
Tudo que Cláudio Chamini postou
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Undecanoato de testosterona oral
O que é o undecanoato de testosterona oral? O undecanoato de testosterona oral é uma forma de testosterona desenvolvida especificamente para administração pela boca. Ele atua como um pró-fármaco, o que significa que a molécula de undecanoato de testosterona em si tem pouca atividade até ser metabolizada no corpo. É apresentado em cápsulas gelatinosas que contêm o éster de testosterona dissolvido em um veículo oleoso ou lipídico, como óleo de rícino ou formulações mais complexas como sistemas de auto-emulsificação (Self-Emulsifying Drug Delivery Systems - SEDDS), utilizados em marcas como Jatenzo®. Uma característica fundamental que o distingue de muitos outros esteroides anabolizantes orais (como a metiltestosterona ou o estanozolol) é a ausência da modificação química conhecida como 17-alfa-alquilação (C17-aa). Essa modificação, embora proteja o esteroide da rápida degradação pelo fígado, está associada a um risco significativo de toxicidade hepática (hepatotoxicidade). Por não possuir a estrutura C17-aa, o undecanoato de testosterona oral apresenta um risco consideravelmente menor de causar danos diretos ao fígado, um avanço crucial na busca por uma terapia de reposição de testosterona (TRT) oral mais segura. A chave para sua administração oral eficaz reside no seu mecanismo de absorção. Graças à sua natureza lipofílica (afinidade por gorduras) e à formulação oleosa, o undecanoato de testosterona oral é absorvido predominantemente através do sistema linfático intestinal. Esse caminho permite que uma porção significativa do fármaco "contorne" o metabolismo de primeira passagem no fígado, onde a testosterona administrada oralmente seria normalmente inativada em grande parte. Uma vez absorvido e na circulação linfática e sanguínea, o éster undecanoato (uma cadeia de 11 carbonos) é clivado por enzimas chamadas esterases, presentes no intestino, linfa, sangue e tecidos, liberando a testosterona ativa na circulação sistêmica para que possa exercer seus efeitos. Este mecanismo de absorção e ativação representa a principal inovação por trás do undecanoato de testosterona oral, mas também introduz complexidades relacionadas à dependência de gordura na dieta e variabilidade na absorção, que serão discutidas adiante. Um pouco da história A busca por uma forma oral segura e eficaz de testosterona levou ao desenvolvimento do undecanoato de testosterona pela empresa farmacêutica Organon na década de 1970. O produto foi lançado comercialmente na Europa no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 sob o nome Andriol® (posteriormente Andriol Testocaps®). É interessante notar que, embora a forma oral tenha sido introduzida na Europa nessa época, a formulação intramuscular de undecanoato de testosterona já estava em uso na China há alguns anos. O Andriol® representou uma inovação significativa, sendo a primeira tentativa bem-sucedida de criar uma terapia de reposição de testosterona (TRT) oral que evitasse a hepatotoxicidade associada aos esteroides C17-aa. A estratégia foi a formulação lipídica (inicialmente em ácido oleico), projetada para direcionar a absorção do pró-fármaco para a via linfática intestinal, contornando o fígado. Apesar do conceito inovador, o Andriol® enfrentou desafios práticos desde o início. Sua biodisponibilidade era relativamente baixa e notavelmente variável entre diferentes indivíduos e até mesmo no mesmo indivíduo em momentos diferentes. A absorção era criticamente dependente da ingestão concomitante de alimentos gordurosos, sem os quais a eficácia era drasticamente reduzida. Além disso, a testosterona liberada tem uma duração de ação curta no corpo, exigindo múltiplas doses diárias (geralmente duas a quatro vezes ao dia) para tentar manter níveis terapêuticos estáveis, o que representava um inconveniente para os pacientes. Havia também questões de estabilidade com a formulação original em ácido oleico, que exigia refrigeração; uma formulação posterior usando óleo de rícino melhorou a estabilidade à temperatura ambiente. O desejo contínuo por uma opção de TRT oral conveniente e mais confiável impulsionou o desenvolvimento de novas formulações de undecanoato de testosterona nas últimas décadas. O objetivo era melhorar a consistência da absorção e a previsibilidade dos níveis de testosterona. Isso levou à aprovação de novas marcas pela Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos, como Jatenzo® (aprovado em 2019), Tlando® (aprovado em 2022) e Kyzatrex® (aprovado em 2022). Essas formulações utilizam tecnologias farmacêuticas, como sistemas de auto-emulsificação, para otimizar a absorção linfática. A trajetória do Jatenzo® para a aprovação pela FDA foi particularmente desafiadora. O pedido inicial de Novo Medicamento (NDA) foi submetido em 2014, mas recebeu uma Carta de Resposta Completa (rejeição) no mesmo ano. Uma nova submissão em 2017 também resultou em rejeição em 2018. As principais preocupações da FDA centravam-se em dados de ensaios clínicos que mostravam um aumento clinicamente significativo na pressão arterial em pacientes que usavam Jatenzo®, levantando questões sobre o risco cardiovascular, além de problemas relacionados à coleta de amostras bioanalíticas e ao regime de titulação de dose proposto. Somente após a apresentação de dados adicionais e revisões no protocolo e na rotulagem, o Jatenzo® obteve aprovação em março de 2019, mas com uma advertência proeminente ("Boxed Warning") sobre o risco de aumento da pressão arterial. Essa história ilustra a complexidade de desenvolver um undecanoato de testosterona oral que atenda aos rigorosos padrões de segurança e eficácia, especialmente no que diz respeito aos riscos cardiovasculares associados às terapias com testosterona. Status legal No Brasil, o undecanoato de testosterona, assim como outros esteroides anabolizantes, está sujeito a controle especial. Ele se enquadra na Lista C5 (Lista das Substâncias Anabolizantes) da Portaria SVS/MS nº 344/98.21 Embora "Testosterona" ou "Undecanoato de Testosterona" não estejam explicitamente nomeados na lista principal, o adendo nº 1 da Lista C5 especifica que "ficam também sob controle, todos os sais e isômeros das substâncias enumeradas acima". Como o undecanoato de testosterona é um éster (um tipo de derivado) da testosterona, e a testosterona é a base para muitos esteroides listados ou implicitamente cobertos, ele é regulamentado sob esta lista. Consequentemente, sua prescrição exige Receita de Controle Especial emitida em duas vias, com uma via retida na farmácia. Quanto à disponibilidade no mercado farmacêutico brasileiro, a situação atual parece limitada. Consultas a grandes redes de drogarias online indicam que marcas históricas como Andriol Testocaps® ou seu equivalente Androxon® estão frequentemente listadas como "esgotado" ou indisponíveis para compra. Além disso, uma busca no sistema de Consulta a Registro de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não revela registros ativos para as formulações orais mais recentes aprovadas nos EUA, como Jatenzo®, Tlando® ou Kyzatrex®. Portanto, o acesso legal a essas formulações industrializadas parece ser inexistente ou extremamente restrito no Brasil atualmente. A principal via de acesso legal seria através da manipulação em farmácias magistrais, mediante prescrição médica. No entanto, isso depende da disponibilidade legal da matéria-prima (undecanoato de testosterona) e do veículo oleoso/lipídico adequado para garantir a absorção linfática pretendida, além da capacidade técnica da farmácia para produzir a formulação corretamente. O medicamento também pode ser encontrado no mercado paralelo (Underground Labs - UGL), mas esta via acarreta riscos significativos de produtos subdosados, contaminados ou de qualidade duvidosa, além de ser ilegal. Adicionalmente, a prescrição de undecanoato de testosterona oral, como qualquer outro esteroide anabolizante androgênico (EAA), é rigidamente regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A Resolução CFM nº 2.333/2023 veda explicitamente a prescrição médica de terapias hormonais com EAA para fins estéticos (como ganho de massa muscular), para melhora do desempenho esportivo (amador ou profissional) ou como terapia anti-envelhecimento. A prescrição é considerada ética apenas para o tratamento de doenças ou condições médicas específicas com deficiência de testosterona comprovada laboratorialmente e clinicamente, como hipogonadismo primário ou secundário, puberdade atrasada, micropênis neonatal, caquexia associada a doenças graves, e em contextos específicos como terapia hormonal cruzada para indivíduos transgêneros ou tratamento de curto prazo para Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo em mulheres, sempre com base em evidências científicas robustas. A situação regulatória difere em outros países. Nos Estados Unidos, o undecanoato de testosterona é classificado como uma substância controlada de Schedule III pela Drug Enforcement Administration (DEA), indicando um potencial moderado para abuso. Diversas formulações orais (Jatenzo®, Tlando®, Kyzatrex®) e intramusculares (Aveed®) são aprovadas pela FDA e disponíveis mediante prescrição médica para TRT em homens adultos com condições específicas de hipogonadismo. No Canadá, é classificado como Schedule IV sob a Controlled Drugs and Substances Act, e formulações como Andriol® estão disponíveis. Na Europa, tanto formulações orais (Andriol®) quanto intramusculares (Nebido®) estão disponíveis há mais tempo. Essa divergência entre a ampla disponibilidade de opções orais aprovadas nos EUA e a aparente ausência delas no mercado regulamentado brasileiro é notável, sugerindo diferenças nas prioridades regulatórias, demandas de mercado ou desafios específicos para o registro desses produtos no Brasil. Status de doping O undecanoato de testosterona, por ser uma forma exógena de testosterona, está categorizado pela Agência Mundial Antidoping (WADA) como um Anabolizante Androgênico Esteróide (AAE) na subcategoria S1. (AAE administrados exogenamente) da Lista de Substâncias e Métodos Proibidos. A testosterona está explicitamente listada. Sua proibição é permanente, ou seja, é proibido tanto em competição quanto fora de competição para atletas sujeitos às regras da WADA. O uso por um atleta sem uma Autorização de Uso Terapêutico (AUT) válida constitui uma violação das regras antidoping. Detecção em testes antidoping A detecção do uso de undecanoato de testosterona oral é realizada através de testes antidoping na urina. Embora a testosterona liberada pelo éster tenha uma meia-vida curta na circulação, a administração exógena altera o perfil esteroidal natural do indivíduo. Os laboratórios credenciados pela WADA utilizam métodos sofisticados para identificar essa alteração. Inicialmente, pode-se analisar a razão entre a testosterona (T) e seu isômero epitestosterona (E). Uma razão T/E elevada pode levantar suspeitas. Para confirmação definitiva da origem exógena da testosterona, utiliza-se a técnica de Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (IRMS). Este método compara a razão de isótopos de carbono (¹³C/¹²C) na testosterona ou seus metabólitos na amostra com os padrões endógenos, permitindo distinguir a testosterona produzida pelo corpo daquela administrada externamente. O uso contínuo de TU oral será detectável via IRMS por um período considerável (provavelmente semanas) após a interrupção, dada a sensibilidade da técnica e a natureza da análise do perfil esteroidal. No fisiculturismo natural (testado), o uso de undecanoato de testosterona é estritamente proibido. Em circuitos não testados (tradicional/untested), seu uso é considerado raro e pouco prático pela maioria dos usuários. As razões para isso incluem o custo relativamente alto, especialmente das formulações mais recentes, a inconveniência da administração (necessidade de múltiplas doses diárias, sempre com refeições gordurosas), a biodisponibilidade variável que torna os resultados menos previsíveis, e a percepção de que outras opções (como testosteronas injetáveis ou outros esteroides orais C17-aa) oferecem resultados mais consistentes e/ou potentes para fins de performance, apesar dos riscos associados.
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Cipionato de testosterona
O que é o cipionato de testosterona? O cipionato de testosterona (CT) é um éster sintético, solúvel em óleo, do hormônio androgénico testosterona, especificamente o éster 17β-ciclopentilpropionato. Quimicamente, a sua fórmula molecular é C27H40O3 e o peso molecular é 412.61 g/mol. Apresenta-se como um pó cristalino branco ou quase branco, praticamente inodoro e estável ao ar. É insolúvel em água, mas solúvel em óleos vegetais (como óleo de semente de algodão ou azeite) e livremente solúvel em álcool, clorofórmio, dioxano e éter. Farmacologicamente, o cipionato de testosterona é classificado como um androgénio e um esteroide anabolizante androgénico (EAA). É administrado por via injetável, tipicamente intramuscular (IM) ou subcutânea (SC). Funciona como um pró-fármaco. Após a injeção, enzimas no corpo (esterases) clivam a ligação éster, libertando testosterona livre na corrente sanguínea. A principal utilização médica aprovada é no tratamento de condições associadas a níveis baixos ou ausentes de testosterona endógena em homens (hipogonadismo masculino), incluindo terapia hormonal para homens transgênero. A modificação química chave é a esterificação na posição 17-beta com o grupo ciclopentilpropionato. A testosterona nativa tem uma semi-vida muito curta (aproximadamente 10 minutos), tornando-a impraticável para terapia de reposição consistente. A adição do éster cipiônico aumenta significativamente a lipofilicidade do composto, o que retarda a sua absorção a partir do veículo oleoso no local da injeção. Este processo cria um efeito de "depósito" (depot), permitindo uma libertação prolongada da testosterona e, consequentemente, intervalos de administração menos frequentes (tipicamente a cada 1 a 4 semanas em contextos terapêuticos), melhorando a conveniência e adesão do paciente em comparação com a testosterona não esterificada. Embora frequentemente considerado funcionalmente intercambiável com o enantato de testosterona devido a perfis farmacocinéticos muito semelhantes, existem pequenas diferenças na formulação. O cipionato de testosterona é frequentemente formulado em óleo de semente de algodão, embora o azeite também seja mencionado como um veículo menos viscoso. O enantato de testosterona é tipicamente dissolvido em óleo de sésamo, que é mais viscoso. Esta diferença na viscosidade do veículo pode influenciar a facilidade de preparação e injeção, bem como a potencial dor ou formação de nódulos no local da injeção, o que pode afetar a preferência do prescritor ou do paciente, apesar da equivalência farmacológica geral. Um pouco da história O desenvolvimento do cipionato de testosterona ocorreu no final da década de 1940 e início da década de 1950, num período de intensa investigação focada na criação de ésteres de testosterona de ação mais prolongada. O objetivo era superar a necessidade de injeções frequentes exigidas por ésteres de ação mais curta, como o propionato de testosterona. O cipionato de testosterona foi sintetizado em 1951 e introduzido no mercado médico dos Estados Unidos nesse mesmo ano pela empresa farmacêutica Upjohn (que mais tarde se tornou parte da Pharmacia & Upjohn, e atualmente integra a Pfizer) sob o nome comercial Depo®-Testosterone. O Depo®-Testosterone rapidamente se estabeleceu como uma das formas mais prescritas de testosterona para Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) nos EUA, uma posição que mantém até hoje. O seu desenvolvimento ocorreu em paralelo com o do enantato de testosterona, que foi lançado pouco depois por outras companhias farmacêuticas. Enquanto o enantato de testosterona ganhou maior predominância em muitas outras partes do mundo, o cipionato consolidou uma forte presença no mercado norte-americano. As razões exatas para esta preferência regional não são totalmente claras, mas podem estar relacionadas com estratégias de marketing iniciais, familiaridade dos prescritores com o produto pioneiro da Upjohn e, possivelmente, as diferenças subtis na experiência de injeção devido aos veículos oleosos utilizados. A longa presença do Depo®-Testosterone no mercado dos EUA provavelmente gerou um reconhecimento de marca significativo e uma inércia prescritiva entre os clínicos, contribuindo para a sua dominância regional contínua, mesmo após a introdução de genéricos e do enantato. O principal uso terapêutico do cipionato de testosterona sempre foi o tratamento do hipogonadismo masculino. Adicionalmente, tal como o enantato, ganhou imensa popularidade fora do âmbito médico, nomeadamente no fisiculturismo e em esportes, como base para ciclos de esteroides, devido à sua eficácia anabólica e perfil de libertação prolongada. Frequentemente, é usado de forma intercambiável com o enantato nestes contextos. Atualmente, o Depo®-Testosterone ainda é comercializado pela Pfizer , e existem múltiplas versões genéricas disponíveis nos EUA. Recentemente, foi aprovada pela FDA uma formulação em frascos de dose única e seringas pré-cheias, Azmiro®, que alega maior estabilidade (menos cristalização) em comparação com as formulações multidose tradicionais. Esta inovação sugere uma tendência de mercado para maior conveniência e potencial redução de riscos associados a frascos multidose (como contaminação). No mercado paralelo (laboratórios clandestinos ou UGLs - Underground Labs), o cipionato de testosterona é amplamente produzido e distribuído globalmente, tipicamente em concentrações de 100mg/ml, 200mg/ml ou 250mg/ml , embora estes produtos acarretem riscos inerentes de qualidade, pureza e segurança. Status legal No Brasil, o cipionato de testosterona, assim como outros esteroides anabolizantes androgénicos (EAA), é classificado como uma substância controlada. Está incluído na Lista C5 ("Lista das Substâncias Anabolizantes") da Portaria SVS/MS nº 344/98. A inclusão nesta lista reflete o reconhecimento do seu potencial para abuso e dependência, alinhando a regulamentação brasileira com controlos internacionais, como a classificação de Schedule III nos EUA. A prescrição de substâncias da Lista C5 exige uma Receita de Controle Especial emitida em duas vias. Esta receita tem uma validade de 30 dias a contar da data de emissão. Existem também limites de quantidade que podem ser prescritos: para ampolas, o máximo é de 5 unidades por receita. Para outras formas farmacêuticas, a quantidade deve ser suficiente para um máximo de 60 dias de tratamento. Estas restrições legais e administrativas visam controlar o acesso e mitigar o risco de desvio para uso não médico, constituindo uma medida de saúde pública. Disponibilidade no mercado brasileiro A disponibilidade de cipionato de testosterona como produto de marca industrializado nas grandes cadeias de farmácias comerciais no Brasil parece ser limitada ou inexistente. A principal via de acesso legal ao medicamento no país é através de farmácias de manipulação (compounding pharmacies), mediante apresentação da Receita de Controle Especial. Esta dependência de farmácias de manipulação, embora legal, introduz uma potencial variabilidade na qualidade, doseamento e excipientes do produto final em comparação com medicamentos industrializados sujeitos à aprovação e fiscalização rigorosa da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Paralelamente ao acesso legal, o cipionato de testosterona é extremamente comum no mercado paralelo, ou negro, ou "underground", produzido por laboratórios clandestinos (UGLs). A dificuldade ou inconveniência no acesso legal (disponibilidade limitada, necessidade de receita controlada, consulta médica específica) provavelmente contribui para a elevada procura neste mercado ilícito, especialmente por parte de utilizadores que procuram o fármaco para fins não médicos (estéticos ou de performance). O uso de produtos UGL acarreta riscos significativos relacionados com a falta de controlo de qualidade, subdosagem, sobredosagem, contaminação por outras substâncias ou microrganismos, e ausência de supervisão médica. Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM) Para além da regulamentação da ANVISA sobre a venda e prescrição, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece normas éticas para a prática médica. A Resolução CFM nº 2.333/2023 veta explicitamente a prescrição médica de cipionato de testosterona e outros EAA para fins estéticos (como ganho de massa muscular) ou para melhoria do desempenho desportivo. Esta resolução reforça que o uso legítimo destes fármacos está restrito ao tratamento de condições médicas comprovadas onde existe deficiência hormonal diagnosticada, como o hipogonadismo masculino. A resolução cria, assim, uma barreira ética e legal clara para os médicos, definindo a prescrição para fins de "enhancement" como má prática profissional, independentemente do cumprimento formal dos requisitos da receita C5. Status de doping A Agência Mundial Antidoping (WADA - World Anti-Doping Agency) inclui a testosterona e todos os seus ésteres, incluindo o cipionato, na sua Lista de Substâncias e Métodos Proibidos. Especificamente, está classificada na categoria S1: Agentes Anabolizantes, subcategoria S1.1: Esteroides Anabolizantes Androgénicos (EAA). A classificação S1 indica que a WADA considera estas substâncias como tendo um elevado potencial para melhorar o desempenho desportivo e riscos significativos para a saúde do atleta. O uso de cipionato de testosterona é proibido tanto em competição como fora de competição para atletas sujeitos ao Código Mundial Antidoping. A deteção do uso de testosterona exógena é realizada através de análises à urina, utilizando métodos sofisticados como a Espectrometria de Massa de Relação Isotópica (IRMS - Isotope Ratio Mass Spectrometry), que consegue distinguir a testosterona sintética da endógena. Devido à libertação prolongada do éster, a janela de deteção para o cipionato de testosterona é longa, estimada em pelo menos 3 meses após a última administração, sendo similar à do enantato de testosterona. A deteção de ésteres de testosterona no sangue também é possível. Esta longa janela de deteção torna difícil para os atletas que utilizam cipionato de testosterona evitarem um resultado positivo nos controlos antidoping, mesmo cessando o uso semanas ou meses antes. No âmbito do fisiculturismo, existe uma distinção importante entre federações. Nas competições de "Fisiculturismo Natural", que seguem regras antidoping alinhadas com a WADA, o uso de cipionato de testosterona é estritamente proibido e sujeito a testes. Por outro lado, em muitas federações de fisiculturismo tradicional ou "sem testes" (Untested), o uso de cipionato de testosterona e outros EAA é comum, aceito e geralmente não sujeito a testes pelos padrões da WADA. Esta divisão cria subculturas distintas dentro do esporte, com abordagens farmacológicas, padrões físicos e éticas muito diferentes, sendo o cipionato de testosterona um componente frequente nos regimes utilizados no fisiculturismo não testado. Detecção em testes antidoping A detecção do uso de testosterona exógena é um pilar dos programas antidoping. Os métodos utilizados evoluíram para se tornarem altamente sofisticados: Amostra primária: a urina é a matriz biológica mais comumente utilizada para testes de Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA). Teste de triagem (histórico): a medição da razão entre Testosterona (T) e seu isômero inativo, Epitestosterona (E), na urina (Razão T/E) foi um dos primeiros métodos. Uma razão T/E elevada (tipicamente acima de 4:1) levanta suspeita de administração exógena, mas não é conclusiva por si só, pois pode ser influenciada por fatores genéticos, étnicos, condições médicas ou outras substâncias. Teste confirmatório definitivo (GC/C/IRMS): o método padrão-ouro atual para confirmar a origem exógena da testosterona é a Cromatografia Gasosa acoplada à Combustão e Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (GC/C/IRMS). Este teste analisa a proporção dos isótopos de carbono na molécula de testosterona e/ou em seus metabólitos na urina. A testosterona produzida naturalmente pelo corpo (endógena) tem uma assinatura isotópica ligeiramente diferente da testosterona sintética (exógena), que geralmente é derivada de fontes vegetais (como fitoesteróis). O teste IRMS consegue distinguir essas assinaturas, fornecendo prova conclusiva do uso de testosterona exógena, mesmo que a razão T/E esteja dentro dos limites normais. A sofisticação do IRMS torna extremamente difícil para um atleta que utiliza qualquer forma de testosterona exógena (incluindo cipionato) evitar a detecção se testado dentro da janela apropriada. Detecção de ésteres no sangue: métodos mais recentes, utilizando cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa (LC-MS/MS), permitem a detecção direta dos próprios ésteres de testosterona (como cipionato, enantato, decanoato, undecanoato) ou seus metabólitos diretos no sangue (soro ou plasma) por um período após a administração. Isso adiciona outra ferramenta poderosa ao arsenal antidoping. Devido à sua natureza de liberação lenta a partir do depósito intramuscular ou subcutâneo, o cipionato de testosterona possui uma janela de detecção relativamente longa (muito similar à do enantato): Urina (IRMS): a detecção da assinatura isotópica exógena na urina via IRMS pode persistir por pelo menos 3 meses ou mais após a última injeção de cipionato de testosterona. Esta janela pode ser ainda maior dependendo da dose utilizada, da duração do ciclo, do metabolismo individual do atleta e da sensibilidade do método analítico empregado pelo laboratório credenciado pela WADA. Sangue (detecção de ésteres): a janela de detecção dos ésteres intactos no sangue pode variar dependendo do comprimento do éster. Estudos mostraram detecção de ésteres como propionato por 4-5 dias, fenilpropionato/isocaproato por pelo menos 8 dias, decanoato por 18 dias, e undecanoato por mais de 60 dias. A janela específica para o cipionato (e similarmente para o enantato) no sangue representa um período significativo, mais longo que ésteres curtos como propionato, mas possivelmente um pouco mais curto que ésteres mais longos como decanoato ou undecanoato. A longa janela de detecção do cipionato de testosterona (e outros ésteres de ação prolongada), especialmente via IRMS na urina, representa um desafio considerável para atletas que tentam usar a substância e evitar um teste positivo, agindo como um forte dissuasor.
