Uma Durateston® por semana: é possível ficar realmente grande?
Muitas pessoas buscam atalhos para alcançar o corpo dos sonhos, e o uso de esteroides anabolizantes é, infelizmente, um caminho frequentemente considerado. Mas será que uma dose semanal de Durateston® é suficiente para "ficar grande" de verdade? O Dr. Gabriel Feitosa esclarece essa questão de forma objetiva e responsável.
O que é Durateston®?
Antes de tudo, é fundamental entender o que é Durateston®. Trata-se de um medicamento composto por um blend de quatro ésteres de testosterona: propionato, fenilpropionato, isocaproato e decanoato. Cada ampola contém 250mg dessa combinação.
Dose de reposição vs. dose para fins estéticos
É crucial diferenciar a dose de reposição hormonal daquela utilizada para fins estéticos ou de performance. Uma dose de reposição gira em torno de 100mg de ésteres de testosterona por semana. A posologia mais convencional de Durateston®, encontrada em bula, é de uma aplicação a cada 21 dias. Portanto, uma ampola de DuratestonR por semana (250mg) não é uma dose de reposição, sendo 2,5 vezes maior que a dose fisiológica.
Riscos e considerações
O Dr. Gabriel é enfático: o uso de Durateston® na dosagem de uma ampola por semana, para fins estéticos, não possui indicação médica e não é considerado saudável. Embora possa haver uma indicação clínica em casos de deficiência de massa muscular (sarcopenia com dinapenia), onde uma dose suprafisiológica poderia melhorar a qualidade de vida, esse não é o caso da maioria dos usuários que buscam ganhos estéticos ou de performance.
É uma "low dose"?
Embora 250mg possa parecer uma dose baixa em comparação com as doses usadas por alguns fisiculturistas (que podem chegar a gramas de esteroides), ainda é uma dose considerável, capaz de gerar efeitos anabólicos, mas também efeitos colaterais, especialmente com uso prolongado. O tempo de uso, aliado à dose, é um fator crucial na exacerbação dos efeitos colaterais, principalmente no sistema cardiovascular.
O que é "ser grande"?
A definição de "ser grande" é subjetiva. Se o objetivo é um físico de praia, mais fitness, uma Durateston® por semana pode, sim, contribuir para alcançar esse objetivo. Dependendo da genética e da disciplina do indivíduo, esse físico pode até ser alcançado naturalmente.
No entanto, atingir o nível de um fisiculturista profissional com essa dose é irreal e impossível. Mesmo com doses elevadas, o fisiculturismo profissional é um patamar para poucos, exigindo uma genética excepcional não apenas para responder aos esteroides, mas também para suportar os severos efeitos colaterais.
Hormônios não fazem milagres
É fundamental entender que o uso de esteroides não substitui uma base sólida de dieta e treino. O hormônio amplifica um resultado que já está sendo bem construído. Sem uma rotina adequada de treino e alimentação, o usuário estará se expondo a riscos desnecessários, com mais colaterais do que benefícios.
O receptor androgênico muscular precisa de estímulos adequados para promover a hipertrofia. Sem isso, o hormônio atuará em outras áreas, gerando efeitos colaterais indesejados.
O que diz a ciência?
Um estudo com enantato de testosterona (farmacocinética e farmacodinâmica muito semelhantes à Durateston®) em jovens saudáveis, por 20 semanas, analisou os efeitos de diferentes doses na composição corporal. Os participantes mantiveram uma dieta de 35 kcal/kg e 1,3g/kg de proteína, com treino controlado, embora não detalhado.
Os resultados mais significativos foram observados nas doses de 300mg e 600mg, com ganho médio de peso corporal de 4,7kg. Vale ressaltar que esse ganho não é apenas de massa muscular e também é influenciado pelo treinamento.
Além disso, o estudo indica que esses resultados poderiam ser otimizados com ajustes na dieta e no treino.
Fatores que influenciam os resultados
Diversos fatores influenciam os resultados do uso de Durateston, como:
- Genética: a genética individual determina a resposta ao esteroide e a tolerância aos efeitos colaterais.
- Tempo de uso: o uso prolongado aumenta os riscos, mesmo em doses baixas.
- Hábitos de vida: sono adequado, controle do estresse, abstenção de tabagismo e álcool são fundamentais. Usar esteroides como "muleta" para compensar maus hábitos é um erro grave.
Na prática
Uma Durateston® por semana pode amplificar ganhos musculares em indivíduos com uma base sólida de treino e dieta, mas não construirá um corpo de fisiculturista. Pode servir como dose de manutenção para atletas que já possuem um físico desenvolvido, mas os riscos à saúde, principalmente cardiovascular, permanecem.
Conclusão
O uso de uma Durateston® por semana não é uma solução mágica para "ficar grande". Embora possa trazer algum benefício estético, os riscos à saúde são consideráveis, especialmente a longo prazo. É fundamental priorizar uma base sólida de treino, dieta e hábitos saudáveis. O Dr. Gabriel Feitosa contraindica o uso de esteroides anabolizantes para fins estéticos e enfatiza a importância de buscar orientação médica especializada para quem considera essa opção, a fim de avaliar os riscos e benefícios de forma individualizada.
Fontes de consulta
1. FEITOSA, Gabriel. 1 DURATESTON por semana: Dá para FICAR GRANDE?. Disponível em: <https://youtu.be/g3YDGLa2pWg>. Acesso em: 3 jan. 2025.
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