O mundo do fisiculturismo é repleto de histórias sobre inovação, superação e, muitas vezes, riscos extremos. Um dos capítulos mais polêmicos dessa trajetória envolve o uso do hormônio do crescimento (GH) derivado de cadáveres, conhecido como grorm.
Embora hoje o GH sintético seja amplamente utilizado, nos anos 80 e início dos 90, fisiculturistas enfrentavam desafios únicos ao usar o GH extraído da hipófise de cadáveres humanos. Vamos explorar essa história fascinante e perigosa!
O que era o GH de cadáver?
O grorm era um hormônio extraído das glândulas hipófises de cadáveres humanos. Ele foi uma das primeiras formas de GH disponíveis para uso em fisiculturismo e medicina.
Por ser difícil de obter e extremamente caro, era considerado uma substância exclusiva para atletas de elite.
No Brasil, a escassez tornava seu acesso ainda mais complicado.
Efeitos colaterais graves: acromegalia
Apesar dos resultados impressionantes na construção muscular, o uso de GH de cadáver trazia riscos significativos. O efeito colateral mais notório era a acromegalia, que é uma condição caracterizada pelo crescimento desproporcional e engrossamento dos ossos, especialmente em áreas como mãos, pés, mandíbula e sobrancelhas.
Sintomas comuns de acromegalia:
- Mandíbula proeminente: a mandíbula cresce de forma exagerada, criando uma aparência robusta e desfigurada.
- Mãos e pés aumentados: extremidades desproporcionais, muitas vezes com crescimento ósseo doloroso.
- Sobrancelhas projetadas: o crescimento ósseo frontal faz as sobrancelhas avançarem, deixando o olhar mais fundo e marcante.
Um exemplo marcante é o atleta brasileiro Luiz Otávio de Freitas, que sofreu com acromegalia após anos de uso de grorm. Ele precisou passar por uma cirurgia invasiva para tentar corrigir os danos ósseos, enfrentando dores intensas e limitações nos treinos.
A transição para o GH sintético
Com o avanço da ciência, o GH sintético, produzido em laboratório, revolucionou o cenário. Empresas como a Eli Lilly desenvolveram versões sintéticas, mais seguras e eficazes, que substituíram o GH de cadáveres. Esse novo hormônio reduziu drasticamente os riscos de acromegalia e deformações ósseas, além de se tornar mais acessível.
O hormônio do crescimento extraído de cadáveres era comercializado sob o nome pituitrina. Este nome era utilizado para se referir ao hormônio hipofisário obtido de glândulas pituitárias humanas, que foi amplamente utilizado até que os riscos associados à sua utilização se tornaram evidentes, levando à sua substituição pelo hormônio de crescimento recombinante, como a somatropina. A somatropina é agora o padrão de tratamento e é comercializada sob diversos nomes comerciais, incluindo Norditropin® e Genotropin®.
Benefícios do GH sintético:
- Menos efeitos colaterais: o risco de acromegalia é significativamente menor.
- Resultados impressionantes: Promove ganho de massa muscular, aceleração do metabolismo e melhora na recuperação.
- Acesso mais fácil: embora ainda caro, é mais disponível do que o grorm da época.
O impacto no fisiculturismo
Durante a era do GH de cadáveres, muitos fisiculturistas de renome mundial, incluindo Arnold Schwarzenegger, foram associados ao uso dessa substância. A transformação física proporcionada pelo GH era inegável, mas o preço pago em termos de saúde foi alto. Muitos atletas exibiam claramente os sinais de acromegalia, o que se tornou uma marca registrada do uso excessivo de GH na época.
Conclusão: lições de uma era arriscada
A história do GH de cadáver é um lembrete do quanto o fisiculturismo evoluiu. Atletas buscavam resultados extremos, muitas vezes sem o conhecimento ou os recursos necessários para garantir a própria saúde.
Hoje, com opções mais seguras e controle médico adequado, os riscos foram minimizados, mas a lição permanece: o uso irresponsável de substâncias no esporte deve ser evitado.
O mundo do fisiculturismo continua a evoluir, mas nunca devemos esquecer as histórias daqueles que pavimentaram o caminho, enfrentando desafios e riscos inimagináveis em busca da excelência física.
Fontes de consulta
1. CARIANITV. Oinduca fala sobre o GH de cadáver – Ironberg podcast cortes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rcBPgQaiTV0&t=310s>. Acesso em: 1 dez. 24.
2. GORILA, Júlio. GH de cadáver + tomando GH pela primeira vez (grorm) - "Podcast Monster Cast". Disponível em: <https://youtu.be/oflb9NypPqA>. Acesso em: 1 dez. 24.
3. SNAP MAROMBA. O primeiro brasileiro que competiu no Mr. Olympia e na Open: Luiz Otávio Freitas. Disponível em: <https://youtu.be/z5n2WluQNIE4. Acesso em: 1 dez. 24.
4. PORTES, et al. Tratamento com hormônio de crescimento: aspectos moleculares, clínicos e terapêuticos. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/abem/a/GYJNMM8ffqDRCkY87wZtD6d/>. Acesso em: 1 dez. 24.
5. LAVRON, Zvi. The Era of Cadaveric Pituitary Extracted Human Growth Hormone (1958-1985):Biological and Clinical Aspects. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30378778/>. Acesso em: 1 dez. 24.
Você já conhecia a história do GH de cadáveres? Deixe nos comentários. Essa matéria foi inspirada nos comentários de @Pokoyô, que participa ativamente do nosso fórum.
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