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Enantato de testosterona
O que é o enantato de testosterona? O enantato de testosterona é um esteroide anabolizante androgênico (EAA) injetável, classificado como um derivado sintético e pró-fármaco éster da testosterona, o principal hormônio sexual masculino. Quimicamente, consiste na molécula de testosterona com um grupo éster de ácido enântico (também conhecido como ácido heptanoico, um ácido carboxílico de sete carbonos) ligado à posição 17-beta do grupo hidroxila da molécula de esteroide. A presença deste éster longo e lipofílico (afinidade por gordura) é crucial para sua função farmacológica. Ele retarda significativamente a liberação da testosterona do local da injeção (seja no músculo ou no tecido subcutâneo) para a corrente sanguínea. Isso cria um efeito de "depósito" (depot), resultando em uma duração de ação prolongada em comparação com a testosterona não esterificada ou ésteres mais curtos, como o propionato de testosterona. Farmacologicamente, é classificado como um andrógeno, esteroide anabolizante e um éster de andrógeno. Devido à sua eficácia e perfil de liberação prolongada, o enantato de testosterona tornou-se uma das formas mais amplamente prescritas e utilizadas de testosterona em todo o mundo, tanto para fins terapêuticos – especialmente na Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) – quanto para uso não médico visando a melhora do desempenho físico e da composição corporal (uso recreativo). É importante notar que o enantato de testosterona em si é uma molécula inativa. Ele precisa ser clivado (quebrado) por enzimas chamadas esterases, presentes nos tecidos e na corrente sanguínea, para liberar a testosterona livre e biologicamente ativa. Este mecanismo de pró-fármaco é fundamental para sua utilidade clínica. Ao controlar a taxa de liberação da testosterona ativa através da lenta hidrólise do éster, permite-se um esquema de injeções menos frequente (geralmente semanal ou quinzenal) em comparação com ésteres curtos que exigiriam injeções múltiplas por semana. Essa conveniência melhorou significativamente a adesão do paciente ao tratamento, especialmente em terapias de longo prazo como a TRT, resolvendo um dos principais desafios enfrentados com as primeiras formas de terapia com testosterona. Contudo, a dependência da clivagem enzimática in vivo também introduz uma fonte potencial de variabilidade na cinética de liberação da testosterona entre indivíduos, já que fatores que afetam a atividade das esterases poderiam, teoricamente, influenciar os níveis do fármaco. Um pouco da história O desenvolvimento do enantato de testosterona ocorreu no contexto da busca por formas mais práticas e duradouras de terapia com testosterona, após a isolação e síntese do hormônio em 1935 e a introdução do primeiro éster comercialmente viável, o propionato de testosterona, em 1937. Embora eficaz, o propionato possuía uma meia-vida curta, exigindo injeções frequentes (várias vezes por semana), o que limitava sua conveniência para uso terapêutico crônico. A necessidade de formulações com ação mais prolongada impulsionou a pesquisa em ésteres de cadeia mais longa. O enantato de testosterona foi descrito na literatura científica já em 1952 e sua introdução para uso médico ocorreu pouco depois, em meados da década de 1950. A aprovação inicial nos Estados Unidos data de 24 de dezembro de 1953. Duas marcas pioneiras dominaram o mercado inicial: Delatestryl®: lançada pela Squibb (que mais tarde se tornou parte da Bristol-Myers Squibb e depois Upjohn/Pfizer) nos Estados Unidos em 1954. A bula do Delatestryl® confirma sua identidade como enantato de testosterona. Testoviron® Depot: lançada pela Schering AG (hoje parte da Bayer) na Alemanha e internacionalmente por volta de 1954-1956. É importante notar que a Schering já utilizava a marca "Testoviron®" para o propionato de testosterona anteriormente. A introdução quase simultânea desses produtos por duas grandes farmacêuticas (Squibb nos EUA, Schering na Europa) reflete a intensa competição e a clara percepção da necessidade clínica e do potencial de mercado para uma formulação de testosterona de longa duração. Ambas as empresas reconheceram a lacuna terapêutica deixada pelo propionato e a oportunidade comercial. A conveniência de injeções menos frequentes (a cada 1 a 4 semanas, dependendo do protocolo médico inicial) fez com que o enantato de testosterona rapidamente se tornasse um pilar no tratamento do hipogonadismo masculino, superando o propionato para esta finalidade na maioria dos países. Seu sucesso, juntamente com o do cipionato de testosterona (outro éster longo popular nos EUA), provavelmente consolidou esses ésteres como o padrão para TRT injetável por muitas décadas, potencialmente influenciando o foco da pesquisa e do mercado e talvez retardando o desenvolvimento ou a adoção mais ampla de outras opções (como ésteres ultra-longos ou novas vias de administração) até tempos mais recentes. Seu uso se expandiu também para outras condições médicas, como puberdade masculina retardada e, historicamente, certos tipos de câncer de mama em mulheres, embora muitas dessas aplicações tenham sido descontinuadas ou substituídas por tratamentos mais específicos e seguros. Paralelamente, a partir das décadas de 1960 e 1970, o enantato de testosterona ganhou enorme popularidade no mundo do fisiculturismo e dos esportes como um componente fundamental em ciclos para ganho de massa muscular e força ("bulking"). Atualmente, o enantato de testosterona continua sendo uma das formas mais prescritas de testosterona para TRT globalmente e uma das mais fabricadas por laboratórios clandestinos (underground labs - UGLs) e farmácias de manipulação. Um desenvolvimento mais recente foi a aprovação pela FDA em 2018 do Xyosted®, uma formulação de enantato de testosterona em auto-injetor descartável para administração subcutânea semanal, oferecendo uma alternativa à tradicional injeção intramuscular. Status legal A regulamentação e a disponibilidade do enantato de testosterona no Brasil seguem regras específicas para esteroides anabolizantes. De acordo com a classificação e prescrição (ANVISA e Portaria 344/98), temos: Lista de controle: o enantato de testosterona, assim como outros esteroides anabolizantes, está incluído na Lista C5 ("Lista das Substâncias Anabolizantes") do Anexo I da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, e suas atualizações posteriores. Esta portaria aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Tipo de receita: a dispensação de medicamentos contendo substâncias da Lista C5 exige a Receita de Controle Especial, emitida em duas vias. A primeira via fica retida na farmácia ou drogaria para fins de controle, enquanto a segunda via é devolvida ao paciente com carimbo comprovando o atendimento, servindo como orientação. Validade e quantidade: a Receita de Controle Especial para substâncias da Lista C5 tem validade de 30 (trinta) dias a partir da data de sua emissão e é válida em todo o território nacional. A quantidade prescrita é limitada a um máximo de 5 (cinco) ampolas ou, para outras formas farmacêuticas, a quantidade necessária para no máximo 60 (sessenta) dias de tratamento. Dispensação: a entrega do medicamento só pode ser feita por farmácias ou drogarias, mediante a apresentação e retenção da primeira via da receita. Prescrições de outras Unidades Federativas devem ser apresentadas à autoridade sanitária local para visto em até 72 horas. Disponibilidade no mercado brasileiro A forma como o enantato de testosterona é acessado no Brasil difere um pouco de outros países: Farmácias comerciais (drogarias): a disponibilidade de produtos farmacêuticos de marca contendo exclusivamente enantato de testosterona (como seria o Testoviron Depot®, por exemplo) parece ser limitada ou incerta nas grandes redes de drogarias para venda direta ao consumidor. Buscas online frequentemente retornam outros ésteres (como undecilato de testosterona) ou misturas ou blends (como Durateston®). Isso sugere que, embora seja uma droga globalmente comum, sua presença como produto de marca isolado nas prateleiras das farmácias brasileiras pode não ser ampla. Farmácias de manipulação: esta parece ser a principal via de acesso legal ao enantato de testosterona isolado no Brasil. Médicos podem prescrever a substância, e farmácias de manipulação devidamente licenciadas podem prepará-la (manipulá-la) sob encomenda, mediante apresentação da Receita de Controle Especial em duas vias. Mercado paralelo ("Underground"): como muitos EAA, o enantato de testosterona é facilmente encontrado no mercado ilícito, produzido por laboratórios clandestinos ou underground (UGLs). No entanto, produtos dessa origem apresentam riscos extremamente elevados relacionados à falta de controle de qualidade, dosagem incorreta (sub ou superdosagem), contaminação por outras substâncias, presença de impurezas e falta de esterilidade, podendo causar graves danos à saúde. Uma das marcas mais famosas é a Landerlan (Testenat Enantato 4ml). Essa aparente discrepância entre a importância global do enantato de testosterona e sua limitada disponibilidade como produto de marca em farmácias comuns no Brasil provavelmente reflete decisões de mercado das companhias farmacêuticas (custos de registro, estratégias de marketing, foco em outros produtos) e a forte presença do setor de manipulação no país, em vez de uma barreira regulatória específica para o enantato (já que ele está na Lista C5 e é prescritível). A consequência é que muitos pacientes que utilizam enantato de testosterona legalmente no Brasil o fazem através de formulações manipuladas. Embora legal e essencial, a manipulação pode introduzir uma variabilidade na qualidade e concentração do produto que não existe na produção industrial padronizada, um fator a ser considerado por prescritores e pacientes. Regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM) A prescrição de esteroides anabolizantes no Brasil é também fortemente regulada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o órgão que normatiza a prática médica no país. A Resolução CFM nº 2.333/2023, publicada em 11 de abril de 2023, proíbe expressamente os médicos de prescreverem terapias hormonais, incluindo esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) como o enantato de testosterona, com as seguintes finalidades: Fins estéticos: incluindo ganho de massa muscular (hipertrofia); Melhora do desempenho esportivo: seja para atletas amadores ou profissionais. A proibição baseia-se na falta de evidências científicas robustas que comprovem os benefícios e a segurança do uso de EAA para esses fins, e na crescente preocupação com os riscos de efeitos adversos graves e potencialmente irreversíveis associados ao uso indiscriminado e em doses suprafisiológicas. A resolução reitera que a prescrição de EAA permanece indicada apenas para o tratamento de doenças e condições médicas específicas em que haja deficiência hormonal comprovada e uma relação causal estabelecida entre a deficiência e a condição clínica, e para as quais a reposição hormonal ofereça benefícios cientificamente comprovados. Exemplos incluem hipogonadismo masculino diagnosticado, puberdade atrasada selecionada, micropênis neonatal, caquexia associada a doenças graves, terapia hormonal cruzada para indivíduos transgênero, e, de forma controversa e limitada, o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo em mulheres. Esta resolução reforçou significativamente o controle sobre a prescrição de EAA no Brasil, buscando coibir práticas de prescrição para fins não terapêuticos que vinham ocorrendo em algumas clínicas com foco em "modulação hormonal" ou estética. Ao definir claramente os limites éticos e legais para os médicos, a resolução visa proteger a saúde pública. No entanto, uma consequência não intencional pode ser o deslocamento da demanda por EAA para fins não médicos ainda mais para o mercado ilegal, negro ou underground (UGLs), onde os riscos associados à falta de qualidade e supervisão são ainda maiores. Isso ilustra a complexa dinâmica entre controle regulatório e demanda por substâncias que melhoram o desempenho ou a aparência. Status de doping O enantato de testosterona é uma substância estritamente proibida no esporte competitivo regulamentado. No contexto do fisiculturismo é crucial diferenciar os tipos de competição: Fisiculturismo natural: Federações dedicadas a esta modalidade geralmente seguem as diretrizes da WADA e realizam testes antidoping rigorosos. O uso de enantato de testosterona resultaria em desqualificação. Fisiculturismo tradicional/sem testes (Untested Bodybuilding): a maioria das federações de fisiculturismo mais conhecidas e populares não realiza testes antidoping seguindo os padrões da WADA. Nessas competições, o uso de substâncias como o enantato de testosterona e outros EAA é comum, esperado e muitas vezes implícito para atingir o nível de desenvolvimento muscular exigido. A Agência Mundial Antidoping (WADA - World Anti-Doping Agency) classifica a testosterona e todos os seus ésteres (incluindo o enantato) na Lista de Substâncias e Métodos Proibidos sob a categoria S1. Agentes Anabolizantes. Mais especificamente, eles se enquadram na subcategoria S1.1. Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA). A proibição é válida em todos os momentos, o que significa que seu uso é proibido tanto durante o período de competição quanto fora de competição para atletas sujeitos ao Código Mundial Antidoping. Detecção em testes antidoping A detecção do uso de testosterona exógena é um pilar dos programas antidoping. Os métodos utilizados evoluíram para se tornarem altamente sofisticados: Amostra primária: a urina é a matriz biológica mais comumente utilizada para testes de EAA. Teste de triagem (histórico): A medição da razão entre Testosterona (T) e seu isômero inativo, Epitestosterona (E), na urina (Razão T/E) foi um dos primeiros métodos. Uma razão T/E elevada (tipicamente acima de 4:1) levanta suspeita de administração exógena, mas não é conclusiva por si só, pois pode ser influenciada por fatores genéticos, étnicos, condições médicas ou outras substâncias. Teste confirmatório definitivo (GC/C/IRMS): o método padrão-ouro atual para confirmar a origem exógena da testosterona é a Cromatografia Gasosa acoplada à Combustão e Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (GC/C/IRMS). Este teste analisa a proporção dos isótopos de carbono (¹³C em relação a ¹²C) na molécula de testosterona e/ou em seus metabólitos na urina. A testosterona produzida naturalmente pelo corpo (endógena) tem uma assinatura isotópica ligeiramente diferente da testosterona sintética (exógena), que geralmente é derivada de fontes vegetais (como fitoesteróis). O teste IRMS consegue distinguir essas assinaturas, fornecendo prova conclusiva do uso de testosterona exógena, mesmo que a razão T/E esteja dentro dos limites normais. A sofisticação do IRMS torna extremamente difícil para um atleta que utiliza qualquer forma de testosterona exógena (incluindo enantato) evitar a detecção se testado dentro da janela apropriada. Detecção de ésteres no sangue: métodos mais recentes, utilizando cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa (LC-MS/MS), permitem a detecção direta dos próprios ésteres de testosterona (como enantato, decanoato, undecanoato) ou seus metabólitos diretos no sangue (soro ou plasma) por um período após a administração. Isso adiciona outra ferramenta poderosa ao arsenal antidoping. Devido à sua natureza de liberação lenta a partir do depósito intramuscular ou subcutâneo, o enantato de testosterona possui uma janela de detecção relativamente longa: Urina (IRMS): a detecção da assinatura isotópica exógena na urina via IRMS pode persistir por pelo menos 3 meses após a última injeção de enantato de testosterona. Esta janela pode ser ainda maior dependendo da dose utilizada, da duração do ciclo, do metabolismo individual do atleta e da sensibilidade do método analítico empregado pelo laboratório credenciado pela WADA. Sangue (detecção de ésteres): a janela de detecção dos ésteres intactos no sangue pode variar dependendo do comprimento do éster. Estudos mostraram detecção de ésteres como propionato por 4-5 dias, fenilpropionato/isocaproato por pelo menos 8 dias, decanoato por 18 dias, e undecanoato por mais de 60 dias. A janela específica para o enantato no sangue provavelmente se situa entre a do decanoato e a do undecanoato, mas ainda representa um período significativo. A longa janela de detecção do enantato de testosterona, especialmente via IRMS na urina, representa um desafio considerável para atletas que tentam usar a substância e evitar um teste positivo, agindo como um forte dissuasor.
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[Diário] Mashle em busca do shape estético
Desde o início, é possível perceber que a base do movimento está bem estruturada. O tronco permanece estável, a pegada está firme e o apoio do braço oposto na máquina está corretamente posicionado. Esses elementos indicam uma boa consciência corporal por parte do aluno. A partir disso, vamos analisar alguns detalhes que podem contribuir para uma execução ainda mais eficiente. O primeiro ponto de atenção é a posição do ombro durante a puxada. É comum que, de forma involuntária, o ombro se eleve durante a contração. Idealmente, ele deve permanecer baixo, afastado da orelha, com o peitoral aberto e a escápula estabilizada. Isso favorece a ativação do grande dorsal e reduz a sobrecarga no trapézio superior e na região cervical. Outro aspecto importante é o início do movimento. A remada deve começar com uma leve retração escapular antes da puxada com o braço. Essa sequência ativa corretamente os músculos das costas e evita que o exercício se torne excessivamente braçal. Na fase excêntrica, ou seja, no retorno do peso, o controle é fundamental. É nessa fase que o músculo permanece sob tensão e ocorre grande parte do estímulo. Portanto, é importante evitar deixar o peso voltar rapidamente. O ideal é um retorno controlado, mantendo a ativação muscular e evitando perda de eficiência. Por fim, é importante manter uma boa postura ao longo de toda a execução. A coluna deve permanecer neutra, o olhar voltado para frente, e o tronco não deve se inclinar para compensar o movimento. A máquina está ali para orientar o gesto, e não para facilitar por meio de alavancas corporais.
