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Ganho de músculos: limites naturais vs. uso de esteroides - até onde você pode chegar?

Descubra os limites genéticos naturais para ganho de músculo sem esteroides e até onde você pode chegar com corpos hormonizados. Entenda as diferenças.


Cláudio Chamini
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Ganho de músculos: limites naturais vs. uso de esteroides - até onde você pode chegar?

É bem provável que você já tenha se perguntado, principalmente antes de decidir se usar ou não esteroides, quanto músculo é possível construir naturalmente, e quanto músculo é possível construir usando esteroides. 

Por meio da observação de exemplos do mundo real, isto é, por meio de fisiculturistas naturais e hormonizados, e por meio de estudos científicos. 

Limites musculares naturais para um corpo não hormonizado

Vamos começar com a musculatura que é possível adquirir naturalmente. E para isso, vamos mencionar o tamanho de alguns fisiculturistas naturais.

O primeiro exemplo de fisiculturista natural é Jeff Nippard. Ele não é o maior fisiculturista natural do mundo, mas ganhou uma medalha de ouro no Campeonato Nacional de Fisiculturismo Natural do Canadá. Ele treina sem esteroides anabolizantes há cerca de 15 anos. 

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Depois de mais de uma década de treino, conseguiu obter o peso corporal de 72,5 kg quando está definido e 81,6 kg na fase de ganho de massa, contando com apenas 1,65 m de altura. Como a maioria das pessoas, ganhou a maior parte dos músculos nos meus primeiros 5 anos de musculação.

Como os pais de Jeff eram fisiculturistas, aproveitou a experiência delas para treinar com bastante intensidade desde o início. Nos primeiros 5 anos, ganhou cerca de 9 kg de músculo. Nos 5 anos seguintes, colocou um pouco mais de músculo, mas não tanto, apenas mais uns 2,2 kg. 

Nos 5 anos seguintes, os ganhos foram ainda menores, em torno de 1 ou 2 kg.  Somando tudo, isso dá 12 kg de músculos que foram construídos no total. 

Embora algumas pessoas construam mais e outras menos, todo fisiculturista natural que faz a maioria das coisas corretamente poderá ter um crescimento similar, com um crescimento mais rápido no início, e mais lento à medida que se aproxima do seu chamado teto genético natural ou limite natural.

A ciência confirma a forma como Jeff evoluiu. Estudos mostram que os homens tendem a alcançar seu potencial natural máximo após ganhar 9 a 18 kg de massa muscular, e as mulheres tendem a alcançar seu potencial natural máximo após ganhar 5,4 a 10,8 kg de músculos. 

Ainda que alguns entendam ser possível ganhar ainda mais, aumentando gradualmente esse limite natural com estratégias avançadas de treinamento e dieta, esse aumento será marginal, muito pequeno.

Como um natural pode maximizar seus ganhos marginais

Para maximizar seu potencial natural, você precisa treinar duro regularmente. Tem que treinar até a falha ou quase falha muscular, manter uma técnica consistente (execução perfeita dos movimentos), imprimir volume de treinamento suficiente (um bom parâmetro é de 5 a 15 séries por músculo por semana), periodizar os exercícios e métodos de treinamento, buscar adicionar peso ou repetições aos exercícios ao longo do tempo. 

Do lado da dieta, você precisa comer calorias suficientes para atingir um superávit calórico moderado, e precisa comer proteína suficiente (pelo menos 1,6 gramas por quilo corporal). 

Fazendo tudo isso, por 5 a 10 anos, provavelmente você ganhará de 9 a 18 kg de músculo e chegará bem perto do seu potencial natural, do seu limite genético. A depender do estágio inicial e da genética, há casos extremos conhecidos de até 30 kg em ganhos musculares.

Fisiculturistas naturais

Vamos apresentar mais alguns exemplos de fisiculturistas naturais que atingiram ou estão muito próximos de atingir seu pico de desenvolvimento natural:

Gabriel Ortiz: treina há 22 anos. Começou por ter uma auto estima baixa, por problemas de acne conglobata. Esteve internado por 15 dias, e, desde cedo, decidiu ser natural por não poder tomar esteroides. Após 10 anos de treino, inspirado pelo fisiculturismo "normal" com ídolos como Schwarzenegger, Jay Cutler e Frank Zane, ganhou mais de 30 kg de massa muscular, passando de 60 a 90kg, com percentual de gordura entre 11 e 12%. 

