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Treinamento Resistido e Planejamento Alimentar


Sanderson Cavalcanti
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Treinamento Resistido e Planejamento Alimentar

As calorias ingeridas e gastas, o valor calórico dos alimentos, o acréscimo e a intensidade de carga e o trabalho muscular na sessão de musculação, diretamente induz a um remodelamento gradativo no aspecto físico do corpo humano como um todo, ou seja, diretamente diz respeito no ganho e na perda de peso corporal. Assim sendo, remodelar por etapas o aspecto físico do corpo humano por meio de sessões diárias de musculação, envolve o incremento da massa muscular e a redução do percentual de gordura corporal. Todavia, seja o remodelamento corporal por meio do incremento de massa e aumento ou definição da hipertrofia muscular, e ainda, seja o remodelamento corporal por meio da redução ou acréscimo do percentual de gordura, a modificação da compleição física do corpo humano envolve, consequentemente, a existência de um planejamento alimentar devidamente adequado ao tipo de treinamento resistido a ser posto em prática durante uma sessão de musculação.

Adequar corretamente o planejamento alimentar ao treinamento resistido requer direcionar um programa nutricional particularizado, para diferentes tipos biotipológicos de uma pessoa submetida a trabalhos mecânicos expressos por exercícios numa sessão de musculação. E, adequar corretamente todo um programa nutricional particularizado para diferentes tipos biotipológicos de pessoas envolvidas numa sessão de musculação, exige por outro lado, que se estabeleça um ajustamento no consumo e no gasto calórico de praticantes mesomorfo, endomorfo ou ectomorfo. Direcionar um programa alimentar para o praticante de musculação mesomorfo, endomorfo ou ectomorfo, requer um plano de refeições fracionadas ao longo do dia, uma boa reposição hídrica, um equilíbrio na distribuição calórica dos nutrientes, uma adequação e ajustamento no consumo dos tipos de carboidratos, proteínas e gorduras, e também, uma estratégia suplementar apropriada e devidamente ajustada para os períodos pré e pós-treino, a fim de elevar ao máximo o alcance das metas de um treinamento resistido em particular.

De forma geral, um dos anseios mais almejados pelos praticantes de musculação submetidos a treinamentos resistidos diários, diz respeito à aplicação direta da atividade física quanto ao incremento da hipertrofia, à perda ou ao controle do peso corporal mediante a definição muscular. Entretanto, incrementar a hipertrofia muscular ou definir toda musculatura corporal não envolve apenas a atuação do professor de educação física. Para isto, é fundamental que haja uma atuação interdisciplinar entre o professor de educação física e o nutricionista, a fim de estabelecer por uma estratégia eficiente que satisfaça objetivos diferenciados, objetivos estes, relativos ao desenvolvimento e ao fortalecimento muscular, e também, à redução do percentual de gordura corporal e ao ganho de massa muscular.

Contudo, nem sempre professores de educação física e nutricionistas desportivos estão plenamente de acordo, quando o assunto em questão é planejamento alimentar. De início, é importante estar atento para a grande diferença que existe entre as pessoas que se enquadram no perfil de um sedentário, esportista ou atleta de alto nível, bem como, entre aqueles que se enquadram no perfil de um praticante iniciante, intermediário ou avançado. Observa-se que, muitos praticantes de musculação experientes desconhecem sobre as quantidades dietéticas ideais de macronutrientes e de micronutrientes incluídos nas refeições, assim como também, não possuem um conhecimento seguro e suficiente sobre a modulação da composição dietética ideal dos macronutrientes consumidos em grandes quantidades (gramas) por dia, e dos micronutrientes consumidos em pequenas quantidades (miligramas ou microgramas) por dia. Abre-se assim, a possibilidade de uma reflexão do ponto de vista teórico, sobre a estratégia nutricional e suplementar comumente adotada por sedentários, esportistas ou atletas de alto nível, assim como, por praticante de musculação iniciante, intermediário ou avançado.

