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Anabolizantes: bombas-relógio nos músculos


fisiculturismo

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Anabolizantes: bombas-relógio nos músculos

Marise Muniz

Raquel Afonso

Vera Rita de Costa

Para conseguir um corpo musculoso, é preciso treinar intensamente durante pelo menos um ano. Os anabolizantes aceleram, de forma perigosa, esse processo, produzindo resultados semelhantes em apenas dois meses.

Epidemia silenciosa. É assim que se classifica nos Estados Unidos o uso crescente de anabolizantes artificiais com fins estéticos. Pesquisas recentes mostram que 7% dos estudantes colegiais americanos já foram ou são usuários de anabolizantes e que 9% dos que freqüentam academia os consomem regularmente. É a droga mais encontrada nos exames antidopping feitos pelo Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, embora não tenham sido feitos levantamentos capazes de quantificar o uso dos esteróides anabólicos, pode-se afirmar que o consumo cresce assustadoramente entre a população jovem. E isso acontece sem o menor controle das autoridades da saúde, porque não há no país uma regulamentação destinada a normatizar a venda desses medicamentos. Grande parte dos produtos anabolizantes consumidos internamente vem do exterior e é comercializada no mercado negro.

Desenvolvidos na década de 1950, os anabolizantes ou esteróides anabólicos são produzidos a partir do hormônio masculino testosterona, potencializando sua função anabólica, responsável pelo desenvolvimento muscular, e reduzindo o efeito androgênico, que responde pelas características masculinas, como timbre de voz, pêlos do corpo, crescimento de testículos. Quando administrada no organismo, essa substância entra em contato com as células do tecido muscular e age aumentando o tamanho dos músculos. Em doses altas, os anabolizantes aumentam o metabolismo basal, o número de hemácias e a capacidade respiratória. Essas alterações provocam uma redução da taxa de gordura corporal. As pessoas que os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício físico. Sem grandes esforços, elas atingem a meta de mudar a aparência rapidamente e a um preço acessível - uma ampola custa em média R$ 7 nas farmácias do país.

Embora essas drogas venham com uma tarja na embalagem alertando que o produto deve ser usado com indicação médica, no Brasil qualquer pessoa pode comprá-las sem receita em farmácias e academias. Nos Estados Unidos, onde o controle é rigoroso, esses produtos são comercializados basicamente no mercado negro, que chaga a movimentar quase US$ 1 bilhão por ano. Na França, na Dinamarca e em Portugal quem for pego com uma caixa de anabolizantes sem prescrição médica pode ser preso.

"A solução não está em proibir a comercialização dessas drogas. É preciso encontrar um meio de combater o uso irresponsável e indiscriminado, feito com fins meramente estéticos", afirma o farmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-secretário de Vigilância Sanitária na gestão Adib Jatene no Ministério da Saúde. Carlini alerta que muitos dos anabolizantes consumidos pelos jovens brasileiros têm uso veterinário no exterior.

Estudos científicos mostram que o uso inadequado de anabolizantes pode causar sérios prejuízos à saúde, como problemas cardíacos, hipertensão arterial, distúrbios psicológicos provocados pelo aumento da agressividade, complicações hepáticas e redução de hormônios sexuais. Nos homens, pode haver diminuição na produção de espermatozóides, além de atrofia dos testículos e aumento das mamas. As mulheres podem apresentar aumento do clitóris e crescimento excessivo de pêlos.

A lista dos prejuízos é extensa e incompleta porque, como não há controle, os jovens e atletas usam doses cavalares da droga, e efeitos colaterais desconhecidos ainda podem aparecer. "O mais preocupante é que os usuários sabem disso, mas ainda assim estão dispostos a correr o risco. É abuso de drogas mesmo", denuncia o farmacologista da Unifesp.

Doses cavalares

"Sabe-se que os jovens tomam de quatro a quarenta vezes a dose médica normal dos anabolizantes", afirma o pediatra e endocrinologista Pedro Solberg, professor livre-docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mas conscientizá-los dos perigos dos anabolizantes é tarefa árdua. Muitos efeitos colaterais, como o infarto, demoram alguns anos para se manifestar, e outros, como a agressividade, são reversíveis com a suspensão do medicamento.