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Alex Leonidas: ganhou cerca de 18 kg de músculo em 13 anos de musculação. Com 1,68 m de altura, ele pesava 54,4 kg e pesa hoje 72,5 kg, com uma porcentagem de gordura corporal similar. Ele também fez vários períodos de ganho de massa onde chegou a pesar 90,7 kg com cerca de 20% de gordura corporal. Ele diz que você precisa passar algum tempo em um superávit calórico elevado e com um pouco mais de gordura corporal para maximizar seu potencial muscular natural.

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Geoffrey Verity Scofield: ganhou cerca de 19,5 kg de músculo ao longo de 10 anos de musculação. Com 1,83 m de altura, ele pesava 68 kg e hoje pesa 87,5 kg, com uma porcentagem de gordura corporal similar. Ele fez uma série de ciclos de ganho de massa (bulking) e corte (cutting), chegando a pesar 101,6 kg no seu pico de ganho de massa antes de secar para 87,5 kg.

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Pode ser que algumas pessoas pensem que esses exemplos não são realmente naturais, que, talvez, esses atletas pudessem estar, secretamente, usando esteroides anabolizantes.

Para quem duvida da capacidade do ser humano em desenvolver músculos naturalmente, vamos considerar alguns exemplos de fisiculturistas da era pré-esteroides. Os esteroides anabólicos não foram isolados e sintetizados até o início dos anos 1930, e não foram feitos injetáveis antes de 1935. Qualquer fisiculturista antes dessa data não poderia tê-los usado. 

Os fisiculturistas impressionantes dessa época tinham que ser naturais por uma questão de fato histórico, não havia esteroides anabolizantes. Havia homens e mulheres muito fortes desde a década de 1920, exibindo uma incrível musculatura e definição. 

Havia até fisiculturistas do século XIX com físicos naturais incríveis. Mas, é claro, tanto os métodos de treinamento, quanto os métodos de nutrição melhoraram muito nos últimos 100 anos, e há mais pessoas envolvidas no fisiculturismo hoje em dia.

É extremamente improvável que esses fisiculturistas da era pré-esteroides representem o ápice do que é possível naturalmente. Os melhores fisiculturistas naturais modernos alcançam um desenvolvimento ainda melhor.

Porém, dada a disponibilidade de esteroides hoje, sempre haverá algum ceticismo em relação ao verdadeiro status "natural", tanto que ficou famoso o termo "fake natty" ou "falso natural".

Com os exemplos clássicos, até os mais céticos podem ser convencidos.

John Grimek: foi um dos fisiculturistas mais proeminentes dos anos 30 e 40. Competiu antes de os esteroides serem uma opção e conseguiu construir um físico impressionante, pesando cerca de 90,7 kg, com 1,73 m de altura. Ele foi um dos poucos fisiculturistas que conseguiu manter uma grande quantidade de massa muscular enquanto ainda exibia um nível razoável de definição muscular.

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Steve Reeves: famoso fisiculturista e ator dos anos 40 e 50. Ele tinha um físico incrivelmente equilibrado e estético, pesando cerca de 97,5 kg, com 1,85 m de altura. Ele também alcançou resultados musculares impressionantes antes da era dos esteroides anabolizantes, contando apenas com treinamento intenso e dieta adequada.

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Esses exemplos mostram que é possível alcançar um nível muito bacana de desenvolvimento muscular sem o uso de esteroides anabolizantes, limitado pelo potencial genético natural. 

O poder dos esteroides anabolizantes na construção de massa muscular

O que os esteroides acrescentam? Vamos analisar o que a ciência descobriu até agora. Num dos estudos mais famosos sobre esteroides anabolizantes, realizado por BHASIN e outros, em 1996 (The effects of supraphysiologic doses of testosterone on muscle size and strength in normal men), os pesquisadores dividiram 43 sujeitos em 4 grupos: 

  1. não treinou nem tomou esteroides, eles não fizeram nada; 
  2. treinou naturalmente, sem tomar esteroides; 
  3. treinou e tomou esteroides;
  4. não treinou, mas ainda assim tomou esteroides. 

