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Pesos leves ou pesados para fazer o músculo crescer?

Uma das dúvidas para comuns para aqueles que querem ganhar músculos é sobre a carga a ser utilizada e o número de repetições.


Cláudio Chamini
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Pesos leves ou pesados para fazer o músculo crescer?

Pesos pesados ou leves para mais músculos?

Você já se perguntou se pesos pesados ou se pesos leves são mais eficazes para construir músculos? Você não está sozinho. Esta questão tem sido objeto de amplos debates entre entusiastas do mundo do fisiculturismo e do fitness por anos. Para responder a essa pergunta, vamos analisar um experimento.

Experimento com o supino com halteres (carga x repetições)

No experimento, José, um praticante de musculação, foi filmado fazendo supino com halteres. Em um lado (A), ele estava usando um peso que era o seu máximo para 8 a 10 repetições. No outro lado (B), ele estava usando um peso muito mais leve, que era seu máximo para 20 a 30 repetições.

José chega à falha no lado A, mas continua o exercício no lado B, até a 24ª repetição. E agora? Qual dos dois métodos é mais eficaz para construir músculos? Mais carga e menos repetições ou menos carga e mais repetições?

A resposta pode surpreender você. Se você respondeu pesos pesados, você poderia estar certo. Se você respondeu pesos leves, você também poderia estar certo. Na verdade, se você respondeu ambos, você definitivamente estaria certo.

Isso ocorre porque a eficácia de pesos pesados versus leves para a construção muscular depende de uma compreensão do contínuo de repetições. Quando você entende isso, pode fazer qualquer um desses métodos funcionar.

Os estudos já realizados

Há muitos estudos que provam que você pode construir músculos em qualquer uma dessas faixas de repetições (8 a 10 ou 20 a 30). Na verdade, a ciência real está sendo feita sobre isso todos os dias. Um desses cientistas, Dr. Brad Shonfeld, tem feito muitas pesquisas nessa área.

Ele descobriu que, contrariamente à crença popular, fazer mais de 12 a 15 repetições não é apenas melhor para o cardio. Na verdade, a literatura, agora, mostra de forma convincente que você pode ganhar músculos mesmo com um número alto de repetições.

Vários estudiosos, incluindo o do Dr. Brad Shonfeld, têm feito muitas pesquisas sobre este tópico. Eles mostraram que é possível ganhar quantidades semelhantes de músculo, independentemente da carga, em uma ampla gama de repetições, até 30 a 40 repetições. Há uma grande quantidade de pesquisas sendo feitas para mostrar isso.

Diferentes estímulos para o crescimento muscular

Existem diferentes estímulos que impulsionam o crescimento muscular. Os três principais são:

  • alta tensão que obtemos nas faixas de repetição mais baixas (6 a 8);
  • sobrecarga excêntrica que é muito possível à medida que chegamos a essas faixas intermediárias (10 a 12);
  • estresse metabólico que podemos obter à medida que chegamos a essas repetições mais altas (20 a 30).

Saber como aplicar esses estímulos é fundamental se você quiser ver os ganhos de todas essas faixas de repetição.

A primeira coisa que você precisa entender é que sua margem de erro ao aplicar esses diferentes estímulos para o crescimento se torna muito estreita quando você chega a essa faixa de um número muito elevado de repetições.

A repetição que importa  em termos de sua capacidade de produzir crescimento é aquela que leva você à falha, e eu quero dizer a falha real.

Para que os diferentes estímulos sejam eficazes, em todos eles, o número de repetições deve levar à falha ou à quase falha muscular. O exercício deve ser feito na intensidade máxima para o número de repetições.

Falha real

Quando você olha para a escala de repetições novamente, o que acontece é que a escala de subjetividade se torna muito ampla à medida que entramos nessas faixas de repetições mais altas.

Ninguém vai questionar o que se sente ao atingir a falha. Quem treina sabe muito bem o que é isso. Sabe quando a musculatura para de reponder e não consegue mais executar nenhuma repetição adicional.

Quando você está treinando para ficar grande e está usando pesos muito pesados, você sabe muito bem quando atinge a falha, é muito evidente a falha com pesos pesados e séries de no mínimo 6 ou 8 repetições.

Mas quando se trata de séries de até 40 repetições, começa a ficar um tanto confusa a questão de se atingir ou não a falha muscular.

Você realmente está alcançando a falha quando começa a sentir a musculatura queimar? Isso não é falha.

Isso não é estímulo suficiente para crescer. Você tem que focar em chegar à falha mesmo com o número elevado de repetições, ou seja, não ser capaz de realizar mais nenhuma repetição adicional.

Dosar a carga para a falha com repetições elevadas é bem mais difícil.

