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Gustavo Barquilha Joel

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Tudo que Gustavo Barquilha Joel postou

  1. A Creatina Quinase (CK) é uma enzima intracelular, ou seja, está localizada no interior da fibra muscular. Quando se realiza exercícios físicos, especialmente com ações excêntricas não-habituais (ações excêntricas recrutam menos fibras musculares do que ações concêntricas), pode-se causar micro-lesões nas fibras musculares. Essas Microlesões provocam o "extravasamento" da CK de dentro para fora da fibra muscular, sendo esta enzima detectada no sangue (plasma). Hoje em dia está se tornando comum o monitoramento do estado de treinamento do atleta através do uso desta enzima, especialmente em jogadores de futebol. Recentemente, em uma reportagem ao programa globo esporte, foi mencionado que o Corinthians utiliza a CK para monitorar o desgaste físico dos atletas. Além do Corinthians, vários outros clubes também utilizam a CK com esse intuito. Porém, deve-se ter cautela quanto a utilização deste e de outros marcadores de desgaste físico, pois existem muitas variáveis relacionadas a utilização desta enzima como marcador de treinamento. O primeiro passo é detectar qual é o valor basal desta enzima em cada atleta, ou seja, deve-se fazer uma coleta de sangue antes do início da temporada, pois só assim se pode "comparar" os resultados da CK em uma fase de treinamento intensa. Os valores de CK não devem ser comparados entre diferentes atletas, pois existe uma grande variabilidade entre indivíduos diferentes. Ou seja, dentro de um grupo homogêneo de atletas que pratiquem o mesmo esporte, tenham a mesma idade e estilo de vida, a CK pode variar muito de indivíduo para indivíduo. Como exemplo, durante meu mestrado, nós fizemos o acompanhamento de uma equipe feminina de vôlei, utilizando a CK como um dos marcadores de treinamento. As meninas moravam juntas, treinavam e estudavam juntas e tinham uma alimentação bem parecida, mas mesmo assim existiam grandes diferenças nos valores basais de CK entre elas, sendo que algumas possuem valores inicias de CK por volta de 50 U/L, enquanto outras apresentavam valores basais de aproximadamente 200 U/L. Valores elevados de CK são encontrados após a realização de um protocolo de exercícios intensos, ou durante um período de treinamento intenso em atletas de alto rendimento. Estudos têm demonstrado aumentos da CK após a realização de uma sessão de exercícios resistidos e/ou treinos específicos em vários esportes. De uma maneira geral, a CK tem seu pico (valores máximos) após 48/72 horas da realização de exercícios intensos, demorando em média 7 dias para retornar a valores basais. O não conhecimento deste fato talvez seja um dos principais motivos de erros na interpretação dos resultados desta enzima. Muitas vezes o fisiologista entende que os altos valores de CK são em decorrência de um quadro de desgaste físico, porém esses valores elevados podem ser uma adaptação "natural" da ultima sessão de treino (efeito da sessão aguda) e não de um estado de treinamento. SUGESTÕES DE LITERATURA BARQUILHA, Gustavo., e Colaboradores. Characterization of the effects of one maximal repetition test on muscle injury and inflammation markers. WebmedCentral PHYSIOLOGY, v. 2, p. 1-8, 2011. BARQUILHA, Gustavo., e Colaboradores. Treinamento crônico de força em atletas profissionais de hockey in line: estudo da lesão, inflamação e força. Revista de Educação Física, 2009. v. 147. p. 77-77.
  2. PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO DA SESSÃO Introdução É indispensável em qualquer modalidade esportiva uma correta prescrição e monitoramento do treinamento físico. É comum vermos atletas realizarem mais de uma sessão de treino por dia, muitas vezes se instaurando um quadro de desgaste físico por parte dos mesmos, devido à alta intensidade utilizada em seus treinamentos, sendo muitas vezes acompanhada de insuficientes períodos de recuperação. Neste sentido é interessante que se realize uma avaliação diária do stress provocado naquela sessão de treino, através do monitoramento da carga de treinamento. Esta ferramenta é útil porque dará ao treinador condições de avaliar o rendimento de seu atleta, observando a resposta do mesmo com relação a magnitude das cargas utilizadas e assim traçar estratégias para a periodização das cargas futuras. Existem vários métodos para se fazer esse monitoramento da carga diária da sessão, porém um método em especial vem sendo muito bem aceito pela comunidade científica e por treinadores das mais diferentes modalidades: a Percepção Subjetiva do Esforça da sessão (PSE), proposto recentemente por Carl Foster. A PSE é denominada como a integração entre o córtex sensorial e sinais periféricos e centrais, como a ventilação, articulações e músculos. Moreira e colaboradores definem a PSE como a resposta psicofísica gerada e memorizada no sistema nervoso central, decorrente dos impulsos neurais eferentes provenientes do córtex motor. A PSE consiste em um questionário simples, sendo que o atleta deve responder a pergunta “como foi sua sessão de treino” em um período de até 30 minutos após o esforço, com o atleta respondendo de acordo com a tabela CR-10 de Borg. Esta tabela consiste em uma numeração de 0 a 10, aonde zero significa o valor mínimo (repouso) e o 10 o valor máximo (maior esforço). Escala CR-10 de Borg (1982) adaptada por Foster et al. (2001) A carga de treinamento é calculada através da multiplicação do resultado da PSE versus a duração do esforço (min) e é expressa em cargas arbitrárias. É importante salientar que a PSE tem uma boa correlação com outros indicadores de intensidade do exercício, como a Freqüência Cardíaca e consumo de oxigênio. O baixo custo e a alta aplicabilidade deste método são notórios. Através da PSE pode-se calcular a monotonia do treinamento (média das cargas de treinamento das sessões de um determinado período dividido pelo desvio padrão). Estudos correlacionam o alto índice de monotonia em períodos de alta intensidade de treinamento com a síndrome de overreaching. Outra aplicação prática e detectar individualmente o rendimento de um atleta, e comparar, como por exemplo, a média dele com a média do grupo (equipe). É importante que a percepção do treinador de esforço seja a mesma do atleta, sendo a PSE uma importante ferramenta feedback para o treinador. É importante salientar que a maioria dos estudos foram realizados com exercícios aeróbios ou cíclicos, e que falta estudos com relação a PSE da sessão e treinamento de força. Prof. Gustavo Barquilha Bacharel em Educação física Doutorando em Ciências do Movimento Humano Preparador Físico/Fisiologista de Atletas de Alto Rendimento www.gustavobarquilha.com.br Referências BORG, G. A. Psychophysical bases of perceived exertion. Medicine and Science in Sports and Exercise, Madison, v. 14, no. 5, p. 377-381, 1982. Foster C, Florhaug JA, Franklin J, Gottschall L, Hrovatin LA, Parker S, et al. A new approach to monitoring exercise training. Journal of Strength and Conditioning Research, Connecticut, v.15, p.109-15, 2001. IMPELLIZZERI, F. M.; et al. Physiological assessment of aerobic training in soccer. Journal of Sports Sciences, London, v. 23, no. 6, p. 583-592, 2005. MOREIRA, A. Teste de campo para monitorar desempenho, fadiga e recuperação em basquetebolistas de alto rendimento. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 19, n. 3, p. 241-250, 2008. MOREIRA, A. et al. Esforço percebido, estresse e inflamação do trato respiratório superior em atletas de elite de canoagem. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.23, n.4, p.355-363, 2009 NAKAMURA, F Y; MOREIRA, A; AOKI, M S. Monitoramento da carga de treinamento: a percepção subjetiva do esforço da sessão é um método confiável?. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 21, p. 1-11, 2010.