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Propionato de testosterona
O que é o propionato de testosterona? O propionato de testosterona é um esteroide anabolizante androgênico (EAA) injetável, sendo uma das formas esterificadas mais antigas e conhecidas da testosterona. Consiste na molécula de testosterona pura ligada a um éster de ácido propiônico. Este éster curto controla a liberação do hormônio no local da injeção, conferindo-lhe uma meia-vida relativamente curta em comparação com outros ésteres como o enantato ou cipionato. Farmacologicamente, o propionato de testosterona pertence à família dos esteroides androgênicos anabolizantes, sendo um éster da testosterona. Sua forma de apresentação é tipicamente como uma solução oleosa injetável, destinada à administração intramuscular. A meia-vida biológica do propionato de testosterona é relativamente curta, variando entre 0,8 dias (aproximadamente 20 horas) e 1 a 3 dias, com algumas fontes indicando cerca de 4,5 dias. Essa curta meia-vida exige injeções frequentes para manter níveis sanguíneos estáveis do hormônio. Um pouco da sua história A testosterona foi isolada pela primeira vez em 1935 por Ernest Laqueur a partir de testículos de touro em Amsterdã, e sintetizada quimicamente de forma independente no mesmo ano por Adolf Butenandt e Leopold Ruzicka. O propionato de testosterona foi um dos primeiros esteroides anabolizantes a serem sintetizados e disponibilizados comercialmente na década de 1930, durante a chamada "Era de Ouro da Química de Esteroides" (1930-1950). O propionato de testosterona foi introduzido para uso médico em 1937 pela empresa Schering AG na Alemanha, sob o nome comercial Testoviron®, tornando-se uma das primeiras preparações de testosterona comercialmente disponíveis. A Ciba também começou a comercializar o propionato de testosterona a partir de 1936. Inicialmente, foi a principal forma de testosterona utilizada na medicina até por volta de 1960, sendo amplamente empregada na terapia de reposição de andrógenos. O propionato de testosterona foi um dos primeiros esteroides anabolizantes a serem sintetizados e disponibilizados comercialmente. Como visto, foi desenvolvido na década de 1930, pouco depois da identificação e isolamento da testosterona pura. Empresas farmacêuticas como a Schering (com o nome Testoviron®, que também foi usado para o enantato posteriormente, com o nome de Testoviron® Depot) rapidamente o introduziram no mercado para uso médico. Nomes comerciais comuns incluem Testoviron®, já mencionado, e Testovis®, outra designação encontrada em diversos mercados. Como a testosterona é o principal hormônio sexual masculino e o esteroide anabolizante base, o propionato de testosterona possui uma classificação anabólica alta e androgênica alta. É conhecido por sua ação rápida, sendo frequentemente utilizado para iniciar ciclos, em fases de definição (cutting) ou por atletas que preferem um controle mais preciso dos níveis hormonais devido à sua rápida depuração (clearance) do organismo. Seu uso inicial era para tratar condições relacionadas à deficiência androgênica em homens (hipogonadismo), além de outras aplicações terapêuticas que foram exploradas na época (criptorquidismo, menorragia e câncer de mama). Devido à sua meia-vida curta, exigia injeções frequentes (a cada 1-3 dias), o que levou ao desenvolvimento de ésteres de ação mais longa (como enantato e cipionato) que se tornaram mais convenientes para terapia de reposição hormonal (TRT). Com o desenvolvimento de ésteres de ação mais longa, como o enantato e o cipionato, que permitiam injeções menos frequentes, o uso médico do propionato de testosterona diminuiu, tornando a terapia de reposição hormonal (TRT) mais conveniente para os pacientes (menos aplicações). Apesar da popularidade dos ésteres mais longos na medicina, o propionato de testosterona permaneceu um favorito entre atletas e fisiculturistas devido à sua ação rápida e menor retenção hídrica (quando o estrogênio é controlado). Hoje, embora menos comum em prescrições médicas, ainda é amplamente produzido por laboratórios underground (subterrâneos - UGLs) e disponível em farmácias de manipulação em alguns países, incluindo o Brasil (mediante receita médica controlada). As concentrações típicas variam de 50mg/ml a 100mg/ml. Disponibilidade no Brasil No Brasil, embora o propionato de testosterona não seja comercializado isoladamente em farmácias, ele é um dos componentes do medicamento Durateston®, que contém uma mistura de ésteres de testosterona, incluindo o propionato de testosterona. O Durateston® é composto por propionato de testosterona (30 mg), fenilpropionato de testosterona (60 mg), isocaproato de testosterona (60 mg) e decanoato de testosterona (100 mg) por mililitro. Esta também disponível de forma isolada em farmácias de manipulação, mediante receita médica controlada. Status legal e doping No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prescrição médica de esteroides anabolizantes androgênicos, incluindo o propionato de testosterona, para fins estéticos ou para melhora do desempenho esportivo em atletas amadores ou profissionais. A prescrição é permitida apenas em casos de deficiência hormonal comprovada e com benefícios cientificamente comprovados. O uso não médico de propionato de testosterona é ilegal. Apesar das restrições, as vendas de esteroides anabolizantes têm aumentado significativamente no Brasil nos últimos anos, levantando preocupações sobre o uso indevido. No contexto do doping esportivo, o propionato de testosterona é classificado como um agente anabólico e é proibido tanto dentro quanto fora de competição pela Agência Mundial Antidoping (WADA) e por diversas organizações esportivas importantes. O uso desta substância pode resultar em testes antidoping positivos. Os métodos de detecção incluem análise de urina e espectrometria de massa com razão isotópica (IRMS). Embora o propionato de testosterona seja um éster de ação curta e seus níveis hormonais possam normalizar em 2-3 semanas, um tempo de detecção seguro para testes antidoping rigorosos (como os que utilizam CIR) é estimado em pelo menos 1 a 2 meses após a última injeção.
- [Diário] Mashle em busca do shape estético
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Guia de uso de esteroides anabolizantes para iniciantes e intermediários: drogas, colaterais, ciclos, blast & cruise, TPC e mais.
Introdução e advertências iniciais Este guia destina-se a fornecer informações técnicas sobre o uso de Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA) comumente observado em ambientes de fisiculturismo e recreativos. É crucial entender que o uso não terapêutico de EAA acarreta riscos significativos para a saúde, tanto a curto quanto a longo prazo, e é ilegal em muitas jurisdições. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento médico, nem endossam ou incentivam o uso de EAA. O objetivo é estritamente informativo e de redução de danos, abordando práticas comuns e seus fundamentos fisiológicos e riscos associados. A consulta com um profissional médico qualificado é indispensável antes de considerar qualquer intervenção hormonal. Pré-requisitos fundamentais antes de considerar o uso Antes mesmo de contemplar o uso de EAA, certos pilares devem estar solidamente estabelecidos por um período considerável, geralmente anos. Sem eles, os riscos superam enormemente quaisquer potenciais benefícios estéticos, e os resultados provavelmente serão subótimos e insustentáveis. Treinamento Consistente e Progressivo: Anos de dedicação a um programa de treinamento de força bem estruturado, com sobrecarga progressiva e técnica adequada, são essenciais para maximizar o potencial genético natural. Nutrição Adequada: Uma dieta calculada para os objetivos (superávit calórico para hipertrofia, déficit para redução de gordura), com ingestão proteica suficiente (tipicamente 1.6-2.2g/kg de peso corporal), carboidratos adequados para energia e gorduras saudáveis para funções hormonais, é fundamental. Descanso e Recuperação: Sono de qualidade e quantidade adequadas, além de gerenciamento do estresse, são cruciais para a recuperação muscular e equilíbrio hormonal. Tempo e Paciência: O desenvolvimento muscular natural é um processo lento e gradual. É necessário atingir um platô significativo no desenvolvimento natural, o que geralmente leva vários anos de treinamento e dieta consistentes. Avaliação Médica Prévia: Exames de saúde completos para identificar quaisquer condições pré-existentes (cardíacas, hepáticas, renais, psiquiátricas, etc.) que poderiam ser exacerbadas pelo uso de EAA. Maturidade e Conhecimento: Compreensão profunda dos riscos envolvidos, mecanismos de ação, efeitos colaterais e o compromisso financeiro e de estilo de vida necessário. Considerações fisiológicas: o eixo hipotálamo-pituitária-testicular (HPTA) O corpo humano regula a produção de testosterona através de um sistema de feedback negativo conhecido como Eixo HPTA. O hipotálamo libera GnRH, que estimula a pituitária a liberar LH e FSH. O LH estimula as células de Leydig nos testículos a produzir testosterona, enquanto o FSH está envolvido na espermatogênese. Quando EAA exógenos (de fontes externas) são introduzidos no corpo em doses suprafisiológicas (acima do que o corpo produziria naturalmente), o HPTA detecta níveis elevados de andrógenos e/ou seus metabólitos (como estrogênio via aromatização). Como resultado, ele reduz ou cessa completamente a liberação de GnRH, LH e FSH. Isso leva inevitavelmente à supressão da produção endógena de testosterona e à atrofia testicular (redução do tamanho dos testículos) durante o uso. Iniciar o uso de EAA antes de atingir a maturidade física completa ou antes de explorar o potencial genético natural pode levar a uma supressão mais profunda e potencialmente mais difícil de reverter do HPTA, além de mascarar a necessidade de otimizar os fatores fundamentais (treino, dieta, descanso). Administração exógena de testosterona: a base A testosterona é o principal hormônio sexual masculino e o EAA fundamental a partir do qual muitos outros são derivados. Em contextos de uso para performance ou estética, a testosterona exógena serve frequentemente como base. Ésteres Comuns: Cipionato e Enantato de testosterona são ésteres de ação longa, com meia-vida de aproximadamente 5-8 dias. Isso permite injeções menos frequentes (geralmente 1-2 vezes por semana) para manter níveis sanguíneos relativamente estáveis. Propionato de testosterona é um éster curto (meia-vida de ~1-2 dias), exigindo injeções mais frequentes (diárias ou a cada dois dias) para evitar flutuações. Doses Suprafisiológicas Iniciais: Doses comumente vistas para "iniciantes" no uso suprafisiológico variam, mas frequentemente começam na faixa de 200mg a 500mg por semana. É vital notar que mesmo 200mg/semana já representa uma dose significativamente acima da produção fisiológica normal (que é de ~3-10mg/dia ou 21-70mg/semana). Doses mais altas aumentam o potencial anabólico, mas também aumentam exponencialmente os riscos e a severidade dos efeitos colaterais. Empilhamento (Stacking Effect): Com ésteres longos, leva algumas semanas (geralmente 3-5 semanas) para que os níveis sanguíneos da droga atinjam um estado de equilíbrio estável devido ao acúmulo das doses administradas, considerando a meia-vida do éster. Efeitos colaterais comuns e manejo (monitoramento é crucial) O uso de EAA está associado a uma vasta gama de potenciais efeitos colaterais, que variam em incidência e severidade dependendo das drogas utilizadas, doses, duração do uso e predisposição genética individual. O monitoramento regular através de exames de sangue e avaliações médicas é absolutamente essencial para tentar mitigar os riscos. Supressão do HPTA e Efeitos Relacionados: Atrofia Testicular: Redução do tamanho testicular devido à falta de estimulação por LH. Infertilidade: Supressão da espermatogênese devido à falta de FSH e alterações no ambiente intratesticular. Pode ser temporária ou, em alguns casos, prolongada/permanente. HCG (Gonadotrofina Coriônica Humana): Análogo do LH, usado por alguns *durante* o ciclo em doses baixas (e.g., 250-500 UI duas vezes por semana) para manter o tamanho e a função testicular. Não previne a supressão central do HPTA, mas pode facilitar a recuperação pós-ciclo. Seu uso requer orientação cuidadosa. Efeitos Cardiovasculares: Esta é uma das áreas de maior preocupação. Dislipidemia: Redução do HDL ("colesterol bom") e aumento do LDL ("colesterol ruim"), aumentando o risco de aterosclerose. EAA orais (especialmente os 17-alfa-alquilados) e alguns injetáveis (como Stanozolol e Trenbolona) são particularmente deletérios ao perfil lipídico. Hipertensão: Aumento da pressão arterial, frequentemente devido à retenção de sódio e água, aumento do hematócrito e outros fatores. Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE): Aumento do músculo cardíaco, que pode se tornar patológico, levando à disfunção diastólica e aumento do risco de arritmias e insuficiência cardíaca. Aumento do Risco Trombótico: Devido ao aumento do hematócrito (veja abaixo) e potenciais efeitos pró-coagulantes. Monitoramento: Perfil lipídico completo, aferição regular da pressão arterial, возможно ECG e Ecocardiograma. Efeitos Hematológicos: Policitemia (Aumento do Hematócrito/Hemoglobina): A testosterona estimula a eritropoiese (produção de glóbulos vermelhos). Níveis suprafisiológicos podem levar a um aumento excessivo do hematócrito, tornando o sangue mais viscoso e aumentando o risco de eventos trombóticos (AVC, infarto, TEP). Monitoramento: Hemograma completo. Se o hematócrito exceder níveis de segurança (geralmente >52-54%), pode ser necessária flebotomia terapêutica (doação de sangue supervisionada) ou ajuste/cessação das doses. Efeitos Hepáticos: Hepatotoxicidade: Principalmente associada aos EAA orais 17-alfa-alquilados (e.g., Stanozolol, Oxandrolona, Oximetolona, Metandienona). Podem causar desde elevação de enzimas hepáticas (ALT, AST, GGT) até colestase, peliose hepática e, raramente, tumores. Mesmo a Oxandrolona, considerada "mais leve", apresenta risco. Monitoramento: Provas de função hepática (TGO/AST, TGP/ALT, GGT, Bilirrubinas). Efeitos Endócrinos/Metabólicos (Relacionados à Aromatização e DHT): Aromatização e Efeitos Estrogênicos: A testosterona e alguns outros EAA (como Boldenona, Metandienona) podem ser convertidos em estradiol pela enzima aromatase. Excesso de estradiol pode causar ginecomastia (desenvolvimento de tecido mamário), retenção hídrica excessiva e contribuir para a hipertensão. Controle Estrogênico: Inibidores da Aromatase (IAs): Anastrozol, Letrozol, Exemestano. Reduzem a conversão de andrógenos em estrogênio. O uso inadequado pode levar à supressão excessiva do estradiol, causando outros problemas (saúde óssea, libido, humor, perfil lipídico). Requer monitoramento cuidadoso dos níveis de estradiol. SERMs (Moduladores Seletivos do Receptor de Estrogênio): Tamoxifeno, Raloxifeno. Bloqueiam a ação do estrogênio no tecido mamário, usados principalmente para tratar/prevenir ginecomastia, mas não reduzem os níveis sistêmicos de estradiol. Conversão para DHT e Efeitos Androgênicos: A testosterona é convertida em dihidrotestosterona (DHT), um andrógeno mais potente, pela enzima 5-alfa-redutase. Derivados diretos de DHT (Masteron, Proviron, Stanozolol, Oxandrolona) também possuem forte afinidade pelo receptor androgênico. Efeitos incluem: acne, pele oleosa, aceleração da calvície de padrão masculino (em indivíduos predispostos), hiperplasia prostática benigna (HPB). Mitigação (Parcial): Inibidores da 5-alfa-redutase (Finasterida, Dutasterida) podem reduzir a conversão de testosterona em DHT, mas não afetam os EAA que já são derivados de DHT e possuem seus próprios efeitos colaterais. Prolactina: Alguns EAA, notavelmente os derivados da 19-nortestosterona (Nandrolona, Trenbolona), podem aumentar os níveis de prolactina, contribuindo para disfunção erétil, ginecomastia (especialmente progestênica) e outros problemas. Pode requerer o uso de agonistas da dopamina (Cabergolina, Pramipexol), que também têm efeitos colaterais. Resistência à Insulina: O uso de EAA pode impactar a sensibilidade à insulina. Monitoramento: Dosagem de Estradiol (E2), Testosterona Total e Livre, LH, FSH, Prolactina, SHBG, possivelmente DHT e PSA (Antígeno Prostático Específico). Efeitos Psiquiátricos/Neurológicos: Alterações de humor (euforia, depressão, ansiedade), irritabilidade aumentada ("roid rage" é um termo popular, mas alterações comportamentais são reais), alterações no sono, potencial para dependência psicológica. Alguns compostos (como Trenbolona) são anedoticamente associados a efeitos mais pronunciados. Efeitos Dermatológicos: Acne (especialmente no rosto, costas e peito), pele oleosa, estrias (devido ao rápido crescimento muscular). Adição de outros compostos anabólicos (stacking) A prática de usar múltiplos EAA simultaneamente ("stacking") é comum, na tentativa de maximizar os efeitos anabólicos e potencialmente modular os efeitos colaterais (embora frequentemente aumente o risco geral). Categorias Comuns: Além da testosterona, os EAA são frequentemente agrupados como derivados da própria testosterona, derivados do DHT ou derivados da 19-nortestosterona. Exemplos e Perfis de Risco (Simplificado): Nandrolona (Decanoato, Fenilpropionato): Alto anabolismo, menor androgenicidade relativa à testosterona. Pode aromatizar (embora menos que a testo) e tem forte atividade progestênica, frequentemente associada ao aumento da prolactina. Supressão do HPTA é profunda. Usada para ganho de massa. Boldenona Undecilenato: Anabolismo moderado, androgenicidade moderada. Longa meia-vida. Anedoticamente associada a aumento de apetite e, em alguns, ansiedade. Menor aromatização que a testosterona. Stanozolol (Oral/Injetável): Derivado de DHT. Promove ganhos "secos" e força. Extremamente deletério ao perfil lipídico (HDL). Hepatotóxico (oral). Pode causar dores articulares em alguns. Comumente usado em fases de definição ("cutting"). Oxandrolona: Derivado de DHT. Considerada "leve" em termos de ganhos de massa e alguns efeitos androgênicos, mas ainda assim impacta negativamente os lipídios (especialmente HDL) e é hepatotóxica (oral). Usada para força, qualidade muscular e em mulheres (doses muito menores). Oximetolona: Derivado de DHT (estruturalmente). Muito potente para ganhos de massa e força. Alta hepatotoxicidade. Pode causar retenção hídrica significativa, aumento da pressão arterial e efeitos estrogênicos paradoxais (não aromatiza, mas pode interagir com receptores de estrogênio ou alterar seu metabolismo). Metandienona: Derivado da testosterona. Potente para massa e força. Aromatiza significativamente, levando a retenção hídrica e risco de ginecomastia. Hepatotóxico (oral). Drostanolona (Masteron®): Derivado de DHT. Efeito "endurecedor" e cosmético em baixo percentual de gordura. Baixo potencial anabólico direto para ganho de massa. Pode exacerbar queda de cabelo. Não aromatiza. Trenbolona (Acetato, Enantato): Derivado da 19-nortestosterona. Extremamente potente (anabólica e androgênica). Não aromatiza, mas tem forte atividade progestênica e pode aumentar prolactina. Associada a um perfil de efeitos colaterais severo e único (cardiovascular, insônia, sudorese noturna, ansiedade, paranoia, "tosse da trembo"). Alto risco. Risco Acumulado: Usar múltiplos compostos aumenta a carga sobre o corpo e a complexidade do manejo de efeitos colaterais. As interações nem sempre são previsíveis. Estratégias de uso comuns: "blast and cruise" vs. ciclos com TPC Duas abordagens principais são frequentemente discutidas na comunidade de usuários: "Blast and Cruise" (B&C): Alternância entre períodos de doses altas ("Blasts") para promover ganhos significativos, e períodos de doses mais baixas, mas ainda assim suprafisiológicas ou no limite superior da normalidade ("Cruise"), para manter os ganhos e tentar permitir alguma recuperação fisiológica (embora a supressão do HPTA geralmente persista). Esta abordagem implica uso contínuo e acarreta riscos crônicos elevados para a saúde cardiovascular, hepática e endócrina, com provável supressão permanente do HPTA. Ciclos com Terapia Pós-Ciclo (TPC): Períodos definidos de uso ("Ciclos"), seguidos pela cessação de todos os EAA e a implementação de uma TPC. O objetivo da TPC é tentar estimular a recuperação do HPTA mais rapidamente, utilizando medicamentos como SERMs (Clomifeno, Tamoxifeno) e, por vezes, HCG *antes* do início dos SERMs (enquanto os EAA ainda estão saindo do sistema). A recuperação do HPTA após um ciclo não é garantida, pode ser incompleta ou levar muito tempo. Existe o risco de perda significativa de massa muscular durante o período de TPC e recuperação. Ciclos repetidos também aumentam o risco cumulativo. Nenhuma dessas estratégias é isenta de riscos e nenhuma é medicamente recomendada para fins não terapêuticos. Uso em fases de redução de gordura ("cutting") Os EAA não "queimam" gordura diretamente. Seu papel principal durante uma fase de restrição calórica é anticatabólico, ajudando a preservar a massa muscular que seria perdida juntamente com a gordura. Doses mais baixas (níveis de "cruise" ou ligeiramente acima) são geralmente suficientes para este propósito. Compostos que não causam retenção hídrica significativa ou que promovem um aspecto "seco" (como Stanozolol, Masteron®, Trenbolona) são por vezes preferidos nesta fase, mas seus perfis de risco (especialmente lipídios e cardiovasculares) devem ser cuidadosamente considerados. Outras substâncias usadas para perda de gordura (estimulantes como Clenbuterol, Efedrina e hormônios tireoidianos como T3) pertencem a categorias diferentes, com mecanismos e riscos distintos (particularmente cardíacos), e não devem ser confundidas com EAA. Cessação do uso e consequências a longo prazo Interromper o uso de EAA, especialmente após uso prolongado ou em altas doses, leva a um período de transição difícil ("crash"). Com a produção endógena suprimida e a fonte exógena removida, os níveis de testosterona caem drasticamente, enquanto o cortisol (um hormônio catabólico) pode permanecer elevado. Sintomas Comuns da Cessação: Perda rápida de massa muscular e força, fadiga extrema, letargia, humor deprimido, ansiedade, diminuição ou perda da libido, disfunção erétil. Recuperação do HPTA: Como mencionado, a recuperação pode ser lenta, incompleta ou, em alguns casos (especialmente com uso prolongado/pesado), pode não ocorrer, levando a um hipogonadismo secundário permanente que exigiria terapia de reposição de testosterona (TRT) vitalícia. Riscos Residuais: Alguns riscos, como alterações cardiovasculares (HVE, placas ateroscleróticas), podem não ser totalmente reversíveis mesmo após a cessação. Dependência Psicológica: A dificuldade em lidar com a perda de físico e performance, juntamente com os sintomas de baixa testosterona, pode levar a um desejo de retomar o uso. Considerações finais O uso de EAA para fins não terapêuticos é uma decisão pessoal que carrega um fardo significativo de riscos para a saúde física e mental, além de potenciais implicações legais e financeiras. Não existe "uso seguro" de EAA em doses suprafisiológicas fora de um contexto médico supervisionado. A base para qualquer desenvolvimento físico sustentável reside nos pilares de treino, nutrição e descanso adequados. A adição de EAA a uma base instável raramente produz os resultados desejados e amplifica os riscos. Se, apesar dos riscos, um indivíduo opta por usar EAA, a abordagem mais prudente envolve: Educação contínua e pesquisa em fontes confiáveis; Avaliações médicas completas prévias; Início com doses conservadoras de testosterona apenas; Monitoramento médico e laboratorial regular e frequente (antes, durante e após o uso); Transparência com profissionais de saúde (embora encontrar profissionais com conhecimento e disposição para acompanhar usuários de EAA possa ser desafiador); Compreensão de que os riscos aumentam com doses mais altas, maior duração de uso e o uso de múltiplos compostos. Este guia serve como um compêndio informativo técnico e de redução de danos, não como um manual de instruções ou endosso. A saúde deve ser sempre a prioridade máxima. Fontes de consulta 1. Triagem de postagens feitas no fórum por mais de 20 anos com o auxílio de IA. O que você achou deste guia? Escreva nos comentários.
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2 ou 5 refeições diárias? O que é melhor para a sua dieta de emagrecimento?
