
Imagem meramente ilustrativa e que pode ser fictícia.
Tabela resumida | |
Princípio ativo: | Undecanoato de testosterona injetável |
Nome comercial mais conhecido: | Nebido® |
Família: | Testosterona (éster muito longo) |
Forma: | Solução oleosa injetável (Intramuscular - IM) |
Meia-vida: | ~34 dias |
Anabolismo (hipertrofia): | |
Androgenia (masculinização): | |
Estrogenismo (feminilização): | |
Hepatoxidade: | |
Efeito lipolítico (queima de gordura): | |
Retenção hídrica: | |
Distúrbios psicológicos: | |
Disponibilidade (acesso no mercado): | |
Preço (custo): |
Introdução
O que é o undecanoato de testosterona injetável?
O undecanoato de testosterona injetável é uma formulação farmacêutica que representa um éster de testosterona de ação extremamente prolongada, desenvolvido especificamente para administração intramuscular (IM) profunda. A formulação consiste na molécula de testosterona esterificada com ácido undecanoico, uma modificação que retarda significativamente sua liberação e metabolismo. Esta substância ativa é dissolvida em um veículo oleoso, tipicamente uma combinação de óleo de rícino refinado e benzoato de benzila, que atua como solvente e contribui para as propriedades de depósito da formulação.
A característica fundamental desta preparação é a formação de um depósito no local da injeção muscular, do qual a testosterona é liberada de forma muito lenta e sustentada ao longo de várias semanas. Este mecanismo resulta na maior duração de ação entre todos os ésteres de testosterona comercialmente disponíveis, permitindo intervalos de administração muito longos. O undecanoato de testosterona funciona como um pró-fármaco. A molécula esterificada é inativa e requer a clivagem da cadeia de éster por enzimas esterases no corpo para liberar a testosterona biologicamente ativa. É classificado como um andrógeno e um esteroide anabolizante (AAS).
Um pouco da história
O desenvolvimento do undecanoato de testosterona injetável foi conduzido pela Schering AG (posteriormente integrada à Bayer) com o objetivo de aprimorar a conveniência das terapias de reposição de testosterona (TRT). A meta era criar uma formulação que minimizasse a frequência das injeções, um fator limitante para a adesão ao tratamento com ésteres mais curtos.
Esta formulação foi introduzida no mercado europeu no início dos anos 2000, sob o nome comercial Nebido® (geralmente na dose de 1000mg/4ml). A aprovação inicial ocorreu na Finlândia em novembro de 2003, seguida pelo procedimento de reconhecimento mútuo na União Europeia em julho de 2004, permitindo a comercialização em países como Alemanha e Reino Unido a partir de 2004-2005. O Nebido® foi projetado para permitir injeções de manutenção tipicamente a cada 10-14 semanas, representando uma melhoria significativa na conveniência para pacientes com hipogonadismo.
A aprovação em outros mercados, notavelmente nos Estados Unidos, foi um processo mais longo e complexo. A Food and Drug Administration (FDA) expressou preocupações significativas sobre o risco de Microembolismo Oleoso Pulmonar (POME) e reações anafiláticas, eventos adversos raros, mas potencialmente graves, associados a injeções intramusculares de grandes volumes de soluções oleosas de longa duração. Após várias revisões e a submissão de dados adicionais de segurança pela Indevus Pharmaceuticals (que licenciou os direitos para os EUA da Bayer Schering Pharma AG) e posteriormente pela Endo Pharmaceuticals, a formulação foi finalmente aprovada pela FDA em março de 2014.6 Nos EUA, o medicamento é comercializado como Aveed® (na dose de 750mg/3ml).
A notável diferença nos cronogramas de aprovação entre a Europa e os EUA reflete abordagens regulatórias distintas na avaliação e mitigação de riscos para eventos adversos raros. A FDA considerou os dados pós-comercialização de Nebido® na Europa e os dados de ensaios clínicos, concluindo que o risco de POME/anafilaxia necessitava de medidas de controle rigorosas. Como resultado, a aprovação do Aveed® nos EUA foi condicionada à implementação de um programa restrito de segurança, conhecido como Estratégia de Avaliação e Mitigação de Risco (REMS - Risk Evaluation and Mitigation Strategy). Este programa exige certificação para prescritores e locais de administração, além de um período de observação obrigatório de 30 minutos para o paciente após cada injeção, realizado em um ambiente clínico capaz de manejar reações adversas graves. A diferença de dose entre Nebido® (1000mg/4ml) e Aveed® (750mg/3ml), apesar da mesma concentração (250mg/ml) e veículo similar (óleo de rícino e benzoato de benzila), também é um ponto de distinção entre os mercados. Apesar das barreiras regulatórias e do custo relativamente elevado, o undecanoato de testosterona injetável tornou-se uma opção importante para TRT em muitos países, valorizada pela sua conveniência de dosagem.
Status legal
No Brasil, o undecanoato de testosterona, como outros esteroides anabolizantes, está sujeito a controle regulatório rigoroso.
- Classificação ANVISA: a testosterona e seus ésteres, incluindo o undecanoato, estão listados na Lista C5 (Lista das Substâncias Anabolizantes) do Anexo I da Portaria SVS/MS nº 344/98 e suas atualizações.7 Embora o undecanoato não seja nomeado individualmente na lista original, o adendo que inclui sais, ésteres e isômeros das substâncias listadas (como a testosterona, item 27) garante sua inclusão nesta categoria.
- Tipo de receita: a dispensação de substâncias da Lista C5 exige Receita de Controle Especial emitida em duas vias, com a primeira via retida pela farmácia e a segunda devolvida ao paciente com carimbo comprovando o atendimento.
Disponibilidade no mercado brasileiro
- Disponibilidade: o produto de marca Nebido® (1000mg/4ml) encontra-se disponível em farmácias e drogarias brasileiras, mediante apresentação da receita controlada, sendo utilizado primariamente para TRT em casos de hipogonadismo comprovado.
- Manipulação: a manipulação de undecanoato de testosterona injetável é tecnicamente complexa, pois envolve a preparação de uma solução oleosa estéril de alta concentração e viscosidade. Embora não seja impossível, é considerada incomum em comparação com a manipulação de ésteres mais curtos ou a aquisição do produto industrializado. Regulamentações como a RDC 67/2007 da ANVISA normatizam as boas práticas de manipulação, e outras normativas podem impor restrições adicionais.
- Mercado paralelo (UGL - Underground Labs): como ocorre com outros AAS, formulações de undecanoato de testosterona podem ser encontradas no mercado paralelo ou negro. No entanto, esses produtos apresentam riscos significativos relacionados à qualidade, pureza, dosagem (sub ou superdosagem), esterilidade (risco de infecções) e contaminação, além da ilegalidade da sua comercialização e posse sem prescrição. A administração desses produtos também carrega os mesmos riscos intrínsecos da injeção IM profunda.
Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM)
O Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu normas éticas claras sobre a prescrição de terapias hormonais.
- Resolução CFM nº 2.333/2023: esta resolução proíbe expressamente que médicos prescrevam esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA), incluindo todas as formas de testosterona, com finalidades estéticas (como ganho de massa muscular isolado) ou para melhora de desempenho esportivo (doping). A resolução veda o uso dessas substâncias em indivíduos sem diagnóstico comprovado de deficiência hormonal que justifique a terapia.
A combinação das regulamentações da ANVISA (controle de venda) e do CFM (restrição ética da prescrição) cria um forte arcabouço legal e ético no Brasil, direcionando o uso do undecanoato de testosterona injetável estritamente para indicações médicas aprovadas, como o tratamento do hipogonadismo masculino diagnosticado.
Status de doping
A Agência Mundial Antidoping (WADA) classifica a testosterona e seus ésteres de forma rigorosa.
- Classificação: o undecanoato de testosterona se enquadra na categoria S1. Anabolic Agents, especificamente S1.1 Anabolic Androgenic Steroids (AAS), na Lista de Substâncias e Métodos Proibidos da WADA. A testosterona é explicitamente listada. Estas substâncias são proibidas tanto em competição quanto fora de competição para todos os atletas sujeitos ao Código Mundial Antidoping.
- Natureza da substância: as substâncias da classe S1.1 são consideradas "não-especificadas", o que geralmente implica que uma violação de regra antidoping envolvendo essas substâncias pode resultar em sanções mais severas (períodos de inelegibilidade mais longos) em comparação com substâncias "especificadas".
Detecção em testes antidoping
Os métodos para detectar o uso de testosterona exógena são sofisticados e as janelas de detecção para o undecanoato injetável são particularmente longas.
- Perfil esteroidal urinário e IRMS: o método padrão envolve o monitoramento do perfil esteroidal do atleta na urina ao longo do tempo (parte do Passaporte Biológico do Atleta - ABP). Amostras que mostram alterações suspeitas (ex: razão Testosterona/Epitestosterona - T/E elevada ou outros marcadores alterados) são submetidas a análise confirmatória por Cromatografia Gasosa acoplada à Combustão e Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (GC/C/IRMS). Este método mede a razão entre os isótopos de carbono 13C e 12C nos metabólitos da testosterona (como androsterona e etiocolanolona) e a compara com a razão de um esteroide de referência endógeno (como pregnanodiol ou 16-androstenol). Uma diferença significativa indica a presença de testosterona exógena, que geralmente é derivada de fontes vegetais (C3) com menor teor de 13C.
- Detecção direta do éster no sangue: um método adicional e conclusivo é a detecção do próprio éster de testosterona (neste caso, undecanoato de testosterona) em amostras de sangue (soro, plasma) ou em amostras de sangue seco (DBS - Dried Blood Spots). Como o corpo humano não produz ésteres de testosterona, a simples detecção do undecanoato é uma prova direta e inequívoca de administração exógena, eliminando a necessidade de interpretação de razões isotópicas ou perfis esteroidais.
- Janela de detecção: a janela durante a qual o uso de undecanoato de testosterona injetável pode ser detectado é extremamente longa, tornando-o uma escolha de altíssimo risco para atletas testados.
- IRMS (Urina): devido à liberação muito lenta e contínua de testosterona do depósito intramuscular, a alteração na razão isotópica 13C/12C pode permanecer detectável na urina por vários meses após a última injeção. Estimativas sugerem que este período pode ultrapassar 5 meses, alinhando-se com a longa farmacocinética do composto.
- Éster no sangue: estudos demonstraram que o éster undecanoato intacto pode ser detectado em amostras de sangue por um período muito prolongado. Em um estudo clínico, o undecanoato de testosterona foi detectável no sangue durante todo o período de acompanhamento de 60 dias após uma única injeção de 1000mg. Outras pesquisas confirmam a detecção prolongada do éster no sangue.
A combinação da prova direta (detecção do éster no sangue) com a janela de detecção excepcionalmente longa (meses, seja por IRMS urinário ou análise de sangue) posiciona o undecanoato de testosterona injetável como uma das substâncias dopantes de maior risco de detecção para atletas.
Contexto no fisiculturismo
- Fisiculturismo natural: estritamente proibido, pois qualquer forma de AAS exógeno viola os princípios desta categoria.
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Fisiculturismo tradicional/untested: o uso de undecanoato de testosterona injetável é considerado muito raro para ciclos típicos de ganho de massa (bulking) ou definição (cutting). As principais razões são seu início de ação extremamente lento (leva semanas a meses para atingir níveis terapêuticos estáveis) e a dificuldade em controlar rapidamente os níveis hormonais e manejar efeitos colaterais agudos. Em contextos onde ajustes rápidos de dose ou interrupção abrupta são necessários, esta formulação é impraticável. Seu uso seria teoricamente mais plausível, embora ainda incomum e arriscado, em regimes específicos como:
- Fase de "cruise" muito longa: para manter níveis de testosterona fisiológicos ou ligeiramente suprafisiológicos por períodos prolongados (vários meses) entre ciclos de "blast" com outros compostos mais potentes ou de ação mais rápida. A estabilidade dos níveis e a infrequência das injeções seriam os atrativos neste cenário.
- Base para ciclos extremamente longos: em protocolos que duram 6 meses ou mais, onde o início lento da ação é menos problemático e a estabilidade hormonal a longo prazo é desejada como base androgênica contínua.
Para que serve (efeitos esperados)
Usos médicos aprovados
A principal e única indicação médica aprovada para o undecanoato de testosterona injetável é a Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) de longa duração em homens adultos diagnosticados com hipogonadismo. O hipogonadismo deve ser confirmado por achados clínicos e laboratoriais consistentes (níveis de testosterona sérica abaixo do normal em pelo menos duas medições matinais separadas). As condições que podem levar ao hipogonadismo incluem:
- Hipogonadismo primário (falha testicular): causado por condições como síndrome de Klinefelter, criptorquidia, torção bilateral, orquite, síndrome do testículo evanescente, orquiectomia, quimioterapia, ou dano tóxico por álcool ou metais pesados.
- Hipogonadismo secundário/hipogonadotrópico (falha hipotalâmica/hipofisária): causado por deficiência de gonadotrofina (LH/FSH) ou do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), ou por lesão hipotálamo-hipofisária devido a tumores, trauma ou radiação.
O objetivo da TRT com undecanoato de testosterona é restaurar e manter os níveis de testosterona dentro da faixa fisiológica normal para homens adultos, aliviando os sintomas associados à deficiência de testosterona (como diminuição da libido, disfunção erétil, fadiga, humor deprimido, perda de massa muscular e óssea). A grande vantagem desta formulação é a conveniência, permitindo manter níveis terapêuticos com injeções muito infrequentes (a cada 10-14 semanas para Nebido® ou 10 semanas para Aveed®, após a fase de carga inicial), o que pode melhorar a adesão do paciente ao tratamento em comparação com formulações que exigem administração diária, semanal ou quinzenal.