  3. Introdução Existem muitos mitos sobre esse tema, como por exemplo, o de que a fase excêntrica realizada em baixas velocidades provoque maior hipertrofia muscular. A seguir iremos discorrer sobre esse tema tão importante para a musculação. Revisão de Literatura As Ações Excêntricas são responsáveis por um maior acometimento de dano muscular quando comparado com ações concêntricas, ou seja, a fase excêntrica ocasiona um maior desarranjo das fibras musculares, através da danificação da linha Z, sarcolema, túbulos transversos e miofibrilas. Esse fato se deve provavelmente pela diferença no padrão de recrutamento das unidades motoras. Na fase excêntrica, são recrutadas em média 1/3 menos unidades motoras (e consequentemente menos fibras musculares) do que na fase concêntrica (isso em uma mesma intensidade). Ou seja, para um mesmo esforço, a fase excêntrica utiliza menos fibras musculares do que a fase concêntrica. O dano muscular é importante por vários aspectos. O dano muscular parece ter um papel importante na hipertrofia muscular, com a ativação das células satélites. Ele também é responsável pelo acometimento de Dor Muscular de Inicio Tardio (DMIT), diminuição da força e potência muscular, extravasamento de enzimas intracelulares, como a Cretina Quinase, além de modular a resposta inflamatória e o sistema imune. Ou seja, exercícios mal planejados, com uma intensidade supra-fiológica, podem ocasionar um quadro de inflamação crônica e até mesmo provocar processos indesejáveis, como o catabolismo muscular. Por isso a necessidade de se planificar muito bem a periodização. Um mito sobre esse tema parece ser o de que a fase excêntrica provoque maior hipertrofia muscular. Vários estudos investigaram esse tema, sendo que a maioria encontrou hipertrofia quando a fase excêntrica foi realizada em alta velocidade, tendo alguns estudos não encontrados diferença entre as velocidades lentas e rápidas. Mas é importante salientar que NENHUM estudo científico encontrou um maior grau de hipertrofia ou dano muscular quando a fase excêntrica foi realizada em velocidades mais lentas. Professor Mestrando Gustavo Barquilha Membro do Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte – Universidade Cruzeiro do Sul Preparador Físico de Atletas de Alto Rendimento REFERÊCIAS BARQUILHA, Gustavo.; UCHIDA, Marco Carlos.; et al. Characterization of the effects of one maximal repetition test on muscle injury and inflammation markers. WebmedCentral PHYSIOLOGY, v. 2, p. 1-8, 2011. BARQUILHA, Gustavo.; MOURA, Nivaldo Ribeiro.; et al. A single exercise session: muscle function and damage. International Journal of Sports Medicine, v. 32, in press, 2011. Friden J, Lieber RL. Segmental muscle fiber lesions after repetitive eccentric contractions. Cell Tissue Res;293:165-171,1998. ROSCHEL, Hamilton.; UGRINOWISTCH, Carlos.; et al. Effect of eccentric exercise velocity on akt/mtor/p70 signaling in human skeletal muscle. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 36, p. 283-290, 2011.
  4. ADAPTAÇÕES NEUROMUSCULARES AO TREINAMENTO DE FORÇA INTRODUÇÃO Pode-se dizer que as adaptações mais marcantes decorrentes ao treinamento de força sejam os aumentos da força e hipertrofia muscular. Porém, a coisa não funciona tão simples quanto parece. O aumento nos níveis de força pode variar de indivíduo para indivíduo, devido a diversos fatores, como nível de força inicial, protocolo de treinamento adotado, tipo predominante de fibra muscular, entre outras características. Dados relatam que homens e mulheres conseguem em média um aumento de 25 a 30% na força muscular quando comparado ao período inicial de treinamento após 6 meses. Nas primeiras semanas de treinamento ocorre um aumento na força sem ocorrer um aumento na hipertrofia muscular. Esse aumento deve-se pela melhora no recrutamento de unidades motoras e consequentemente em uma melhora no recrutamento de fibras musculares, já que uma unidade motora inerva várias fibras musculares. Ou seja, nosso corpo “aprende” a recrutar fibras musculares de uma maneira mais organizada, por isso quando um indivíduo entra na academia dizemos que ele está na fase de adaptação. Outra adaptação que ocorre é a diminuição da co-contração muscular. Quando um iniciante deseja fazer um exercício para bíceps, nosso corpo não entende que aquele exercício “isola” o bíceps, e acaba contraindo o tríceps também (isso é só um exemplo). Esse fenômeno é chamado de co-contração muscular, e é muito comum em indivíduos iniciantes em um programa de musculação, assim como em atletas de determinadas modalidades esportivas. O treinamento de força também inibe os reflexos musculares que inibem a contração decorrente de um alto nível de força (inibição do Órgão Tendinoso de Golgi). Outra adaptação bem definida é o aumento nas fibras de contração principalmente rápidas, importantes na geração de força e potência. Estudos demonstram que crianças também aumentam a força muscular após um protocolo de exercícios de intensidade moderada/alta. Porém, esses mesmos estudos não viram alterações na massa muscular dessas crianças, sendo que a justificativa para o aumento da força muscular foi a mesma dada para o aumento na força muscular em um período inicial de treinamento em indivíduos adultos: as adaptações neurais do treinamento (estamos falando de crianças normais, sem o uso de anabolizantes). Idosos também podem aumentar a força muscular em até 100% após a realização de um protocolo de treinamento de força, sendo que a adaptação mais vista nesse grupo é o aumento da fibra muscular rápida decorrente do treinamento. Vale lembrar que indivíduos idosos têm como característica a perda de massa e força muscular decorrentes da perda de fibra rápida (sarcopenia). Prof. Mestrando Gustavo Barquilha Pesquisador do Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte – Universidade Cruzeiro do Sul Preparador Físico de Atletas de Alto rendimento www.gustavobarquilha.com.br REFERÊNCIAS FALK, B.; TENEBAUM, G. the effectiveness of resistance Training in children: A meta-analysis. Sports Medicine. 22(3):176-186, 1996. FRONTERA et al. a cross-sectional study of muscle strength and mass in 45- to 78-yr-old men and women. Journal of Applied Physiology. 71:644-650, 1991. PLOWMAN, S. A.; SMITH, D. L. Fisiologia do exercício para Saúde, Aptidão e Desempenho. 2° Edição. Guanabara Koogan, 2010.