Introdução: o dilema das refeições para queimar gordura O personal trainer Théo S. aborda uma questão comum para quem busca a perda de peso e a máxima queima de gordura: seria melhor comer apenas duas refeições por dia ou optar por cinco? A lógica inicial pode sugerir que menos refeições (duas) levariam a um consumo menor de calorias. No entanto, Théo S. explica que a estratégia de cinco refeições pode manter o metabolismo mais acelerado. Ele esclarece que a relação entre frequência de refeições, calorias e queima de gordura não é tão simples e detalha o funcionamento do corpo em cada cenário. Como o corpo reage a poucas refeições diárias (2 refeições) Segundo Théo S., o corpo humano possui basicamente dois modos de funcionamento ao receber comida: ou queima a energia ou a armazena. Quando uma pessoa opta por fazer apenas 2 refeições ao dia, o corpo passa por longos períodos de privação. Essa privação prolongada ativa um modo de sobrevivência. Neste estado, explica o personal trainer, uma parte dos glicídios (carboidratos) consumidos é utilizada imediatamente para energia. Contudo, o excedente energético tende a ser armazenado. Esse armazenamento ocorre sob a forma de glicogénio nos músculos e no fígado, e uma parte significativa é transformada em gordura. O resultado direto, de acordo com Théo S., é que, ao comer apenas 2 vezes ao dia, a pessoa não só armazena mais gordura, mas também experimenta uma desaceleração do metabolismo, pois o corpo tenta economizar energia. Os benefícios de refeições mais frequentes (5 refeições) Em contraste, quando se opta por 5 refeições distribuídas ao longo do dia, o cenário muda. Théo S. afirma que, com essa abordagem, o corpo recebe energia de forma mais regular. Essa energia constante permite que o organismo a utilize diretamente a cada refeição, sem sentir a necessidade de estocar grandes quantidades. Uma consequência importante disso é a manutenção de um metabolismo elevado de forma contínua. Théo S. destaca um ponto crucial: quanto mais elevado o metabolismo, mais calorias o corpo queima naturalmente, mesmo em repouso. Ele resume a ideia de forma direta: "Em gros, plus tu manges, plus tu brûles du gras" (Basicamente, quanto mais [frequentemente] você come, mais gordura você queima). Para ilustrar melhor a vantagem de sequenciar as refeições, Théo S. propõe analisar o comportamento da insulina. Impacto na insulina: picos vs. constância O personal trainer utiliza um esquema mental para diferenciar o impacto das duas estratégias nos níveis de insulina. Com apenas duas refeições diárias, ocorrem grandes picos de insulina (ele menciona "1, 2" picos). Esses picos acentuados podem estar associados a um maior sinal para armazenamento. Por outro lado, ao realizar cinco refeições, a libertação de insulina torna-se muito mais constante e estável ao longo do dia (mencionando "1, 2, 3, 4, 5" momentos de libertação mais suaves). Com refeições melhor repartidas, os picos glicémicos são significativamente menores, o que é mais favorável para o controlo do peso e a queima de gordura. Fome, tentações e o sinal do metabolismo lento Théo S. também aponta que comer com mais frequência (5 refeições) ajuda a controlar melhor a fome e as tentações. Longos períodos sem comer, como no cenário de duas refeições ou jejum, frequentemente levam a uma vontade intensa de comer "tudo e qualquer coisa". Ele faz uma observação interessante: se uma pessoa come muito pouco durante o dia (como em duas refeições) e, ainda assim, não sente fome entre elas, isso pode não ser um bom sinal. Segundo Théo S., isso pode indicar que o metabolismo está a funcionar de forma muito lenta ("totalement au ralenti"). Conclusão: a estratégia ideal para maximizar resultados Com base nestes pontos, Théo S. conclui que fazer cinco refeições por dia é uma estratégia mais ideal para quem procura perder peso, queimar o máximo de gordura, evitar os "craquages" (desejos súbitos e intensos por comida) e acelerar o metabolismo, em comparação com comer apenas uma ou duas vezes. No entanto, ele reconhece a individualidade. Se alguém se adapta bem a comer poucas refeições (por exemplo, por questões de tempo ou preferência pessoal) e isso funciona para essa pessoa, não há problema em continuar. Mas, o personal trainer reforça: para quem deseja maximizar a perda de peso e a queima de gordura, sequenciar as refeições ao longo do dia é a abordagem fortemente aconselhada. Fontes de consulta 1. S., Théo. Vídeo sobre frequência de refeições e queima de gordura. Instagram, 28 de mar. de 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/p/DHwJeMDoQGx/. Acesso em: 13 de abr. de 2025. Assista ao vídeo: Theo-S-2-ou-5-refeicoes-queimar-gordura.mp4 Qual é a sua estratégia alimentar em número de refeições diárias? Compartilhe nos comentários.
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Bumbum grande e cinturinha fina: o segredo do levantamento de glúteo brasileiro (BBL - Brazilian Butt Lift)!
Desvendando o mistério: Glúteos volumosos e cintura fina Muitas pessoas se perguntam qual o segredo por trás da silhueta frequentemente vista em algumas influenciadoras e celebridades internacionais, caracterizada por glúteos muito volumosos e uma cintura extremamente fina. Questiona-se se tal combinação seria um "milagre" da genética ou do treino. A personal trainer Carolina Santana aborda essa questão, explicando os métodos por trás dessa estética. O segredo por trás da silhueta: o BBL Carolina Santana esclarece que, na realidade, essa aparência frequentemente não é resultado apenas de dieta e exercício, mas sim de um procedimento cirúrgico específico. Ela identifica o método como o BBL, sigla para Brazilian Butt Lift (Levantamento de Glúteo Brasileiro). Entendendo o procedimento BBL Mas o que exatamente é o BBL? A personal trainer detalha o processo. Segundo ela, as mulheres que passam por essa cirurgia realizam primeiro uma liposcultura, que consiste na remoção de gordura de determinadas áreas do corpo. Essa gordura retirada é, então, tratada e filtrada. Posteriormente, essa gordura processada é injetada diretamente nos glúteos. Carolina explica que é por conta desse procedimento que o bumbum pode adquirir um aspecto muito volumoso e, ao mesmo tempo, parecer "tão lisinho" e até mesmo "natural" aos olhos de alguns, apesar de ser um resultado artificial. Natural versus artificial: o que é possível? A especialista em treino faz uma ressalva importante: é fundamental entender as limitações do corpo e dos métodos naturais. Ela afirma categoricamente que não existe a possibilidade de perder gordura de forma tão localizada, especificamente "só na linha de cintura", e simultaneamente alcançar um volume tão "gigantesco" nos glúteos apenas com métodos naturais. Conquistando glúteos de forma natural Por outro lado, Carolina Santana ressalta que é totalmente possível transformar o corpo de maneira natural e saudável. Ela enfatiza que o glúteo que é "trabalhado com treino pesado e dieta é 100% natural". Esse caminho exige dedicação e consistência, mas resulta em ganhos reais e sustentáveis. A preferência da especialista Diante das duas abordagens – a cirúrgica (BBL) e a natural (treino e dieta) – Carolina Santana expressa sua opinião. Ela declara que acha o resultado conquistado de forma natural "muito mais bonito". Seu caminho para resultados reais A personal trainer convida o público a refletir sobre essas informações e a interagir, sobre as preferências de shape. Para aquelas pessoas que desejam conquistar glúteos como os alcançados de forma natural – definidos por ela como "100% reais" – e que querem evitar procedimentos cirúrgicos ("sem passar por bisturi"), Carolina sugere que busquem orientações de personais capacitados para receber orientações sobre como alcançar esses objetivos. Nota Algumas imagens do vídeo da personal Carolina são do perfil da Isla no Instagram. E no perfil dela, consta a anotação de ser o bumbum natural. Fontes de consulta 1. SANTANA, Carolina. Vídeo explicativo sobre BBL (Brazilian Butt Lift) e métodos naturais para glúteos. Instagram Reel, 11 de abr. 2025.. Disponível em: <https://www.instagram.com/reel/DISRvS7xnpi/>. Acesso em: 13 abr. 2024. 2. ISLA. Imagens no Instagram. Disponível em: <https://www.instagram.com/islamyla/>. Acesso em: 13 abr. 2025. Assista ao vídeo: Carolina-Santanta-bumbum-lipoescultura.mp4 Qual é a sua opinião sobre a estética de bumbuns naturais versus bumbuns com procedimentos estéticos? Compartilhe nos comentários.
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Como vencer os transtornos do comportamento alimentar (TCA) que impendem o emagrecimento ou o ganho de massa?
Introdução: a importância de falar sobre TCA O personal trainer Théo S. recentemente compartilhou uma reflexão importante sobre Transtornos do Comportamento Alimentar (TCA), motivado por uma mensagem recebida de uma cliente. A cliente relatou que o coaching teve um impacto real e positivo em sua luta contra a hiperfagia, um dos tipos de TCA. Ela destacou que, embora o processo não seja perfeito e a condição seja uma "doença real a ser tratada a longo prazo", a diminuição no número de crises foi "verdadeiramente incrível". A cliente associou essa melhora ao desejo de cuidar de si mesma, tanto física quanto mentalmente, através do desporto e da dieta, afirmando que isso "realmente joga a favor nesse aspecto". Inspirado por essa partilha, Théo S. decidiu abordar o que são os TCA. O que são os transtornos do comportamento alimentar (TCA)? Os Transtornos do Comportamento Alimentar, conhecidos pela sigla TCA, são condições complexas que afetam a relação de uma pessoa com a comida e com o próprio corpo. Théo S. menciona que existem vários tipos, mas destaca os principais: Anorexia mental; Bulimia; Hiperfagia; Bigorexia. De onde vêm os TCA? Uma questão comum é sobre a origem desses transtornos. Théo S. explica que os TCA não surgem de um único fator, mas sim de uma combinação de várias influências. Ele agrupa essas causas em três categorias principais: Fatores biológicos: Incluem predisposição genética e fatores hormonais. Fatores psicológicos: Relacionados ao controlo das emoções e a possíveis traumas passados. Fatores sociais: Englobam a influência das pessoas ao redor (ambiente social) e a pressão social, por exemplo. Portanto, a origem dos TCA é multifatorial, combinando esses diferentes elementos. Qual o impacto dos TCA? O resultado principal da interação desses fatores é o desenvolvimento de uma relação inadequada e prejudicial com a alimentação. Théo S. enfatiza que essa relação "não é normal" e afeta o indivíduo em múltiplos níveis, seja fisicamente, mentalmente ou psicologicamente. Qual a principal solução? Diante desse quadro, a recomendação central de Théo S. é clara: procurar acompanhamento profissional. Ele considera esta a principal solução. A ajuda pode vir de diferentes especialistas: Um psicólogo; Um nutricionista; Um dietista (Théo S. sugere procurar profissionais que sejam realmente especializados em TCA); Um médico; Um coach desportivo (como apoio complementar). Ele reforça que é absolutamente necessário ter apoio psicológico, buscando o acompanhamento dessas pessoas qualificadas. Como é o caminho para a recuperação? Théo S. adverte que tratar um TCA leva tempo. Por isso, a paciência é fundamental durante todo o processo. É importante também estabelecer objetivos realistas para si mesmo. Além do acompanhamento profissional e da paciência, um elemento crucial para tratar os transtornos do comportamento alimentar é adotar uma alimentação adaptada. Essa alimentação deve ser adequada ao indivíduo, considerando suas necessidades, seus desejos, suas preferências e seus objetivos específicos. Em resumo, o conselho final de Théo S. é: identifique o problema, encontre a solução (que envolve acompanhamento profissional e nutrição adequada) e, acima de tudo, procure ajuda e acompanhamento. Fontes de consulta 1. S. Théo. Vídeo sobre TCA. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/DG5x06hoBy4/>. Acesso em: 24 maio 2024. Assista ao vídeo: Theo-S-TCA.mp4 Sofre ou conhece alguém que sofre de TCA? Compartilhe nos comentários.
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Quero perder gordura: é melhor caminhada ou corrida?
Caminhar ou correr: o que queima mais gordura? Muitas pessoas já se perguntaram se é melhor caminhar ou correr quando o objetivo é queimar o máximo de gordura possível. O personal trainer Théo S. aborda essa questão comum, explicando as diferenças fundamentais entre as duas atividades e como o corpo utiliza energia em cada uma delas. Comparação inicial de calorias À primeira vista, a corrida parece levar vantagem. Em média, 1 hora de corrida queima cerca de 600 quilocalorias. Em contrapartida, 1 hora de caminhada queima aproximadamente metade disso, 300 quilocalorias. No entanto, Théo S. alerta que essa diferença no gasto calórico total não significa necessariamente que a corrida queime o dobro de gordura. A origem da energia utilizada pelo corpo durante o exercício é um fator crucial. Entendendo as fontes de energia do corpo O corpo humano utiliza principalmente duas fontes de energia: Glucídios (açúcares): São a fonte de energia de acesso rápido. No entanto, a capacidade de armazenamento é limitada. O corpo consegue estocar cerca de 2.000 a 3.000 quilocalorias de açúcares nos músculos e no fígado, no máximo. Lipídios (gorduras): Representam uma reserva energética muito maior. O corpo pode armazenar dezenas de milhares de quilocalorias na forma de gordura. Como o corpo escolhe o combustível A intensidade do exercício determina qual fonte de energia o corpo prioriza: Quando uma pessoa começa a correr, o corpo necessita de energia de forma imediata e intensa. Para suprir essa demanda rápida, ele recorre principalmente aos estoques de açúcar (glucídios), que estão mais prontamente disponíveis. Por outro lado, durante a caminhada, a demanda por energia não é tão urgente. Isso dá tempo ao corpo para mobilizar uma fonte de energia mais lenta, porém mais abundante: a gordura (lipídios). Embora o processo de acessar a gordura demore um pouco mais, é essa a fonte que é efetivamente utilizada durante a caminhada. Portanto, a conclusão direta é: correr tende a queimar mais açúcar, enquanto caminhar tende a queimar mais gordura. O impacto no cansaço e na fome Théo S. introduz um gráfico mental para ilustrar outro ponto importante: a relação entre o tipo de exercício, o cansaço, a fome e as calorias queimadas. A corrida (representada hipoteticamente por uma curva preta) queima muitas calorias, mas também gera um nível de cansaço significativamente maior. Além disso, um efeito colateral comum da corrida intensa é o aumento da fome após o exercício. Como ele menciona, depois de uma hora correndo, a vontade de "atacar a despensa" pode ser grande, potencialmente anulando o déficit calórico criado. A caminhada (representada por uma curva vermelha) queima menos calorias totais, mas resulta em muito menos cansaço e, crucialmente, menos fome pós-exercício. Aqui está o gráfico baseado na descrição do Théo S.! Ele mostra como a corrida (linhas pretas) gera mais calorias queimadas, mas também muito mais cansaço e fome em comparação com a caminhada (linhas vermelhas), que é mais moderada em todos os aspectos. Esse gráfico mostra que, embora a corrida queime mais calorias no total, a caminhada é mais eficiente na queima de gordura por caloria gasta. Se quiser, posso adicionar setas indicando a progressão ao longo do tempo, ou destacar pontos específicos (como após 30 ou 60 minutos) Qual é melhor para perder gordura? Considerando os fatores de fonte de energia utilizada (gordura vs. açúcar), cansaço e fome, Théo S. conclui que a caminhada é a opção mais ideal para quem busca especificamente a perda de gordura e de peso. Ele enfatiza que nem todas as calorias queimadas são iguais em termos de origem (gordura ou açúcar). Um esforço super intenso, como a corrida, não garante necessariamente uma maior queima de gordura corporal acumulada. Escolhendo com base no seu objetivo A escolha entre caminhar e correr deve depender do objetivo principal: Se o objetivo é maximizar a performance, melhorar o condicionamento cardiovascular ou realizar treinos de alta intensidade, a corrida, treinos intervalados (HIIT) e esforços intensos são recomendados. Se o objetivo principal é queimar gordura de forma eficaz e sustentável, a caminhada ou outros esforços de menor intensidade são as opções mais indicadas, pois favorecem a utilização de gordura como combustível e controlam melhor a fome e o cansaço. Fontes de consulta 1. S., Théo. Vídeo sobre caminhada vs. corrida para queima de gordura. Instagram, 7 de mar. 2025. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/DG5x06hoBy4/>. Acesso em: 10 abr. 2025. Assista ao vídeo: Theo-S-caminhar-ou-correr-melhor-queimar-gordura.mp4 Qual é a sua estratégia para queimar gordura? Compartilhe nos comentários.
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Mounjaro® e Zepbound®: uma nova era no tratamento da obesidade com Tirzepatida!
Introdução à Tirzepatida (Mounjaro® e Zepbound®): uma nova era no tratamento da obesidade A Tirzepatida surge como a mais recente medicação injetável destinada ao tratamento tanto do diabetes quanto da obesidade. O Dr. Christopher McGowan, MD, da TrueYou Weight Loss, destaca que esta medicação se junta a uma classe de fármacos para obesidade que avança rapidamente, focando em receptores hormonais específicos no corpo. Estes medicamentos estão, segundo ele, revolucionando o tratamento médico da obesidade. A Tirzepatida demonstra ser marcadamente mais eficaz que as medicações anteriores disponíveis. De fato, o Dr. McGowan a descreve como representando a medicação para obesidade mais eficaz já desenvolvida até o momento. É importante notar, contudo, que no momento da gravação do vídeo original, a Tirzepatida ainda não possuía aprovação da FDA especificamente para o tratamento da obesidade, embora já fosse aprovada para o tratamento do diabetes. A expectativa é que a aprovação para obesidade ocorra nos meses seguintes. Entendendo o contexto: medicações atuais para perda de peso Para estabelecer um quadro de referência, o Dr. McGowan revisa brevemente as medicações para perda de peso aprovadas pela FDA: Fentermina (ex: Adipex®): Disponível desde os anos 1950, leva a uma perda de peso média de cerca de 5% do peso corporal. Fentermina/Topiramato (Qsymia®): Combinação que pode produzir uma perda de peso média entre 8% e 10%. Bupropiona/Naltrexona (Contrave®): Uma combinação de antidepressivo e medicação para prevenção de dependência, resulta em cerca de 4% a 5% de perda de peso. Liraglutida (Saxenda®): A primeira medicação injetável para perda de peso, aprovada em 2014, leva a uma perda média de 8% do peso corporal. Semaglutida 2.4mg (Wegovy® e Ozempic®): Aprovada em 2021, representou um grande salto em eficácia, produzindo uma perda de peso média de 15% em um ano, com uma injeção semanal. Isso é quase o dobro da perda vista com Saxenda®. Como a Tirzepatida funciona: a vantagem do duplo agonista O Wegovy® (Semaglutida 2.4mg) atua especificamente no hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1), que é crucial no controle do peso através de ações no cérebro e no trato digestivo. Níveis mais altos de GLP-1 levam a menos apetite e maior saciedade, resultando em perda de peso. Este mecanismo também ajuda no controle da glicose, tornando-o eficaz para o diabetes. A Tirzepatida, explica o Dr. McGowan, vai além. Assim como a Semaglutida, ela também atua no receptor GLP-1, aumentando seus níveis. No entanto, a Tirzepatida também age sobre um segundo receptor, conhecido como GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose). As ações do GLP-1 e do GIP são sinérgicas, o que significa que elas potencializam o efeito uma da outra. Ao combinar a ação sobre ambos os receptores, a Tirzepatida consegue induzir uma perda de peso geral maior. A evidência: resultados do ensaio Surmount A eficácia da Tirzepatida para perda de peso foi estabelecida no recentemente publicado ensaio clínico Surmount. Este foi um estudo randomizado controlado de fase 3, envolvendo 2.539 pessoas. Os participantes foram randomizados para receber Tirzepatida (em doses de 5mg, 10mg ou 15mg) ou placebo. Após 72 semanas de tratamento, os resultados foram: Grupo Placebo: Perda de peso média de 3%. Grupo Tirzepatida 5mg: Perda de peso média de 15%. Grupo Tirzepatida 10mg: Perda de peso média de 19%. Grupo Tirzepatida 15mg: Perda de peso média de notáveis 20.9%. O Dr. McGowan ressalta que esses números são impressionantes, especialmente quando comparados à média de 15% do Wegovy e se aproximando da média de 25-30% de perda de peso vista com a cirurgia bariátrica – o tratamento mais eficaz para obesidade. Considerando que apenas cerca de 1% dos pacientes elegíveis para cirurgia bariátrica realmente a realizam, alternativas eficazes como a Tirzepatida são essenciais. Como a Tirzepatida é administrada A Tirzepatida é administrada através de uma injeção subcutânea uma vez por semana. A medicação vem em uma caneta pré-preenchida, sem agulha visível, facilitando o uso pelo paciente em casa. Potenciais efeitos colaterais Pacientes utilizando Tirzepatida podem experienciar efeitos colaterais. Os mais comuns são de natureza gastrointestinal, muito semelhantes aos observados com a Semaglutida. Estes incluem: Náusea; Diarreia; Constipação. O Dr. McGowan esclarece que a maioria desses efeitos é leve e transitória, ocorrendo principalmente durante o período inicial de escalonamento da dose. No ensaio Surmount, até 7% dos pacientes precisaram interromper o tratamento devido a esses efeitos colaterais. Outros efeitos colaterais muito raros, como pancreatite e doença da vesícula biliar, foram mencionados, mas o Dr. McGowan aponta que, no estudo, sua frequência não foi maior com Tirzepatida do que com placebo. Quem é um bom candidato? Uma vez que a Tirzepatida receba a aprovação da FDA para obesidade, um bom candidato seria um adulto com: Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30, OU IMC maior que 27 com uma condição médica relacionada à obesidade (como diabetes, pressão alta, colesterol alto ou apneia do sono). É crucial que os candidatos estejam dispostos e confortáveis em usar uma medicação injetável semanalmente. A importância do tratamento a longo prazo e suporte O Dr. McGowan enfatiza que a obesidade é uma condição crônica e recidivante e deve ser tratada como tal. A Tirzepatida não é uma medicação para uso de curto prazo; uma vez iniciado, o ideal é mantê-lo a longo prazo, assumindo que esteja funcionando e sendo bem tolerado pelo paciente. Pacientes que possuem tanto obesidade quanto diabetes podem ser os melhores candidatos, pois a Tirzepatida atua em ambas as condições e pode permitir a redução de outras medicações para diabetes, como a insulina (que pode promover ganho de peso). Para obter o máximo sucesso com a Tirzepatida, o Dr. McGowan recomenda que ela seja prescrita como parte de um programa abrangente de perda de peso, que inclui: Acompanhamento por um médico ou profissional de saúde treinado em medicina da obesidade. Suporte nutricional, idealmente de um dietista licenciado. Um regime de exercícios estruturado. Barreiras ao acesso: o fator custo A Tirzepatida é inquestionavelmente um avanço, com resultados de perda de peso que podem levar à melhora ou resolução de condições associadas. No entanto, existem barreiras e obstáculos para os pacientes. O Dr. McGowan aponta que o principal deles é o custo. Assim como ocorreu com o Wegovy®, cujo custo mensal de bolso superior a R$ 5.000,00 limitou o acesso para muitos, espera-se uma situação semelhante com a Tirzepatida. Infelizmente, observa o Dr. McGowan, os planos de saúde nos EUA frequentemente têm uma visão limitada sobre o tratamento da obesidade, não a reconhecendo plenamente como uma doença, o que dificulta a cobertura, apesar dos potenciais benefícios a longo prazo na redução dos custos gerais de saúde. Considerações finais A equipe da TrueYou Weight Loss está entusiasmada com o surgimento de opções novas e mais eficazes para pacientes com obesidade. Medicações como a Tirzepatida, seja usada isoladamente ou em combinação com procedimentos de perda de peso, estão causando um impacto real após muitos anos de estagnação no campo. Com o advento dessas novas medicações e procedimentos menos invasivos, existem agora múltiplas opções eficazes para pacientes que não desejam a cirurgia bariátrica. Fontes de consulta 1. MCGOWAN, Christopher. MDTRUEYOU Mounjaro (tirzepatide): The newest diabetes and obesity medication (explanation and overview). Disponível em: <https://youtu.be/wZPLJwlhdn4>. Acesso em: 9 de abr. 2025. O que você acha do emagrecimento com o uso de medicamentos? Apenas treino e dieta não seria suficientes? Compartilhe nos comentários.