Portanto, havia um grupo natural que não treinou, um grupo natural que treinou, um grupo que treinou e tomou esteroides, e um grupo que tomou esteroides e não treinou.

Após 10 semanas, esses foram os resultados: 

  1. o grupo que não treinou nem tomou esteroides, previsivelmente, ganhou apenas uma quantidade insignificante de massa muscular, nada significativo. 
  2. o grupo que treinou naturalmente ganhou 2 kg de músculo em 10 semanas. 
  3. o grupo que treinou e tomou esteroides ganhou, em média, 6 kg de músculo. Isso é mais de 3 vezes a quantidade de músculo ganho, injetando apenas 600 mg de testosterona por semana, mantendo todo o resto igual.
  4. o grupo que tomou esteroides e não treinou ganhou 3,2 kg de músculo em 10 semanas. Isso é mais de 1,5 vezes do ganho de músculo do grupo de treino natural, sem nem mesmo treinar, o que é impressionante.

O grupo de estudo injetou 600 mg de testosterona por semana. Seria isso uma dose alta ou baixa pelos padrões de fisiculturismo de hoje? 

Para responder a esta pergunta, ninguém melhor do que um especialista em uso de esteroides anabolizantes para revelar a quantidade de esteroides que as pessoas realmente tomam. 

O especialista anônimo respondeu que depende do contexto do indivíduo. Para um usuário iniciante, seria uma dose alta. A dose de 100 mg é tipicamente representativa de reposição hormonal terapêutica (TRT). 

Doses de 150 a 200 mg por semana, podem ser chamadas de "TRT esportiva", que são níveis de TRT da indústria do fitness, o que permite um nível de testosterona livre acima do fisiológico, ainda que sua testosterona total pareça normal nos exames de sangue. 

Doses de 300 mg ou mais, já são para usuários avançados.

Doses de 500 a 600 mg são típicas de ciclos de fisiculturistas iniciantes.

Fisiculturistas profissionais de extrema performance, nas categorias muito competitivas, podem consumir doses de 1.000 a 5.000 mg por semana.

Portanto, a dose de 600 mg usada no estudo seria considerada uma dose alta pelos padrões de TRT. Todavia, pelos padrões de fisiculturistas competitivos de alto nível, seria uma dose moderada ou baixa. 

A dosagem importa muito. Em 2001, o mesmo grupo de pesquisa, fez um estudo de acompanhamento para ver como a massa muscular se comporta com diferentes doses de esteroides (Testosterone dose-response relationships in healthy young men). 

Desta vez, 61 sujeitos receberam 5 doses diferentes de testosterona. Portanto, houve a divisão em 5 grupos de estudo de acordo com a dose injetada, durante 20 semanas, sendo 1 injeção semanal:

  1. 25 mg;
  2. 50 mg;
  3. 125 mg;
  4. 300 mg;
  5. 600 mg.

Os resultados em ganhos musculares foram diretamente proporcionais à quantidade de droga administrada. O grupo 1 com a menor dose adicionou pouco menos de 0,5 kg de músculo, e essa quantidade foi aumentada até cerca de 9 kg em 20 semanas para o grupo 5. Isso representa 0,5 kg de músculo por semana, em média. E isso é uma média. Alguns usuários do grupo podem ter tido uma resposta muscular muito maior.

Por tudo o que já apresentamos neste artigo, fica fácil ver que um fisiculturista natural em estágio avançado pode ganhar em média 0,5 kg por ano, enquanto que um fisiculturista hormonizado pode ganhar 0,5 kg por semana tomando 600 mg de testosterona. 

Convém anotar que neste segundo estudo os grupos não levantaram pesos. Eles apenas tomaram esteroides. Isso mostra a enorme diferença dos esteroides anabolizantes exógenos na síntese proteica.

Além disso, muitos fisiculturistas de elite da IFBB não considerariam 600 mg uma dose alta. Rumores apontam que fisiculturistas competitivos que tomam de 5 a 10 vezes essa quantidade. 

Fisiculturistas hormonizados

Depois de conferir a ciência por trás dos esteroides anabolizantes e do tremendo ganho de massa muscular que proporcionam, vamos conferir os resultados na prática, analisando os shapes dos fisiculturistas hormonizados. Admiro os físicos de Ramon Dino Queiroz, Shaun Clarida, Chris Bumstead, Arnold Schwarzenegger e Ronnie Coleman.