No experimento, para que os estímulos sejam equivalentes para hipertrofia, José deve ser incapaz de fazer mais repetições com o peso muito pesado e com o peso mais leve.

Estamos falando de empurrar  os halteres num nível extremo de queimação até que os halteres não possam se mover mais. Aí sim tanto os pesos muito pesados, quanto os pesos leves, são igualmente eficazes para a construção muscular.

Por que usar pesos pesados e pesos leves?

Todos os estímulos musculares, com pesos pesados ou com pesos leves, servem como estímulo para crescimento muscular e que você vai precisar adotar em algum momento. As pessoas que querem sempre levantar pesos muito pesados vão descobrir que esse caminho vai deixar de funcionar em algum momento.

Em razão disso, começam exagerar na sobrecarga excêntrica, que funciona muito bem com poucas repetições.

Todavia, isso pode criar danos musculares que podem provocar uma dor muscular que pode diminuir a frequência de treinamento, por causa dos efeitos posteriores de ter que treinar com essa dor muscular.

Isso começa a se tornar um impedimento para continuar o treinamento. E a necessidade de periodização do treino com estímulos diferentes entra em cena.

Usar a estratégia de periodização com pesos mais leves e mais repetições é uma alternativa para renovar a eficiência dos estímulos do treino, para prevenir lesões e para vencer a estagnação ou plateau.

Foco na força e na hipertrofia

Muitos usuários aqui do site estão focados em força e hipertrofia. Mesmo focando em força, sugiro:

  • 60% de cargas muito pesadas;
  • 30% de cargas moderadas;
  • 10% de cargas leves.

As primeiras séries de um exercício podem ser realizadas com um propósito de preparação neurológica para as cargas mais pesadas e menos repetições.

Em outras palavras, as primeiras séries preparam seus músculos, e os músculos auxiliares que ajudam os músculos maiores, para a execução das séries com cargas muito pesadas.

Foco apenas na hipertrofia

E as pessoas que não querem saber de força, apenas de hipertrofia, que são a maioria dos usuários deste site, que só querem construir músculos, qual deve ser a sua divisão? Eu sugiro:

  • 25% de cargas muito pesadas;
  • 50% de cargas moderadas;
  • 25% de cargas muito leves.

Você precisa seguir todos os três estímulos musculares -  tensão, estresse excêntrico e sobrecarga metabólica - se quiser construir a maior quantidade possível de músculo. 

A importância do peso leve

Reservar um lugar em seu treinamento para esse trabalho leve, mesmo que seja apenas treinamento com o peso do corpo, é incrivelmente importante. Não apenas para construir o máximo de músculo, mas para ser o mais funcionalmente capaz.

Isso porque temos que ser funcionais nas atividades do dia a dia, e não apenas num dia de apresentação num palco de competição de fisiculturismo.

Faça esse trabalho leve, mas certifique-se de que esteja fazendo isso da maneira certa, que esteja aplicando essa intensidade adequada, um alto esforço. Aprenda a viver com a queimação e depois vá mais longe até não conseguir sustentar mais uma repetição.

Conclusão

Não é fácil treinar com elevadas repetições com pesos leves e chegar à falha. Você pode ficar muito cansado ao fazer isso. É realmente difícil ter o foco mental para fazer isso repetidamente. Mas se você reservar apenas 25% do treino com essa estratégia, fica mais fácil. Ao final, o que queremos é construir o máximo de músculo, e para isso temos que nos esforçar com pesos leves e muito pesados, todos os tipos de estímulo são importantes.

Fontes de consulta

1. GO OUTSIDE. A ciência por trás dos pesos leves e pesados para o crescimento muscular. Disponível em: https://gooutside.com.br/a-ciencia-por-tras-dos-pesos-leves-e-pesados-para-o-crescimento-muscular/. Acesso em: 28 mar. 2024.

2. ATHLEAN-X. Heavy vs Light Weights for Muscle Growth. Disponível em: https://youtu.be/qx4vTFBSofk. Acesso em 28 mar. 2024.

3. HÁBITOS SAUDÁVEIS. Pesos leves vs pesos pesados (para o crescimento muscular). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V2riBm3FTPQ. Acesso em: 28 mar. 2024.

4. MUNDO DO CURIOSO. A ciência por trás de pesos leves versus pesos pesados para o crescimento muscular. Disponível em: https://mundodocurioso.com.br/a-ciencia-por-tras-de-pesos-leves-versus-pesos-pesados-para-o-crescimento-muscular/. Acesso em: 28 mar. 2024.

5. SILVA, A. C., & GENTIL, P. (2019). Efeitos do treinamento de força com pesos leves versus pesos pesados sobre a hipertrofia muscular e força máxima em jovens adultos: Uma revisão sistemática e metanálise. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 25(1), 5-14.