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Ciclo do fisiculturista Renato Cariani comentado!
Análise do ciclo de esteroides revelado por Renato Cariani Recentemente, em um vídeo, o conhecido empresário e figura do meio "maromba", Renato Cariani, revelou detalhes sobre os ciclos de esteroides anabolizantes que utiliza. O profissional da área médica com foco neste tema, Dr. Gabriel Feitosa, achou pertinente analisar as informações compartilhadas, tanto do ponto de vista prático quanto científico, extraindo conhecimento relevante sobre o uso dessas substâncias. É fundamental iniciar ressaltando que o uso de esteroides anabolizantes em doses supra-fisiológicas (acima do que o corpo produziria naturalmente) não possui segurança estabelecida. O que existe é uma tentativa de contenção de danos, que envolve acompanhamento médico, realização de exames periódicos e tratamento de possíveis efeitos colaterais. A resposta individual a essas substâncias varia muito, dependendo da dose, tempo de uso, tipo de esteroide e suscetibilidade genética de cada pessoa. Estratégia de uso e fase de "saúde" Cariani descreve uma abordagem cíclica, alternando períodos com foco na saúde e períodos focados em performance. Durante a fase de "saúde", que ele mencionou ter durado seis meses em um período recente, ele utilizou uma dose de 125 mg de testosterona a cada 5 dias. Ele relata que essa dosagem mantinha seus níveis de testosterona total entre 900 e 1200 ng/dL. É importante notar que, mesmo essa dose considerada por ele como "base" ou de "saúde", já configura uma dose supra-fisiológica, uma vez que a dose fisiológica de reposição gira em torno de 100 mg por semana. Ele afirma monitorar seus exames laboratoriais durante essas fases e, quando percebe que "está tudo muito bem", transita para um período focado em performance, que dura cerca de três meses. O ciclo de "performance" detalhado Durante a fase de performance, Renato Cariani revelou utilizar a seguinte combinação semanal: 250 mg de Testosterona (provavelmente Durateston de farmácia, considerando a dosagem) 100 mg de Masteron® (Propionato de Drostanolona) 100 mg de Primobolan® (Enantato de Metenolona) Isso totaliza 450 mg de esteroides por semana. No contexto do fisiculturismo de alto rendimento, essa pode ser considerada uma dose relativamente baixa, porém, ainda assim, é uma dose supra-fisiológica que acarreta riscos à saúde, especialmente com o uso contínuo ou repetido. Análise da combinação e fontes A combinação de Masteron® e Primobolan® levanta questionamentos. Ambos são derivados do DHT (Di-hidrotestosterona) e possuem mecanismos de ação muito semelhantes, com baixo potencial anabólico e androgênico nas doses citadas. A principal diferença reside nos ésteres: o Masteron® (propionato) tem meia-vida curta, exigindo aplicações mais frequentes, enquanto o Primobolan® (enantato) tem meia-vida longa. A lógica de combinar dois compostos tão parecidos com perfis farmacocinéticos distintos não é imediatamente clara do ponto de vista farmacológico. Além disso, enquanto a testosterona pode ser obtida legalmente em farmácias (como Durateston® ou Deposteron®), o Masteron® e o Primobolan® não estão disponíveis no mercado lícito brasileiro. Isso implica que a fonte desses medicamentos é, provavelmente, o mercado ilícito (underground). O Primobolan®, em particular, é conhecido por ser um dos esteroides mais caros e frequentemente falsificados. É comum no meio underground a alegação de que o Masteron® possui propriedades anti-estrogênicas, o que é um mito. Essa ideia deriva de seu uso antigo no tratamento de câncer de mama, onde outros andrógenos como testosterona e nandrolona também eram utilizados com o mesmo propósito, mas não significa que ele iniba a aromatase ou bloqueie o receptor de estrogênio de forma clinicamente relevante nos ciclos atuais. Drogas evitadas por Cariani Renato Cariani também mencionou substâncias que ele opta por não utilizar: Nandrolona (Deca®): Relata que afeta negativamente sua libido e o deixa "pra baixo". Boldenona e Trembolona: Considera a Trembolona uma droga para competições de altíssimo nível, para uso limitado (ex: 8 semanas). GH (Hormônio do Crescimento): Não utiliza desde 2022, também associando seu uso a fases de competição. Hormônios Tireoidianos: Evita por receio do efeito rebote. Clenbuterol: Afirma que baixa sua pressão arterial e causa mal-estar. A decisão de evitar Nandrolona por questões de libido e humor é um relato pessoal comum, embora a redução da libido geralmente ocorra quando usada isoladamente (sem testosterona) devido à supressão do eixo hormonal. A cautela com Trembolona, GH e hormônios tireoidianos é justificada pelos seus potenciais efeitos colaterais significativos. Importância do monitoramento Cariani menciona o acompanhamento de exames como hematócrito e perfil lipídico (colesterol). É crucial reforçar que, para usuários de esteroides, o monitoramento deve ser abrangente, incluindo avaliações da saúde cardíaca (como Eletrocardiograma com Strain, MAPA para pressão arterial) e outros marcadores que podem ser afetados. Conclusão O ciclo revelado por Renato Cariani, embora considerado baixo para padrões de fisiculturismo, ainda envolve doses supra-fisiológicas de esteroides anabolizantes, incluindo substâncias do mercado ilícito. Sua estratégia de ciclagem e a evitação de certas drogas demonstram uma preocupação com o manejo dos efeitos colaterais, possivelmente influenciada pela idade e busca por maior longevidade. No entanto, é imperativo entender que não existe uso seguro de esteroides anabolizantes para fins estéticos ou de performance. Os riscos à saúde, especialmente cardiovasculares e metabólicos, estão sempre presentes e a tentativa de controle de danos exige acompanhamento médico rigoroso e contínuo. A informação compartilhada não deve, em hipótese alguma, ser interpretada como um endosso ou guia para o uso dessas substâncias. A replicação de ciclos sem orientação médica especializada e conhecimento dos riscos individuais é extremamente perigosa. Fontes de consulta 1. FEITOSA, Gabriel. CICLO ATUAL DO RENATO CARIANI: Análise MÉDICA e CIENTÍFICA. Disponível em: <https://youtu.be/HXPHkDEDGM0>. Acesso em: 9 abr. 2025. 2. CARIANI, Renato. Imagem no Instagram. Alongada por IA. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/CwQTM3Zq3i4/>. Acesso em: 9 de abr. 2025. O que você achou do ciclo do Renato e da análise do Dr. Gabriel? Deixe nos comentários.
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Intolerância à lactose é uma doença ou é normal em adultos?
Introdução: a experiência intermitente de Adam No episódio 36 de seu podcast, Adam Ragusea mergulha no universo do leite, um tema que recentemente se tornou bastante pessoal. Ele compartilha que está enfrentando um episódio de intolerância à lactose, uma condição que, para alguns, pode ir e vir. Os sintomas relatados por Adam são os clássicos: inchaço, cólicas abdominais, gases e diarreia, que surgem mesmo após o consumo de pequenas quantidades de produtos lácteos, como um simples sorvete. A tentação: sorvete Apesar do desconforto digestivo, Adam confessa uma fraqueza: os sanduíches de sorvete da marca Nightingale. Ele faz questão de ressaltar que não se trata de publicidade, mas sim de uma apreciação genuína pelo produto. Originários de Richmond, Virgínia, e inicialmente uma empresa familiar, esses sanduíches são descritos como grandes, em formato de barra de ouro, e vêm em uma embalagem de papel pardo. O que mais chama a atenção de Adam são os biscoitos: "super grossos e realmente mastigáveis". Ele especula que são feitos a partir de grandes folhas de massa assada e depois cortados em retângulos, o que lhes confere uma espessura uniforme, algo que ele particularmente gosta. A camada de sorvete é generosa, "preposteramente espessa", a ponto de Adam preferir cortá-la com uma faca para comer. Seus sabores preferidos incluem o "triple chocolate" e o "blondie". Adam informa que os sanduíches maiores podem ser encontrados na rede Fresh Market, enquanto uma versão menor, chamada "Chomps", está disponível em locais como o Walmart. Contudo, ele lamenta que, durante sua atual fase de intolerância, até mesmo um "Chomp" seja suficiente para "arruinar completamente sua noite". A ciência por trás: o que é intolerância à lactose? Adam contextualiza sua experiência explicando a biologia por trás da digestão do leite. A maioria dos mamíferos, incluindo a maior parte da população humana adulta global, naturalmente reduz ou cessa a produção da enzima lactase após o período de amamentação. A lactase é essencial para quebrar a lactose – o açúcar do leite, um dissacarídeo composto por glicose e galactose – em açúcares simples que podem ser absorvidos pelo intestino delgado. Sem lactase suficiente, a lactose não digerida segue para o intestino grosso. Lá, as bactérias residentes a fermentam, gerando subprodutos como gases (hidrogênio e metano), que causam os sintomas desagradáveis da intolerância. Adam menciona que a presença elevada de hidrogênio na respiração após o consumo de lactose é a base para um dos testes diagnósticos, o teste de hidrogênio expirado. Um viés cultural? Intolerância como norma, não doença Indo além da biologia individual, Adam critica o que ele chama de "patologização" da intolerância à lactose. Ele argumenta que considerar a intolerância uma doença é um exemplo de viés eurocêntrico na ciência e na medicina, potencialmente influenciado pela poderosa indústria de laticínios e pelo "complexo agroindustrial regulatório". Ele reforça que a intolerância à lactose na idade adulta é a norma biológica global para humanos e outros mamíferos. A condição "anormal" ou a "aberração" evolutiva seria, na verdade, a "persistência da lactase" – a capacidade de continuar produzindo a enzima lactase e digerindo leite ao longo da vida adulta. Do ponto de vista cultural e histórico predominante, não ser capaz de digerir leite quando adulto é o estado natural. Adam propõe uma definição mais individualizada de patologia: algo que acontece no corpo que a pessoa não gosta e gostaria de mudar. Nesse sentido, ele escolhe ver sua própria intolerância intermitente como uma patologia pessoal, pois o impede de desfrutar dos seus queridos sanduíches de sorvete, mas ressalta que esta é sua perspectiva, não necessariamente a norma biológica global. A evolução da persistência da lactase: por que alguns adultos digerem leite? Adam explora a origem evolutiva do leite e da persistência da lactase. O leite, característica definidora dos mamíferos, provavelmente evoluiu de glândulas sudoríparas ou sebáceas modificadas. Uma hipótese sugere que sua função inicial poderia ser manter úmidos os ovos de casca mais permeável dos primeiros mamíferos (que evoluíram de répteis). Com a evolução do nascimento vivo, o leite tornou-se a fonte ideal de nutrição para os filhotes, permitindo que a mãe os alimentasse sem sair do ninho. A persistência da lactase é uma adaptação humana recente, surgindo com a domesticação de animais leiteiros (cabras, ovelhas, gado) há cerca de 10.000 a 11.000 anos, primeiramente no Oeste Asiático. Essa característica evoluiu independentemente em algumas populações: Norte da Europa: É o epicentro global da persistência da lactase. A teoria dominante relaciona isso à baixa exposição solar nessas latitudes. A luz solar é necessária para a síntese de Vitamina D, essencial para a absorção de cálcio. Como a lactose também melhora a absorção de cálcio, a capacidade de digerir leite teria sido uma forte vantagem evolutiva para prevenir deficiências de cálcio e doenças como raquitismo e osteoporose em ambientes com pouca luz solar. África Oriental: Em sociedades pastoris (ex: Sudão). Ásia Central: Observada em populações como os Cazaques, possivelmente ligada à migração dos Arianos. Arábia: Associada à domesticação de camelos. Em contraste, populações que não dependiam tanto de laticínios ou tinham ampla luz solar e outras fontes de cálcio não desenvolveram essa adaptação generalizada: Sul da Europa: Os romanos, por exemplo, preferiam queijos e iogurtes (com lactose reduzida pela fermentação) a leite fresco. África Ocidental e Leste/Sul da Ásia: Possuíam diversas outras fontes alimentares (como o arroz, que permite múltiplas colheitas anuais na Ásia). Américas pré-colombianas: Praticamente não havia animais leiteiros domesticados (com a possível exceção da alpaca), logo, não houve pressão seletiva para a persistência da lactase. Adam nota que a maioria dos descendentes de nativos americanos e muitos hispânicos (com ancestralidade mista europeia e indígena) são intolerantes à lactose. Além da lactose: outras causas e possíveis soluções Adam ressalta que nem todo desconforto com laticínios é causado pela lactose. Outros fatores podem estar envolvidos: Intolerância a Proteínas do Leite: A beta-caseína A1, comum em leite de vaca de certas raças, pode ser digerida em beta-casomorfina-7, um peptídeo que pode causar inflamação intestinal em algumas pessoas. Isso poderia explicar por que alguns toleram melhor leite de cabra ou de vacas A2. Microbioma Intestinal: A saúde e a composição da flora intestinal desempenham um papel. Estudos com probióticos sugerem melhora na digestão de laticínios ao longo do tempo para alguns indivíduos. Composição da Refeição: Consumir laticínios junto com alimentos ricos em fibras solúveis ou gordura pode retardar o esvaziamento gástrico, dando mais tempo para a lactase agir. Leite integral pode ser melhor tolerado que o desnatado por esse motivo. Para aqueles que sofrem com a intolerância à lactose, existem soluções: Produtos Fermentados: Queijos (especialmente os curados) e iogurtes possuem níveis reduzidos de lactose devido à ação de bactérias e fungos. Suplementos de Lactase: Enzimas de lactase em pílulas (como Lactaid) podem ser tomadas com a refeição ou pouco antes para ajudar na digestão. Adam adverte que a eficácia varia e a dosagem correta é importante. Ele menciona que a indústria de suplementos proteicos (whey protein) frequentemente adiciona lactase aos seus produtos. Laticínios Tratados: Leites "sem lactose" são tratados com a enzima lactase para pré-digerir o açúcar. Considerações finais Adam conclui que, embora a intolerância à lactose seja biologicamente normal para a maioria dos adultos, a decisão de considerá-la um problema ou uma "patologia" é individual, dependendo do quanto ela afeta a qualidade de vida e as preferências alimentares de cada um. Para ele, o desejo de comer sanduíches de sorvete Nightingale o leva a tratar sua condição atual como um problema a ser gerenciado. Fontes de consulta: 1. RAGUSEA, Adam. Why some people can eat dairy, and others REALLY can't (PODCAST E36). Disponível em: <https://youtu.be/4i6zXxyMVJA>. Acesso em: 7 abr. 2025. Você ingere leite ou qualquer outro produto lácteo? Sofre com a lactose? Compartilhe nos comentários.
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Mais músculos, logo cérebro mais saudável!
Força: um pilar não só para o corpo, mas para o cérebro Muitas pessoas buscam o treinamento de força pensando nos benefícios estéticos, no ganho de massa muscular, na melhora da postura ou no aumento do desempenho físico. No entanto, a ciência tem revelado uma conexão fascinante e cada vez mais sólida entre a força muscular e a saúde do nosso cérebro. Um estudo recente e robusto, publicado no JAMA Network Open, traz evidências importantes sobre essa relação. Investigando: a ligação entre força muscular e saúde cerebral Pesquisadores realizaram um estudo de coorte com um número impressionante de participantes: 190.406 adultos do Reino Unido, com idades entre 39 e 73 anos, que foram acompanhados por um período longo, em média 11,7 anos. O objetivo principal era avaliar como a força muscular, medida através da força de preensão manual (Handgrip Strength - HGS) com um dinamômetro, se associava ao risco de desenvolver demência, ao desempenho cognitivo e a certas características cerebrais observadas em exames de neuroimagem. Os desfechos analisados incluíram: Cognição: Testes que mediram a inteligência fluida (capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas) e a memória prospectiva (lembrar de realizar tarefas futuras). Neuroimagem: Medidas obtidas por ressonância magnética do cérebro, como volume cerebral total, volume do hipocampo e, crucialmente, o volume de hiperintensidade da substância branca (WMH), que pode indicar alterações vasculares cerebrais. Demência: Diagnósticos de demência (qualquer tipo), Doença de Alzheimer e demência vascular registrados ao longo do período de acompanhamento. Achados: menor força, maiores desafios cognitivos e cerebrais Os resultados do estudo, analisados separadamente para homens e mulheres e ajustados para diversos fatores, apontaram associações consistentes: Função Cognitiva: Uma menor força de preensão manual foi associada a pontuações mais baixas no teste de inteligência fluida, tanto em homens quanto em mulheres. Além disso, menor força também se relacionou a uma maior dificuldade em responder corretamente a tarefas de memória prospectiva. Estrutura Cerebral: Curiosamente, uma menor força de preensão manual foi associada a um maior volume de hiperintensidade da substância branca (WMH) no cérebro, tanto em homens quanto em mulheres. Isso sugere uma possível ligação entre menor força muscular e alterações na saúde dos pequenos vasos sanguíneos cerebrais. Não foram encontradas associações significativas consistentes entre a força de preensão e o volume cerebral total ou o volume do hipocampo após os ajustes necessários. Risco de Demência: A descoberta mais impactante talvez seja que uma menor força de preensão manual foi associada a um risco aumentado de desenvolver demência ao longo do tempo, novamente observado em ambos os sexos. Essa associação mostrou-se particularmente pronunciada para a demência vascular. Considerações: força muscular como fator protetor? Uma preocupação em estudos como este é a possibilidade de causalidade reversa, ou seja, se a demência em estágio inicial já não estaria causando a fraqueza muscular. Para investigar isso, os pesquisadores avaliaram se o risco genético para Doença de Alzheimer estava associado à força de preensão manual. Os resultados indicaram que não havia uma associação significativa, o que reforça a ideia de que a relação observada (menor força ligada a piores desfechos cerebrais) não é simplesmente um reflexo precoce da doença. Mensagem: fortalecer músculos pode ser fortalecer o cérebro Este estudo robusto adiciona peso significativo à crescente base de evidências que ligam a força muscular à saúde neurocognitiva. Os achados sugerem que a força muscular, especialmente avaliada na meia-idade, está associada a importantes marcadores da saúde cerebral, incluindo cognição e risco de demência, com uma possível via vascular envolvida (dado o achado de WMH e a forte associação com demência vascular). Para quem pratica ou considera iniciar o treinamento de força, esta é mais uma motivação poderosa. Cuidar da força muscular não é apenas investir na capacidade física e na aparência, mas pode ser também uma estratégia promissora para a manutenção da saúde cerebral e cognitiva a longo prazo. Intervenções focadas no aumento da força muscular, particularmente em adultos de meia-idade, podem ter um papel importante na saúde neurocognitiva. Fontes de consulta 1. DUCHOWNY, K. A.; ACKLEY, S. F.; BRENOWITZ, W. D.; WANG, J.; ZIMMERMAN, S. C.; CAUNCA, M. R.; GLYMOUR, M. M. Associations Between Handgrip Strength and Dementia Risk, Cognition, and Neuroimaging Outcomes in the UK Biobank Cohort Study. JAMA Network Open, v. 5, n. 6, p. e2218314, jun. 2022. Disponível em: <https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2793510>. Acesso em: 4 de abr. 2025. Você pratica musculação pensando na sua saúde cerebral a longo prazo? Compartilhe nos comentários.
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Peito de frango ou whey protein? Qual a melhor fonte de proteína?