"A maioria dos jovens toma anabolizantes por indicação de amigos. E se seus colegas não sofreram nada, eles acreditam que nada vá acontecer também", diz a endocrinologista Maria Lúcia Fleiuss de Farias, professora adjunta da UFRJ e presidente de regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Falar sobre os riscos dos anabolizantes torna-se ainda mais difícil quando a indicação da droga é feita pelo próprio professor da academia ou pelo médico, o que não é incomum. "Um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que o adolescente começa a tomar anabolizantes influenciado em primeiro lugar pelos amigos, depois pelo farmacêutico, em terceiro pelos professores e treinadores e em quarto pelo médico. Esse jovem nunca vai pensar que a droga pode trazer prejuízos se foi o próprio médico que indicou", destaca o especialista em Medicina do Exercício Cláudio Gil Araújo, presidente da Comissão de Educação da Confederação Pan-americana de Medicina Desportiva.

Consumo alarmante

Pesquisa feita pela Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dirigida a profissionais ligados à atividade física, médicos, professores, treinadores, atletas e estudantes da área mostrou que a grande maioria dos 288 entrevistados (71%) concorda que o uso de anabolizantes vem crescendo de forma alarmante no Brasil, sobretudo entre adolescentes. "Eles querem mostrar-se fortes, musculosos, para obter destaque social, mas a maioria nega o uso de meios artificiais para conquistar essa performance" constata o professor de treinamento desportivo Fernando Vítor Lima, que coordenou a pesquisa.

A consulta mostra que 75% dos entrevistadores acreditam que se o usuário declarar que usa anabolizantes para fins estéticos será discriminado nos meios esportivos. Entre atletas, esse uso é ainda mais condenado: 98% dos consultados acham que é uma forma desleal de competição.

Nas contas de Lima, para se obter um físico musculoso, forte e bem-definido, é preciso um treinamento sistemático, intenso, durante pelo menos um ano. Os anabolizantes aceleram esse processo, produzindo resultados semelhantes em apenas dois meses. Mas para manter a musculatura obtida artificialmente, é preciso continuar consumindo a droga. "Quando se interrompe o uso, perde-se muito rapidamente o que se conquistou por esse meio. Manter um corpo musculoso torna-se então quase um vício", deduz o pesquisador da UFMG, que também é professor de musculação da academia Wall Street Fitness, em Belo Horizonte.

Nas academias de musculação e nos grupos que praticam artes marciais, principalmente, o comércio dessas drogas cresce a cada dia. Em alguns locais do Rio de Janeiro o uso dos anabolizantes é tão disseminado que os alunos se matriculam e levam a caixa do remédio na primeira aula. "O consumo pelos jovens já é uma epidemia" confirma Pedro Solberg.

Fernando Lima denuncia a comercialização desses medicamentos por pessoas leigas, que prescrevem altas dosagens de forma totalmente irresponsável. Nos meios competitivos, esse vício também se expande, e os atletas já conseguem desenvolver mecanismos de burlar os exames antidopping. Para se ter uma idéia, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1986, dos 1.480 exames feitos para testar o uso de anabolizantes, apenas sete confirmaram a presença dessa substância.

Uma pesquisa realizada em 125 farmácias de Vitória (ES), entre abril e maio de 1993, constatou que foram vendidas 2.409 caixas de anabolizantes no período. "Só que 1.788 caixas (74%) foram compradas sem receita médica. E as outras 330 caixas foram vendidas com prescrição, o que também é estranho, já que a indicação de anabolizantes é muito restrita", afirma o médico especializado em esportes Luciano Resende, que chefiou o estudo e é também coordenador do controle antidopping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Espírito Santo.

A indicação de anabolizantes se restringe a pouquíssimos casos. O hipogonadismo, doença em que o homem tem uma baixa produção de testosterona (hormônio masculino) é um deles. Doentes com câncer terminal muitas vezes também fazem o uso do remédio para ganhar peso.

Para verificar a razão do abuso das indicações de anabolizantes e esclarecer os farmacêuticos sobre os perigos da venda indiscriminada do medicamento, Resende, também vereador pelo Partido Popular Socialista (PPS) em Vitória, realizou uma audiência pública em setembro de 1997 na Câmara Municipal.

Pílulas e ampolas

Os anabolizantes podem ser encontrados em comprimidos e ampolas. A forma injetábel é a preferida dos malhadores, por agir mais rapidamente. Se ingerida, a droga prejudica ainda mais o organismo, já que precisa ser metabolizada pelo fígado.

A via injetável, entretanto, tem uma complicação extra: o uso comum de seringas. Grande parte dos jovens faz a própria aplicação junto com os amigos da academia. "Apesar de não existirem estatísticas, acredita-se que a incidência do vírus da Aids (HIV) e da hepatite aumentou entre os jovens que usam anabolizantes por via intravenosa por causa do compartilhamento da seringa", afirma Cláudio Gil Araújo.

