Ter um braço maior que o outro ou uma perna mais forte que a outra é muito comum. O problema é quando a diferença começa a aparecer na estética, atrapalhar a técnica dos exercícios ou até aumentar o risco de lesão. A boa notícia: com treino bem planejado e um pouco de paciência, dá para melhorar bastante a simetria de braços e pernas. Entenda o que é “normal” e o que é excesso Todo mundo tem um lado dominante. É normal existir uma diferença pequena de força e até de medida entre os lados. O foco do treino não é zerar qualquer diferença, e sim diminuir o que está chamando atenção demais ou atrapalhando o desempenho. Use exercícios unilaterais como base Se o objetivo é simetria entre braços e pernas, você precisa fazer o corpo trabalhar um lado de cada vez. Exemplos para braços: Rosca alternada com halteres Rosca martelo unilateral Tríceps testa unilateral Tríceps na polia com um braço por vez Exemplos para pernas: Afundo e passada Agachamento búlgaro Leg press unilateral Cadeira extensora e flexora unilaterais (quando houver equipamento para isso) Treinar unilateral ajuda a reduzir assimetrias de força, melhora o controle neuromuscular e fortalece o lado mais fraco sem deixar o mais forte “roubar” o movimento. Comece sempre pelo lado mais fraco Na prática do treino: Identifique o lado mais fraco (braço ou perna que falha antes, treme mais ou tem menos controle). Nos exercícios unilaterais, comece sempre por esse lado. Escolha a carga que ele consegue fazer com técnica perfeita. Repita o mesmo número de repetições no lado mais forte, mesmo que pareça fácil. Se a diferença for muito grande, você pode colocar uma série extra só para o lado mais fraco em 1 ou 2 exercícios do treino, sem exagerar no volume total. Controle de técnica acima de carga Muita assimetria aparece porque a pessoa quer colocar peso demais e acaba compensando com o lado dominante, girando o tronco, roubando na subida ou encurtando a fase excêntrica. Para braços e pernas mais simétricos: Use cargas que você controla do início ao fim da série. Desça devagar, suba de forma firme, sem impulsos desnecessários. Não deixe o tronco inclinar ou rodar para ajudar o lado fraco. Foque em sentir o músculo do lado mais fraco trabalhando. Equilibre o treino de superiores e inferiores Não adianta buscar simetria entre lado direito e esquerdo se você treina só parte de cima ou só parte de baixo. Para membros superiores: Tenha exercícios de empurrar (peito, ombro, tríceps). Tenha exercícios de puxar (costas, bíceps). Inclua pelo menos um movimento unilateral de braço em cada treino de superiores. Para membros inferiores: Trabalhe quadríceps, posteriores de coxa, glúteos e panturrilhas. Inclua pelo menos um movimento unilateral de perna em cada treino de inferiores. Observe se um lado falha muito antes no agachamento, leg press ou terra. Isso é sinal de assimetria de força. Meça e acompanhe Sensação engana. O ideal é registrar: Circunferência de braço direito e esquerdo (relaxado e contraído). Circunferência de coxa e panturrilha de cada lado. Vídeos de frente, de costas e de lado executando agachamento, leg press, remadas e supino. Repita as medidas a cada 6–8 semanas. Assim você sabe se a simetria está melhorando de verdade. Trabalhe mobilidade, postura e alongamentos Às vezes o problema não é só tamanho do músculo, e sim encurtamento, rigidez ou postura ruim que “entorta” visualmente o corpo. Vale incluir na rotina: Alongamentos para peitoral, dorsal, quadríceps, posteriores e glúteos. Mobilidade de quadril e tornozelo para melhorar agachamentos e avanços. Liberação miofascial com rolo ou bola nas regiões mais tensas. Isso ajuda não só na simetria estética, como também na execução dos exercícios e na prevenção de lesões. Quando procurar profissional Procure médico, fisioterapeuta ou educador físico especializado quando: A diferença entre um braço ou perna e o outro é