Ramon Dino Queiroz: é um dos ícones mais recentes do fisiculturismo brasileiro. Desenvolveu um shape de proporções incríveis e com bela simetria. Ele tem 1,81 m de altura. No ano de 2016, ainda natural, ele já ostentava 82 kg. Hoje em dia, em competição, pesa em torno de 103 kg.

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Shaun Clarida: é o atual campeão do Mr. Olympia 212, mas poucas pessoas sabem que, antes de começar sua carreira profissional na IFBB, ele era um fisiculturista natural de nível mundial. De fato, ele alcançou o ápice do que é possível naturalmente antes de começar a usar esteroides, algo que merece muito respeito dos competidores naturais. No campeonato mundial de fisiculturismo natural da WNBF, o evento mais rigorosamente testado para drogas do mundo, Shaun pesava 59 kg no palco. Em cálculos aproximados por fontes on-line, parece que ele ganhou cerca de 9 kg naturalmente, passando de 50 para 59 kg, com 1,57 m de altura. Após alcançar o ápice do esporte naturalmente, começou a usar esteroides e adicionou mais 27 kg ao seu físico. São impressionantes 3 vezes a quantidade de músculo que ele havia conseguido construir naturalmente.

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Chris Bumstead: é o atual campeão do Mr. Olympia Classic Physique e, sem dúvida, um dos maiores fisiculturistas clássicos de todos os tempos. Chris começou a levantar pesos aos 14 anos, quando pesava 77 quilos. Ele conta com 1,85 m de altura. Nos 5 anos seguintes de treinamento natural, ele cresceu para 102 kg aos 19 anos. Isso é um aumento de 25 kg no peso corporal. Chris ganhou 25 kg de músculo naturalmente! Após começar a usar esteroides, ele passou a pesar 120 kg em off, com o que parece ser uma quantidade de gordura corporal similar às imagens anteriores. Isso representa um acréscimo de 18 kg. Neste caso, parece que Chris construiu a maior parte de seu músculo naturalmente, o que é impressionante. Talvez ele não esteja tomando uma quantidade enorme de esteroides e poderia crescer muito mais se quisesse, simplesmente aumentando a dose.

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Arnold Schwarzenegger: talvez o fisiculturista mais famoso de todos os tempos, admitiu usar esteroides durante a sua carreira competitiva. Schwarzenegger competiu na era pré-regulamentação, onde o uso de esteroides era comum e geralmente aceito, não havia antidoping. Ele conseguiu construir um físico que não só era massivo, mas também bem definido, pesando cerca de 106,6 kg com 1,88 m de altura.

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Ronnie Coleman: 8 vezes Mr. Olympia, que também admitiu usar esteroides. Coleman levou o fisiculturismo a um novo nível em termos de tamanho e densidade muscular, pesando cerca de 136 kg em sua forma de competição mais pesada. Esses níveis de massa muscular são absolutamente impossíveis de se alcançar naturalmente, sem o auxílio de hormônios exógenos.

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O poder da genética

No exemplo de Chris Bumstead, temos que falar sobre o poder da genética. Quando olhamos para os resultados do fisiculturismo natural de diferentes pessoas, há uma ampla gama de respostas: algumas pessoas ganham muito pouco músculo, outras ganham uma quantidade massiva, e a maioria das pessoas na linha média de ganhos. 

Assim como há questões genéticas para ganho de massa muscular natural, sem o uso de esteroides anabolizantes, há também a questão genética para a resposta ao uso de hormônios. Assim como há diferenças genéticas em como alguém responde ao treinamento natural, também há diferenças genéticas em como alguém responde aos anabolizantes.

Isso ficou muito claro no estudo de 2001, que já mencionamos acima. O sujeito com a pior resposta ganhou 4 kg de músculo em 20 semanas, enquanto que o sujeito com a melhor resposta ganhou 14 kg de músculo nas mesmas 20 semanas Ambos sem levantar peso, sem fazer musculação. Esse sujeito ganhou mais músculo em 5 meses de uso de esteroides do que muita gente com décadas de treinamento natural. É impressionante.