É importante notar as limitações de uso especificadas por agências reguladoras como a FDA: a segurança e eficácia do Aveed® não foram estabelecidas para o tratamento do chamado "hipogonadismo relacionado à idade" ou "hipogonadismo de início tardio", condições cujos critérios diagnósticos e benefícios do tratamento são mais debatidos.1 Além disso, o medicamento não é aprovado para uso em homens com menos de 18 anos.
Principais efeitos fisiológicos e desejados (não médicos)
Os efeitos fisiológicos do undecanoato de testosterona injetável são os mesmos da testosterona produzida endogenamente ou administrada através de outros ésteres exógenos. Estes incluem:
- Efeitos anabólicos: aumento da síntese proteica, levando ao aumento da massa muscular (hipertrofia) e da força.
- Efeitos androgênicos: maturação dos órgãos sexuais masculinos, desenvolvimento de características sexuais secundárias (voz grossa, pelos corporais), aumento da libido e função sexual (especialmente em indivíduos hipogonádicos).
- Efeitos na composição corporal: aumento da massa magra, potencial redução da massa gorda (indiretamente, via aumento do metabolismo e massa muscular).
- Efeitos hematológicos: estimulação da eritropoiese, levando ao aumento da hemoglobina e do hematócrito.
- Efeitos ósseos: aumento da densidade mineral óssea.
- Efeitos psicológicos: influência no humor, níveis de energia e bem-estar (a melhora é mais evidente em indivíduos com deficiência prévia).
No contexto de uso não médico (melhora de performance ou estética), a principal vantagem percebida do undecanoato injetável seria a estabilidade dos níveis hormonais a longo prazo com mínima frequência de injeção, o que poderia ser atraente para manter uma base androgênica durante fases de "cruise" prolongadas. No entanto, a principal desvantagem para este tipo de uso é o início de ação muito lento (inadequado para ganhos rápidos desejados em ciclos curtos) e a extrema dificuldade em ajustar rapidamente as doses ou interromper os efeitos em caso de surgimento de efeitos colaterais indesejáveis ou graves.
Mecanismo de ação
O undecanoato de testosterona injetável atua como um pró-fármaco da testosterona. A molécula de undecanoato de testosterona, como administrada, é biologicamente inativa. Seu mecanismo de ação envolve os seguintes passos:
- Formação do depósito: após a injeção intramuscular profunda da solução oleosa (geralmente no músculo glúteo), o veículo oleoso (óleo de rícino) e o undecanoato de testosterona dissolvido formam um depósito no tecido muscular.
- Liberação lenta do depósito: o undecanoato de testosterona é liberado muito lentamente deste depósito oleoso para os fluidos intersticiais circundantes e a circulação sanguínea. A natureza lipofílica do éster longo e do veículo oleoso é responsável por esta liberação extremamente gradual.
- Hidrólise enzimática: uma vez na circulação ou nos tecidos, o undecanoato de testosterona encontra enzimas chamadas esterases (presentes no sangue e em vários tecidos). Estas enzimas clivam a ligação éster entre a molécula de testosterona e a cadeia lateral de ácido undecanoico.
- Liberação de testosterona ativa: A clivagem do éster libera testosterona livre, a forma biologicamente ativa do hormônio, na circulação. Este processo de hidrólise ocorre de forma contínua e sustentada enquanto houver undecanoato de testosterona sendo liberado do depósito.
- Ação da testosterona livre: a testosterona livre liberada exerce seus efeitos fisiológicos ao se ligar e ativar os Receptores de Andrógenos (AR) presentes em células de diversos tecidos-alvo (músculo, osso, cérebro, órgãos sexuais, etc.).
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Metabolismo adicional: a testosterona livre circulante também pode ser metabolizada por outras vias enzimáticas:
- Conversão em DHT: a enzima 5α-redutase converte testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), um andrógeno mais potente que medeia alguns dos efeitos androgênicos da testosterona (ex: na próstata, folículos pilosos).
- Conversão em estradiol: a enzima aromatase converte testosterona em estradiol (E2), um estrogênio, que medeia alguns efeitos da testosterona (ex: na saúde óssea) mas também pode causar efeitos colaterais estrogênicos (ex: ginecomastia, retenção hídrica).
Em resumo, o undecanoato de testosterona injetável funciona como um sistema de entrega de longa duração, utilizando um depósito intramuscular e a clivagem enzimática lenta para fornecer níveis sustentados de testosterona ativa ao corpo por um período prolongado.
Farmacocinética
A farmacocinética do undecanoato de testosterona injetável é caracterizada por sua absorção extremamente lenta e duração de ação prolongada.
- Absorção: a absorção da testosterona do depósito intramuscular oleoso é o passo limitante da velocidade de todo o processo. É um processo extremamente lento e gradual, ditado pela difusão do éster do veículo oleoso para os fluidos circundantes e sua subsequente hidrólise. A via de administração é estritamente intramuscular profunda. Estudos investigaram a via subcutânea (SC), mostrando farmacocinética sérica de testosterona similar à IM, mas com potencial para maior dor local 24 horas após a injeção e preferência majoritária pela via IM pelos participantes do estudo. No entanto, apenas a via IM é aprovada e recomendada para Nebido® e Aveed®.
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Níveis Séricos:
- Após a primeira injeção: os níveis séricos de testosterona começam a aumentar gradualmente, geralmente detectáveis acima da linha de base dentro de um dia. O pico inicial de concentração (Cmax) após a primeira dose pode ocorrer em torno de 7 dias para Nebido® 1000mg, embora estudos iniciais tenham mostrado variabilidade.
- Fase de carga (loading dose): devido à lenta acumulação, uma única injeção não é suficiente para atingir rapidamente os níveis terapêuticos desejados e o estado de equilíbrio (steady-state). Por isso, um regime de carga é essencial. Para Nebido® (1000mg), uma segunda injeção é administrada 6 semanas após a primeira. Para Aveed® (750mg), a segunda injeção é administrada 4 semanas após a primeira. Esta segunda injeção eleva os níveis mais rapidamente para a faixa terapêutica.
- Manutenção (steady-state): após a fase de carga, as injeções de manutenção são administradas em intervalos regulares: a cada 10-14 semanas para Nebido® e a cada 10 semanas para Aveed®. Estudos clínicos extensos demonstraram que esses intervalos são eficazes para manter os níveis séricos de testosterona (medidos no vale, ou seja, imediatamente antes da próxima injeção programada) dentro da faixa fisiológica normal (tipicamente 300-1000 ng/dL ou ~10.4-34.7 nmol/L) na grande maioria dos homens hipogonádicos tratados. Os níveis de metabólitos como DHT e Estradiol também se mantêm relativamente estáveis no estado de equilíbrio.
