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Recentemente se tornou comum o uso de suplementos intra-treino por fisiculturistas e adeptos da musculação, como carboidratos (maltodextrina, dextrose), com a finalidade de repor energia, e aminoácidos como BCAAS e glutamina, que prometem efeito anti-catabólico [1]. Essa ideia equivocada tem como pressuposto o fato de durante o exercício físico o corpo aumentar a liberação de hormônios catabólicos, como o cortisol e também as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). O equívoco está em desprezar os efeitos benéficos da atividade desses hormônios, olhando ingenuamente apenas pelo lado do catabolismo proteico.

 

Durante o exercício ocorre aumento da concentração plasmática de glicose pelas ações combinadas de glucagon, adrenalina, noradrenalina e cortisol. Esses hormônios promovem a glicogenólise (degradação do glicogênio em glicose no fígado e no músculo) e gliconeogênese (síntese de glicose a partir de aminoácidos), aumentando assim a quantidade de glicose disponível para uso como fonte de energia. A insulina ajuda a glicose liberada a penetrar nas células, onde o açúcar pode ser utilizado para a produção de energia. No entanto as concentrações de insulina declinam durante o exercício, indicando que o exercício aumenta a sensibilidade das células a esse hormônio, de modo que há necessidade de menor quantidade de insulina durante o exercício em comparação com as necessidades do indivíduo em repouso. Quando as reservas de carboidrato estão baixas, o corpo se volta mais para a oxidação das gorduras para obter energia, e a lipólise (queima de gordura) aumenta. Esse processo fica facilitado pelos baixos níveis de insulina durante o treino e pelo aumento das concentrações de adrenalina, noradrenalina, cortisol e hormônio do crescimento (GH) [2].

 

A insulina é o grande inibidor da lipólise. A diminuição das concentrações de insulina durante o exercício ocorre sobretudo devido à ação da adrenalina e da noradrenalina em inibir a liberação de insulina pelo pâncreas. O aumento da insulina antes e durante a atividade física pode inibir a lipólise. O uso de aminoácidos, como a leucina, também estimulam a liberação de insulina, portanto o uso de suplementos como BCAAS e carboidratos durante o exercício vão diminuir a lipólise, não só por estimularem secreção de insulina, mas também porque uma maior oferta de carboidratos durante o exercício vai alterar a proporção do uso dos substratos (usando carboidrato ao invés da gordura) como fonte de energia [3].

 

A preocupação do catabolismo proteico durante o exercício e a tentativa de inibir ação do cortisol durante o treinamento de força são duas ações que considero improdutivas, não só pela redução da lipólise, mas também porque o cortisol é um hormônio necessário nas adaptações ao exercício de força, provavelmente atuando nos processos de reparação tecidual. Em condições normais, o cortisol não justifica a fama de hormônio cuja concentração, uma vez aumentada, provocaria um aumento do catabolismo da massa muscular [4]. Finalmente,  estudos demonstram que em condições de estresse prolongado (um determinado exercício) há diminuição da secreção de cortisol (após 30-45 minutos de exercício), tornando infundado o medo de catabolismo muscular durante o treino. Segundo Chris Aceto:   ”Níveis elevados de cortisol permitem o efeito máximo, tanto do GH como da adrenalina. GH e adrenalina estimulam o corpo a quebrar a gordura corporal (lipólise). Se os níveis de cortisol estiverem elevados, você quebra mais gordura do que se eles não estiverem elevados. Cortisol também estimula a quebra das células de gordura independente dos níveis de GH e adrenalina. As chances de um corpo treinado inibir taxas elevadas de cortisol são muito maiores do que daquele corpo estressado, acima do peso, e que não se exercita. Minha opinião sobre o cortisol é de que, na realidade, ele é benéfico para entrar em forma” [5].

 

Sem contar que um corpo sadio prefere usar carboidratos e gorduras como fonte de energia, sendo que não mais que 5-10% de proteína são usadas como fonte de energia durante a atividade física, então suplementar aminoácidos durante o treino para um atleta de força é totalmente desnecessário e improdutivo, pois pode afetar negativamente a lipólise e reduzir os efeitos benéficos e sinérgicos do cortisol.

 

REFERÊNCIAS:

 

[1]  rodolfoperes.com.br/blog/1733/suplementacao-intra-treino–quando-e-quem-deve-utilizar.aspx

[2] Fisiologia do Esporte e do Exercício, 5ª edição.

[3] Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte, 2ª edição.

[4] HIPERTROFIA HIPERPLASIA, 3ª edição.

[5] treinoinsano.com.br/novo/index.php?/topic/4448-refletindo-sobre-o-cortisol-por-chris-aceto/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cortisol

 

abraços, DUDU HALUCH


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Texto bom para o pessoal que acha que o cortisol é um hormonio que deve ser suprimido. E o corpo lá ia gastar energia produzindo coisa que não é necessaria? Ta loco. Curti o texto, boa pesquisa.

 

Cara, até ler esse texto e depois pesquisar mais sobre o assunto, pra mim cortisol só causava maléficios. Vivendo e aprendendo sempre

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