Com base em todas essas evidências, os esteroides podem facilmente dobrar ou até triplicar seus ganhos musculares, dependendo da sua genética, da quantidade que você toma e do tempo de uso.

Para os fisiculturistas naturais, podemos dizer que o ganho de 9 a 13 kg de massa muscular é comum. Com uma dose moderada de esteroides, a maioria das pessoas provavelmente ganharia mais 9 a 18 kg de músculos. E, se o sujeito estiver disposto a realmente aumentar a dose, pessoas com boa genética poderiam certamente adicionar mais 9 a 18 kg de massa muscular, ou até mais do que isso.

Os riscos no uso de esteroides anabolizantes

Embora os esteroides tenham o maior impacto potencial sobre a quantidade de músculo que você ganha, eles também têm o maior potencial de desvantagens. É importante notar que o uso de esteroides anabólicos vem com uma série de riscos à saúde, com base nos estudos do NIH (National Institute of Drug Abuse), incluindo:

  • Problemas cardiovasculares;
  • Danos hepáticos;
  • Desregulação hormonal;
  • Transtornos psicológicos;
  • Queda de cabelo;
  • Acne;
  • Engrossamento da voz;
  • Aumento do clitoris;
  • Ginecomastia;
  • Aumento dos pelos no corpo;
  • Queda na libido e impotência.

Os efeitos no coração, por si só, já deveriam nos preocupar: há um risco bem estabelecido de pressão alta, coágulos sanguíneos, ataques cardíacos, derrame e danos nas artérias em usuários regulares de esteroides. Além disso, muitas vezes, há efeitos colaterais visuais indesejados, como ginecomastia, calvície, acne, abscessos e pele oleosa.

Certamente é possível mitigar alguns desses efeitos colaterais usando dosagens moderadas e controladas, com monitoramento hormonal regular por um médico. Mesmo assim, você ainda está apostando com sua saúde, quando decide usar esteroides. 

Este não é um artigo pró ou antiesteroides. As pessoas têm o direito de fazer o que quiserem com seus próprios corpos, desde que não prejudiquem os outros. Porém, acho importante que as pessoas realmente entendam o que os esteroides fazem, tanto em relação aos aspectos positivos, quanto negativos.

Explore seu potencial natural antes de usar hormônios

Quem pensa em usar esteroides deve ser inteligente a ponto de ao menos maximizar o potencial natural em primeiro lugar. Isso o forçará a entender o seu corpo, e a aprender a ajustar os parâmetros de treinamento e de nutrição da forma mais eficaz para a sua genética, para o seu físico. 

Esse conhecimento pessoal permite não sentir necessidade de anabolizantes até atingir o limite genético, e confere tempo suficiente para amadurecer uma decisão sensata acerca de tomar ou não esteroides anabolizantes. 

Alcançar o máximo natural, normalmente, não é possível até pelo menos 10 anos de treinamento intenso, inteligente e dedicado. É prudente ter ao menos uma década de musculação com levantamento de peso antes de considerar o uso de esteroides. Esta é a minha modesta opinião.

Caso seu objetivo seja maximizar a sua saúde, em vez da massa muscular extraordinária, é mais condizente permanecer natural, a menos que um médico recomende tratamento hormonal (TRT). 

Também vale mencionar que, dado o que sabemos sobre esteroides e genética, não faz sentido dar valor ao conselho de treino de alguém apenas com base em quão grande essa pessoa seja. Como vimos, o desenvolvimento muscular com o uso de esteroides é extremamente superior. 

Por exemplo, é bastante comum que as pessoas apontem para fisiculturistas que usam esteroides, notem o quanto eles são maiores do que outros praticantes de musculação e usem isso para concluir que seus métodos de treino e nutrição devem ser os melhores. 

É claro que eles serão maiores se estiverem usando esteroides anabolizantes, especialmente se também tiverem boa genética. Reforçando, isso não significa que seus métodos de treino sejam os melhores. E também não significa que seus métodos de treino sejam piores, simplesmente não é um critério de comparação inteligente.

O que determina se alguém dá bons conselhos de treino e nutrição é o raciocínio sólido, baseado na ciência, em evidências científicas, e em evidências práticas, reveladas por anos de experiência. Logo, precisamos avaliar essas evidências com base em seus próprios méritos, não apenas com base no volume muscular da pessoa.