- Estabilidade dos níveis: em comparação com ésteres de ação mais curta (como enantato ou cipionato administrados a cada 2-3 semanas), o undecanoato injetável tende a produzir flutuações menos pronunciadas nos níveis séricos de testosterona. Os picos (Cmax) são geralmente menos elevados e os vales (Cmin) menos profundos, resultando em um perfil hormonal mais estável ao longo do intervalo de dosagem.
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Meia-vida (T½): a determinação da meia-vida de eliminação terminal para formulações de depósito de ação muito longa é complexa e os valores reportados na literatura e em bulas apresentam variabilidade.
- Valores reportados: estudos iniciais e algumas fontes mencionam meias-vidas de eliminação terminal na faixa de ~18-24 dias 5 ou ~34 dias para formulações em óleo de rícino. No entanto, a bula europeia do Nebido® (1000mg em óleo de rícino) reporta uma meia-vida de liberação do depósito consideravelmente mais longa, de 90±40 dias. O tempo médio de residência também é longo, estimado em ~21-23 dias 5 ou ~35-36 dias.
- Relevância clínica: dada esta variabilidade, que pode ser influenciada pela dose, excipientes específicos, técnica de injeção, população estudada e modelo farmacocinético utilizado, é mais relevante clinicamente focar no intervalo de dosagem validado. Os regimes de 10-14 semanas (Nebido®) e 10 semanas (Aveed®) são robustamente suportados por dados de ensaios clínicos que demonstram a manutenção de níveis terapêuticos de testosterona ao longo desses períodos, independentemente do valor exato da meia-vida calculado.
- Distribuição, metabolismo e excreção: uma vez liberada do éster, a testosterona circula no sangue ligada principalmente à globulina de ligação de hormônios sexuais (SHBG) e à albumina. É metabolizada primariamente no fígado em vários metabólitos inativos (como androsterona e etiocolanolona), que são então conjugados (principalmente como glucuronídeos e sulfatos) e excretados majoritariamente (~90%) pela urina. Uma pequena fração (~6%) é excretada nas fezes. O ácido undecanoico liberado pela hidrólise do éster entra nas vias metabólicas normais dos ácidos graxos. Não foram realizados estudos específicos em pacientes com insuficiência renal ou hepática.
Efeitos colaterais
O perfil de efeitos colaterais do undecanoato de testosterona injetável reflete os efeitos da própria testosterona, mas a formulação de longa duração e o veículo oleoso introduzem considerações e riscos específicos importantes.
Efeitos colaterais comuns à terapia com testosterona
Estes efeitos podem ocorrer com qualquer forma de TRT, incluindo o undecanoato injetável. A incidência pode variar, e a estabilidade dos níveis proporcionada pelo undecanoato pode, teoricamente, modular alguns efeitos relacionados a flutuações (como humor), mas não elimina os riscos gerais.
Efeitos colaterais estrogênicos
São resultantes da conversão de testosterona em estradiol pela aromatase. Podem incluir:
- ginecomastia (desenvolvimento do tecido mamário masculino);
- retenção de líquidos (edema);
- aumento da gordura corporal e alterações de humor.
Efeitos colaterais androgênicos
Decorrem da ação da testosterona e seu metabólito mais potente, DHT, nos receptores androgênicos. Podem incluir:
- acne;
- pele oleosa;
- aumento da oleosidade do cabelo;
- aumento de pelos corporais (hirsutismo);
- aceleração da calvície de padrão masculino (alopecia androgenética) em indivíduos predispostos;
- e aumento do tamanho da próstata (hiperplasia prostática benigna - HPB) ou piora dos seus sintomas.
Alterações de humor, como irritabilidade ou agressividade, também podem ocorrer.
Efeitos colaterais de supressão de testosterona
Pode ocorrer a supressão do Eixo HPTA. A administração de testosterona exógena suprime a produção natural de gonadotrofinas (LH e FSH) pela hipófise, levando à redução da produção de testosterona endógena e da espermatogênese nos testículos. Esta supressão é profunda e, devido à longa duração do undecanoato, a recuperação do eixo após a interrupção do tratamento é significativamente mais lenta do que com ésteres mais curtos.
Efeitos colaterais cardiovasculares
- Policitemia: aumento do número de glóbulos vermelhos, resultando em aumento do hematócrito e da hemoglobina. É um efeito colateral comum e potencialmente sério da TRT, aumentando a viscosidade do sangue e o risco de eventos tromboembólicos. Requer monitoramento regular do hemograma completo.
- Dislipidemia: alterações nos níveis de lipídios no sangue, como diminuição do HDL ("colesterol bom") e aumento do LDL ("colesterol ruim") ou triglicerídeos. Requer monitoramento periódico do perfil lipídico.
- Risco cardiovascular geral: a relação entre TRT e eventos cardiovasculares maiores (infarto, AVC) é complexa e objeto de debate contínuo. Algumas evidências sugerem um potencial aumento de risco, especialmente com doses suprafisiológicas ou em populações de risco. A FDA adicionou advertências sobre este risco potencial ao rótulo de produtos de testosterona.
- Tromboembolismo venoso (TEV): a TRT tem sido associada a um risco aumentado de eventos de TEV, como trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar (EP).
Efeitos colaterais hepatotóxicos
O undecanoato de testosterona injetável não é considerado hepatotóxico. Diferentemente de alguns esteroides anabolizantes orais que possuem uma modificação 17-alfa-alquilada (associada a risco de lesão hepática), a testosterona e seus ésteres injetáveis não compartilham deste risco direto de toxicidade ao fígado. Casos raros de tumores hepáticos benignos e malignos foram relatados com o uso prolongado de altas doses de andrógenos, mas uma relação causal direta com TRT em doses fisiológicas não está claramente estabelecida.
Efeitos colaterais diversos
Além dos colaterais já mencionados, outros também podem acometer o usuário, como:
- Edema (retenção de líquidos);
- piora da apneia do sono preexistente;
- alterações de humor, ansiedade, irritabilidade;
- potencial aumento do Antígeno Prostático Específico (PSA), que requer monitoramento para avaliação da saúde prostática.
Efeitos colaterais específicos da formulação injetável de longa duração
Estes são riscos diretamente relacionados à natureza da formulação (solução oleosa de grande volume para injeção IM) e à sua farmacocinética prolongada.
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POME (microembolismo oleoso pulmonar) e anafilaxia:
- Natureza e risco: são reações adversas raras, mas graves e potencialmente fatais, que podem ocorrer durante ou imediatamente após a injeção intramuscular de undecanoato de testosterona. O risco levou à inclusão de um Boxed Warning (o tipo mais sério de advertência) na bula do Aveed® nos EUA e à implementação do programa REMS.