O médico cita um estudo feito no Canadá, com dezesseis mil adolescentes, publicado na Revista de Medicina Desportiva em janeiro de 1996. "Três por cento dos entrevistados contaram que usavam anabolizantes. Desses 30% o faziam por via injetável e 30% compartilhavam seringas. O risco de esses jovens se contaminarem com o HIV é muito alto", adverte Araújo.

Informação como aliada

O esclarecimento e as campanhas educativas nas escolas e academias parecem ser uma saída para conter o uso indiscriminado de anabolizantes. "O Adolescents Training and Learning to Avoid Steroids - Atlas (Treinamento e aprendizado de adolescentes para evitar esteróides) foi um programa educativo feito nos Estados Unidos através de vídeos e palestras, para mostrar os perigos dos anabolizantes. Os médicos esclareciam as dúvidas sobre a droga em escolas, clubes e academias. Um ano depois, os profissionais checaram se os jovens continuavam usando o medicamento e verificaram que o consumo tinha diminuído", afirma Araújo. "Programa semelhante deveria ser feito no Brasil, porque a tendência é que o consumo de anabolizantes aumente ainda mais se uma postura enérgica não for tomada", avisa o médico.

Segundo Pedro Solberg, não adianta criticar e policiar as atitudes do jovem. "O ideal é conversar e levá-lo a um médico, que pode mostrar alternativas", afirma o endocrinologista. Entre os principais sinais de que a droga está sendo consumida, Solberg destaca o aparecimento súbito de acne, exacerbação da agressividade sem motivo aparente, preocupação excessiva com exercícios físicos, mudança brusca na forma física, crescimento de pêlos no rosto e alteração da voz nas meninas.

Embora considere necessário divulgar informações cientificamente documentadas mostrando os riscos que se corre com o uso indevido de anabolizantes, Fernando Lima avalia que essa não deve ser a única estratégia de combate à disseminação dessa "epidemia". A seu ver, punir e negar os resultados mostraram-se medidas pouco funcionais para inibir o uso. Ele propõe que sejam esclarecidos os ganhos mais duradouros e saudáveis obtidos quando se desenvolve a musculatura através de treinamentos regulares. Propõe também uma campanha educativa capaz de desmistificar a extrema valorização de corpos fortes e bem modelados defendida pela mídia como objeto de prestígio social. "Os jovens são levados a acreditar que, para ter sucesso, precisam de físicos esculturais e buscam conquistar isso a qualquer custo."

Efeitos no organismo

Cérebro

* dores de cabeça

* tonturas

* aumento da agressividade

* irritação

* alteração de humor

* comportamento anti-social

* paranóia

Laringe

* alteração permanente das cordas vocais em mulheres (a voz fica mais grave)

Coração

* aumento do músculo cardíaco, que pode levar a infarto em jovens

Fígado

* aumento da produção da enzima transaminase, responsável pelo metabolismo das substâncias. O órgão passa a trabalhar demais. Foram registrados casos de tumor, cirrose, icterícia e peliosis hepatis (cistos cheios de sangue que podem levar a hemorragias).

Rins e aparelho urinário

* retenção de água. Os rins ficam sobrecarregados e, a longo prazo, podem aparecer tumores, queimação e dor ao urinar.

Aparelho reprodutor

* atrofia dos testículos e dor no saco escrotal

* ginecomastia (crescimento da mama em homens)

* esterilidade feminina e masculina (são necessários de seis a trinta meses para que o homem volte a produzir espermatozóides)

* aumento do clitóris (cresce como se fosse um pequeno pênis)

* alteração do ciclo menstrual

* atrofia do útero e da mama, aumento da libido incialmente e queda depois do uso repetido

Pele

* acne (tipo grave que deixa cicatriz no rosto e no corpo)

* crescimento excessivo de pêlos nas mulheres

* calvície precoce nos homens

* estrias

Músculos

* aumento da massa muscular pelo depósito de proteínas nas fibras musculares

* diminuição da quantidade de gordura do corpo

Sistema lipídico

* redução do bom colesterol (HDL) e aumento do mau colesterol (LDL)

Ligamentos

* mais chances de ruptura por arrancamento

Ossos

* na puberdade, os anabolizantes aceleram o fechamento da epífises (regiões do osso responsáveis pelo crescimento), reduzindo o período de crescimento, resultando em uma estatura menor.