Conclusão

Ficou claro pela pesquisa deste artigo que é possível sim se alcançar um nível bem bacana de desenvolvimento muscular naturalmente, em torno de 10 a 30 kg. Porém, há um limite para o quanto músculo você pode ganhar. Com o uso de esteroides anabólicos, esse limite pode ser aumentado drasticamente, até mais 30 kg aproximadamente, mas com riscos à saúde, que não podem ser subestimados. Se você está considerando usar esteroides, é crucial fazer isso sob supervisão médica e com uma compreensão clara dos potenciais riscos e benefícios.

Fontes de pesquisa

1. BHASIN, S. et al. The effects of supraphysiologic doses of testosterone on muscle size and strength in normal men. The New England Journal of Medicine, v. 335, p. 1-7, 1996. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8637535/>. Acesso em: 6 jun 2024.

2. BHASIN, S. et al. Testosterone dose-response relationships in healthy young men. American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, v. 281, n. 6, p. E1172-E1181, 2001. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11701431/>. Acesso em: 6 jun 2024.

3. HARTGENS, F.; KUIPERS, H. Effects of androgenic-anabolic steroids in athletes. Sports Medicine, v. 34, n. 8, p. 513-554, 2004. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15248788/>. Acesso em: 6 jun 2024.

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5. POPE, H. G.; KATZ, D. L. Psychiatric and medical effects of anabolic-androgenic steroid use: A controlled study of 160 athletes. Archives of General Psychiatry, v. 51, n. 5, p. 375-382, 1994. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8179461/>. Acesso em: 6 jun 2024.

6. SULLIVAN, M. L. et al. The cardiac toxicity of anabolic steroids. Progress in Cardiovascular Diseases, v. 41, n. 1, p. 1-15, 1998. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9717856/>. Acesso em: 6 jun 2024.

7. WILSON, J. D. Androgen abuse by athletes. Endocrine Reviews, v. 9, n. 2, p. 181-199, 1988. Disponível em: <https://academic.oup.com/edrv/article-abstract/9/2/181/2548884>. Acesso em: 6 jun 2024.

8. YESALIS, C. E. et al. Anabolic-androgenic steroid use in the United States. JAMA, v. 270, n. 10, p. 1217-1221, 1993. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8355384/>. Acesso em: 6 jun 2024.

9. GRIFFITHS, J. C.; HALLIDAY, D. Androgenic-anabolic steroids and muscle growth: A review of the literature. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 72, n. 11, p. 841-845, 1979. DOI: 10.1177/014107687907201111.

10. LLEWELLYN, W. Anabolics. 9. ed. Jupiter, FL: Molecular Nutrition, 2009.

11. NIPPARD, Jeff. How Much Muscle Can You Build With & Without Steroids. Disponível em: <https://youtu.be/VD9p9tEP9RE> . Acesso em: 2 jun 2024.

12. KAM, P. et al. Cardiac effects of anabolic steroids. Anaesthesia, v. 53, n. 9, p. 853-865, 1998. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15960720/>. Acesso em: 6 jun 2024.

13. EVANS, N. A. Current concepts in anabolic-androgenic steroids. American Journal of Sports Medicine, v. 32, n. 2, p. 534-542, 2004. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14977687/>. Acesso em: 6 jun 2024.

14. BHASIN, S. et al. Testosterone replacement increases fat-free mass and muscle size in hypogonadal men. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 86, n. 10, p. 4078-4086, 2001. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9024227/>. Acesso em: 4 jun 2024.

15. HARTGENS, F. et al. Effects of androgenic-anabolic steroids in athletes. Sports Medicine, v. 34, n. 8, p. 513-554, 2004. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15248788/>. Acesso em: 4 jun 2024.

16. POPE Jr, Harrison G.; KATZ, David L. Affective and psychotic symptoms associated with anabolic steroid use. The American Journal of Psychiatry, v. 145, n. 4, p. 487-490, 1988. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3279830/>. Acesso em: 4 jun 2024.

17. KANAYAMA, Gen; HUDSON, James I.; POPE Jr, Harrison G. Long-term psychiatric and medical consequences of anabolic-androgenic steroid abuse: A looming public health concern?. Drug and Alcohol Dependence, v. 98, n. 1-2, p. 1-12, 2008. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18599224/>. Acesso em: 4 jun 2024.