  5. O Treinamento Intervalado (TI) consiste em um método de treino eficiente no que diz respeito à transferência energética das vias metabólicas utilizadas, utilizando uma relação programada de intervalo de recuperação e exercícios. Este modelo de treinamento é excelente para que se realize maiores cargas de trabalho (com maior intensidade) com um mesmo nível de fadiga quando comparado com o treinamento contínuo. Isso de deve ao fato de que o TI utiliza intervalos de recuperação entre as séries de exercícios intensos, podendo este intervalo ser no formato de pausa ativa ou mesmo diminuindo drasticamente a intensidade do exercício por um determinado período pré-estabelecido. O TI pode ser definido basicamente como um método de treinamento de curto período de tempo com alta intensidade. Por exemplo, quando você trabalha com 90% do Vo2Max de seu atleta, este não consegue permanecer durante muito tempo fazendo uma atividade nesta intensidade, então se faz necessária uma pausa para que seu organismo possa recuperar-se parcialmente, permitindo assim uma nova sessão de esforço com tal intensidade. Estudos têm demonstrado que o treinamento intervalado melhora o potencial oxidativo, estoque de glicogênio, capacidade de tamponamento muscular, capacidade de resistência aeróbia, entre outros. Atletas podem se beneficiar desta modalidade de exercício, principalmente pela tolerância a fadiga que o TI pode oferecer. Exercícios intervalados tem como características alta concentração de lactato e metabólitos, sendo que quanto mais se treina em acidose muscular, mais resistente a fadiga se fica. Isso para um atleta é fundamental, principalmente em ambientes competitivos, em que são normais altas concentrações de acidose muscular. Não se tem definido ainda qual a melhor estratégia para estruturar um treino intervalado. Sabe-se que o lactato é produzido em altas intensidades, e que sua meia-vida fica entre 15-25 minutos, enquanto que sua depuração plena fica entre 1 hora após a realização de uma atividade intensa. Nesse sentido, indica-se que para aumentar a tolerância à acidose, o ideal é intervalo de 90 segundos a 3 minutos, sendo este intervalo o ideal para o restabelecimento do ATP-PC e da Mioglobina com O2, permitindo a continuidade do treinamento de alta intensidade. O TI tem varias vantagens quando utilizado principalmente por atletas de esportes que envolvam força, potência e alto grau de acidose, como é o caso de lutadores de Jiu-Jitsu e MMA. O TI aumenta o EPOC (consumo de oxigênio pós-exercício), o metabolismo basal, a tolerância à acidose, melhora o recrutamento de fibras musculares rápidas, entre muitos outros benefícios. REFERÊNCIAS Baechle,T.; Earle, R.W. Fundamentos do treinamento de força e do condicionamento físico. Ed. Manole, 3° ed., 2010. Burgomaster et al. J Appl Physiol, 100:2041-2047, 2006 Burgomaster et al. J Appl Physiol, 98 :1985-1990, 2005. Gibala et al. J Physiol, 575 : 901-911, 2006. Plowman, S.A. ; Smith, D.L. Fisiologia do Exercício para Saúde, Aptidão e Desempenho. 2° Ed. Guanabara Koogan, 2009.
  6. RESPOSTA HORMONAL E TREINAMENTO DE FORÇA: CORTISOL Introdução O cortisol está envolvido com diversos processos importantes em nosso organismo, sendo considerado um hormônio “catabólico”, ou seja, de degradação protéica. Porém, mais do que um hormônio catabólico, o cortisol é vital para a modulação do sistema imunológico, sendo um importante sinalizador de estado de “alerta” em nosso organismo. Revisão de Literatura O cortisol é sintetizado no córtex supra-renal e sua produção (concentração) é inconstante no organismo, sendo sua vida média pulsátil de 80 a 100 minutos, sendo então necessária sua produção durante o dia para manter sua concentração no sangue. O cortisol é um hormônio catabólico, sendo seus efeitos mais conhecidos: conversão de aminoácidos em carboidratos, aumento nas enzimas proteolíticas, inibição da síntese de proteínas, aumento na degradação de proteínas. Outra função importante do cortisol, e muito conhecida é a liberação de ácidos graxos livres no sangue para ser utilizado como fonte de energia, processo esse conhecido como lipólise. O cortisol também é importante para o sistema imunológico e para o overtraining. Após a realização de um protocolo intenso de exercícios, existe o dano muscular (microlesões ocasionadas principalmente por movimentos excêntricos não habituais) com conseqüente aumento da dor muscular e de enzimas como creatina quinase e lactato desidrogenase. Quando o dano muscular é muito severo, é comum que aconteça um processo inflamatório para que haja a recuperação muscular. Nesse processo inflamatório, pode haver o aumento de algumas citocinas pró-inflamatórias como a interleucina 6 (IL-6) me fator de necrose tumoral alfa (TNF-Alfa), entre outras. Essas citocinas estimulam proteínas de fase aguda como a proteína C reativa (PCR) que por sua vez estimulam a produção de cortisol. Sendo assim, o cortisol é um importante hormônio envolvido na recuperação muscular, não sendo o “vilão” que muitos acreditam ser. Além disso, o cortisol é geralmente aumentado em indivíduos com overtraining, sendo uma importante ferramenta para a detecção deste estado de treinamento. Em um estudo publicado pelo professor Marco Uchida na revista Journal of Sports Sciense foi investigado a resposta da Testosterona em diferentes intensidades (50, 75, 90 e 110% de 1 RM no exercício Supino), porém com volumes similares. Neste estudo foi utilizado o exercício supino, e foram realizadas coletas de sangue antes, imediatamente após e 24 horas após a realização do protocolo de exercícios. Nesse estudo, os maiores valores de cortisol foram encontrados no grupo que realizou a intensidade de 75% de 1 RM (intensidade geralmente utilizada para hipertrofia muscular) como demonstrado no gráfico abaixo. Gráfico I. Valores do cortisol plasmáticos. Cortisol Plasmático Adaptado de Uchida et al, 2009. O aumento do cortisol parece ser maximizado quando o exercício é de grande volume, por isso vários Fisiculturistas não treinam mais do que 40 minutos, ou seja, treino de alta intensidade e moderado volume. Essa parece ser uma estratégia muito interessante para se maximizar o anabolismo e minimizar o catabolismo. Fica a dica! Prof. Gustavo Barquilha Mestrando em Ciências do Movimento Humano Preparador Físico de Atletas de Alto Rendimento em Esportes de Combate e Prancha www.gustavobarquilha.com.br Referências BEACHLE, T.R.; EARLE, R.W. Fundamentos do Treinamento de Força e do Condicionamento. 3° Edição. Ed. Manole, 2010. COLTINHO, H. et al. Respostas hormonais da testosterona e cortisol depois de determinado protocolo de hipertrofia muscular. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. V1, n3, 72-77, 2007. CADORE et al. Factors Concerned with the Testosterone and Cortisol Response to Strength Training. Rev Bras Med Esporte – Vol. 14, No 1 – Jan/Fev, 2008 RUSSELL SH, SMALL CJ, STANLEY SA, FRANKS S, GHATEI MA, BLOOM SR. The in vitro role of tumour necrosis factor-alpha and interleukin-6 in the hypothalamic-pituitary gonadal axis. J Neuroendocrinol 2001;13:296-301. UCHIDA, M.C.; NOSAKA, K.; UGRINOWITSCH, C. ; YAMASHITA, A.S. ; MARTINS JUNIOR, E.; MORISCOT, A.S.; AOKI, M.S. Effect of bench press exercise on muscular soreness and inflammatory mediators. Journal of Sports Sciences, v. 27, p. 499-507, 2009
  7. Neste artigo serão abordados alguns conceitos básicos relacionados com a resposta hormonal ao exercício de força. Nos próximos artigos irei discutir sobre os principais hormônios envolvidos com a síntese e degradação protéica. Introdução Os hormônios são mensageiros químicos sintetizados, armazenados e liberados no sangue pelas glândulas endócrinas e algumas outras células. Os hormônios podem também ser secretados por mecanismos autócrinos (a célula pode liberar o hormônio dentro dela mesmo, sem deixar a célula que a produziu) e parácrinos (liberação de hormônios para interagir com células adjacentes). Destacam-se também as proteínas transportadoras de hormônios no sangue. Estas proteínas, além de exercer a função de transportadoras, também são responsáveis por aumentar a meia-vida destes, além de combater a degradação dos hormônios e servir como locais de armazenamento dentro da circulação. Outro aspecto importantíssimo relacionado com a resposta hormonal são os seus receptores. A sinalização e efeito de um hormônio dependem diretamente de seus receptores. Sabe-se que para um determinado hormônio ter efeito em uma célula, esta tem que expressar o receptor especifico daquele hormônio. Além disso, o receptor específico tem que estar responsivos ao hormônio, ou seja, se o receptor não estiver mais responsivo, nada acontecerá naquela célula. Este fenômeno pode acontecer, por exemplo, após a administração prolongada de um hormônio esteróide. Isto demonstra também a complexidade da resposta hormonal no organismo. Os hormônios têm importância fundamental tanto com a síntese quanto com a degradação protéica, o que interfere diretamente no crescimento muscular. Entender a resposta hormonal e conhecer os possíveis mecanismos que aumentem ou diminuam suas respostas parece ser fundamental para o sucesso com o treinamento de força. Referências BEACHLE, T.R.; EARLE, R.W. Fundamentos do Treinamento de Força e do Condicionamento. 3° Edição. Ed. Manole, 2010. LINNAMO, V.; PAKARINEN, A.; KOMI, P. V.; KRAEMER, W. J.; HAKKINEN, K. Acute hormonal responses to submaximal and maximal heavy resistance and explosive exercises in men and women. J. Strength Cond. Res., v.19, p.566-571, 2005. KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J.; DZIADOS, J. E.; HARMAN, E. A.; MARCHITELLI, L. J.; GORDON, S. E.; MELLO, R.; FRYKMAN, P. N.; KOZIRIS, L. P.; TRIPLETT, N. P. Changes in hormonal concentrations after different heavy-resistance exercise protocols in women. J. Appl. Physiol., v.75, p.594-604, 1993.