Peito de frango ou whey protein: qual a melhor fonte de proteína para seus músculos? Uma dúvida comum paira sobre a cabeça de quem busca otimizar a alimentação para ganhar músculos ou simplesmente ter uma dieta mais saudável: Peito de Frango ou Whey Protein? Qual dessas fontes de proteína é realmente superior? Lucas Zanandrez, do canal 'Eu, Ciência', mergulha nessa questão em mais uma Batalha Nutricional para desvendar os mitos e apresentar os fatos sobre esses dois populares itens da dieta brasileira. Análise do peito de frango O peito de frango não é apenas popular, ele é a carne mais consumida no Brasil, e isso tem motivos claros. Além de ser uma opção mais natural, seu preço é um grande atrativo. Com a perda do poder de compra, o quilo do peito de frango chega a ser de 3 a 5 vezes mais barato do que cortes bovinos como acém, filé mignon e contrafilé. Nutricionalmente, o frango se destaca. Ele é uma excelente fonte de proteína. Para se ter uma ideia, 100g de peito de frango contêm 22,5g de proteína, superando os 18,4g presentes em 100g de acém bovino e os 12,6g encontrados em 2 ovos. Outro ponto forte é o seu baixo teor de gorduras. Um quilo de peito de frango tem 6 vezes menos gorduras totais em comparação com um quilo de carne vermelha. Especificamente, a quantidade de gordura saturada é de apenas 0,6g por 100g, bem inferior aos 6,3g da carne vermelha. Reduzir a gordura saturada é ótimo para controlar o colesterol sanguíneo, diminuindo o risco de entupimento das artérias e doenças cardiovasculares, além de auxiliar no emagrecimento para quem procura proteínas magras. No entanto, Zanandrez alerta: esses benefícios se referem ao peito de frango. Outras partes, como a coxa consumida com a pele e frita, podem conter tanta gordura quanto ou até mais que a carne vermelha. A recomendação é preparar o frango sem pele, preferencialmente grelhado ou assado no forno, sem óleo, em vez de frito. O cozimento adequado também facilita a digestão, pois o calor provoca uma mudança na estrutura das proteínas (desnaturação), tornando mais fácil sua quebra em partes menores (aminoácidos) para absorção. Além disso, por ser um alimento sólido, o peito de frango promove maior saciedade. O ato de mastigar e o volume no estômago, combinados com o alto teor de proteína que aumenta hormônios de saciedade e desacelera o esvaziamento gástrico, ajudam a controlar a fome e a comer com moderação. Um mito persistente é sobre o uso de hormônios em frangos. Lucas Zanandrez esclarece que isso é falso. No Brasil, é proibido por lei adicionar hormônios na ração de animais desde 1976 e injetar hormônios nas aves desde 2004. O tamanho maior dos frangos atuais é resultado da seleção genética e de melhorias na nutrição (rações mais nutritivas). Além disso, a aplicação de hormônios seria economicamente inviável para os produtores, custando mais que a própria ave. Portanto, pode consumir seu peito de frango tranquilamente. Combinado com boas fontes de carboidratos, como arroz e batata, o peito de frango compõe uma refeição excelente para dar saciedade e energia, seja no pré ou pós-treino. Análise do whey protein O Whey Protein é um dos suplementos de proteína mais consumidos no mundo. O termo "Whey" significa soro do leite em inglês, e "Protein" é proteína. Trata-se, portanto, da proteína extraída do soro do leite de vaca. Sua origem está na indústria de queijo. Durante a produção, a coalhada é separada do soro. Por muito tempo, esse soro líquido, rico em proteínas, era descartado ou usado na alimentação animal, até que a indústria percebeu seu potencial para criar um novo produto, que hoje vale até mais que o próprio queijo: o Whey Protein. Rapidamente, o Whey virou febre entre praticantes de atividade física que buscam aumentar o consumo proteico. Isso gerou outro mito: a ideia de que Whey seria "bomba". Zanandrez desmistifica isso: Whey não é bomba. O termo "bomba" é popularmente usado para medicamentos anabolizantes, derivados principalmente da testosterona, um hormônio que estimula o crescimento muscular e cujo uso traz riscos sérios. O Whey Protein, por outro lado, é simplesmente a proteína purificada do leite e não contém hormônios em sua composição. O Whey Protein pode ser encontrado em três versões principais: Concentrado: Contém cerca de 70% a 80% de proteína (os melhores do mercado chegam a 80%). Uma dose (scoop) de 30g fornece entre 21g e 24g de proteína. O restante é uma mistura de gorduras do próprio leite e carboidratos, como a lactose. É a versão que passa por um processo mais básico de concentração. Isolado: Possui cerca de 90% de proteína. Passa por um processo de filtragem mais eficiente que remove a maior parte da gordura e quase toda a lactose. Pode ser uma opção interessante para pessoas com intolerância severa à lactose. Hidrolisado: A proteína do leite já vem "quebrada" em partes menores, os aminoácidos (proteína pré-digerida). Isso facilita a digestão e permite uma absorção mais rápida dos aminoácidos no sangue. É indicado para situações específicas, como atletas de alto desempenho que precisam de proteína rapidamente disponível (ex: treinam logo após acordar) ou pessoas que passaram por cirurgia bariátrica e têm a capacidade de digestão do estômago reduzida. Um ponto de atenção, ressalta Zanandrez, é a composição de alguns Wheys, especialmente os saborizados. Muitas marcas adicionam mais carboidratos e gorduras para melhorar o sabor (evitando o "gosto de cimento"), o que acaba diminuindo o teor percentual de proteína. Além disso, podem conter aditivos como emulsificantes (lecitina de soja, para textura), aromatizantes e adoçantes artificiais. É fundamental conferir o rótulo, comparando a quantidade de proteína por 100g de produto, e não apenas pela dose sugerida pelo fabricante. O Whey Isolado e Hidrolisado são consideravelmente mais caros. O Isolado pode custar quase o dobro do Concentrado, e o Hidrolisado pode chegar a R$ 300 ou mais por um pote de 1kg. Para a maioria das pessoas que busca ganho de massa muscular na academia, o Whey Concentrado já atende muito bem às necessidades, sendo a opção com melhor custo-benefício. Peito de frango vs Whey protein: o veredito da batalha Colocando os dois frente a frente, Lucas Zanandrez avaliou diferentes aspectos: Concentração de Proteínas por Porção: Ponto para o Whey. Praticidade: Ponto para o Whey, pela facilidade e rapidez no consumo. Calorias: Empate. Uma porção de 100g de peito de frango e uma dose de 30g de Whey (que fornecem quantidade similar de proteína) têm cerca de 120 kcal. Diversidade de Nutrientes: Ponto para o Frango, por ser um alimento completo com diversas vitaminas e minerais, enquanto o Whey oferece principalmente proteína e um pouco de cálcio. Saciedade: Ponto para o Frango. Por ser um alimento sólido que exige mastigação e ocupa mais volume, promove maior sensação de saciedade. Processamento do Alimento: Ponto para o Frango. É um produto minimamente processado, enquanto o Whey, sendo um suplemento, passa por maior processamento industrial e pode conter aditivos. Preço: Ponto para o Frango. O custo por quilo de proteína é significativamente menor no frango (cerca de 8 vezes mais barato que o Whey Concentrado para obter uma quantidade 3 vezes maior de proteína). O placar final da batalha, segundo a análise do vídeo, foi Peito de Frango 5 x 3 Whey Protein. Conclusão: equilíbrio é a chave Embora o Whey Protein tenha suas vantagens em praticidade e concentração proteica, o peito de frango se mostra uma opção mais vantajosa para a maioria das pessoas, considerando o custo-benefício, a saciedade, a naturalidade e a maior diversidade de nutrientes. O Whey Protein pode, sim, ser utilizado de forma estratégica como um complemento à dieta, especialmente para quem treina intensamente e precisa atingir metas elevadas de proteína de forma prática, mas não deve ser visto como um substituto para fontes naturais de proteína como o frango. No fim das contas, o equilíbrio na alimentação e uma boa orientação profissional são fundamentais. Consultar um nutricionista é a melhor forma de entender qual a melhor escolha e a quantidade ideal para cada caso individual. Fontes de consulta 1. FRANGO ou WHEY PROTEIN: Qual é MELHOR?. Eu, Ciência, 6 fev. 2025. 1 vídeo (12:30 min). Publicado pelo canal Eu, Ciência. Disponível em: <https://youtu.be/un4GXdqTpIU>. Acesso em: 4 de abr. 2025. Qual é a sua fonte de proteína preferida? Deixe nos comentários.
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Bumbuns perfeitos de redes sociais são pura ilusão?
A verdade sobre a depressão trocantérica e os padrões irreais no fitness O Treinador Kaká, conhecido por suas análises diretas no mundo fitness, expressa sua frustração e tristeza com a desinformação propagada sobre a chamada depressão trocantérica, popularmente conhecida como "hip dips". Ele observa que muitos ditos "profissionais" enganam mulheres, prometendo que é possível preencher essa característica anatômica natural apenas com exercícios específicos. Modelos com preenchimento: a ilusão vendida como treino Um ponto crucial levantado por Kaká é o uso de modelos que já realizaram procedimentos estéticos, como preenchimento com PMMA ou ácido hialurônico, para promover métodos de treinamento. Ele acusa esses coaches de utilizarem essas imagens como se o resultado fosse fruto exclusivo de seus "macetes" ou técnicas de exercício, quando, na verdade, a forma corporal exibida não foi obtida naturalmente. Kaká afirma ter conhecimento para identificar quando há preenchimento. Ele ressalta a incongruência de mulheres extremamente definidas ("secas", com abdômen "cravado") possuírem glúteos perfeitamente redondos e sem a depressão lateral. Segundo ele, isso é anatomicamente impossível apenas com treino, pois o desenvolvimento muscular do glúteo projeta-o para trás, e não preenche significativamente a área lateral a ponto de eliminar completamente os "hip dips" em um corpo com baixo percentual de gordura. Exercícios como a cadeira abdutora, muitas vezes citados, não produziriam esse efeito milagroso. O combate à mentira, não ao procedimento O treinador faz questão de esclarecer que sua "briga" não é contra as pessoas que optam por fazer preenchimentos ou outros procedimentos estéticos. Ele respeita a escolha individual e reconhece que é uma prática comum, inclusive internacionalmente (mencionando o BBL - Brazilian Butt Lift). O que o incomoda profundamente é a mentira: vender um resultado estético como se fosse alcançável puramente através de treino (citando exemplos como elevação pélvica, coice ou "glúteo 3D"), utilizando modelos que não obtiveram aquele visual apenas com exercício. Ele menciona que essa desonestidade gera reações negativas e até ameaças de processo por parte daqueles que vendem essas "técnicas", quando ele expõe a verdade. Kaká cita Gracyanne Barbosa como um exemplo de físico que admira, mas cujo formato de glúteo, combinado à sua extrema definição, ele acredita não ser natural ou obtido apenas com os 20 anos de treino que ela possui, sugerindo a presença de procedimentos. Realidade anatômica e a importância da informação Kaká reforça a realidade do corpo: ao emagrecer e definir, é normal perder volume nos glúteos, e a depressão trocantérica pode se tornar mais evidente. Ele mostra exemplos visuais para ilustrar que o ganho de músculo no glúteo (incluindo o glúteo médio) melhora o formato, mas não "preenche" magicamente a lateral como um procedimento estético faria. Ele salienta que até os melhores médicos especialistas em preenchimento confirmam essa limitação do treino. O objetivo de Kaká ao fazer essas reações e expor a verdade é oferecer opções e, principalmente, tranquilizar as mulheres que se sentem frustradas ou "limitadas" por não atingirem certos padrões. Ele quer que entendam que muitos dos corpos "perfeitos" exibidos nas redes sociais, especialmente aqueles com extrema definição e glúteos muito redondos lateralmente, provavelmente contam com a ajuda de procedimentos estéticos que não são divulgados como tal. Embora existam profissionais que realizam preenchimentos de forma sutil e com resultados bonitos, o ponto central de Kaká é a necessidade de honestidade sobre como esses resultados são realmente alcançados, para não criar expectativas irreais e frustração no público que busca melhorar seu corpo através do treinamento físico. Fontes de consulta 1. AS MULHERES SÃO ILUDIDAS COM O BUMBUM DAS MUSAS FITNESS !!! | Treinador Kaká. YouTube: Monster Cast Cortes, 23 fev. 2025. Disponível em: <https://youtu.be/z48v3D5vIiQ>. Acesso em: 31 mar. 2025. O que você prefere? Um bumbum natural ou um bumbum com procedimentos estéticos?
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Máquinas vs. pesos livres: qual é a melhor escolha?
Máquinas vs. pesos livres: o que a ciência realmente diz sobre força e hipertrofia?No mundo do fitness, a discussão entre o uso de máquinas e pesos livres é constante. Muitos baseiam suas escolhas em "achismos", sentimentos subjetivos ou no marketing agressivo de academias que priorizam equipamentos da moda em detrimento de áreas essenciais para pesos livres. No entanto, Paulo Gentil, Doutor em Ciências da Saúde e renomado pesquisador, defende que as decisões sobre treinamento devem ser fundamentadas em evidências científicas robustas, e não em opiniões pessoais ou sensações momentâneas. Gentil critica a mentalidade de que um exercício "pega mais" ou "rasga o músculo" baseada apenas na percepção, destacando que a ciência oferece um caminho mais seguro e eficaz para alcançar resultados. Ele menciona sua própria academia em Brasília, a Malhart (localizada na SQS 203 Sul), como um espaço que, apesar de não ter o mesmo investimento de grandes redes, foca no conhecimento aplicado. Entendendo a hierarquia científica: a força das meta-análisesPara embasar a discussão, Paulo Gentil apresenta a pirâmide de evidências científicas. No topo desta pirâmide, oferecendo o maior nível de confiança, estão as revisões sistemáticas, muitas vezes acompanhadas de meta-análises. Esses estudos compilam e analisam criticamente múltiplos artigos sobre um mesmo tema. O processo envolve uma busca ampla na literatura, seguida por filtros rigorosos para selecionar apenas os estudos de alta qualidade e que atendem a critérios específicos. Por exemplo, se o objetivo é analisar hipertrofia, estudos que medem apenas ativação muscular são excluídos, pois ativação não é um indicativo direto de ganho de massa muscular. A matéria se baseia em uma revisão sistemática com meta-análise específica, liderada por Markus Haugen, da Noruega. Os pesquisadores iniciaram com 704 artigos, aplicaram filtros de relevância e qualidade, reduzindo o número para 429, depois para 30, e finalmente analisaram 13 estudos experimentais que comparavam diretamente máquinas e pesos livres em adultos saudáveis, totalizando 1.016 participantes. Esse processo garante que as conclusões sejam baseadas nos dados mais confiáveis disponíveis. Força: o princípio da especificidade em açãoA meta-análise trouxe clareza sobre os ganhos de força. Os resultados, apresentados em gráficos conhecidos como "forest plots", mostram uma conclusão fundamental baseada no princípio da especificidade: Quando a força dinâmica é testada em máquinas, o treinamento realizado em máquinas tende a gerar maiores ganhos (Gráfico A do estudo). Quando a força dinâmica é testada com pesos livres (como em barras e halteres), o treinamento realizado com pesos livres gera maiores ganhos (Gráfico B do estudo). Isso significa que você se torna mais forte na tarefa específica que pratica. Gentil ilustra isso com um exemplo pessoal: apesar de conseguir fazer barras fixas (peso livre) com carga adicional, ele não tinha a mesma força na puxada alta (máquina), pois não treinava especificamente nesse aparelho. A implicação prática é clara: se o objetivo é melhorar o desempenho em um teste físico (TAF) que exige barra fixa, por exemplo, o treino deve focar na barra fixa, e não apenas em máquinas como a puxada alta. Hipertrofia: máquinas e pesos livres lado a ladoQuando o assunto é ganho de massa muscular (hipertrofia), a conclusão da meta-análise é diferente (Gráfico C do estudo). Os resultados indicam que não há diferença significativa entre treinar com máquinas ou pesos livres. Ambos os métodos são igualmente eficazes para estimular o crescimento muscular, tanto em indivíduos iniciantes quanto em avançados. Portanto, a ideia de que um método é inerentemente superior ao outro para hipertrofia não se sustenta cientificamente. A escolha deve considerar outros fatores. Aplicações práticas: quando escolher cada um?Embora ambos sejam eficazes para hipertrofia, a escolha entre máquinas e pesos livres não deve ser aleatória ("tanto faz"). Paulo Gentil destaca considerações importantes: Pesos Livres: essenciais para iniciantes (e não só)É fortemente recomendado que iniciantes comecem treinando com pesos livres. Os motivos são: Aprendizado Motor: Permitem aprender e refinar padrões básicos de movimento (como agachar, levantar, empurrar, puxar) de forma mais natural. Desenvolvimento de Estabilizadores: Exigem maior ativação de músculos estabilizadores e sinergistas (auxiliares) para controlar o movimento, o que é crucial para a funcionalidade e prevenção de lesões. Coordenação: Melhoram a coordenação intermuscular (entre diferentes músculos) e intramuscular (dentro do mesmo músculo). Evita Vícios e Mascaramento: Máquinas podem guiar o movimento de forma artificial, permitindo que assimetrias ou padrões incorretos sejam mascarados ou até reforçados. Começar com livres ajuda a identificar e corrigir isso desde cedo. Gentil adverte que iniciar exclusivamente em máquinas pode criar uma "base fraca". Quando essa pessoa tentar migrar para pesos livres mais tarde, pode ter que regredir significativamente ("dar milhares de passos para trás") para aprender a técnica e fortalecer os estabilizadores, mesmo que já tenha força nos músculos principais. O ideal é começar com movimentos livres, mesmo que com o próprio peso corporal ou cargas leves (halteres, barras leves), progredindo gradualmente. Quando as máquinas têm vantagem:As máquinas se tornam ferramentas valiosas em contextos específicos: Praticidade para Métodos Avançados: Técnicas como drop sets (redução rápida da carga) ou rest-pause (pequenas pausas intra-série) são muito mais fáceis e rápidas de executar em máquinas do que desmontando barras ou trocando halteres. Segurança com Cargas Muito Altas (Treinando Sozinho): Para indivíduos muito avançados que utilizam cargas extremamente elevadas (onde uma falha seria perigosa, como um supino muito pesado sem ajudante), a máquina pode oferecer um ambiente mais seguro. Isolamento Muscular Específico: Quando o objetivo é focar intensamente em um músculo específico, minimizando a ação de sinergistas (embora o isolamento total seja raro), algumas máquinas podem ser úteis. Máquinas Bem Projetadas: É crucial que a máquina seja biomecanicamente adequada. Gentil critica máquinas como o Smith para agachamentos ou supinos e máquinas de elevação pélvica, considerando-as inferiores às versões com pesos livres. Conclusão: a escolha inteligente é baseada no contextoA decisão entre máquinas e pesos livres não é uma questão de superioridade absoluta, mas de adequação ao contexto. Para ganhos de força, a especificidade manda: treine aquilo que você quer melhorar. Para hipertrofia, ambos os métodos entregam resultados similares. No entanto, a recomendação enfática é que iniciantes priorizem os pesos livres para construir uma base motora sólida. As máquinas entram como ferramentas complementares, úteis para métodos específicos, segurança em situações de carga extrema ou para isolamento direcionado, mas não devem substituir o aprendizado fundamental proporcionado pelos exercícios livres. A escolha do exercício, seja em máquina ou com peso livre, deve ser sempre justificada pelo conhecimento das particularidades de cada um e das necessidades individuais do aluno ou praticante. Fontes de consulta 1. HAUGEN, M. E. et al. Effects of free-weight vs. machine-based strength training on maximal strength, hypertrophy and jump performance: A systematic review and meta-analysis. medRxiv, 2023. DOI: 10.1101/2023.03.31.23288011. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37582807/>. Acesso em: 31 mar. 2025. 2. GENTIL, Paulo. Escolha os melhores equipamentos para seus treinos. Disponível em: <https://youtu.be/t0iGL2hOquU>. Acesso em: 31 mar. 2025. O que você prefere? Máquinas ou pesos livres? Deixe nos comentários.
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Creatina pode curar a depressão?