Sistema circulatório e imunológico

* aumento do número de hemácias jovens e diminuição dos glóbulos brancos

* hipertensão arterial

Doping em atletas

O uso dos anabolizantes pode ter outro objetivo que não o aumento da massa muscular: o dinheiro obtido com prêmios em competições esportivas. Atletas profissionais são freqüentemente flagrados nos exames antidoping feitos nos campeonatos.

O corredor Ben Johnson, que conseguiu a incrível marca de 9s79 durante a prova de 100m rasos na Olimpíada de Seul, em 1988, perdeu a medalha de ouro depois que o Comitê Olímpico Internacional (COI) registrou traços do anabolizante estanozolol em sua urina. Além da medalha, Johnson perdeu o prêmio de quinhentos mil dólares pago por um patrocinador.

"Um segundo em uma prova de atletismo faz muita diferença e vale muito dinheiro. As punições para os atletas que usam anabolizantes são brandas se levarmos em consideração o número de pessoas que eles lesam", afirma o médico especializado em Medicina do Exercício, Cláudio Gil Araújo.

O controle efetivo do doping entre atletas é recente. Segundo o coordenador do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o professor Jari Nóbrega Cardoso, foi só a partir da desclassificação de Ben Johnson que os métodos de análise se tornaram satisfatórios. "As técnicas tornaram-se mais sofisticadas e agora conseguimos detectar várias drogas", conta.

O processo é relativamente simples. Uma pequena quantidade de urina do atleta passa por um processo de tratamento que separa as impurezas e concentra um pequeno volume de amostra. Depois, com a ajuda de dois exames - a espectrometria de massas e a cromatografia gasosa - feitos com aparelhos ligados em computadores, é possível verificar se houve uso de anabolizantes.

O resultado é positivo quando aparecem picos quase sem oscilações de testosterona (hormônio masculino e matéria-prima da maioria dos anabolizantes). No organismo normal, as ondas são bem pronunciadas.

O problema do teste antidoping é que o atleta só pode ser punido se forem encontrados traços da droga no organismo e, muitas vezes, o uso é suspenso de três a quatro meses antes da competição - tempo suficiente para o organismo eliminar qualquer evidência. "Nosso trabalho é policial. Se não temos provas nada feito", diz Cardoso. "E dá para perceber claramente os atletas que usaram anabolizantes", completa o outro coordenador do Ladetec, o professor Francisco Radler de Aquino Neto.

Para tentar driblar os atletas inescrupulosos, o COI criou o Out of Competition, exame que pode ser feito em qualquer dia de treinamento, fora do período de competição. "O COI tem a relação dos prováveis atletas convocados das delegações que participam nas competições internacionais e faz o exame de surpresa. Assim pode detectar o uso de anabolizantes antes que o atleta pare de usá-lo", explica Araújo.

Como age a droga

A maioria dos anabolizantes esteróides são derivados sintéticos do hormônio masculino testosterona, geralmente retirado do testículo do boi. A substância faz o anabolismo protéico, um aumento da síntese de proteínas no organismo, que associada a exercícios físicos aumenta a massa muscular e a força.

Tanto homens quanto mulheres produzem normalmente a testosterona, sendo que elas em quantidade muito menor. A hipófise, glândula localizada no cérebro, produz uma substância chamada gonadotrofina que avisa aos órgãos reprodutores que é necessária a produção da testosterona. Quando a testosterona está circulando no sangue, um mecanismo desliga a hipófise, que pára de enviar sinais para o organismo.

Mas quando se consome testosterona sintética, o organismo suspende o comando de liberação de ganadotrofina pela hipófise e, conseqüentemente, as funções dos testículos, onde se fabricam o hormônio e os espermatozóides. Por isso, o uso de anabolizantes causa infertilidade que, na maioria dos casos, é reversível com a suspensão do uso da droga.

Os anabolizantes não esteróides, como os aminoácidos, ajudam a sintetizar proteínas. São como os tijolos de uma parede. Só têm algum efeito se associados a superalimentação e exercícios físicos. Com uma dieta bem balanceada, com grande quantidade de proteínas, obtém-se o mesmo efeito, sem os riscos dos anabolizantes, que variam de sobrecarga dos rins a obesidade.