  8. ACIDOSE MUSCULAR – PARTE III Nessa terceira parte do artigo sobre acidose muscular, iremos discorrer sobre alguns possíveis recursos para diminuir a acidose muscular e seus efeitos negativos para a performance. INTRODUÇÃO Vimos na matéria anterior que o aumento na concentração de lactato decorrente de uma sessão de musculação pode ser benéfico, devido a relação do lactato com hormônios anabólicos como testosterona e GH. Por sua vez, esses hormônios possuem uma forte correlação com o aumento na força e hipertrofia muscular. È comum também observarmos o aumento do lactato (e um conseqüente quadro de acidose muscular) após a realização de uma prática esportiva (especialmente em uma situação competitiva). O lactato aumenta conforma aumenta o ritmo da glicólise, e em situações competitivas, a acidose muscular pode ser ainda mais aumentada devido ao stress causado pela ansiedade antes/durante a competição. Lembrando que o stress pode causar aumentos de hormônios como adrenalina, cortisol, entre outros. Beta-alanina Pesquisas recentes indicam que a suplementação de Beta-alanina pode diminuir o quadro de acidose muscular. Esse aminoácido, juntamente com o aminoácido histidina, é responsável pela síntese de um aminoácido essencial para o tamponamento do lactato, chamado de carnosina. Este aminoácido parece exercer certas vantagens com relação a outros tamponantes de lactato, como o bicarbonato. A carnosina possui uma maior concentração no músculo, o que aumenta a sua capacidade tamponante. Estudos realizados com a suplementação de Beta-alanina têm indicado aumentos significantes na performance em exercícios principalmente com características de alta intensidade. Além disso, parece não haver efeitos colaterais com a utilização desse aminoácido como forma de tamponamento do ácido lático, ao contrário da utilização de outros tamponante de lactato, como o bicarbonato, que pode causar desconfortos gastrintestinais severos. Porém, existem algumas ressalvas a serem feitas quanto a suplementação com Beta-alanina, principalmente quanto a quantidade a ser utilizada, tempo de uso, entre outros questionamentos que precisam ser elucidados com mais pesquisas científicas. O fato é que a suplementação com Beta-alanina parece ser uma boa alternativa para diminuir a acidose muscular e evitar seus efeitos indesejáveis. Controle sobre o stress O stress competitivo pode causar aumentos na concentração de lactato antes e/ou durante a realização de uma prática esportiva. Neste sentido, atletas de alto rendimento têm utilizado técnicas para o controle da ansiedade, como Yoga, meditação, entre outras. Essas práticas podem ser de extrema importância para a redução da acidose muscular, sendo que atletas de Jiu Jitsu e MMA têm relatado uma melhora na performance com essas práticas. Treinamento de resistência a fadiga Nosso organismo tem uma capacidade impressionante de se adaptar a situações estressantes (como em um quadro de acidose muscular). Uma das maneiras de se diminuir os efeitos negativos da acidose muscular durante uma competição (dor, cansaço, falta de atenção, desconforto gastrintestinal, entre outros) é aumentando a tolerância do atleta à acidose. Uma das maneiras de se fazer isso é justamente realizar treinamentos em situações de “acidose muscular” durante o período de treinamento. Neste sentido, é comum a utilização de circuitos (pouco ou nenhum intervalo de recuperação) de intensidade moderada/alta, com o objetivo de aumento nas concentrações de acido lático. È importante ressaltar que as concentrações de lactato não devem ficar abaixo das concentrações encontradas durante a prática competitiva do atleta. Por exemplo, um atleta de Jiu Jitsu aumenta sua concentração de lactato de 2 Mmol de lactato (pré luta) para 9 Mmol de lactato (pós luta), tendo um aumento de 7 Mmol de lactato. Caso o objetivo do treino seja o de provocar acidose muscular, as concentrações de lactato não devem ficar abaixo de 7 Mmol de lactato (esses valores são fictícios). Prof. Mestrando Gustavo Barquilha Membro do ICAFE – Universidade Cruzeiro do Sul Pesquisador do GEPEFFA – Unifieo Preparador Físico da Equipe Black Belt JJ Club (Jiu Jitsu e MMA) Site: www.gustavobarquilha.com.br Referências Harris RC, Tallon MJ, Dunnett M, Boobis L, Coakley J, Kim HJ, Fallowfield JL, Hill CA, Sale C, and Wise JA. The absorption of orally supplied beta-alanine and its effect on muscle carnosine synthesis in human vastus lateralis. Amino Acids 30: 279-289, 2006.