- Mecanismo suspeito: acredita-se que o POME ocorra devido à injeção intravascular acidental de pequenas gotas do veículo oleoso (óleo de rícino), que viajam pela circulação venosa até os capilares pulmonares, causando uma reação inflamatória e sintomas respiratórios. A anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave, provavelmente a um dos componentes da formulação (undecanoato de testosterona, óleo de rícino ou benzoato de benzila). Os sintomas de POME e anafilaxia podem se sobrepor, dificultando a distinção imediata.
- Sintomas: os sintomas típicos de POME incluem tosse súbita e incontrolável, urgência para tossir, dispneia (falta de ar), aperto na garganta, dor no peito, tontura e síncope (desmaio). Sintomas de anafilaxia podem incluir urticária, angioedema, dificuldade respiratória, hipotensão e colapso cardiovascular. A maioria dos eventos ocorre durante a injeção ou nos primeiros minutos após (geralmente em até 30 minutos).
- Incidência: embora a incidência reportada seja baixa (por exemplo, a taxa de eventos espontaneamente reportados no programa REMS do Aveed® foi <0.1% por injeção 51, e outras estimativas variam de ~0.7% a 2.1% por paciente em diferentes estudos), a potencial gravidade dessas reações justifica precauções rigorosas. A maioria dos casos reportados resolveu-se espontaneamente ou com tratamento de suporte, geralmente em minutos a poucas horas, mas alguns necessitaram de atendimento de emergência ou hospitalização.
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Precauções mandatórias para minimizar o risco, são essenciais:
- Administração correta: injeção estritamente intramuscular profunda no músculo glúteo, evitando a via intravascular (recomenda-se aspirar a seringa por alguns segundos antes de injetar para verificar se há retorno de sangue).
- Injeção lenta: a injeção deve ser realizada muito lentamente: a bula do Aveed® recomenda 60 a 90 segundos para os 3ml, enquanto a do Nebido® recomenda mais de 2 minutos para os 4ml.
- Observação pós-injeção: o paciente deve ser observado por 30 minutos após cada injeção em um ambiente clínico com pessoal e equipamento adequados para tratar POME e anafilaxia. Técnica de injeção inadequada foi identificada como um fator contribuinte em casos graves de POME.
- Dor e reação no local da injeção (PIP - Post-Injection Pain): é um efeito colateral comum, podendo ser significativo devido ao volume injetado (3ml para Aveed®, 4ml para Nebido®) e à viscosidade da solução oleosa. Pode incluir dor, vermelhidão, inchaço ou formação de nódulos no local.
- Dificuldade extrema no manejo de efeitos colaterais: esta é uma consequência direta e uma desvantagem clínica fundamental da longa duração de ação do undecanoato injetável. Se um paciente desenvolver um efeito colateral que exija a interrupção da terapia (ex: policitemia grave com hematócrito >54%, desenvolvimento rápido de ginecomastia dolorosa, acne severa e desfigurante, alterações psiquiátricas significativas, piora acentuada de HPB), a simples suspensão das injeções futuras não resolve o problema imediatamente. O depósito intramuscular continua a liberar testosterona por semanas ou meses, prolongando a exposição ao agente causador do efeito adverso e tornando o manejo clínico muito mais difícil e lento em comparação com formulações de ação mais curta (como géis, adesivos, ou mesmo ésteres como cipionato/enantato), onde os níveis hormonais caem rapidamente após a interrupção. Esta falta de reversibilidade rápida limita a flexibilidade terapêutica e é uma consideração crucial, especialmente em situações onde o monitoramento pode ser menos frequente ou em usos não médicos.
Virilização em mulheres
O uso de undecanoato de testosterona injetável em mulheres é absolutamente contraindicado e representa um risco extremo, inaceitável e com alta probabilidade de efeitos irreversíveis. A testosterona causa efeitos masculinizantes (virilização) em mulheres, que incluem:
- engrossamento da voz (muitas vezes permanente);
- aumento do clitóris (clitoromegalia);
- crescimento de pelos faciais e corporais (hirsutismo);
- acne;
- alterações na distribuição de gordura e massa muscular;
- e irregularidades menstruais.
A longa duração de ação do undecanoato torna impossível controlar ou reverter rapidamente esses efeitos caso ocorram, tornando seu uso por mulheres extraordinariamente perigoso.
Superdosagem e uso indevido
- Superdosagem aguda: devido à natureza de depósito e à liberação extremamente lenta do undecanoato de testosterona após a injeção intramuscular, uma superdosagem aguda no sentido clássico (uma única dose causando toxicidade imediata) é improvável ou impossível. A administração de uma dose muito maior que a recomendada resultaria em níveis suprafisiológicos prolongados, mas não em uma crise tóxica aguda imediata.
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Uso indevido (abuso): refere-se ao uso de undecanoato de testosterona em doses mais altas (suprafisiológicas) ou em intervalos de administração mais curtos do que os recomendados para TRT, geralmente com o objetivo de melhorar o desempenho atlético ou a aparência física (ganho de massa muscular).
- Praticidade para abuso: conforme mencionado, é menos prático para ciclos curtos de "ganho rápido" devido ao seu início de ação muito lento. No entanto, pode ser abusado em contextos de uso prolongado ou como parte de regimes de "blast and cruise".
- Riscos do abuso: o uso indevido exacerba significativamente todos os riscos e efeitos colaterais associados à testosterona, incluindo os cardiovasculares (policitemia, dislipidemia, hipertrofia cardíaca, risco de eventos), endócrinos (supressão HPTA severa e prolongada, infertilidade, ginecomastia), dermatológicos (acne severa), prostáticos (HPB, potencial risco de câncer) e psicológicos (agressividade, "roid rage", dependência). A longa farmacocinética do undecanoato torna o manejo desses riscos ainda mais problemático, pois os efeitos adversos persistem por meses após a interrupção do uso.
- Dependência: como outros AAS, a testosterona (incluindo o undecanoato) é classificada como substância controlada (Schedule III nos EUA, Lista C5 no Brasil) devido ao seu potencial de abuso e dependência física e psicológica. A interrupção abrupta após uso prolongado ou em altas doses pode levar a sintomas de abstinência, incluindo depressão, fadiga, perda de libido e desejo pela droga.
Contraindicações
O uso de undecanoato de testosterona injetável é contraindicado nas seguintes situações, que são geralmente as mesmas para outras formas de terapia com testosterona:
- Câncer de próstata: presença de carcinoma da próstata conhecido ou suspeito. A testosterona pode estimular o crescimento de cânceres de próstata andrógeno-dependentes.
- Câncer de mama masculino: presença de carcinoma da mama em homens.
- Gravidez: em mulheres grávidas (Categoria X de risco na gravidez pela FDA). A exposição à testosterona durante a gravidez pode causar virilização do feto feminino. Embora o medicamento seja indicado apenas para homens, esta é uma contraindicação absoluta caso ocorra exposição.