De início, uma reflexão sobre estratégia nutricional ou suplementar expõe uma análise de algumas diretrizes metodológicas que remetem a noção do equilíbrio entre as calorias ingeridas e as gastas. A primeira diretriz consiste na inter-relação bioquímica que se dá entre o metabolismo dos carboidratos, das proteínas e das gorduras, assim como, na inter-relação dos efeitos fisiológicos que se dão sobre o tempo de esforço expresso por um trabalho muscular. Pela segunda diretriz, quando ocorre uma sequência de fenômenos fisiológicos, a reação bioquímica envolvida será desencadeada pelo consumo e pelo gasto energético. Pela terceira diretriz, é dado saber que a maioria dos alimentos existentes numa refeição contém diferentes valores calóricos, e esta variação calórica induz por uma substituição nos alimentos incluídos na dieta, uma vez que a prática de toda dieta incita, consequentemente, na mudança de um hábito alimentar. A quarta e última diretriz estabelece a necessidade de um nexo entre quantificação do dispêndio energético, produção e liberação de energia, bem como, de um nexo entre a termogênese de indução dietética e a conversão energética decorrente da glicogênese e da glicogenólise.

Toda mecânica de exercícios oriundos do treinamento resistido envolve uma resposta metabólica que decorre da nutrição e do rendimento ao trabalho muscular. Assim sendo, dependendo do objetivo, a nutrição e o trabalho muscular pode induzir uma alteração no balanço energético negativo, quando se almeja perda do peso corporal por definição muscular, e ainda, pode induzir uma alteração no balanço energético positivo, quando se almeja aumento do peso corporal por ganho de massa muscular. Desta forma, consolidar o equilíbrio entre o dispêndio e o consumo energético mediante o rendimento ao trabalho muscular, exige um monitoramento no que se refere a uma adequada contagem de calorias no intuito de satisfazer a demanda energética ou para o balanço energético negativo ou para o balanço energético positivo. O monitoramento no que diz respeito à contagem de calorias pode não ser um método muito prático para quem não têm tempo de elaborar um cardápio com limites calóricos ideais. Por outro lado, este procedimento é muito útil nos primeiros estágios da dieta, uma vez que instrui sobre o conhecimento do que é permitido ou não consumir, propiciando uma forma consciente sobre como substituir um alimento por outro quando se tem por objetivo a perda ou o ganho de peso corporal.

A contagem de calorias exige certa perseverança e paciência, pois envolve uma investigação quantitativa e qualitativa dos alimentos a serem consumidos durante as refeições fracionadas ao longo dos dias da semana. A investigação quantitativa consiste num procedimento que visa determinar o valor calórico de cada alimento, no intuito de se fazer um somatório do consumo diário das colorias ingeridas ao final de um dia. Já a investigação qualitativa, consiste num procedimento que visa selecionar e priorizar nutrientes ideais, mediante o perfil glicêmico, lipídico e proteico. Em principio, um bom planejamento alimentar para aqueles que se submetem ao treinamento resistido regular, é aquele que busca de forma geral, estabelecer uma dieta bem balanceada. Dieta esta, composta de quantidades adequadas e apropriadas de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Uma vez ajustada às necessidades diárias de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, um praticante de musculação irá conseguir ótimos resultados no desenvolvimento e no remodelamento corporal, e irá configurar corretamente, o aspecto nutricional que satisfaça uma demanda energética tanto para definição quanto para ganhos de massa muscular.

Para os que se submetem a uma sessão de musculação, a melhor fonte de carboidrato a ser utilizada 1 hora antes da prática de um exercício resistido, é aquela constituída por carboidratos de baixo índice glicêmico e, a melhor fonte de carboidrato a ser utilizada após a prática de um exercício resistido, é aquela constituída por carboidratos de alto índice glicêmico. Entretanto, praticantes de musculação suscetíveis à queda da glicemia não devem ingerir carboidratos de alto índice glicêmico, para evitar a hipoglicemia reativa. Uma vez que, níveis elevados de insulina inibem a lipólise, o que reduz a mobilização de ácidos graxos livres do tecido adiposo e, ao mesmo tempo, promove aumento do catabolismo dos carboidratos, contribuindo desta forma, para a depleção prematura do glicogênio e fadiga precoce.