  9. ACIDOSE MUSCULAR – PARTE II Nessa segunda parte do artigo sobre acidose muscular, iremos discorrer sobre os principais benefícios e malefícios que o substrato lactato pode trazer para a performance esportiva. INTRODUÇÃO Exercícios intensos acarretam em aumentos na produção de lactato, que é um indicador de acidose muscular. Este aumento pode ser benéfico ou maléfico, dependendo da situação e modalidade esportiva praticada. O lactato está diretamente relacionado com a produção de hormônios anabólicos como a testosterona e o Hormônio do Crescimento (GH). Estes hormônios estão relacionados com o aumento de massa muscular e performance (aumento da força e potência muscular). Neste sentido, qualquer estratégia que maximize o aumento na produção desses hormônios durante o período de treinamento é muito bem vinda. Estudos têm relacionado o aumento na produção de lactato com o aumento na produção de Testosterona e GH. Intervalos curtos de recuperação promovem aumentos na produção de lactato e outros metabólitos, provocando aumentos também no GH e na Testosterona. O aumento na intensidade do exercício também é correlacionado com o aumento no lactato e na produção hormonal. Porém, o aumento do lactato pode acarretar em aumento do hormônio cortisol, que é um hormônio catabólico (atua na via de degradação de proteínas). Todavia, o aumento desse hormônio catabólico parece estar mais associado com o tempo de realização da sessão de exercício do que unicamente com a produção de lactato. O mais recomendado é que a sessão de exercício não seja muito longa (no máximo 45 minutos) para que não ocorra a produção desse hormônio não seja exarcebada. O lactato também pode ser um fator determinante (e limitante) na prática esportiva. Em situações de repouso ou exercícios de baixa intensidade, nosso organismo produz lactato, porém sua remoção é maior do que a produção. Todavia, com o aumento da intensidade do exercício ou com o aumento de situações de stress (como antes de uma luta ou partida), aumenta também o ritmo da glicólise, aumentando também a conversão de piruvato em lactato. Uma alta produção de lactato corrobora com um quadro de acidose muscular (diminuição do pH). Esta acidose pode causar efeitos adversos como fadiga muscular localizada, desatenção, cansaço, entre outros fatores. Em um estudo realizado com 7 atletas de jiu-jitsu, os valores basais de lactato subiram de 2,2 mMol antes da luta para 11,8 mMol após 12 minutos de luta. Em atletas de luta olímpica estilo Greco-Romana os valores de lactato subiram de 2,2 mMol pré-luta para 19,0 5 minutos após o término da luta. Esses resultados demonstram a importância e a magnitude do aumento da produção de lactato durante uma atividade esportiva intensa. Entender o real significado do aumento desse metabólico, e principalmente saber trabalhar para que este aumento seja menor ou que o atleta seja mais “tolerante” a acidose parece ser um dos fatores determinantes para o sucesso esportivo. Na próxima matéria iremos discorrer sobre possíveis mecanismos para se diminuir a acidose muscular. Prof. Mestrando Gustavo Barquilha Membro do ICAFE – Universidade Cruzeiro do Sul Pesquisador do GEPEFFA – Unifieo Preparador Físico da Equipe Black Belt Jiu Jitsu Club Site: www.gustavobarquilha.com.br Referências Bottaro, M.; Martins, B.; Gentil, P.; Wagner, D. Effects of rest duration between sets of resistance training on acute hormonal responses in trained women. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 12, p. 73-78, 2009. Felício, J.M ; Pizano, R.E ; Barquilha, Gustavo. Intervalo de recuperação entre as séries nos exercícios resistidos: uma breve revisão de literatura. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. 148, p. 01-05, 2010. Del Vecchio et al. Análise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e estudo da temporalidade e da quantificação das ações motoras da modalidade. Movimento & Percepção, v.7, n.10, p.263-281, 2007. Kraemer, W.; Hakkinen, K. Treinamento de força para o esporte. Artmed, 2004.
  10. ACIDOSE MUSCULAR – PARTE I Nessa primeira parte da matéria sobre acidose muscular irei discorrer sobre os principais conceitos sobre esse importante tema, que está diretamente ligado a produção hormonal, fadiga, entre outras variáveis envolvendo performance esportiva. INTRODUÇÃO Durante o exercício de baixa intensidade a demanda energética é menor, sendo predominante o sistema oxidativo, ou seja, o aporte de oxigênio é suficiente para suprir as necessidades metabólicas. Diferentemente do exercício intenso, em que a demanda metabólica é muito maior. A Fadiga durante o exercício de alta intensidade é uma conseqüência das limitações impostas pelo metabolismo anaeróbico. O metabolismo anaeróbio pode gerar energia (ATP) a uma taxa muito elevada, porém como conseqüência pode ocorrer uma acidose metabólica, com produção de ácido lático, que está intimamente associada à fadiga. No pH fisiológico, o ácido láctico produzido durante o exercício intenso é quase completamente dissociado em lactato e íons de hidrogênio (H+). É importante salientar que é essa alta produção de H+ (e não a do lactato) a responsável pela fadiga e conseqüente diminuição da performance. A remoção do piruvato, lactato e H+ produzidos são realizadas pelos transportadores de monocarboxilato (MCTs) Caso haja falta de oxigênio disponível nas mitocôndrias, o piruvato aceita os íons H+ liberados durante a glicose para formar lactato como produto final para que a glicólise possa prosseguir. Porém, essa produção de lactato depende de outros fatores além da falta de oxigênio, como o tipo de fibra muscular (fibras de contração rápidas contém um maior número de enzimas LDH, que favorecem a produção de lactato) e a velocidade com que ocorre a glicólise. Um dos fatores que podem estimular a velocidade da glicólise são os níveis de adrenalina. É importante salientar que o ácido lático não é o vilão que todos pensam, principalmente pelo fato desse substrato poder ser utilizado como fonte energética pelo coração e também por outras fibras musculares adjacentes. Lembrando que o Lactato não é o responsável pela acidose muscular (quem faz essa função são os íons H+), mas pode ser muito bem utilizado como indicador de acidose, devido a boa correlação com o H+. Ou seja, quantidades elevadas de lactato indicam quantidades elevadas de H+, que deixam o meio ácido e podem prejudicar a performance. No próximo artigo iremos discutir sobre as principais conseqüências que o acumulo de lactato traz ao desempenho esportivo. Esse metabólito é muito importante para diversas modalidades esportivas, podendo trazer uma melhora no “rendimento”, como no fisiculturismo, ou uma piora no rendimento, como durante uma luta no jiu-jitsu. Entender o que é o lactato, e saber utilizar ele a seu favor pode fazer toda a diferença na melhora ou piora da performance. Prof. Mestrando Gustavo Barquilha Membro do Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte – ICAFE - Universidade Cruzeiro do Sul Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Exercício Físico e Fisiologia Aplicada – GEPEFFA - Unifieo Preparador Físico de Atletas de Alto Rendimento Site: gustavo_barquilha@hotmail.com.br REFERÊNCIAS JUEL, C.; HALESTRAP, A. P. Lactate transport in skeletal muscle — role and regulation of the monocarboxylate transporter. The Journal of Physiology, London, v. 517, no. 3, p. 633-642, 1999. ACSM – Manual de pesquisa das diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. Editora Guanabara Koogan, 4° Ed. 2001.