- Hipersensibilidade: hipersensibilidade conhecida ao undecanoato de testosterona ou a qualquer um dos excipientes da formulação (óleo de rícino refinado, benzoato de benzila). Reações anafiláticas foram relatadas.
- Tumores hepáticos: história de tumores hepáticos passados ou presentes (especificamente listado como contraindicação para Nebido® na Europa).
- Hipercalcemia: hipercalcemia significativa associada a tumores malignos (pode ser uma contraindicação relativa, pois andrógenos podem exacerbar a hipercalcemia em pacientes com metástases ósseas).
Precauções e advertências
Além das contraindicações, várias precauções e advertências devem ser observadas ao usar undecanoato de testosterona injetável. Muitas são comuns a outras terapias com andrógenos, mas algumas são particularmente críticas para esta formulação específica.
- Risco de POME e anafilaxia: esta é a advertência mais específica e grave. É crucial seguir estritamente a técnica de administração: injeção IM profunda e muito lenta (60-90s para Aveed® 3ml, >2min para Nebido® 4ml) no músculo glúteo, com aspiração prévia para evitar injeção intravascular. É mandatório observar o paciente por 30 minutos após cada injeção em um ambiente clínico preparado para tratar reações graves. Nos EUA, o Aveed® só pode ser prescrito e administrado sob as regras do programa REMS.
- Avaliação e monitoramento da próstata: antes de iniciar a TRT e periodicamente durante o tratamento, avaliar a próstata através de toque retal e dosagem de PSA (Antígeno Prostático Específico). Pacientes com HPB devem ser monitorados quanto à piora dos sintomas. A TRT pode aumentar o risco de detecção de câncer de próstata preexistente.
- Policitemia (aumento do hematócrito): monitorar os níveis de hematócrito e hemoglobina antes do início, nos primeiros meses de tratamento e depois periodicamente (e.g., a cada 3-6 meses). Se o hematócrito exceder um limiar crítico (e.g., >54%), a terapia pode precisar ser interrompida ou a dose/intervalo ajustado.
- Risco cardiovascular e tromboembólico: usar com cautela em pacientes com doença cardiovascular, renal ou hepática preexistente devido ao risco de exacerbação ou edema. Monitorar o perfil lipídico. Estar atento ao risco de TEV. Usar com cautela em pacientes com hipertensão.
- Apneia do sono: a TRT pode piorar a apneia do sono preexistente, especialmente em pacientes com fatores de risco como obesidade ou doença pulmonar crônica.
- Edema: pode ocorrer retenção de sódio e água, levando a edema. Usar com cautela em pacientes predispostos. O uso concomitante com corticosteroides pode aumentar este risco.
- Sensibilidade à insulina: andrógenos podem melhorar a sensibilidade à insulina e diminuir os níveis de glicose no sangue. Pacientes diabéticos podem necessitar de ajuste na dose de insulina ou medicamentos antidiabéticos orais.
- Uso em idosos: existem dados limitados sobre a segurança a longo prazo da TRT em homens idosos, especialmente em relação aos riscos cardiovasculares e prostáticos. A decisão de tratar deve ser individualizada.
- Abuso e dependência: alertar sobre o potencial de abuso de testosterona, especialmente em doses suprafisiológicas, e os riscos associados à saúde.
- Condições neurológicas: usar com cautela em pacientes com epilepsia ou enxaqueca, pois andrógenos podem, ocasionalmente, agravar estas condições.
- Função tireoidiana: andrógenos podem diminuir os níveis de globulina de ligação da tiroxina (TBG), podendo levar a uma diminuição dos níveis séricos de T4 total e aumento da captação de T3 e T4 em resina. No entanto, os níveis de hormônios tireoidianos livres geralmente permanecem inalterados.
Monitoramento médico essencial
A terapia de reposição de testosterona com undecanoato injetável requer monitoramento médico regular e cuidadoso para garantir a eficácia do tratamento e a segurança do paciente.
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Avaliação Inicial (pré-tratamento):
- Confirmação diagnóstica: confirmar o diagnóstico de hipogonadismo através da história clínica, exame físico e medição dos níveis de testosterona sérica total em pelo menos duas manhãs distintas, com resultados consistentemente abaixo da faixa de normalidade. Medição de LH e FSH ajuda a diferenciar hipogonadismo primário de secundário.
- Avaliação prostática: realizar toque retal (DRE) e medir o nível de PSA sérico para excluir câncer de próstata preexistente.
- Avaliação hematológica: medir hematócrito e hemoglobina basais.
- Avaliação metabólica: avaliar perfil lipídico e, se clinicamente indicado, função hepática.
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Monitoramento durante o tratamento:
- Níveis de testosterona: o objetivo é manter os níveis de testosterona dentro da faixa fisiológica normal. A medição deve ser feita imediatamente antes da administração da próxima injeção programada (nível de vale ou "trough"), após o estabelecimento do estado de equilíbrio (geralmente antes da 4ª ou 5ª injeção). Se os níveis de vale estiverem abaixo do normal, o intervalo entre as injeções pode precisar ser encurtado (e.g., para 10 semanas em vez de 12). Se estiverem acima do normal, o intervalo pode ser prolongado (e.g., para 14 semanas). A resposta clínica (melhora dos sintomas de hipogonadismo) também é um guia importante.
- Hematócrito/hemoglobina: monitorar 3 a 6 meses após o início da terapia e depois pelo menos anualmente. Se o hematócrito subir acima de um nível de segurança (e.g., >54%), a terapia deve ser interrompida temporariamente ou o intervalo de dose ajustado, e outras causas de policitemia investigadas.
- PSA e Exame Prostático: monitorar o PSA e realizar o toque retal periodicamente (e.g., 3-6 meses após o início e depois anualmente, ou mais frequentemente em homens com maior risco de câncer de próstata). Aumentos significativos no PSA requerem avaliação adicional.
- Perfil lipídico: monitorar periodicamente, especialmente em pacientes com dislipidemia preexistente ou outros fatores de risco cardiovascular.
- Densidade mineral óssea: Pode ser monitorada em homens com osteoporose ou alto risco de fratura.
- Avaliação clínica geral: avaliar regularmente a resposta do paciente ao tratamento (melhora dos sintomas, qualidade de vida) e monitorar o surgimento de quaisquer efeitos adversos (acne, ginecomastia, edema, alterações de humor, sintomas de HPB, etc.).
Interações medicamentosas
O undecanoato de testosterona, ao liberar testosterona ativa, pode interagir com outros medicamentos. As interações são geralmente as mesmas observadas com outras formas de testosterona:
- Anticoagulantes orais (derivados cumarínicos, como varfarina): andrógenos podem aumentar o efeito anticoagulante, possivelmente por diminuir a síntese hepática de fatores de coagulação dependentes da vitamina K ou por aumentar a afinidade do receptor pela varfarina. É necessário monitorar cuidadosamente o tempo de protrombina (TP) ou a Razão Normalizada Internacional (INR) ao iniciar ou interromper a testosterona em pacientes que usam esses anticoagulantes, e a dose do anticoagulante pode precisar ser reduzida.