A melhor fonte de proteína é de origem animal, ou seja, é aquela encontrada especialmente na carne vermelha ou branca, ovos e leite. A carne vermelha possui, além do excelente teor proteico, nutrientes necessários para a produção de energia, tais como, ferro, vitamina B12 e zinco, que é um mineral associado com a produção de hormônios anabólicos, incluindo a testosterona e IGF-1. Com relação aos possíveis malefícios decorrentes do consumo de carne vermelha, estes dizem respeito quanto à ingestão excessiva de cortes mais gordos. Assim sendo, para os que se submetem a uma sessão de musculação, recomenda-se o consumo moderado de cortes magros que contenham baixo teor de gordura saturada. Quanto ao consumo do ovo, existe uma má reputação devido à gema ser rica em colesterol. No entanto, para controlar a ingestão calórica¸ uma boa opção seria desprezar algumas gemas, ingerindo-se apenas as claras.

A melhor fonte de gordura é aquela que provém dos ácidos graxos ômega três, que são tipos de gorduras que constituem uma classe especial de ácidos graxos poli-insaturados. Para aqueles que se submetem a uma sessão de musculação, é interessante manter um aporte lipídico com 1/3 de gorduras saturadas, e com 2/3 resultantes de gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas. O ácido graxo ômega três pode alterar a composição da membrana muscular, melhorando o transporte da glicose e reduzindo a degradação proteica, além de favorecer um maior estímulo na produção de testosterona e hormônio do crescimento.

As vitaminas e os minerais são nutrientes que não oferecem calorias, mas são de grande importância para o metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras, assim como também, para o bom funcionamento orgânico no combate contra radicais livres. Através de uma alimentação balanceada e equilibrada, que esteja de acordo com as necessidades individuais de um praticante de musculação em particular, é possível obter uma quantidade necessária e satisfatória de vitaminas e minerais. É importante destacar que, para quem utiliza algum tipo de suplemento ou recurso ergogênico, que se analise a questão da seguinte forma: fazer um resumo das origens, das funções, dos prós e contras sobre a ação e os possíveis benéficos atribuídos, discutindo as pesquisas que sustentam cada argumento positivo e negativo tanto do suplemento quanto do recurso ergogênico a ser administrado.

Concluindo, a quantidade de calorias ingeridas, o tempo de execução e o nível de intensidade do treinamento resistido regular, modificam lentamente o peso corporal. Esta modificação implica necessariamente em três linhas de raciocínio, a primeira linha é estabelecida pela noção de que, quanto maior for o consumo de calorias ingeridas nos alimentos, e quanto menor for o gasto calórico oferecido por um trabalho muscular, o resultado será ganho de peso corporal, a segunda linha é estabelecida pela noção de que, quanto menor for o consumo de calorias ingeridas nos alimentos, e quanto maior for o gasto calórico oferecido por um trabalho muscular, o resultado será perda de peso corporal, e por fim, a terceira linha é estabelecida pela noção de que, quando o total de calorias ingeridas nos alimentos é igual ou equivalente, ao total de calorias gastas por um trabalho muscular, o resultado será o controle ou a manutenção do peso corporal. É muito importante destacar que, todo planejamento alimentar deve ser supervisionado e elaborado de forma interdisciplinar, por um professor de musculação e um nutricionista desportivo, a fim de melhor monitorar todo o processo e evolução semanal das metas a serem almejadas no treinamento resistido.

Referências:

COLGAN, Michal. Optimun Sports Nutrition. Advanced research press, New York, 1993.

DÉRIES, C. P. et al. Lean Body Mass Composition and Resting Energy Expenditure Before and After Long Term Overfeeding. American Journal of Clinical Nutrition 56.1, 1992: 840-847.

DEVIA, L.; HUFFMAN, J.; MIHEVIC, J.; HUSZTI, A.; LOWERY, L. Dietary Protein, Resistance Training and Health: a call for evidence. Journal Sports Nutrition 2008; 5-23.

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Comentários

Comentários Destacados

Comecei a malhar faz 2 semanas....Tenho 1 metro e 78 e peso 67kg. Eu não vou dizer que me alimento muito bem, mas como muito, muito mesmo kkk. Mas sou magrinho. Na academia pego muito peso para o meu bió-tipo(muito magro kkk),tipo, pego o mesmo peso qe pessoas bem mais fortes do que eu pegam, e faço todas as séries sem nenhuma dificuldade e não sei se isso me ajuda no ganho de massa muscular. Gostaria de saber como seria uma alimentação boa para que eu ganhasse mais massa muscular, e se devo pegar bem menos peso.

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