  11. TREINAMENTO CONCORRENTE É cada vez menor o tempo disponível para se praticar exercícios físicos, gerando assim um interesse modelos de treinamento mais curtos, como no treinamento concorrente (TC). Esse termo é geralmente utilizado quando se associa exercícios aeróbios e de força em uma mesma sessão de treinamento. Porém, essa associação de exercício em uma mesma sessão pode acarretar adaptações negativas ao treinamento. Alguns autores sugerem que o treinamento concorrente pode prejudicar a performance de potência, força e hipertrofia muscular (Bell et al., 2000; Kraemer et al., 1995; Bucci et al., 2005). Autores também citam que o treinamento concorrente podem até mesmo melhorar a performance aeróbia (McCarthy et al., 2002; Kraemer et al, 1995), sendo muito utilizado por profissionais envolvidos com atividades aeróbias em geral. É importante lembrar que as adaptações decorrentes do treinamento de peso e aeróbios são diferentes, podendo ser este um dos principais motivos para a interferência do treinamento aeróbio na força. As adaptações do treinamento de força incluem aumento da massa corporal magra, aumento da massa óssea, melhora na coordenação inter- e intra-muscular e aumento da área de secção transversal das fibras musculares do tipo I, IIa e IIb, enquanto que exercícios aeróbios podem aumentar o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a atividades das enzimas oxidativas, os estoques de glicogênio intramuscular, a densidade e capacidade mitocôndrial dos músculos, melhora a capacidade de difusão pulmonar, o débito cardíaco, a densidade capilar e o controle da saturação da hemoglobina (Paulo et al., 2005) Paulo et al., 2005 realizaram um estudo de revisão, citando em sua conclusão que os programas de TC se mostraram mais efetivos para melhorar a resistência de força, o tempo de exaustão numa atividade aeróbia e a velocidade da corrida de longa distância quando comparados ao treinamento exclusivo de força ou de resistência aeróbia. Em contrapartida, se o objetivo for a melhora da força máxima, ou da potência muscular deve-se treinar força e resistência aeróbia em dias alternados. Caso não se tenha condições de realizar as duas modalidades de exercícios em dias diferentes, algumas precauções devem ser tomadas. Primeiramente, tentar realizar as sessões em horários diferentes do dia, com uma alimentação balanceada entre as sessões e de preferência descanso. Outro fator que pode ajudar é a adequação das intensidades do treinamento concorrente. Exercícios de alta intensidade (perto da intensidade máxima) necessitam de uma maior adaptação neural (recrutamento de fibras e unidades motoras), enquanto que exercícios mais moderados (como hipertrofia ou corrida de rua) sofrem uma maior adaptação fisiológica (depleção dos estuques de glicogênio, acumulo de metabólitos, entre outros). Sabendo disso, talvez seja mais interessante não realizar exercícios aeróbios e de força com mesmas características (corrida e força como características metabólicas, por exemplo). Um dos fatores que podem anular a subseqüente queda do rendimento de força após a realização de exercícios aeróbios é a creatina (Gomes e Aoki., 2005), ficando essa informação como dica. Prof. Mestrando Gustavo Barquilha Membro do Instituto de ciências da Atividade Física e Esportes (ICAFE) – Universidade Cruzeiro do Sul Pesquisador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Físico e Fisiologia Aplicada (GEPEFFA) – Unifieo Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Preparador Físico/Fisiologista de Atletas de Alto Rendimento REFERÊNCIAS Bell, G.J.; Syrotuik,D.; Martin, T. P.; Burnham, R.; Quinney, H. Effect of strength training and endurance training on skeletal muscle properties and hormone concentrations in humans. Eur. J. Appl. Physiol.,v81, p: 418-427, 2000. Bucci, M., Vinagre, E.C., Campos, G.E.R., Curi, R., Pithon-Curi, T.C. Efeitos do treinamento concomitante hipertrofia e endurance no músculo esquelético. R. bras. Ci e Mov. 2005; 13(1): 17-28. Gomes, R. V.; Aoki, M. S. Suplementação de creatina anula o efeito adverso do exercício de endurance sobre o subseqüente desempenho de força. Rev Bras Med Esporte. 11(2), 131-134, 2005 Kraemer,W.J.; Patton, J. F.; Gordon, S. E. Compatibility of high intensity strength and endurance trainingon hormonal and skeletal muscle adaptations. J. Appl. Physiol., n.78,p.p.976-989,1995. McCarthy, J. P.; Pozniak, M. A.; Agre, J. C. Neuromuscular adaptations to concurrent strength and endurance training. Med. Sci. Sports Exerc., v.34, n.3, p.p.511-519, 2002. Paulo, A.C., Souza, E. O., Laurentino, G., Ugrinowitsch, C., Tricoli, V. Efeito do treinamento concorrente no desenvolvimento Da força motora e da resistência aeróbia. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2005, 4(4):145-154.
  12. A dor muscular de inicio tardio (DMIT) é caracterizada pela sensação de dor ou desconforto muscular, aparecendo geralmente 8 horas após a realização de um exercício intenso, sendo que seu pico de dor fica entre 24 e 48 horas, podendo permanecer até 7 dias após a realização desse exercício (Barquilha et al, 2010; Clarkson e Hubal, 2002; Tricoli, 2001). A DMIT está constantemente presente em indivíduos sedentários que iniciam uma prática esportiva, sendo que muitos desses indivíduos abandonam um programa de atividade física por causa desta. Porém, a DMIT também esta presente em atletas que retornam ao treinamento após um período de férias, ou mesmo quando se muda bruscamente o estimulo do treinamento. A DMIT parece ser mais presente em exercícios que envolvam ações musculares excêntricas, como na musculação (Foschini et al, 2006). Autores associam a DMIT com o processo inflamatório responsável pela reparação ao dano muscular (reparo ao tecido danificado) (Armstrong, 1984). Um fato interessante é sobre um fenômeno conhecido como “efeito protetor da carga”, que consiste na diminuição da DMIT após subseqüentes sessões de exercícios. Resumindo, quando se dá um estimulo intenso, principalmente uma ação excêntrica não-habitual, é comum que apareça a DMIT. Se esse mesmo estimulo for repetido alguns dias depois, a DMIT será menor do que no primeiro estimulo, e assim sucessivamente. A DMIT pode afetar o desempenho esportivo através de uma redução na amplitude de movimento e na redução do pico de torque de força, causando um estresse em músculos, ligamentos e tendões (7,. Essa informação sobre a diminuição na performance causado pela DMIT é importante para atletas e preparadores físicos, sendo um dos motivos para alguns profissionais não realizarem treinamentos intensos dias antes da prática de uma modalidade esportiva que envolva força e potência, por exemplo. Outra estratégia para se evitar a DMIT é evitar mudanças bruscas nas sessões de treino antes de uma competição. Porém a DMIT pode ser interessante para atletas que busquem hipertrofia muscular, como o Fisiculturismo. A DMIT é considerada como um marcador indireto de dano muscular (Uchida et al, 2009), sendo que outros marcadores de lesão muscular também são muito utilizados, como a creatina quinase (CK) e Lactato desidrogenase (LDH) (Barquilha et al, 2009). Estudos vêm associando o dano muscular com o aumento da hipertrofia (HAWKE e GARRY, 2001) através do processo de migração de células satélites ao tecido lesionado, onde estas células satélites podem se fundir às fibras musculares (pelo menos as ainda viáveis) ou diferenciar-se em mioblastos. Esse processo permite um aumento na síntese de proteínas (Hawke e Garry, 2001; Machado, 2010). Porém, como já citado acima, o dano muscular é cada vez menor em indivíduos treinados, sendo importante uma boa periodização para que se obtenham bons resultados. Variar a intensidade, volume, tipo de exercícios e modelos de treinamento, dentre outras variáveis, parece ser útil na maximização da hipertrofia muscular. Prof. Mestrando Gustavo Barquilha Membro do Instituto de ciências da Atividade Física e Esportes (ICAFE) – Universidade Cruzeiro do Sul Pesquisador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Físico e Fisiologia Aplicada (GEPEFFA) – Unifieo Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Preparador Físico de Atletas de Alto Rendimento REFERÊNCIAS 1. Armstrong R.B. Mechanisms of exercise-induced delayed onset muscular soreness: a brief review. Med Sci Sports Exerc 1984; 16:529-538. 2. Barquilha G; Moura N.R; dos Reis S.A; Uchida M.C; Freitas Junior P.B; Hirabara S.M. Sessão de exercícios para hipertrofia muscular provoca dano muscular sem diminuição da força (in press). Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2010. 3. Barquilha G; Santos V.C; Azevedo P.H.S.M; Cury-Boaventura M. F; Moura N.R; Pithon-Curi T.C; Hatanaka E; Hirabara.S.M. Treinamento crônico de força em atletas profissionais de hockey in line: estudo da lesão, inflamação e força. Revista de Educação Física 2009;147:77-77. 4. Clarkson P.M, Hubal M.J. Exercise-induce muscle damage in humans. Am J Phys Rehabil 2002; 81:S52-S69. 5. Clarkson P.M; Nosaka K; Braun B. “Muscle function after exercise-induced muscle damage and rapid adaptation.” Medicine and Science in Sports and Exercise. 1992; 24: 512-520. 6. Foschini D; Prestes J; Charro M. Relação entre exercício físico, dano muscular e dor muscular de início tardio. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano 2006;09:101-105. 7. Hawke T.J; Garry D.J. Myogenic satellite cells: physiology to molecular biology. Journal of Applied Physiology 2001;91:534-551. 8. Machado M. O papel dos micro-traumas e das células satélites na plasticidade muscular. Arquivos em Movimento 2010;3:103-117. 9. Uchida M.C; Nosaka K; Ugrinowitsch C; Yamashita A.S; Martins Junior E; Moriscot A.S; Aoki M.S. Effect of bench press exercise on muscular soreness and inflamatory mediators. Journal of Sports Sciences 2009;27:499-507. 10. Tricoli V. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev Bras Cien Mov 2001; 9:39-44.