- Insulina e medicamentos antidiabéticos: andrógenos podem melhorar a tolerância à glicose e aumentar a sensibilidade à insulina, potencialmente diminuindo os níveis de glicose no sangue. Pacientes diabéticos em uso de insulina ou hipoglicemiantes orais podem necessitar de uma redução na dose desses medicamentos ao iniciar a terapia com testosterona. Recomenda-se monitoramento rigoroso da glicemia.
- Corticosteroides ou ACTH (hormônio adrenocorticotrófico): a administração concomitante de andrógenos com corticosteroides ou ACTH pode aumentar o risco de retenção de líquidos e edema. Esta combinação deve ser usada com cautela, especialmente em pacientes com doença cardíaca, renal ou hepática preexistente.
- Medicamentos que afetam enzimas hepáticas (indutores ou inibidores): embora a testosterona seja metabolizada no fígado, o passo limitante para o undecanoato injetável é a liberação do depósito. No entanto, interações teóricas com fortes indutores ou inibidores de enzimas do citocromo P450 não podem ser completamente descartadas, mas são geralmente consideradas de menor relevância clínica para esta formulação.
- Propranolol: alguns relatos sugerem que a testosterona pode aumentar as concentrações plasmáticas de propranolol, mas o significado clínico desta interação não está bem estabelecido.
- Interferência em testes laboratoriais: andrógenos podem alterar os níveis de algumas proteínas de ligação hormonal, como a diminuição da globulina de ligação da tiroxina (TBG), o que pode afetar os resultados de testes de função tireoidiana (T4 total pode diminuir, mas T4 livre geralmente permanece normal).
É fundamental que os pacientes informem seus médicos sobre todos os medicamentos (prescritos, isentos de prescrição, suplementos) que estão utilizando antes de iniciar e durante o tratamento com undecanoato de testosterona.
Ciclos comuns
Esta seção descreve os regimes de administração padrão para uso médico (TRT) e discute também o contexto de uso não médico para performance (uso recreativo ou estético).
Administração
- Via de administração: exclusivamente Intramuscular (IM) profunda. Não deve ser administrado por via intravenosa ou subcutânea (embora SC tenha sido pesquisada).
- Local da injeção: músculo glúteo, especificamente no quadrante superior externo. Recomenda-se alternar o lado da injeção (nádega esquerda e direita) a cada administração para minimizar reações locais.
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Técnica de injeção: a técnica correta é crucial para a segurança, especialmente para minimizar o risco de POME (microembolismo oleoso pulmonar):
- Preparar a pele com antisséptico.
- Inserir a agulha apropriada para IM profunda (geralmente calibre 21-23G, comprimento adequado para atingir o músculo) em um ângulo de 90°.
- Aspirar a seringa por vários segundos para garantir que a agulha não esteja dentro de um vaso sanguíneo. Se sangue for aspirado, a agulha deve ser retirada e descartada, e uma nova dose preparada e injetada em outro local.
- Se não houver retorno de sangue, injetar a solução oleosa MUITO LENTAMENTE a uma taxa constante. Para Aveed® (3ml), a injeção deve durar entre 60 e 90 segundos. Para Nebido® (4ml), a injeção deve durar mais de 2 minutos. A injeção lenta é fundamental para reduzir o risco de POME.
- Após a injeção completa, retirar a agulha e aplicar pressão suave no local com um algodão ou gaze estéril.
- Observação pós-injeção: devido ao risco de POME e anafilaxia, o paciente deve ser observado por 30 minutos após cada injeção, em um ambiente clínico com capacidade de fornecer tratamento médico apropriado em caso de reação grave. Este é um requisito mandatório do programa REMS para Aveed® nos EUA.1
Administração em homens
Para a terapia de reposição de testosterona (TRT), os regimes padrão diferem ligeiramente entre Nebido® e Aveed® devido às suas doses e aos estudos clínicos que embasaram suas aprovações.
Nebido® - regime de tratamento TRT
Nebido® é uma Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) administrada através de injeções intramusculares. Contém undecilato de testosterona, um éster de testosterona de ação prolongada.
- Composição: cada injeção de Nebido® contém 1000 mg de undecilato de testosterona dissolvidos em 4 mL de uma solução oleosa (veículo de óleo de rícino e benzoato de benzila). A concentração é de 250 mg/mL.
- Fase inicial (carga): o tratamento padrão inicia com a administração de uma injeção de 1000 mg. Uma segunda injeção, também de 1000 mg, é aplicada 6 semanas após a primeira. Esta fase inicial ajuda a atingir os níveis terapêuticos de testosterona mais rapidamente.
- Fase de manutenção: após a segunda dose, as injeções subsequentes de 1000 mg são administradas a cada 10 a 14 semanas.
- Ajuste de intervalo: um aspecto importante do tratamento com Nebido® é a flexibilidade no intervalo de manutenção. O médico pode e deve ajustar o intervalo entre 10 e 14 semanas com base nos níveis séricos de testosterona do paciente (medidos idealmente pouco antes da próxima injeção, conhecido como nível de vale) e na resposta clínica individual (sintomas de hipogonadismo).
- Status regulatório nos EUA: Nebido® não possui aprovação para comercialização nos Estados Unidos.
Aveed® - regime de tratamento TRT
Aveed® também é uma TRT injetável à base de undecilato de testosterona, administrada por via intramuscular profunda.
- Composição: cada dose de Aveed® contém 750 mg de undecilato de testosterona em um volume de 3 mL, utilizando um veículo oleoso similar (óleo de rícino e benzoato de benzila) e mantendo a mesma concentração de 250 mg/mL.
- Fase inicial (carga): o regime aprovado nos EUA começa com uma injeção inicial de 750 mg. A segunda dose, também de 750 mg, é administrada 4 semanas após a primeira.
- Fase de manutenção: depois da fase de carga, as injeções de manutenção de 750 mg são aplicadas a cada 10 semanas.
- Ajuste de intervalo: diferentemente do Nebido®, a bula americana do Aveed® geralmente recomenda a manutenção do intervalo fixo de 10 semanas. Ajustes não são rotineiramente indicados, embora o monitoramento clínico e laboratorial continue sendo essencial.
- Status regulatório nos EUA: Aveed® é aprovado para uso nos Estados Unidos. No entanto, sua prescrição e administração estão sujeitas a um programa de segurança obrigatório chamado REMS (Risk Evaluation and Mitigation Strategy). Este programa existe devido ao risco de reações adversas sérias, como microembolismo pulmonar oleoso (POME) e reações anafiláticas, exigindo que a injeção seja administrada em um ambiente de saúde e que o paciente seja observado por 30 minutos após a aplicação.