6. WILLARDSON, J. M., & GENTIL, P. (2010). Treinamento de força com pesos leves e moderados: Uma revisão de mecanismos e aplicações. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 16(6), 381-388.

7. LIMA-COSTA, F. R., GENTIL, P., & OLIVEIRA, A. R. (2015). Efeitos do treinamento de força com pesos leves versus pesos pesados sobre a composição corporal e desempenho de força em mulheres jovens. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho, 17(3), 232-241.

8. MARINHO, D. S., TELLES, R., NETO, M., & GENTIL, P. (2016). Efeitos agudos do treinamento de força com pesos leves versus pesos pesados sobre a atividade da mTOR e Akt em homens treinados. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 22(5), 324-329.

9. SOUZA, R. A., & GENTIL, P. (2018). Treinamento de força com pesos leves para hipertrofia muscular: Uma revisão crítica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 24(2), 113-122.

10. CARVALHO, T. R., & GUEDES, L. E. (2012). Efeitos do treinamento de força com diferentes cargas sobre a hipertrofia muscular e força máxima em homens jovens. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho, 14(2), 117-127.

11. CARVALHO, T. R., & GUEDES, L. E. (2014). Treinamento de força com cargas variadas: Uma revisão sistemática e metanálise. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 20(6), 417-426.

12. OLIVEIRA, A. R., & GENTIL, P. (2017). Treinamento de força com pesos leves versus pesos pesados para reabilitação de lesões musculares: Uma revisão sistemática e metanálise. Revista Brasileira de Fisioterapia, 21(4), 315-324.

13. OLIVEIRA, A. R., & GENTIL, P. (2019). Treinamento de força com pesos leves versus pesos pesados para melhora da performance em diferentes modalidades esportivas: Uma revisão sistemática e metanálise. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 25(4), 247-256.

14. SILVA, A. C., & GENTIL, P. (2020). Treinamento de força com pesos leves versus pesos pesados para idosos: Uma revisão sistemática e metanálise. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 23(1), 74-83.

Espero que este artigo tenha sido útil para você. Se você ainda tiver alguma dúvida, por favor, deixe nos comentários. Caso já tenha experimentado diversas técnicas de treinamento com pesos leves e com pesos pesados, conte a sua experiência nos comentários.

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Comentários

Comentários Destacados



  • Moderador
Em 25/04/2024 em 01:39, Foston disse:

Mas, quando me refiro à apneia, estou me referindo àqueles exercícios REALMENTE pesados, como é o caso do agachamento (e, para mim, ao menos, o supino).

Outro exemplo :

 

 

Fonte:

https://www.instagram.com/reel/C6RL3bPL1vM/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

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  • Administrador
7 horas atrás, Foston disse:

Muito interessante. Vou fazer dessa forma (inspirar na fase inicial, fazer o bracing, manter a apneia durante todo o movimento, e expirar na fase final, repetindo o processo). Essa forma de respiração é interessante para todos os exercícios ou é específica para o agachamento?

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  • Moderador
5 horas atrás, fisiculturismo disse:

Essa forma de respiração é interessante para todos os exercícios ou é específica para o agachamento?

O benefício da apneia é o aumento de força, porém, ela induz à tontura. O ideal, quando isso ocorrer, é respirar bastante antes do póximo moviemento da repetição.

Por conta dessa tontura, a apneia só é interessante com cargas pesadas.

Assim, quando é possível fazer repetições acima de 12 (peso mais leve), a apneia pode atrapalhar, ao invés de ajudar.

Portanto, essa forma de respiração é interessante para todos os exercícios mais pesados.

 

 

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Em 30/04/2024 em 14:48, RenatinhaSA disse:

Tema excelente para um artigo, pois sempre surge a mesma pergunta: existe um momento certo para incluir esse tipo de exercício nos treinos? Por exemplo, uma iniciante que possui volume extremamente reduzido nos glúteos, seria melhor focar em exercícios multiarticulares, como leg press e agachamento, inicialmente? E a relação entre as cargas baixa e alta? 

São muitos temas interessantes para novos artigos. A produção não pode parar...

4 horas atrás, Foston disse:

O benefício da apneia é o aumento de força, porém, ela induz à tontura. O ideal, quando isso ocorrer, é respirar bastante antes do póximo moviemento da repetição.

Po conta dessa tontura, a apneia só é interessante com cargas pesadas.

Assim, quando é possível fazer repetições acima de 12 (peso mais leve), a apneia pode atrapalhar, ao invés de ajudar.

Assim sendo, essa forma de respiração é interessante para todos os exercícios mais pesados.

Acho que esse artigo sobre a melhor forma de respirar durante os exercícios poderia ser escrita pelo @Foston que já manja muito do assunto!

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