriais e nutricionais. Deve haver boa interação da equipe multidisciplinar para melhor avaliação e determinação de riscos e benefícios da atividade física.
Devem ser seguidas precauções para evitar riscos de hipoglicemia como monitorização da glicose sanguínea antes, durante e depois do exercício, identificar sinais e sintomas de hipoglicemia, evitar exercício se os níveis de glicose em jejum estiver acima de 250mg/dl e se cetose estiver presente, além de cuidados se os níveis de glicose forem superior a 300mg/dl e não apresentar cetose. Ingerir carboidrato adicional se o nível de glicose for menor que 100mg/dl, e consumir carboidrato de fácil absorção durante e depois da atividade.
Deve-se evitar exercitar por uma hora os músculos que foram injetados a insulina, redução da insulina de ação intermediária em 30-35% no dia do exercício ou diminuição de 50 a 90% se o exercício for planejado. Também não deve ser realizado o exercício no pico de ação da insulina.
Devem ser desencorajados ao programa de atividade física aqueles que possuem fatores de riscos cardiovasculares, retinopatias, neuropatias autonômicas ou periféricas e doença vascular periférica.
A prescrição do treinamento de força e resistência, inclui uma série de cada 8 a 10 tipos de exercício, com 8 a 12 repetições, usando grandes grupamentos musculares, realizados 2 a 3 dias por semana. A carga deve ser aumentada quando o indivíduo conseguir completar 12 ou mais repetições.
Diabéticos com mais de 50 anos ou com problema de saúde preexistentes, é apropriado realizar exercícios com 12 a 15 repetições e pesos leves. Exercícios de flexibilidade dever ser incorporados 2 a 3 dias por semana, 5-10 minutos antes do aquecimento ou no término do exercício, com objetivo de desenvolver ou manter a amplitude de movimento articular e minimizar a perda de flexibilidade resultante da glicolisação de várias estruturas articulares.
A American Diabetes Association determina que o método seguro para treinamento de força em diabéticos deve ser iniciado com cargas leves entre 40-60% de 1 RM em 6 a 10 repetições, onde a frequência cardíaca e pressão arterial devem estar dentro do limite individual estabelecido e que a percepção do esforço subjetivo não exceda o nível 13, levemente intenso. Se o peso inicial for bem tolerado, pode aumentar o número de repetições para 10 a 15, depois 15 a 20 durante 1 a 2 semanas.
Assim que o paciente apresentar boa coordenação do movimento, a quantidade de séries pode ser acrescido para 2 a 3 e a carga pode evoluir para 60-80% de 1 RM. Utiliza-se entre 2 a 5 tipos de exercícios para membros superiores e entre 5 a10 para membros inferiores, respeitando período de descanso entre as séries de 15 segundos a 1 minuto para treinamento de baixa intensidade e 1 a 2 minutos para atividades moderadas.
Para cada grupo muscular, é necessário 48 horas de recuperação entre as sessões de treinamento. Os pacientes devem ser aconselhados a levantar o peso devagar, controlando o movimento até a total extensão, exalando o ar durante a fase de extensão, evitando assim a manobra de Valsalva.
Ambos os treinamentos de resistência e força aumentam a disposição de glicose e sensibilidade à insulina, resultando em melhoramento da tolerância à glicose e a resposta da insulina em relação à carga de glicose. Essas mudanças adaptativas são atribuídas à melhora do conteúdo muscular de GLUT e atividade da síntese de glicogênio, além do aumento do número de capilares no músculo esquelético e massa muscular.
A prescrição de exercício físico para diabéticos é complexa e está relacionada com benefícios e riscos significativos. Estes riscos podem ser minimizados com programas individualizados, como também avaliação e acompanhamento de equipe multidisciplinar.
O número de estudos relacionados ao treinamento de resistência e de força ainda é bastante reduzido, necessitando de novas pesquisas sobre as respostas fisiológicas do exercício anaeróbio em diabéticos tipo I e II.
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