A falsa produtividade animal

A promessa de se incrementar o ganho de peso animal através de uma droga milagrosa tem seduzido os pecuaristas brasileiros menos avisados. Os aditivos anabolizantes conquistam a cada dia mais espaço entre os produtores rurais interessados em uma alternativa mais fácil para atingir o máximo da produtividade de seus rebanhos em curto espaço de tempo.

"O uso de produtos anabolizantes é incentivado por uma propaganda enganosa, pois nenhuma espécie animal precisa receber aditivos para acelerar seu ganho de peso", denuncia Luís Eustáquio Lopes Pinheiro, presidente do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA). Para otimizar a produção de bovinos, suínos e aves, ele defende a adoção de sistemas de manejo eficientes, boa alimentação e, se possível, a aplicação de tecnologias genéticas de melhoramento.

Pinheiro argumenta que de nada adianta empregar esse tipo de droga - que tem a propriedade de aumentar o peso através da retenção de líquidos - se os animais não são alimentados adequadamente ou deixam de receber os cuidados sanitários devidos para evitar doenças.

O presidente da CBRA avalia que o uso indiscriminado e crescente de anabolizantes na pecuária se deve sobretudo à ausência de normas governamentais que regulamentem seu uso, deixando o campo livre a campanhas publicitárias que conseguem convencer o produtor a abandonar os processos naturais em nome de uma solução mágica. Como não há controle no comércio desses aditivos, seu emprego em animais é feito sem o menor critério. "Na maioria das vezes, os criadores compram drogas contrabandeadas no mercado negro, sem sequer saber o que estão usando", afirma.

Segundo Pinheiro, o desconhecimento dos criadores permite também que a publicidade estimule práticas absurdas. Uma delas é a castração do macho bovino, sob o pretexto de torná-lo mais manso e aumentar o teor de gordura da carne, condição supostamente necessária para congelá-la em frigoríficos. O prejuízo, a seu ver, é duplo: junto com os testículos do animal, elimina-se uma fantástica fonte de anabolizantes naturais, que depois costuma ser reposta com o anabolizante sintético. A carne gorda, por sua vez, encontra cada vez menos adeptos junto ao consumidor moderno, preocupado em reduzir seus índices de colesterol. Ele informa que hoje é possível, através de moderna tecnologia, congelar carne sem gordura sem que ela escureça.

Some-se a isso um fato importante do ponto de vista econômico: nos dias atuais, o mercado importador paga mais caro pela chamada carne "verde" do animal que só come capim, sem vestígios de aditivos sintéticos. "É incompreensível que os produtores brasileiros abandonem essa alternativa natural em favor de soluções artificiais impostas pelos interesses comerciais da indústria de anabolizantes", protesta Pinheiro.

Embora adepto de uma pecuária "verde", o presidente do CBRA não vê no uso de anabolizantes veterinários um risco à saúde humana. Ele alega que, para absorver resíduos significativos de esteróides por essa via, seria preciso ingerir grandes quantidades de carne crua, algo em torno de 20kg quilos por dia. Para Pinheiro, o mais grave é consumir carne com brucelose ou contaminada pelo bacilo da tuberculose, doenças comuns nos rebanhos brasileiros, dadas as precárias condições de controle sanitário.

Mas há quem conteste esse argumento. Para o pesquisador Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), não se pode afirmar com tanta certeza que o consumo de carne contendo aditivos anabolizantes seja inofensivo à saúde humana. Segundo ele, há uma polêmica ainda não resolvida entre os ministérios da Saúde e da Agricultura nesse sentido. Durante sua gestão na Secretaria de Vigilância Sanitária, à época da administração de Adib Jatene, os dois ministérios realizaram um simpósio sobre o tema, mas não chegaram a uma conclusão normativa. "A questão precisa ser amadurecida ainda", pondera Carlini.

In: Ciência Hoje, Rio de Janeiro, vol.22, nº131, set.1997.

Marise Muniz - Especial para Ciência Hoje/MG

Raquel Afonso - Especial para Ciência Hoje/RJ

Vera Rita de Costa - Ciência Hoje/SP

FONTE: Dietanet:

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  • 16 anos depois...

  • Administrador
Em 11/11/2002 em 21:56, fisiculturismo disse:

Pesquisas recentes mostram que 7% dos estudantes colegiais americanos já foram ou são usuários de anabolizantes e que 9% dos que freqüentam academia os consomem regularmente. É a droga mais encontrada nos exames antidopping feitos pelo Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, embora não tenham sido feitos levantamentos capazes de quantificar o uso dos esteróides anabólicos, pode-se afirmar que o consumo cresce assustadoramente entre a população jovem.