  13. INTRODUÇÃO O treinamento de força vem sendo utilizado para diferentes finalidades, seja na área da saúde, estética ou desporto, sendo que para cada finalidade é importante uma correta prescrição do treinamento para se obter êxito em seu objetivo. Muitas variáveis estão envolvidas na prescrição do treinamento, sendo que o modelo de periodização utilizado é de extrema importante para que se ocorra uma adaptação positiva no organismo. Sendo assim, iremos discutir alguns parâmetros sobre os modelos de treinamento que têm sido utilizados. DISCUSSÃO Estudos têm comparado principalmente 3 modelos de periodização em treinamento de força: Não-periodizado (sem variação de intensidade e volume).; Periodização linear (diminuição do volume e aumento da intensidade conforme a progressão do treinamento).; Periodização ondulatória ou não-linear (alterações constantes de volume e intensidade durante um período de treinamento) (Minozzo et al, 2008). De uma maneira geral, o treinamento periodizado traz mais adaptações positivas com relação a ganho de força, potência e hipertrofia muscular quando comparado com o treinamento não periodizado (Kraemer, 1997; Marx et al, 2001). Estes resultados demonstram a importância de se montar uma rotina de treinamento consciente, seja para atletas de alto nível, pessoas com alguma patologia ou praticantes recreacionais de musculação. O treinamento não-periodizado é ainda muito utilizado em academias, devido a grande demanda de alunos em uma sala de musculação, associada a um pequeno numero de professores por aluno (visando um baixo custo com empregados e maiores lucros aos donos de academias). Já a periodização linear (gráfico 1) é mais antiga quando comparada com a periodização ondulatória, e se baseia no modelo tradicional de treinamento (diminuição do volume e aumento da intensidade durante o decorrer do treinamento). Este modelo de treinamento foi muito utilizado por atletas de esportes individuais e coletivos até algum tempo atrás, porém dificilmente se aplica aos atuais calendários esportivos. Antigamente, as equipes ou atletas de modalidades individuais traçavam como objetivo uma ou duas competições por ano, o que possibilitava o planejamento esportivo para determinado período do ano. Atualmente, temos varias competições durante o ano (ou macrociclo), o que exige do atleta uma boa condição física durante o ano todo praticamente. Nesse sentido, tem se utilizado muito a periodização não linear. Gráfico 1. Modelo de periodização linear, com aumento da intensidade e diminuição do volume durante o treinamento. *adaptado de Matveev (1977) Dentre os modelos de treinamento periodizado, o treinamento não-linear vêm se destacando por conseguir melhores resultados em força, potência e hipertrofia quando comparado com a periodização linear. Isto se deve possivelmente ao fato de se aplicar diferentes estímulos durante o período de treinamento, o que dificulta a homeostase do organismo, exigindo uma maior adaptação. No âmbito desportivo, este modelo é interessante, pois possibilita trabalhar diferentes aptidões físicas durante um período de preparação, e ainda manter essas adaptações durante um período longo de competição, como por exemplo, no futebol. Existe também o fator psicológico, pois este modelo de periodização parece ser mais estimulante quando comparado com os outros modelos de treinamento. Porém, este modelo parece ser difícil de ser empregado em salas de musculação, principalmente quando se tem muitos alunos e poucos professores (o que é o caso da maioria das academias), devido a sua complexidade e do tempo necessário para se montar uma periodização dessas. As mudanças de intensidade/volume na periodização não-linear pode variar em dias ou semanas, como demonstrados nas tabelas 1 e 2 (tabelas meramente ilustrativas). O mais importante neste modelo é que se conheçam bem as adaptações que cada sessão de treino causa no organismo. Tabela 1. Modelo de periodização não-linear com variação de intensidades por sessão de treino. <html> <body> 1st week2nd week3rd week4th week5th week2ndLightModerateLightModerateModerate4ndLightModerateHighHighModerate6ndModerateHighModerateLightHigh
  14. Leia a matéria de Gustavo Barquilha Joel e Luis Gustavo da Silva Rodrigues sobre o Deposteron (Cipionato de Testosterona). Nota importante: Ola amigos, A intenção desta coluna não é estimular ninguém a utilizar qualquer tipo de substância ilícita, muito pelo contrário, o objetivo é demonstrar os vários efeitos colaterais que elas trazem com seu uso. Tentamos também na coluna associar as informações cientificas disponíveis na literatura com as informações praticas de atletas e/ou praticantes de musculação do mundo underground das academias. Deposteron (Cipionato de Testosterona) A droga deposteron é uma solução injetável de base oleosa permitindo assim a liberação lenta da testosterona (testosterona sérica), e a base de éster, que permite rápida liberação de testosterona livre na circulação. Sua meia vida é de geralmente 8 dias, porém é recomendado o uso deste medicamento entre duas e quatro semanas (anvisa). Ela apresenta-se como uma solução oleosa límpida, na cor amarela e isenta de partículas estranhas. Esta droga é conhecida por promover rápido ganho de força e volume muscular devido a suas propriedades androgênicas e anabólicas. Esta droga tende a aromatizar facilmente, podendo causar ginecomastia, além de poder aumentar a pressão arterial por reter muita água. É utilizada principalmente fora de temporada, quando o objetivo é ganhar peso, devendo ser evitada no período de definição muscular, devido a retenção hídrica. O Deposteron também tem a fama de atrofiar os testículos mais rapidamente do que qualquer outra droga do mercado, além de ocasionar perdas vertiginosas de força e volume muscular (aumentadas durante o ciclo) tão logo a droga seja descontinuada. No Brasil a NOVAQUIMICA produz o Deposteron, sendo que a caixa com uma ampola é de 200mg/ml. Ela é utilizada no hipogonadismo, climatério e impotência, puberdade retardada masculina , antineoplásico, em câncer inoperável do seio (feminino). O uso da agulha ou seringa úmidas por causar turvação na solução, o que não afeta, entretanto, a efetividade da medicação. Se, porventura, verificar a formação de cristais nas ampolas, o aquecimento e agitação podem proporcionar a redissolução imediata. Não administrar esta droga intravenosamente. - Superdosagem: doses freqüentes podem desencadear sintomas de sobredosagem de remissão lenta, por tratar-se de medicamento, de longa ação. Recomenda-se suspender imediatamente o uso de DEPOSTERON. Este droga pode trazer como efeito colateral reações alérgicas com o uso deste medicamento ou qualquer componente da fórmula, hipertensão, ginecomastia, câncer de próstata, entre muitos outros efeitos. presença ou suspeita de câncer de próstata ou da glândula mamária em homens, presença ou história de tumores no fígado. Mulheres não devem usar esta droga devido ao seu alto nível androgênico, o que pode causar efeitos masculinos nas mesmas, como pêlos e engrossamento da voz. Outros efeitos colaterais podem ser o aumento no número de células vermelhas no sangue (policitemia); aumento de cãibras musculares, nervosismo e depressão, e em casos raros, amarelamento da pele (icterícia), além de outras reações que possam estar associadas ao medicamento. Podem ocorrer reações no local da injeção e reações de hipersensibilidade. Referências http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B25634-1-0%5D.PDF Atenção: Anabolizantes esteróides são medicamentos e somente podem ser adquiridos em farmácias sob prescrição médica.