Novas descobertas sobre creatina e humor Dr. Layne Norton, em seu vídeo educacional, explora as crescentes evidências sobre os benefícios da creatina que vão além do desempenho físico, adentrando o campo da função cognitiva e do humor. Especificamente, ele discute um estudo recente que investiga o potencial da creatina como um auxiliar no tratamento da depressão. O estudo sobre creatina como adjuvante na terapia para depressão O foco principal é um estudo publicado na European Neuropsychopharmacology que avaliou a eficácia e a segurança da suplementação oral de creatina monohidratada como um complemento à terapia cognitivo-comportamental (TCC) em indivíduos com depressão. O estudo foi desenhado como um ensaio piloto de 8 semanas, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Os participantes, com idades entre 18 e 60 anos, foram diagnosticados por um psicólogo clínico com transtorno depressivo maior ou transtorno depressivo recorrente, apresentando um episódio depressivo atual, conforme definido pelos critérios do SCID-5. Eles também precisavam ter uma pontuação ≥ 5 no Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9). Os participantes foram randomizados para receber um de dois tratamentos durante as 8 semanas: Um grupo recebeu 5 g/dia de creatina monohidratada oral juntamente com TCC individual quinzenal (grupo Creatina + TCC). O outro grupo recebeu 5 g/dia de amido oral (placebo) juntamente com TCC individual quinzenal (grupo Placebo + TCC). As cápsulas de creatina e placebo eram idênticas em aparência, odor, sabor e embalagem para garantir o cegamento do estudo. A TCC foi administrada em sessões de 45 minutos, com baixa frequência (quinzenalmente), totalizando cinco sessões ao longo do estudo. Resultados promissores para a suplementação Ao final do período de 8 semanas, a severidade dos sintomas depressivos foi avaliada usando o PHQ-9 como desfecho principal. A análise dos dados revelou que o grupo que recebeu creatina + TCC teve uma redução significativamente maior na pontuação do PHQ-9 em comparação com o grupo Placebo + TCC. Os escores médios no PHQ-9 no final do estudo foram de 5.8 (±4.8) para o grupo Creatina + TCC, partindo de uma linha de base de 17.8 (±6.1), enquanto o grupo Placebo + TCC terminou com uma média de 11.9 (±6.6), partindo de 17.6 (±6.4). A análise ajustada mostrou uma diferença média significativa favorecendo o braço da creatina. Esses resultados sugerem que a suplementação de creatina pode, de fato, oferecer um benefício adicional quando combinada com a TCC para o tratamento da depressão, melhorando o humor e reduzindo os sintomas depressivos de forma mais eficaz do que a TCC isolada com placebo. A conexão entre saúde muscular e saúde cerebral Dr. Norton contextualiza esses achados, explicando que eles se alinham com uma tendência crescente na pesquisa que demonstra uma forte ligação entre a saúde física/muscular e a saúde cerebral. Ele menciona que, nos últimos anos, ficou mais claro que intervenções que melhoram a saúde muscular, como o levantamento de peso (treinamento de resistência), também podem melhorar o desempenho cognitivo e o humor. Ele recorda que já se sabe há cerca de 20 anos que o exercício possui benefícios cognitivos, mas só recentemente a magnitude desses efeitos, especialmente do treinamento de resistência na depressão, tem sido mais bem compreendida. Estudos anteriores, inclusive um coberto em seu canal, mostraram que mesmo volumes modestos de treinamento de resistência podem reduzir significativamente os sintomas de transtorno depressivo maior, às vezes com uma magnitude de efeito comparável ou superior à de antidepressivos (SSRIs). Importante: creatina não é uma cura isolada Apesar dos resultados animadores do estudo e dos benefícios conhecidos do exercício, Dr. Norton faz questão de enfatizar um ponto crucial: nem a creatina nem o exercício devem ser vistos como substitutos para tratamentos médicos profissionais para a depressão. Ele adverte contra a ideia de que essas abordagens são mutuamente exclusivas com tratamentos farmacêuticos (como SSRIs) ou terapia. Para indivíduos diagnosticados com depressão e que receberam prescrição de antidepressivos por um profissional, a recomendação não é abandonar a medicação em favor do exercício ou da creatina. Pelo contrário, essas intervenções de estilo de vida e suplementação podem ser complementares (adjuvantes) ao tratamento médico padrão. Ele critica a visão binária frequentemente encontrada online ("escolha estilo de vida OU farmacêuticos"), argumentando que, na realidade, essas abordagens podem e muitas vezes devem coexistir. Para algumas pessoas com depressão severa, a dificuldade em realizar tarefas básicas, como sair da cama, pode ser imensa. Nesses casos, a medicação pode ser necessária para fornecer a melhora inicial que permite ao indivíduo engajar-se em outras terapias benéficas, como o exercício ou a TCC. Perfil de segurança da creatina Dr. Norton reforça que a creatina é um dos suplementos mais estudados do mundo, com um perfil de segurança extremamente robusto. Ele desmistifica preocupações antigas e infundadas sobre a creatina causar danos ao fígado ou aos rins, afirmando que essas ideias foram completamente desbancadas por pesquisas realizadas nas últimas duas décadas. O principal efeito colateral potencial associado à creatina é o desconforto gastrointestinal (GI) em uma pequena parcela de usuários. Ele sugere que, caso isso ocorra, a solução geralmente é simples: em vez de tomar a dose diária (como 5g) de uma só vez, dividi-la em doses menores ao longo do dia. Além disso, ele observa que a combinação de creatina com cafeína (comum em pré-treinos) pode ser um irritante gástrico para alguns, e separar a ingestão dos dois pode aliviar os sintomas. Desmistificando a relação entre creatina e queda de cabelo Outra preocupação frequentemente levantada é se a creatina causa queda de cabelo. Dr. Norton aborda isso diretamente, afirmando que não existe boa evidência científica para suportar essa alegação. Ele explica que essa ideia se originou de um único estudo (realizado por volta de 2007/2009) com jogadores de rugby, que observou um aumento nos níveis de dihidrotestosterona (DHT), um metabólito da testosterona ligado à queda de cabelo androgênica. No entanto, ele aponta várias falhas e limitações cruciais nesse estudo: O estudo nunca foi replicado. Ele não mediu diretamente a queda de cabelo; apenas os níveis de DHT. Os níveis de testosterona (o precursor do DHT) não se alteraram no estudo. Havia diferenças significativas nos níveis de DHT entre os grupos já na linha de base (antes da suplementação), o que complica a interpretação dos resultados (o grupo creatina começou com níveis mais baixos e aumentou, enquanto o grupo placebo começou mais alto e diminuiu, tornando a diferença final maior do que a mudança real). Estudos subsequentes que mediram os níveis de DHT com a suplementação de creatina não encontraram alterações significativas. Não há evidências de que a creatina interaja diretamente com a enzima 5-alfa-redutase, que converte testosterona em DHT. Portanto, a ligação entre creatina e queda de cabelo é baseada em uma extrapolação de um único estudo problemático e não replicado, e não é suportada pelo corpo geral de evidências. Conclusão: um suplemento de baixo risco e alto benefício Considerando o conjunto de evidências, Dr. Layne Norton conclui que a creatina monohidratada é um suplemento com uma relação risco-benefício extremamente favorável. Seus benefícios comprovados para: Desempenho físico e força Composição corporal Metabolismo Somados aos crescentes indícios de benefícios para: Memória Função cognitiva Humor e potencial auxílio na depressão (como adjuvante) Juntamente com seu baixo custo e excelente perfil de segurança (sem efeitos colaterais significativos conhecidos além do potencial desconforto GI leve e gerenciável), fazem da creatina uma escolha lógica ("no-brainer") para muitas pessoas que buscam melhorar sua saúde e desempenho geral. Fontes de consulta 1. SHERPA, N. N. et al. Efficacy and safety profile of oral creatine monohydrate in add-on to cognitive-behavioural therapy in depression: An 8-week pilot, double-blind, randomised, placebo-controlled feasibility and exploratory trial in an under-resourced area. European Neuropsychopharmacology, v. 86, p. 28-35, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.euroneuro.2024.10.004. Acesso em: 30 mar. 2025. 2. NORTON, Layne. Creatine helps with depression?. [YouTube], [26 mar. 2025]. (6 min 8 seg). Disponível em: <https://youtu.be/se1vSWKeeEE>. Acesso em: 30 mar. 2025. Você já usou creatina para melhorar o humor? Compartilhe nos comentários.
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Mitos sobre anabolizantes na internet
Introdução: desvendando mitos sobre anabolizantes na internet O Dr. Carlos Eduardo Seraphim, Médico Endocrinologista com PhD, aborda em seu canal "Endocrino e talks" uma questão cada vez mais preocupante: a disseminação de informações equivocadas sobre o uso de esteroides anabolizantes na internet. Uma afirmação que ganha força online é a de que "anabolizantes não fariam mal" e que os verdadeiros perigos estariam em outras substâncias frequentemente associadas, como diuréticos, estimulantes e insulina. O Dr. Seraphim classifica essa ideia como "conveniente", mas perigosa, e se propõe a analisar essas alegações com calma e, principalmente, com base em evidências científicas. O Dr. Seraphim reage a algumas das "maiores bobagens" ditas por influenciadores digitais sobre anabolizantes, utilizando a ciência para ajudar o público a compreender melhor os riscos envolvidos e a cuidar da própria saúde de forma informada. Comparação entre anabolizantes e paracetamol: uma análise crítica Um dos pontos analisados pelo Dr. Seraphim é um vídeo que compara o risco do uso crônico de paracetamol (acetaminofeno) com o uso de testosterona em doses suprafisiológicas. No clipe comentado, sugere-se que tomar 500mg de paracetamol por dia durante anos seria mais prejudicial do que usar 1g de testosterona por mês (equivalente a cerca de 250mg por semana). O Dr. Seraphim refuta essa comparação, classificando-a como "sem sentido". Ele explica que o paracetamol, quando utilizado corretamente nas doses terapêuticas recomendadas (como os 500mg citados), possui um perfil de segurança bem estabelecido por estudos. O problema do paracetamol reside na sua janela terapêutica estreita, ou seja, a diferença entre a dose que trata e a dose que intoxica é relativamente pequena. Doses tóxicas (acima de 7,5 a 10 gramas) são, de fato, perigosas e podem causar danos hepáticos graves, mas a dose de 500mg diários é considerada segura para a maioria das pessoas quando usada conforme a indicação. Por outro lado, a dose de testosterona mencionada na comparação (250mg por semana) já é considerada suprafisiológica, ou seja, acima do que o corpo normalmente produziria ou necessitaria (a dose fisiológica de reposição para homens com hipogonadismo, usando cipionato de testosterona como exemplo, seria em torno de 75-100mg por semana, ou 150-200mg a cada 2 semanas). O uso de doses suprafisiológicas de testosterona e outros anabolizantes está associado a uma série de riscos bem documentados pela ciência: Hipertrofia cardíaca (aumento do coração); Aumento do risco de Infarto; Aumento do risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral); Atrofia testicular; Infertilidade (pela supressão do eixo hormonal hipotálamo-hipófise-gonadal); Dislipidemia (alterações nos níveis de colesterol); Resistência à insulina; Alterações de comportamento (como agressividade e irritabilidade); Piora ou desenvolvimento de apneia obstrutiva do sono. Portanto, comparar uma dose terapêutica de paracetamol com uma dose suprafisiológica de testosterona é uma falácia que ignora os riscos inerentes ao abuso de anabolizantes. Desmistificando a culpa: anabolizantes, diuréticos, estimulantes e insulina Outra alegação comum, também abordada pelo Dr. Seraphim, é a de que os esteroides anabolizantes em si não seriam a causa direta de mortes no fisiculturismo, mas sim o uso concomitante de outras substâncias como diuréticos, estimulantes e insulina. O médico classifica essa linha de raciocínio como uma "redundância lógica" e um "eufemismo". Ele compara a situação a dizer que uma arma de fogo não mata, mas sim o disparo ou a bala; a arma (neste caso, o anabolizante) é parte essencial do processo que leva ao dano. O Dr. Seraphim explica que o uso dessas outras substâncias está frequentemente interligado ao próprio uso dos anabolizantes: Diuréticos: São usados para combater a retenção de sódio e água que alguns esteroides causam (ativando o sistema renina-angiotensina-aldosterona). O abuso de diuréticos é extremamente perigoso, podendo levar à depleção de eletrólitos essenciais como o potássio, causando arritmias cardíacas que podem ser fatais. Estimulantes: Podem ser usados para combater a apatia e sintomas depressivos que surgem com o uso crônico de anabolizantes (devido à depleção de neurotransmissores como dopamina e serotonina) ou para melhorar a performance. Seus riscos incluem arritmias, taquicardia, hipertensão, ansiedade e insônia. Insulina: É utilizada por alguns fisiculturistas (muitas vezes em combinação com GH) por seu efeito anabólico. O uso inadequado pode levar a hipoglicemias severas e potencialmente fatais. Ele ressalta que a pessoa muitas vezes só recorre a essas substâncias perigosas *porque* está usando anabolizantes e tentando manejar seus efeitos colaterais ou potencializar seus resultados. Portanto, não se pode isentar o anabolizante da culpa. Além disso, o Dr. Seraphim cita estudos científicos robustos, como um publicado recentemente no JAMA (Março de 2024), que acompanhou usuários de anabolizantes por 11 anos e demonstrou um risco de mortalidade 2,8 vezes maior nesse grupo em comparação com controles, mesmo após ajustar para fatores sociodemográficos. Outros estudos também confirmam o aumento da mortalidade e morbidade geral em usuários. Adicionalmente, o médico alerta para o potencial de dependência dos esteroides anabolizantes, que segundo estudos (como o de Pope et al., 2014) pode chegar a 60% dos usuários, uma taxa superior à de muitas drogas ilícitas conhecidas. O mito do "anti-aging" e os riscos reais O vídeo também critica a ideia de usar testosterona e Hormônio do Crescimento (GH) como terapia "anti-aging", uma prática vista em supostas "feiras médicas de anti-aging". O Dr. Seraphim é enfático ao afirmar que "anti-aging" não é uma especialidade médica reconhecida e que essa abordagem configura charlatanismo. Ele esclarece que a Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) é um tratamento médico legítimo e benéfico, mas exclusivamente para homens com diagnóstico confirmado de hipogonadismo (deficiência de testosterona). Nesses casos, a reposição visa trazer os níveis hormonais para a faixa fisiológica normal, melhorando a saúde e, potencialmente, a expectativa de vida. No entanto, usar testosterona para atingir níveis muito acima do normal (como 2000 ng/dL, citado como exemplo) não é TRT, é abuso de anabolizante. Quanto ao GH, o Dr. Seraphim alerta que seu uso em pessoas saudáveis não demonstrou aumentar a longevidade em estudos e, pior, é conhecido por causar resistência à insulina e diabetes tipo 2, pois é um hormônio contra-regulador da insulina que eleva a glicemia. Ele menciona que a busca por "rejuvenescimento" através de hormônios não é nova, citando como exemplo histórico os transplantes de testículos de macaco realizados na década de 1920 com esse propósito. O médico contesta a falácia de que usar anabolizantes permitiria "viver menos, mas viver melhor". Ele argumenta que o risco real é viver menos *e* pior, devido às graves consequências para a saúde, como infartos, AVCs com sequelas neurológicas permanentes (citando o caso de um jovem de 23 anos que ficou com metade do corpo paralisado) e embolias pulmonares. O Dr. Seraphim reforça que o uso de anabolizantes acelera o processo de envelhecimento celular ao aumentar o estresse oxidativo e a produção de radicais livres. A mensagem final é clara: Não há dose segura de anabolizantes quando usados para fins estéticos ou de performance. Conclusão: a ciência contra a desinformação Em suma, o Dr. Carlos Eduardo Seraphim conclui que a retórica que minimiza os perigos dos esteroides anabolizantes é uma forma de negação conveniente, mas cientificamente infundada e perigosa. Os anabolizantes, por si só, acarretam riscos graves e bem documentados, incluindo o aumento da mortalidade e o encurtamento da expectativa de vida. A associação com outras substâncias como diuréticos, estimulantes e insulina apenas agrava um cenário já perigoso, muitas vezes sendo uma consequência direta do próprio uso dos esteroides. É fundamental que as pessoas busquem informações baseadas em evidências científicas e desconfiem de alegações simplistas e promessas milagrosas encontradas na internet. Fontes de consulta 1. ENDOCRINO E TALKS. **ANABOLIZANTES NÃO FAZEM MAL? MÉDICO REAGE AOS MITOS DA INTERNET!**. [S.l.]: YouTube, 16 mai. 2024. 1 vídeo (21:58 min). Disponível em: https://youtu.be/1QihhBibGD4. Acesso em: 30 mar. 2025. Você conhece mais algum mito sobre esteroides? Compartilhe nos comentários.
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Glifage® (metformina) é bom para emagrecer?
Metformina: o que é e para que serve? A metformina nada mais é do que um antidiabético oral da classe das biguanidas. É encontrada no mercado com o nome comercial Glifage®. Ela é o antidiabético mais utilizado no mundo, sendo prescrita principalmente para auxiliar pessoas obesas e aquelas com diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 é uma condição adquirida ao longo da vida, geralmente devido a maus hábitos, como o consumo excessivo de carboidratos de alto índice glicêmico e a falta de prática de exercícios físicos. Esses fatores levam ao sobrepeso e à resistência à insulina. Resistência à insulina e seu impacto A resistência à insulina ocorre quando o corpo tem dificuldade de responder à ação da insulina. Em indivíduos sensíveis à insulina, uma pequena quantidade do hormônio já é suficiente para realizar seu papel. No entanto, quando há resistência, o organismo precisa liberar uma grande quantidade de insulina para obter o mesmo efeito. A insulina tem um efeito lipogênico, ou seja, contribui para o armazenamento de gordura. Quando em excesso, pode levar ao acúmulo de gordura corporal. Por outro lado, a insulina também é fundamental para o crescimento muscular, pois ajuda na absorção de proteínas. Se o corpo precisa liberar uma grande quantidade de insulina para esse processo, há um maior risco de ganho de gordura. Metformina e sua ação no corpo A metformina age tornando o organismo mais sensível à insulina, criando um ambiente mais favorável para a absorção de nutrientes de forma saudável e eficiente. Isso significa que o corpo precisará produzir menos insulina para obter os mesmos efeitos. Uma dúvida comum é: “Se eu tomar metformina, vou emagrecer?” A resposta é que a metformina não causa emagrecimento por si só. Ela apenas cria um ambiente mais favorável para a perda de peso. Ou seja, se a pessoa não fizer nenhuma mudança nos hábitos alimentares e na prática de exercícios, a metformina não terá impacto significativo na perda de gordura. Uso da metformina no cutting e no bulking Muitas pessoas acreditam que a metformina pode acelerar o emagrecimento quando utilizada no cutting, mas isso não é necessariamente verdade. No cutting, a dieta já é hipoglicídica, ou seja, reduz a carga glicêmica da alimentação, aumentando a sensibilidade à insulina naturalmente. Além disso, a maioria das pessoas utiliza carboidratos de baixo índice glicêmico, pratica musculação e faz exercícios aeróbicos, o que também melhora a sensibilidade à insulina. Ou seja, se a pessoa já está condicionada e segue um bom plano alimentar e de treino, o uso da metformina no cutting não trará nenhum benefício adicional. Já no bulking, a sensibilidade à insulina pode sofrer um leve comprometimento devido ao aumento da ingestão calórica e à redução dos aeróbicos. No entanto, se o bulking for feito de forma controlada, sem exageros no consumo de calorias e açúcar, essa piora ainda estará dentro de parâmetros saudáveis, tornando desnecessário o uso da metformina. Quando a metformina realmente ajuda? A metformina pode ser útil principalmente para: Pessoas obesas e sedentárias, que têm dificuldades em utilizar a insulina de forma eficiente. Indivíduos que estão iniciando um processo de emagrecimento e querem melhorar a sensibilidade à insulina para acelerar os resultados. Pessoas com diabetes tipo 2, que podem até reduzir a necessidade da medicação ao adotar hábitos saudáveis. Um exame chamado Homa-IR pode ser utilizado para medir a sensibilidade à insulina e ajudar a determinar se o uso da metformina é necessário. Efeitos colaterais e descontinuação Assim como qualquer outro medicamento, a metformina pode causar efeitos colaterais. Entre eles, destacam-se: Hipoglicemia (queda do açúcar no sangue). Náusea e desconforto gastrointestinal. Efeitos colaterais a médio e longo prazo. Uma forma de minimizar esses efeitos é fracionar a dosagem ao longo do dia e aumentá-la de maneira progressiva. Outro ponto importante é que a interrupção abrupta da metformina pode causar um efeito rebote, piorando a composição corporal temporariamente. Por isso, qualquer mudança no uso deve ser feita com acompanhamento adequado. Formas naturais de melhorar a sensibilidade à insulina Além do uso da metformina, existem diversas estratégias naturais para melhorar a sensibilidade à insulina, como: Praticar exercícios físicos regularmente, incluindo musculação e aeróbicos. Controlar a ingestão de carboidratos, priorizando aqueles de baixo índice glicêmico. Utilizar suplementos e alimentos que auxiliam na sensibilidade à insulina, como cromo, vanádio, vinagre de maçã e canela. Conclusão A metformina pode ser uma ferramenta útil para melhorar a sensibilidade à insulina e acelerar a perda de peso em pessoas que realmente precisam desse suporte. No entanto, seu uso não é necessário para indivíduos que já seguem um estilo de vida saudável. A melhor forma de melhorar a sensibilidade à insulina continua sendo a adoção de bons hábitos alimentares e a prática regular de exercícios. Para saber se há necessidade do uso da metformina, exames como o Homa-IR podem ser utilizados para avaliar a sensibilidade à insulina. Fontes de consulta 1. TWIN, Leandro. Metformina no emagrecimento rápido e efeitos anabólicos. YouTube, 2020. Disponível em: <https://youtu.be/k6dztAFxzD8>. Acesso em: 20 fev. 2025. Você usa ou já usou o Glifage®? Como foram os resultados? Compartilhe nos comentários.
