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Chip da beleza é uma fraude? O que as mulheres precisam saber.

Muitas mulheres são tentadas a implantar um chip de liberação hormonal automática. Seria isso uma forma de ter mais ou menos saúde?


Chip da beleza é uma fraude? O que as mulheres precisam saber.

A verdade sobre o chip da beleza: riscos, lucros e a proibição da Anvisa

O endocrinologista Dr. Carlos Seraphim publicou um vídeo em seu canal "Endócrino e talks com Dr. Carlos Seraphim" para alertar sobre os perigos do chamado "chip da beleza", um implante hormonal que promete soluções milagrosas para emagrecimento, rejuvenescimento, ganho de massa muscular e aumento da libido. O vídeo foi motivado pelo caso de uma jovem de 20 anos que foi parar na UTI com edema cerebral após usar um desses implantes.

O que é o chip da beleza?

O chip da beleza é um implante colocado sob a pele (subcutâneo) que libera um ou mais hormônios. Geralmente, tem o aspecto de um pequeno tubo de silicone e é inserido através de um dispositivo, frequentemente na região das nádegas.

A promessa é que ele libere hormônios gradativamente ao longo de seis meses, mas, segundo o Dr. Seraphim, não há garantias de que isso ocorra dessa forma, e muitos desses chips são quase artesanais, feitos com pouco cuidado.

Indicações originais e uso indevido

A Anvisa já havia previsto o uso de alguns hormônios por via de implante subcutâneo, como a gestrinona, originalmente indicada para tratar endometriose e adenomiose.

No entanto, essa indicação foi estendida para ganho de massa muscular, aumento da libido, reposição hormonal na menopausa e outras situações para as quais nunca foi pesquisada.

"É contraditório que muitos que indicam esse chip falem que é mais natural. Não tem nada de natural na gestrinona, que é um hormônio sintético derivado da testosterona", afirma o Dr. Seraphim. Ele também critica o fato de que, muitas vezes, esses implantes contêm combinações de hormônios, incluindo testosterona, corticoides e até mesmo ocitocina, sem qualquer embasamento científico para essas misturas.

Estratégias de marketing e a ilusão da personalização

Muitos profissionais que vendem esses implantes dosam hormônios que podem estar baixos, seja em mulheres na menopausa ou homens com síndrome metabólica, encontrando pretextos para justificar o uso do implante. Mesmo quando os níveis hormonais estão normais, a pessoa que indica o implante pode argumentar que "poderia ser melhor".

O Dr. Seraphim critica a estratégia de marketing que promete um tratamento individualizado. "É como se fosse feito sob medida, mas eu te garanto que não é. É o mesmo para todo mundo, ou variações do mesmo", diz ele. Ele compara essa prática às antigas "elegant pills" ou "rainbow pills", em que o médico prescrevia pílulas de cores diferentes, mas todas iguais, para dar a ilusão de um tratamento personalizado.

Renome na internet vs. proeza científica

O Dr. Seraphim questiona a ideia de que médicos renomados na internet são necessariamente atualizados cientificamente. "O renome da internet não quer dizer proeza científica. Tem mais a ver com a capacidade desse médico de se expressar nas redes sociais e gerar empatia com o público", explica. Ele acrescenta que as redes sociais privilegiam conteúdos diferentes e sensacionalistas, o que pode levar à disseminação de informações falsas ou enganosas.

A proibição da Anvisa e a posição das sociedades médicas

Devido aos riscos associados ao uso desses implantes, a Anvisa proibiu inicialmente todos os implantes hormonais. Posteriormente, a proibição foi ajustada para o uso de implantes hormonais para fins estéticos ou para tratamento de fadiga, cansaço e sintomas da menopausa. A Anvisa destacou que nenhum dos implantes para essas finalidades foi submetido à testagem para aprovação.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também se posicionaram contra o uso desses implantes. A SBEM "não reconhece os implantes de gestrinona como uma opção terapêutica para tratamento de sintomas da menopausa e até de endometriose". A Febrasgo alertou que o "chip da beleza" é produzido em farmácias de manipulação sem controle efetivo da dosagem e dos possíveis efeitos colaterais.

Casos de complicações e mortes

O uso indevido de implantes hormonais manipulados pode estar relacionado a 257 casos de complicação de saúde e duas mortes no Brasil, segundo um levantamento chamado Vigicom Hormônios. O Dr. Seraphim cita vários casos que saíram na mídia, incluindo o da jovem de 20 anos com edema cerebral, uma advogada que teve problemas não especificados e uma mulher de 34 anos que teve hepatite medicamentosa e precisou remover o implante às pressas.

O esquema financeiro por trás do chip da beleza

O Dr. Seraphim revela que um implante de testosterona na dose mínima custa R$ 130 para o médico, mais R$ 130 do aplicador, totalizando R$ 260. No entanto, clínicas chegam a vender esses implantes por até R$ 7.000 ou R$ 8.000. "Que tipo de negócio tem essa margem de lucro?", questiona ele. Ele também critica a venda de cursos sem validade que ensinam outros médicos a fazer esses implantes.

Conclusão e alerta

O Dr. Carlos Seraphim é categórico: "Implantes hormonais não devem ser usados neste presente momento para fins estéticos". Ele cita os riscos, como acne severa, hirsutismo, alterações de fígado e do coração, e ressalta que a ciência precisa provar que uma substância funciona antes de ela ser usada, e não o contrário.

Em vez de buscar atalhos, comece fazendo o arroz com feijão: treino, dieta e sono. Os resultados virão com o tempo. Há várias formas naturais de regularizar seus níveis hormonais. Somente após ajustar os seus hábitos, caso ainda esteja com deficiência hormonal, aí sim procure uma terapia com seu endocrinologista.

Fontes de consulta

1. SERAPHIM, Carlos. Chip da Beleza: Descubra Toda a Verdade Por Trás da Fraude Milionária. Disponível em: <https://youtu.be/-bxubw76kWU>. Acesso em: 30 dez. 2024.

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