muito grande. Você sente dor constante em um lado. Já teve lesão, cirurgia ou imobilização em um membro. Parece existir diferença real de comprimento entre as pernas. Nesses casos, o treino de musculação continua sendo importante, mas precisa ser integrado a um plano de reabilitação. Dúvidas comuns sobre simetria de braços e pernas É normal ter um braço ou uma perna maior que a outra? Sim. Pequenas diferenças de força e medida entre lados são normais, por causa do lado dominante e dos hábitos diários. O problema é quando a diferença fica grande demais, visível e acompanhada de dor ou perda de desempenho. Treinar mais o lado fraco resolve? Na maioria dos casos, sim, desde que feito com critério. Comece pelo lado fraco nos exercícios unilaterais, use a mesma carga nos dois lados e, se necessário, acrescente apenas um pouco mais de volume para o lado fraco, sem exageros. Só máquina resolve ou preciso usar halteres? Máquinas ajudam, mas halteres e exercícios com peso livre são excelentes para corrigir assimetrias, porque forçam cada lado a se estabilizar e produzir força sozinho. O ideal é combinar os dois: máquinas para segurança e foco, halteres para controle e equilíbrio entre lados. Em quanto tempo a simetria melhora? Assimetrias pequenas podem começar a melhorar em algumas semanas com treino adequado. Diferenças grandes podem levar meses. Como você demorou anos para criar o desequilíbrio, não dá para esperar solução em poucos dias. Exercício unilateral serve mesmo ou é modinha? Estudos com atletas e praticantes mostram que treinos unilaterais bem planejados conseguem reduzir assimetrias de força entre membros e, em muitos casos, ainda melhorar desempenho em saltos, sprints e mudanças de direção. Não é modinha: é ferramenta de treino. E se a assimetria veio de lesão ou cirurgia? Nesses casos, o lado lesionado normalmente perde massa, força e coordenação. Exercícios unilaterais, combinados com fisioterapia, são fundamentais para recuperar o equilíbrio. O plano deve ser individualizado e ajustado junto com profissional de saúde. Referências (formato ABNT) MANCA, A. et al. Cross-education of muscular strength following unilateral resistance training: a meta-analysis. European Journal of Applied Physiology, v. 117, n. 11, p. 2335-2354, 2017. NUNES, J. P. et al. Differential responsiveness for strength gain between limbs after resistance training in older women: impact on interlimb asymmetry reduction. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 36, n. 11, p. 3209-3216, 2022. ZHANG, W. et al. The potential of a targeted unilateral compound training program to reduce lower limb strength asymmetry and increase performance: a proof-of-concept in basketball. Frontiers in Physiology, v. 15, p. 1-12, 2024. SZABÓ, N. et al. Does the 10% asymmetry threshold matter? Effects of lower-limb asymmetries on jumping and agility in basketball. Journal of Functional Morphology and Kinesiology, v. 10, n. 4, art. 445, 2025. KNIHS, D. A. Efeitos agudos e subagudos da fadiga induzida por diferentes cargas de trabalho sobre a simetria da rigidez e da coordenação no salto vertical. 2019. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019. HIPERTROFIA.ORG. Como corrigir assimetria muscular (desigualdade entre os lados do corpo). 2016. Disponível em: https://www.hipertrofia.org/blog/2016/04/06/como-corrigir-assimetria-muscular. Acesso em: 20 nov. 2025. CARIANI, R. Dica para evitar que um lado do corpo fique mais forte do que o outro (assimetria muscular). Blog Renato Cariani, 2024. Disponível em: https://www.renatocariani.com.br. Acesso em: 20 nov. 2025. ALMIR CANDIANI. Mais um treino de membros inferiores para conta! Instagram: reel, 2024. Disponível em: https://www.instagram.com/almircandiani/reel/C90K0IpvZGE/. Acesso em: 20 nov. 2025.
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Cláudio Chamini , · Postado Ontem às 14:04 1 dia