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Passar horas vidrado em influenciadores digitais pode apodrecer o seu cérebro
O perigo da hiperconexão: como o uso excessivo da internet pode prejudicar seu cérebro Nos dias de hoje, é difícil imaginar a vida sem internet. Estamos constantemente conectados, seja para trabalho, estudo ou lazer. No entanto, o uso excessivo de dispositivos digitais pode ter impactos negativos profundos no nosso cérebro. Estudos recentes indicam que a hiperconexão pode comprometer funções mentais essenciais, além de reduzir a massa cinzenta, responsável pelo processamento de informações e controle emocional. O que acontece com o cérebro hiperconectado? A dependência digital pode afetar diretamente estruturas cerebrais importantes. Exames de neuroimagem revelam que pessoas com alto tempo de exposição a telas apresentam alterações nas regiões responsáveis pela atenção, memória e regulação emocional. Isso significa que o excesso de internet pode comprometer habilidades cognitivas essenciais, como a capacidade de concentração, tomada de decisões e controle do estresse. Além disso, o uso contínuo de dispositivos digitais ativa os mecanismos de recompensa do cérebro, liberando dopamina – o neurotransmissor associado ao prazer. Esse processo pode levar a um ciclo vicioso de compulsão digital, onde o indivíduo busca constantemente estímulos virtuais, reduzindo sua capacidade de sentir prazer em interações reais. Dependência digital: um problema crescente Estima-se que cerca de 7% da população mundial sofra de dependência da internet. Os sintomas são semelhantes aos de outros tipos de vício, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade de controlar o tempo gasto online. A longo prazo, essa dependência pode causar danos significativos à saúde mental, contribuindo para o aumento de casos de depressão, isolamento social e baixa autoestima. Impactos ao acompanhar os seus influenciadores fitness nas redes sociais As redes sociais são um espaço onde influenciadores fitness e fisiculturistas compartilham suas rotinas, dietas e treinos. Embora esses conteúdos possam servir como inspiração, eles também podem contribuir para um consumo digital excessivo e impactos negativos na saúde mental. Muitos usuários acabam se comparando constantemente com os padrões estéticos exibidos por influenciadores, o que pode gerar frustração, baixa autoestima e até transtornos alimentares. A busca incessante por um corpo "perfeito" pode levar a uma relação disfuncional com a própria imagem, criando ansiedade e estresse. Além disso, o excesso de tempo acompanhando influenciadores fitness pode contribuir para um ciclo de dopamina digital, onde a pessoa sente a necessidade de consumir mais conteúdo em busca de motivação, mas acaba se sentindo inadequada ou pressionada. Esse hábito pode afetar a saúde mental e comprometer o bem-estar. Para evitar esses efeitos negativos, é importante consumir conteúdos de forma consciente, lembrar-se de que cada corpo é único e equilibrar o tempo de exposição digital com atividades offline saudáveis. Como identificar os sinais de alerta? Os principais indícios de que a hiperconexão está prejudicando seu cérebro incluem: Dificuldade de concentração e memória fraca; Ansiedade ou irritabilidade ao ficar sem acesso à internet; Redução da interação social presencial; Insônia ou dificuldades para dormir; Sensação constante de fadiga mental. Se você se identifica com alguns desses sinais, pode ser um bom momento para reavaliar seus hábitos digitais. É possível reverter os danos? A boa notícia é que sim! O cérebro possui um alto grau de neuroplasticidade, o que significa que ele pode se recuperar quando mudanças de hábitos são adotadas. Algumas estratégias para minimizar os impactos da hiperconexão incluem: Estabelecer limites: reduzir gradativamente o tempo de tela e definir horários específicos para o uso da internet pode ajudar no processo de desintoxicação digital. Praticar atividades físicas: exercícios melhoram a circulação sanguínea no cérebro e estimulam a produção de neurotransmissores que favorecem a saúde mental. Investir em interações reais: priorizar encontros presenciais e hobbies offline pode fortalecer conexões emocionais e reduzir a necessidade do mundo digital. Técnicas de relaxamento: práticas como meditação e mindfulness ajudam a restaurar o equilíbrio mental e emocional. Conclusão O avanço da tecnologia trouxe inúmeros benefícios, mas é essencial encontrar um equilíbrio no uso da internet para preservar a saúde cerebral. O excesso de conectividade pode comprometer funções mentais importantes e aumentar os riscos de transtornos psicológicos. Portanto, repensar nossos hábitos digitais e adotar uma relação mais saudável com a tecnologia é fundamental para garantir um cérebro mais saudável e uma vida mais equilibrada. Dê um tempo sem influenciadores fitness ou fisiculturistas famosos. Fontes de consulta 1. OLIVETO, Paloma. Uso excessivo de dispositivos tecnológicos "apodrece" o cérebro, apontam estudos. Correio Braziliense, Brasília, 9 fev. 2025. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2025/02/7055375-uso-excessivo-de-dispositivos-tecnologicos-apodrece-o-cerebro.html. Acesso em: 9 fev. 2025. Você é viciado em redes sociais? Compartilhe a sua experiência nos comentários.
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Posso comer bife mal passado ou é perigoso para a saúde?
Nesta matéria, vamos aproveitar a pesquisa feita por Adam Ragusea! Vamos falar sobre um assunto que eu amo: comida! Mais especificamente, vamos falar sobre a segurança na ingestão de carnes em diferentes pontos de cozimento. Eu amo bife mal passado, mas sei que nem todo mundo é assim. E tem um motivo muito bom para falarmos sobre isso, principalmente quando o assunto é frango. Entendendo a contaminação Para entender por que bifes mal passados são seguros e frangos mal passados não, precisamos entender como a contaminação acontece. Para isso, Adam foi até o Centro de Segurança Alimentar da Universidade da Geórgia e conversou com seu diretor, Dr. Francisco Diaz Gonzalez. Dr. Diaz explicou que, em um pedaço intacto de carne vermelha, a contaminação geralmente está na superfície. "Se ele for perfeitamente cozido na superfície", diz ele, "é provável que seja seguro para consumo". Isso acontece porque bactérias como a E. coli que podem nos deixar doentes não vivem no músculo em si, mas sim no sistema digestivo do animal. Quando o animal é abatido, a carcaça pode ser contaminada, mas, se a superfície for bem cozida, não deve haver problemas. Carne moída é outra história A coisa muda completamente quando falamos de carne moída. O motivo é simples: a parte externa da carne, que pode ter sido exposta a essas bactérias intestinais no abatedouro, é misturada com todas as outras partes da carne. O exterior está no interior. Tanto a Salmonella quanto a E. coli podem ser particularmente resistentes ao calor. É por isso que os especialistas recomendam cozinhar a carne moída a cerca de 71 graus Celsius. É bastante coisa! Frango: cuidado redobrado E o frango? Bem, o frango é um caso ainda mais sério. Devemos cozinhá-lo a cerca de 74 graus Celsius, independentemente de ser moído, em pedaços ou inteiro. Mas por quê? "Há muitas evidências na literatura científica de que as bactérias patogênicas podem ser internalizadas dentro dos pedaços de frango", explica Dr. Diaz. Isso significa que você não deve comprometer e comer um pedaço de frango meio cozido. Existe a possibilidade de encontrar organismos como Campylobacter ou Salmonella ainda vivos e que podem deixá-lo doente. Portanto, cerca de 74 graus Celsius para cozinhas aves e se alimentar com segurança. E o peixe? Com o peixe, a história varia de espécie para espécie. Mas, como o Dr. Diaz aponta, comemos muito sushi hoje em dia. Ele mesmo, no entanto, fica meio receoso com peixe cru - talvez por ser um especialista em patógenos de origem alimentar. Mas, sendo bem honesto em relação à literatura, se você olhar quantos casos de doenças relacionadas ao consumo de sushi existem, na verdade não são tantos. Uma das razões para isso pode ser que muito peixe, mesmo os de alta qualidade, é congelado rapidamente hoje em dia. O congelamento pode matar alguns patógenos, o que é uma grande ajuda. Finalmente, o porco! O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos costumava recomendar o cozimento de cortes inteiros de carne de porco a cerca de 71 graus Celsius. Essa era uma orientação que basicamente todo cozinheiro competente ignorava. De fato, em 2011, eles relaxaram um pouco e disseram que cerca de 63 graus Celsius são suficientes, desde que você deixe a carne descansar por alguns minutos para permitir que a temperatura interna suba um pouco - o que é uma boa prática de qualquer maneira. E cerca de 63 graus Celsius, após o descanso, deve resultar em uma carne de porco ligeiramente rosada e muito saborosa. A antiga orientação mais conservadora era baseada em parte no medo da triquinose, uma doença parasitária realmente terrível. Mas, graças em parte às práticas aprimoradas da indústria suína, os casos de triquinose diminuíram drasticamente nos Estados Unidos. E a maioria das pessoas que contraem a doença hoje em dia parece pegá-la de caça selvagem. Dito isso, bactérias como a Salmonella ainda podem ser um problema com a carne de porco, principalmente na parte externa do músculo, pelos mesmos motivos que a carne bovina. Portanto, costeletas de porco rosadas estão liberadas, mas linguiça rosada é uma má ideia. Resumo dos pontos principais Bife bovino mal passado: geralmente seguro devido à contaminação superficial. Frango mal passado: nunca é seguro, pois as bactérias podem estar no interior. Carne moída: cozinhar a 71°C devido à mistura de superfície e interior. Frango (geral): sempre cozinhar a 74°C para matar patógenos internos. Peixe: o congelamento rápido reduz os riscos, o sushi é geralmente seguro. Porco: cozinhar a 63°C com descanso é seguro, o risco de triquinose é baixo nos EUA. Conclusão Espero que isso tenha ajudado a esclarecer por que é seguro comer bife mal passado, mas não frango mal passado. E lembre-se, quando se trata de carne moída ou carne de porco, é sempre melhor prevenir do que remediar. Cozinhe bem e aproveite! Fontes de consulta 1. RAGUSEA, Adam. Why Rare Steak is Safe — but NOT Rare Chicken. YouTube, 10 de jun. de 2019. Disponível em: <https://youtu.be/cL9RyGqwcbA>. Acesso em: 3 de fev. de 2025. Qual é a sua fonte de proteína preferida? E qual é o ponto preferido para comer? Compartilhe nos comentários.
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Nunca mais cometa o erro de treinar sem o descanso adequado
Músculo cansado não cresce: não cometa esse erro Um dos grandes desafios para praticantes de musculação e atletas é saber o momento certo de realizar o próximo treino, especialmente quando se trata da mesma região muscular. Afinal, músculo cansado não cresce. Muitos "leitores de paper" podem até citar estudos, mas é crucial saber interpretar essas pesquisas e entender sua relevância na pirâmide das evidências científicas. Não basta ler o resumo e achar que sabe tudo. Quando você treina, causa um estresse neuromuscular. É durante o processo de regeneração e recuperação que ocorre a hipertrofia. O corpo se regenera e cria uma reserva metabólica como mecanismo de proteção, preparando-se para um eventual estresse futuro. Portanto, o próximo estímulo deve ser aplicado quando o músculo estiver, de preferência, completamente recuperado. Ignorar essa necessidade pode levar ao overtraining. Vamos nos valer nos ensinamentos do mestre Waldermar Guimarães para tratar deste tema essencial para os praticantes de musculação. Sintomas de overtraining O overtraining manifesta-se através de diversos sintomas, e é crucial estar atento a eles. Se você apresentar dois ou mais dos sinais abaixo, é um alerta para rever sua rotina de treinos: Processos inflamatórios; Lesão muscular; Irritabilidade; Insônia; Problemas digestivos. Esses sintomas indicam que você pode estar catabolizando em vez de anabolizar. A correta aplicação da sobrecarga é fundamental para resultados progressivos e constantes. A importância do intervalo de descanso Treinar um músculo que ainda está "cansado", especialmente com foco em hipertrofia, pode resultar em problemas que se tornam crônicos, levando a fisioterapia, ortopedia e até cirurgia. Convencer atletas a aumentar o intervalo entre os treinos, adicionando dois ou três dias de repouso, é uma tarefa árdua. Muitos estão viciados em treinar e só percebem a necessidade do descanso quando enfrentam uma lesão séria. A detecção do estado de fadiga do atleta pode ser feita através de uma anamnese detalhada e até mesmo pela observação visual. A aparência de cansaço e estafa é um indicativo claro. A complexidade aumenta quando lidamos com atletas de outras modalidades, que treinam duas, três ou até quatro vezes por dia. Waldemar Guimarães já trabalhou com lutadores, atletas olímpicos, atletas de bicicross, motocross, natação, entre outros, acumulando vasta experiência na periodização de treinos para diferentes perfis, e sabe muito sobre este tema. Evolução da frequência de treino ao longo das décadas Na década de 1970, na época de Arnold Schwarzenegger, Franco Columbu e Lou Ferrigno, era comum ativar a mesma massa muscular três vezes por semana. No entanto, a sucessão de sintomas de estafa levou a uma mudança na década de 1980, com atletas como Rich Gaspari, Lee Labrada e Lee Haney treinando o mesmo grupo muscular em média duas vezes por semana. Isso resultou em atletas maiores, com melhor qualidade e em menos tempo. Na década de 1990, a era das super massas musculares foi inaugurada por Dorian Yates, seguido por Nasser El Sonbaty, Jean-Pierre Fux, Paul Dillett e outros "mass monsters". O treino tornou-se ainda mais espaçado, ativando a mesma região muscular a cada 5-8 dias, em média. Ronnie Coleman, já no novo milênio, foi uma exceção, treinando o mesmo grupo muscular cerca de duas vezes por semana. Mas é importante ressaltar que a genética e a capacidade individual de recuperação desempenham um papel crucial. Fatores que influenciam a recuperação muscular Diversos fatores influenciam a capacidade de recuperação de cada indivíduo. Atletas profissionais, que podem se dar ao luxo de dormir 8-10 horas por dia, têm uma vantagem. No entanto, muitos atletas têm outras obrigações e não dispõem de tanto tempo para descanso. Portanto, a recuperação é influenciada por: Genética: cada indivíduo possui uma capacidade de recuperação única. Descanso: a quantidade e qualidade do sono são fundamentais. Dieta: uma alimentação adequada fornece os nutrientes necessários para a recuperação. Suplementação: suplementos podem auxiliar no processo de recuperação. Farmacológicos: certas classes de fármacos favorecem a restauração muscular, permitindo a aplicação de mais carga em vez de aumentar a frequência de treinos. Waldemar Guimarães vivenciou essas mudanças na prática. Quando morava na Inglaterra, aumentou seu peso de 98 kg para 130 kg em cerca de cinco anos, ajustando a divisão de treino com base nesses princípios. Undertraining: o outro extremo do problema Atualmente, o problema mais comum não é o overtraining, mas sim o "under fucking training", ou seja, treinar abaixo do seu potencial. Muitas pessoas não se desafiam, não periodizam seus treinos e não chegam à falha muscular total. Consequentemente, não conseguem quebrar o platô e seus corpos não mudam. É fundamental treinar de forma intensa e desafiadora para alcançar resultados visíveis. Aprofunde seus conhecimentos em periodização Para quem deseja entender melhor esses conceitos e aprender a dividir o treino de forma eficaz, evitando o erro de treinar músculos cansados, é importante estudar mais sobre periodização do treino. Conheça um pouco mais sobre periodização nesta matéria: Macrociclo, mesociclo e microciclo de treino: planejando o treinamento. Fontes de consulta 1. GUIMARÃES, Waldemar. Músculo cansado não cresce. Não cometa esse erro. [S. l.], 4 jul. 2024. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Waldemar Guimarães. Disponível em: <https://youtu.be/gyAlEWlJkDs>. Acesso em: 2 fev 2025. Como você promove o descanso e a recuperação da sua musculatura? Compartilhe nos comentários.
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Qual é o melhor ovo para a minha dieta de hipertrofia? Caipira? Branco? Jumbo?
Ovo caipira, ovo branco ou jumbo: qual é mais saudável? Em um vídeo recente do canal "Olá, Ciência!", Lucas Zanandrez mergulhou no universo dos ovos para desvendar qual tipo é o mais benéfico para a saúde: caipira, branco ou jumbo. Será que o ovo caipira, com sua fama de natural, é realmente superior ao ovo branco? E o ovo jumbo, por ser maior, tem mais nutrientes? Acompanhe a análise completa e prepare-se para se surpreender! Sabemos que os ovos são uma fonte primordial de proteínas para muitos fisiculturistas por serem baratos e por terem uma excelente qualidade nutricional. E dentre os ovos, qual seria o melhor para a dieta de um praticante de musculação que pretende ganhar mais massa muscular? Desvendando a anatomia do ovo Independente do tipo, todos os ovos possuem casca, clara e gema. A casca, rica em minerais como cálcio, não é comestível, mas tem uma função importante: proteger o interior do ovo contra a entrada de bactérias. Por isso, Lucas adverte: não lave os ovos antes de guardá-los na geladeira, pois a água remove essa camada protetora. A higienização deve ser feita apenas no momento do consumo. A clara é composta principalmente por água e proteínas, sendo a ovoalbumina a principal delas. Essa proteína é completa, contendo todos os aminoácidos essenciais que o corpo humano não produz. Ao contrário do que muitos pensam, cozinhar o ovo não estraga as proteínas da clara. Na verdade, o cozimento protege contra a salmonela e aumenta a absorção das proteínas e da vitamina B7. Já a gema é o óvulo da galinha, uma célula reprodutiva que, se fecundada, geraria um pintinho. É na gema que se concentra a maior parte das gorduras do ovo, incluindo o colesterol, além de proteínas e minerais. Uma única gema fornece 20% da ingestão diária recomendada de selênio, mineral importante para a tireoide e para a proteção contra radicais livres. Além disso, a gema contém 10% da necessidade diária de vitamina A, B5 e B9, essenciais para a visão, energia e funcionamento do cérebro. De forma geral, um ovo contém cerca de 82 calorias, até 7g de proteína e cerca de 5g de gordura, configurando uma opção alimentar leve e densa em nutrientes. O mito do ovo caipira O ovo caipira é frequentemente considerado mais natural e saudável, mas o que o define de fato? Lucas esclarece que nem todo ovo marrom é caipira. Para ser classificado como tal, o ovo deve vir de uma galinha criada livre, fora da granja, com acesso à pastagem e uma alimentação exclusivamente vegetal, sem farinhas de origem animal ou pigmentos artificiais que alteram a cor da gema. Esses critérios de criação elevam o custo de produção e, consequentemente, o preço dos ovos caipiras. Portanto, a classificação "caipira" está relacionada ao modo de criação da galinha, e não à cor da casca, que é determinada pela genética da ave. Lucas ressalta que existem ovos marrons produzidos por galinhas de granja e ovos brancos que cumprem os critérios de produção caipira. A gema mais alaranjada dos ovos caipiras também não é um indicativo absoluto de sua classificação. A cor da gema depende da alimentação da galinha, que, se rica em milho (fonte de carotenoides), resultará em uma gema mais alaranjada. Entretanto, a ração de galinhas caipiras pode conter corantes artificiais, o que reforça a ideia de que não se deve julgar um ovo pela cor da gema. O tamanho do ovo jumbo O ovo jumbo é o maior entre os ovos de galinha, com um peso mínimo de 68g, de acordo com a classificação oficial. Devido ao seu tamanho, ele possui mais clara e mais gema, o que aumenta a quantidade de calorias, proteínas e gorduras por unidade. Em média, um ovo jumbo tem 12 calorias e 1g de proteína a mais do que um ovo grande. No entanto, Lucas enfatiza que o ovo jumbo só é mais nutritivo por ser maior. A densidade nutricional, ou seja, a quantidade de nutrientes por grama, é a mesma de ovos menores. Portanto, ele pode até proporcionar maior saciedade, mas não apresenta uma vantagem nutricional significativa em relação aos outros tipos. Ovo caipira versus ovo comum: a verdade nutricional Lucas realizou um levantamento com algumas marcas e constatou que, do ponto de vista nutricional, não há diferença significativa entre ovos caipiras e comuns. As variações na quantidade de gordura, proteína e colesterol são mínimas e dependem da alimentação específica da galinha, que varia entre produtores. A ideia de que o ovo caipira tem mais antioxidantes também é questionável, pois a quantidade desses compostos depende da alimentação da galinha e pode ser facilmente obtida através do consumo de frutas e legumes. Portanto, pagar mais caro por um ovo caipira por conta dos antioxidantes pode não fazer sentido do ponto de vista nutricional. Bem-estar animal e certificações Lucas sugere que o ovo caipira pode ser uma opção para quem valoriza um modo de produção mais natural e responsável, mesmo que isso implique um custo mais alto. Ele menciona o selo "Certified Humane Brasil" como uma certificação que garante o bem-estar animal na produção de ovos, abrangendo desde o ambiente em que as galinhas vivem até a alimentação que recebem. Proteína: o fator chave para a hipertrofia Para a hipertrofia, o fator mais importante é a ingestão total de proteínas ao longo do dia. A recomendação geral para quem busca ganho de massa muscular varia entre 1,6g a 2,2g de proteína por kg de peso corporal por dia. Um ovo médio (aproximadamente 50g) contém cerca de 6-7g de proteína de alta qualidade, rica em aminoácidos essenciais, incluindo a leucina, que desempenha um papel crucial na síntese proteica muscular. Não há um "melhor" ovo, mas sim a quantidade adequada. Nenhum tipo específico de ovo (caipira, branco ou jumbo) oferece uma vantagem significativa para a hipertrofia muscular. O fator determinante é a quantidade total de proteína consumida e não a origem do ovo. Do ponto de vista nutricional, a diferença entre ovos caipiras e brancos é mínima e irrelevante para a hipertrofia. A composição nutricional varia mais em função da alimentação da galinha, que é um fator difícil de controlar pelo consumidor, do que pelo fato de ser caipira ou não. Recomendações para quem busca hipertrofia Consuma a quantidade adequada de proteína diariamente: Distribua a ingestão de proteínas ao longo do dia, incluindo ovos em suas refeições. Considere o tamanho do ovo: se optar por ovos jumbo, lembre-se de que eles contêm mais calorias e proteínas por unidade. Ajuste a quantidade consumida de acordo com suas necessidades calóricas e proteicas diárias. Varie as fontes de proteína: embora os ovos sejam uma excelente opção, não se limite a eles. Inclua outras fontes de proteína de alta qualidade em sua dieta, como carnes magras, peixes, frango, laticínios e leguminosas. Priorize a qualidade da dieta como um todo: a hipertrofia é resultado de um conjunto de fatores. Além da proteína, certifique-se de consumir uma dieta balanceada, rica em carboidratos complexos, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais. Treine adequadamente: o estímulo do treinamento de força é fundamental para o crescimento muscular. Descanse: o sono adequado é crucial para a recuperação e o crescimento muscular. Conclusão: qual ovo escolher? Lucas conclui que a escolha entre ovos caipiras, brancos ou jumbo não deve se basear em diferenças nutricionais significativas. Todos os tipos são fontes ricas em nutrientes e podem fazer parte de uma dieta equilibrada. A decisão deve levar em conta fatores como: Preço: ovos comuns são mais acessíveis, enquanto os caipiras são mais caros devido ao modo de produção. Preferências pessoais: algumas pessoas preferem o sabor ou a textura de um tipo específico de ovo. Questões éticas: optar por ovos caipiras com certificação de bem-estar animal pode ser uma forma de apoiar práticas mais responsáveis na avicultura. Independentemente da escolha, o importante é consumir ovos de fontes confiáveis e com o selo de inspeção do Ministério da Agricultura. Por fim, Lucas ressalta que o ovo é um alimento versátil e nutritivo que merece um lugar de destaque em uma dieta equilibrada. Fontes de consulta 1. ZANANDREZ, Lucas. OVO CAIPIRA, OVO BRANCO ou JUMBO: Qual é MAIS SAUDÁVEL?. Olá, Ciência!, 27 jan. 2025. 1 vídeo (11min). Disponível em: <https://youtu.be/41pDcSO15TY>. Acesso em: 1 fev. 2025. Quantos ovos você consome por dia? Qual você prefere? Compartilhe nos comentários.