18. VAN AMSTERDAM, Jan; OPPERHUIZEN, Ans; HARTGENS, Fred. Adverse health effects of anabolic-androgenic steroids. Regulatory Toxicology and Pharmacology, v. 57, n. 1, p. 117-123, 2010. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20153798/>. Acesso em: 4 jun 2024.

19. SADER, Michelle A.; GRIFFITHs, Kathryn A.; MCCREDIE, Robert J.; WISHART, Susan M.; HANDELSMAN, David J.; CELERMAJER, David S. Androgenic anabolic steroids and arterial structure and function in male bodybuilders. Journal of the American College of Cardiology, v. 37, n. 1, p. 224-230, 2001. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11153743/>. Acesso em: 4 jun 2024.

20. THIBLIN, Ingemar; PETERSSON, Agneta. Pharmacoepidemiology of anabolic androgenic steroids: A review. Fundamental & Clinical Pharmacology, v. 19, n. 1, p. 27-44, 2005. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15660958/>. Acesso em: 6 jun 2024.

21. WENNA, Matheus. Ramon Dino: veja antes e depois do fisiculturista. Disponível em: <https://ge.globo.com/fisiculturismo/reportagem/2024/03/10/c-ramon-dino-veja-antes-e-depois-do-fisiculturista.ghtml>. Acesso em: 6 jun 2024.

Achou este assunto fascinante? Ficou surpreso(a) com a diferença que os esteroides realmente fazem? Deixe a sua opinião nos comentários.

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Comentários

Comentários Destacados

1 hora atrás, fisiculturismo disse:

@Batata... @MashleMuscle @Apollo Galeno @Foston @Bravo Costa qual foi o caso de maior aumento de massa muscular natural e o caso de maior aumento harmonizado que vocês conhecem?

A realidade hj é que quase ninguém usa esteroides pra passar do limite natural rs

Usam pra acelerar msm .. isso já é uma realidade. Vc não vê mais ninguém treinando 5 . 10 anos natural e dizer , pronto cheguei no meu limite , vou usar esteroid pra ir pro próximo nível 

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  • Moderador
12 horas atrás, fisiculturismo disse:

qual foi o caso de maior aumento de massa muscular natural e o caso de maior aumento harmonizado que vocês conhecem?

Só é possível afirmar com tranquilidade em relação aos atletas até o final da década de 40.

A partir daí tem muita mentira em jogo.

 

Houve um Mr. Olympia com antidoping, vejam como estavam pequenos:

 

Ronnie Coleman venceu muitas competições natural. Dizem que o seu primeiro Olympia foi assim:

 

 

 

 

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  • Administrador
Em 07/06/2024 em 13:50, MashleMuscle disse:

A realidade hj é que quase ninguém usa esteroides pra passar do limite natural rs

Usam pra acelerar msm .. isso já é uma realidade. Vc não vê mais ninguém treinando 5 . 10 anos natural e dizer , pronto cheguei no meu limite , vou usar esteroid pra ir pro próximo nível 

É verdade. Para quem tem certeza que irá competir nas categorias mais pesadas do fisiculturismo, faz sentido antecipar o processo de ganho de massa muscular e ter mais tempo de competição.

Para quem não vai competir, talvez não seja a melhor decisão. Mas isso cabe a cada um...

18 horas atrás, Foston disse:

Só é possível afirmar com tranquilidade em relação aos atletas até o final da década de 40.

A partir daí tem muita mentira em jogo.

Fato. Assim que disponíveis os hormônios, fica bem difícil acreditar num fisiculturista natural com volume acima da média.

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  • Administrador
18 horas atrás, Foston disse:

Houve um Mr. Olympia com antidoping, vejam como estavam pequenos:

 

Palhaçada o que fizeram com o Shawn Ray. Certamente que não havia nenhum natural no palco. E ele virou bode expiatório. A lógica do equilíbrio no esporte fisiculturismo parece simples: se todo mundo usa, estão todos no mesmo jogo, a competição está equilibrada. Sem ninguém usa, como se supõe no fisiculturismo natural, o atleta que viola a regra desequilibra o jogo e deve ser excluído.

18 horas atrás, Foston disse:

 

 

Muito interesante! O marco para a testosterona é 1935.

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