Comparativo: Nebido® vs. Aveed®
Agora que os regimes de cada medicamento foram descritos, podemos resumir as principais diferenças:
- Dose por injeção: Nebido® utiliza uma dose maior (1000 mg) em comparação com Aveed® (750 mg).
- Intervalo da segunda dose (carga): Nebido® tem um intervalo de carga mais longo (6 semanas) do que Aveed® (4 semanas).
- Intervalo de manutenção: Nebido® oferece um intervalo de manutenção flexível (10 a 14 semanas) que pode ser ajustado individualmente. Aveed® segue um intervalo de manutenção fixo (10 semanas) conforme o regime aprovado nos EUA.
- Aprovação e exigências nos EUA: Nebido® não é aprovado nos EUA. Aveed® é aprovado, mas requer um programa REMS rigoroso para sua administração segura.
A escolha entre Nebido® e Aveed® deve ser feita por um médico, levando em conta essas diferenças, as necessidades e condições clínicas do paciente, bem como a disponibilidade e regulamentação em cada país.
Uso não médico para performance (fisiculturismo/esportes)
O undecanoato de testosterona injetável é raramente utilizado em ciclos típicos de fisiculturismo para ganho de massa (bulking) ou definição (cutting). Seu início de ação extremamente lento (leva meses para atingir níveis máximos estáveis) é inadequado para os resultados rápidos geralmente buscados nesses ciclos. Além disso, a incapacidade de controlar rapidamente os níveis hormonais ou de interromper os efeitos em caso de efeitos colaterais torna seu uso arriscado e difícil de manejar nesse contexto.
Se utilizado para fins de performance, seria mais concebível em cenários muito específicos (uso hipotético):
- "Cruise" prolongado: como uma base androgênica de longa duração para manter níveis de testosterona fisiológicos ou ligeiramente suprafisiológicos por períodos muito longos (vários meses) entre ciclos de "blast" com outros esteroides. A estabilidade dos níveis e a infrequência das injeções poderiam ser vistas como vantagens neste cenário específico, embora os riscos associados ao uso crônico de AAS permaneçam.
- Base para ciclos extremamente longos: em protocolos de uso de esteroides que se estendem por 6 meses ou mais, onde o início lento da ação é menos problemático e uma base androgênica estável e de longa duração é desejada.
- Dosagens e combinações: quaisquer dosagens ou combinações utilizadas neste contexto são puramente especulativas, experimentais e não possuem respaldo científico ou médico. O uso de doses suprafisiológicas ou intervalos mais curtos que os terapêuticos exacerba todos os riscos associados à testosterona, com a dificuldade adicional do manejo devido à longa duração de ação.
Devido a essas limitações, para ciclos focados em performance e estética, fisiculturistas e atletas geralmente dão preferência a ésteres de testosterona de ação mais rápida e controlável, como o enantato, cipionato ou propionato, frequentemente combinados com outros EAA (por exemplo, nandrolona, boldenona, trembolona, estanozolol, oxandrolona, entre outros), que permitem ajustes mais ágeis, resultados mais velozes e um manejo mais prático do ciclo e dos efeitos colaterais.
Administração em mulheres
O uso de undecanoato de testosterona injetável em mulheres é absolutamente desaconselhado, contraindicado e extremamente perigoso. O risco de virilização severa e permanente (alteração da voz, clitoromegalia, hirsutismo, etc.) é altíssimo. A longa duração de ação torna impossível controlar ou reverter rapidamente esses efeitos androgênicos, caso ocorram. Não há indicação terapêutica que justifique seu uso em mulheres, e os riscos superam drasticamente quaisquer potenciais benefícios percebidos. Nem mesmo as mulheres mais ousadas se arriscam em micro-doses ou ciclos curtos. Uma substância que sequer é usada por homens para performance não pode ser interessante para as mulheres.
Considerando o uso não médico para performance ou estética, quando mulheres optam por utilizar esteroides anabolizantes androgênicos (EAA), a escolha geralmente recai sobre substâncias com um perfil androgênico considerado mais baixo, na tentativa de minimizar os efeitos colaterais de virilização. Exemplos frequentemente citados nesse contexto incluem:
- Oxandrolona (Anavar®): frequentemente considerada uma das opções com menor risco androgênico relativo à sua capacidade anabólica.
- Metenolona (Primobolan®): disponível em forma oral (acetato) e injetável (enantato), também é conhecida por ter uma relação anabólico/androgênico mais favorável para mulheres em comparação a outros EAA.
- Estanozolol (Winstrol®): embora usado, o risco de virilização com estanozolol ainda é significativo para muitas mulheres, mesmo em doses baixas.
- Nandrolona (especialmente Fenilpropionato - NPP): usada com cautela por algumas, mas a nandrolona ainda possui atividade androgênica e progestagênica que pode causar efeitos colaterais.
É crucial entender que:
- Nenhum EAA é isento de riscos para mulheres: mesmo as substâncias consideradas "mais seguras" ou "mais leves" carregam um risco significativo de efeitos colaterais, incluindo virilização (que pode ser irreversível), alterações cardiovasculares, hepáticas, menstruais e psicológicas.
- A resposta é individual: a sensibilidade aos efeitos androgênicos varia enormemente entre as mulheres.
- Dose e duração são fatores chave: o risco aumenta com doses mais altas e uso prolongado.
- Uso não médico é arriscado: o uso de EAA para fins estéticos ou de performance não tem respaldo médico, carece de protocolos seguros estabelecidos e pode levar a sérios problemas de saúde a curto e longo prazo.
Portanto, enquanto algumas substâncias são preferidas em relação a outras no uso não médico por mulheres devido a um menor risco relativo de virilização, todas elas apresentam perigos e seu uso deve ser fortemente desaconselhado fora de um contexto terapêutico legítimo e sob estrita supervisão médica especializada.
AVISO: CONSULTE UM MÉDICO ANTES DE TOMAR QUALQUER MEDICAMENTO. As informações apresentadas neste site não substituem prescrição médica personalizada. O conteúdo postado é meramente informativo. Os textos publicados por Cláudio Chamini foram manipulados por IA e podem conter alucinações. Os textos do Dr. Thiago Carneiro não sofreram manipulação.
Referências
- Anabolics (William Llewellyn);
- Hormônios no Fisiculturismo (Dudu Haluch);
- Esteróides Anabólico Androgênicos (Lucas Caseri);
- Endocrinologia Feminina e Andrologia (Ruth Clapauch);
- PubChem / NCBI Databases.
Nomes de referência: Aveed®.
Vídeos relevantes
Indisponível.
Links relevantes
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- Arquivos Resolução 2.333/23 do CFM - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO EXERCÍCIO E ESPORTE. Disponível em: https://www.medicinadoesporte.org.br/category/resolucao-2-333-23-do-cfm/. Acesso em: 22 de abr. de 2025.
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