Quais seriam esse números hoje?

De acordo com a matéria abaixo citada, seria de aproximados 30% o número de usuários de esteroides nas academias norte-americanas.

https://www.inverse.com/article/55955-anabolic-steroid-survey-misuse

A pesquisa mais recente noticiada no Brasil é de 2009, apontando 10% dos frequentadores das academias como usuários de esteroides:

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1403188-5605,00-PESQUISA+EM+ACADEMIAS+MOSTRA+QUE+USAM+SUBSTANCIAS+COMO+ANABOLIZANTES.html

Esses números não parecem ser muito confiáveis. Caso alguém tenha conhecimento de pesquisas mais recentes e mais confiáveis, seria interessante obter esses dados para entender um pouco mais sobre o uso dessas drogas na prática.

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  • Moderador

Sinceramente, meu chutômetro diz que nas academias brasileiras, considerando de adolescentes a idosos, uns 27% estão em esteroides. Se considerar somente jovens, isso sobe para uns 48%. Se consideramos musas do Instagram, cerca de 97%; e atletas de competição uns 100%.

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  • Moderador

Nas academias que frequento em SP Capitolio.....ninguém usa! kkkkkkk

Cada dia que passo vejo pokemons evolutivos diferentes circulando por tais corredores.......genética está melhorando pessoal! 

Todo mundo nascendo bonito, grande e inteligente onde frequento.....kkkkk

A....mas participando da enquete......de acordo com minha região, nível socioeconômico dos frequentadores, valor de mensalidade, corpos apresentados em sua maioria  e horário que frequento=  jogo 50%/ sem medo de errar.

 

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  • Moderador
31 minutos atrás, Apollo Galeno disse:

Nas academias que frequento em SP Capitolio.....ninguém usa! kkkkkkk

Cada dia que passo vejo pokemons evolutivos diferentes circulando por tais corredores.......genética está melhorando pessoal! 

Todo mundo nascendo bonito, grande e inteligente onde frequento.....kkkkk

A....mas participando da enquete......de acordo com minha região, nível socioeconômico dos frequentadores, valor de mensalidade, corpos apresentados em sua maioria  e horário que frequento=  jogo 50%/ sem medo de errar.

 

 

kkkkk

De jogadores de futebol, como Cristiano Ronaldo às musas do  instagram ... de repente todos ficaram mais musculosos, se compararmos com atletas das décadas de 70, 80, 90. E as meninas (detalhe!) sem celulites e com glúteos que parecem bolas de basquete ! Claro, sem esteroides. kkkk

 

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  • Moderador

Na minha academia por enquanto só eu uso... Nas outras ta cheio de mutações (ele e ela) com genéticas abençoada por Odin... Teve uma que até o dono foi preso por vender e aplicar em alunos...

2 horas atrás, Foston disse:

Sinceramente, meu chutômetro diz que nas academias brasileiras, considerando de adolescentes a idosos, uns 27% estão em esteroides. Se considerar somente jovens, isso sobe para uns 48%. Se consideramos musas do Instagram, cerca de 97%; e atletas de competição uns 100%.

Pela enquete, bem isso... mas acredito que já esteja acima dos 50% os jovens... pode reparar que a grande maioria com 3 a 6 meses já se transformam

Editado por Batata...
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17 horas atrás, Apollo Galeno disse:

Nas academias que frequento em SP Capitolio.....ninguém usa! kkkkkkk

Cada dia que passo vejo pokemons evolutivos diferentes circulando por tais corredores.......genética está melhorando pessoal! 

Todo mundo nascendo bonito, grande e inteligente onde frequento.....kkkkk

A....mas participando da enquete......de acordo com minha região, nível socioeconômico dos frequentadores, valor de mensalidade, corpos apresentados em sua maioria  e horário que frequento=  jogo 50%/ sem medo de errar.

 

Com certeza é por causa das paisagens de Capitólio, e não por causa dos AES..

17 horas atrás, Foston disse:

 

kkkkk

De jogadores de futebol, como Cristiano Ronaldo às musas do  instagram ... de repente todos ficaram mais musculosos, se compararmos com atletas das décadas de 70, 80, 90. E as meninas (detalhe!) sem celulites e com glúteos que parecem bolas de basquete ! Claro, sem esteroides. kkkk

 

O pior mesmo é a Graciane Barbosa jurar que nunca usou esteroides.... se ela nunca usou com certeza ela é um ETE e esta morando no nosso planeta...

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