  15. Leia a matéria de Gustavo Barquilha Joel e Luis Gustavo da Silva Rodrigues sobre o Lipostabil (fosfatidilcolina). Nota importante: Ola amigos, A intenção desta coluna não é estimular ninguém a utilizar qualquer tipo de substância ilícita, muito pelo contrário, o objetivo é demonstrar os vários efeitos colaterais que elas trazem com seu uso. Tentamos também na coluna associar as informações cientificas disponíveis na literatura com as informações praticas de atletas e/ou praticantes de musculação do mundo underground das academias. LIPOSTABIL (fosfatidilcolina) Infelizmente sabemos que a procura por recursos que favoreçam o desempenho esportivo ou a estética é muito grande no mercado negro. Uma dessas substâncias que vêm recebendo destaque nesse cenário é a fosfatidilcolina, conhecida também como Lipostabil. O Lipostabil é um medicamento cardiovascular para a profilaxia e tratamento da embolia gordurosa e de uso exclusivamente endovenoso para estes fins e, segundo o próprio fabricante, não existem estudos clínicos que comprovem a eficácia e a segurança do produto na dissolução de gorduras localizadas. É importante salientar que a Anvisa alerta aos consumidores, profissionais médicos, proprietários de clínicas estéticas e farmácias de manipulação que o medicamento Lipostabil não está registrado na Anvisa e por isso não existe autorização para fabricação, importação, distribuição, manipulação, venda e uso deste produto no país. Seu comércio é CRIME. O Lipostabil pode agir sobre o tecido gorduroso, sendo usado em outros países como tratamento coadjuvante de algumas alterações das gorduras no sangue, podendo diminuir o tecido adiposo. A fosfatidilcolina é uma lipoproteína encontrada nas membranas celulares, “podendo” aumentar a solubilidade do colesterol. Este medicamento vem sendo utilizado em distúrbios de memória e em doenças hepáticas induzidas por ingestão de álcool. Porém não existe nenhum estudo que comprove sua eficiência para a estética, pior, podendo até mesmo causar um desequilíbrio da membrana celular causado por um distúrbio no fluxo de substâncias do meio intra-extracelurar. Sabe-se que o uso desta substância vem tendo um aumento considerável por parte de atletas e freqüentadores de academias, mesmo existindo uma carência de estudos que comprovem sua eficácia ou que investiguem possíveis efeitos colaterais. Maneira de Usar O tratamento é feito através da injeção da substância no tecido subcutâneo, onde a gordura se deposita. Utiliza-se uma agulha muito fina e a injeção é feita em toda a área que se deseja tratar, a intervalos de cerca de 2 cm. O incômodo da picada é muito pequeno e perfeitamente suportável, e pode ser amenizado com cremes anestésicos em pessoas mais sensíveis. As aplicações são feitas a intervalos de 15 a 21 dias. Logo após a aplicação pode ocorrer coceira e sensação de pinicação na área tratada, que fica avermelhada e um pouco inchada durante 24 a 48 horas, "Nesse período, é recomendável evitar a exposição ao sol para que as manchas não se tornem permanentes". Ao toque, a região fica dolorida, sensação que pode persistir por alguns dias. Acredita-se em resultados rápidos, mas são necessárias de cinco a dez sessões, dependendo da reação do paciente e da quantidade de gordura localizada, sendo possível perceber os resultados já na terceira ou quarta sessão, com uma “possível” redução de até 10 centímetros na região tratada, no final do tratamento. Lembrando que a maioria das informações postadas neste artigo é decorrente de informações de freqüentadores de academias, existindo uma carência de estudos sobre o assunto. REFERÊNCIAS Lipostabil The effect of phosphatidylcholine on subcutaneous fat Aesthetic Surgery Journal, Volume 23, Issue 5, Pages 413-417 Administration of phosphatidylcholine increases brain acetylcholine concentration and improves memory in mice with dementia. J Nutr 1995, 125, p. 1484-9 Atenção: Anabolizantes esteróides são medicamentos e somente podem ser adquiridos em farmácias sob prescrição médica.
  16. Existem muitas duvidas e mitos envolvendo a pratica de musculação. Quando um aluno entra em uma academia buscando um programa de exercícios para emagrecer, é comum que os profissionais responsáveis pela sala logo indiquem exercícios aeróbios para a perda de peso. Porém será que apenas os exercícios aeróbios é que promovem essa perda de peso? E a musculação, pode ajudar nesse processo? Qual a importância da dieta no processo de perda de peso? Bom, vamos por partes. Primeiro precisamos definir o que é necessário para que ocorra essa perda de peso. O processo de perda de peso ocorre quando se têm um déficit calórico, ou seja, quando você gasta mais calorias do que ingere. Parece fácil? Pois bem, não é tão simples assim, como veremos mais pra frente no artigo. O gasto energético diário é dividido nos seguintes componentes: taxa metabólica de repouso , efeito térmico da dieta e atividade física . A taxa metabólica de repouso é considerada o maior componente do gasto energético diário, com aproximadamente 70% em média. O American College of Sports and Medicine e a American Heart Association(1) indicam que o gasto energético(gasto calórico) decorrente da realização de uma modalidade de exercício físico deve ficar entre 1.000 e 2.000kcal/ semana. Nesse sentido é amplamente divulgado que o exercício aeróbio, provavelmente por trabalhar grandes grupamentos musculares de forma contínua, é sempre o mais indicado para que se obtenha um alto gasto calórico, devido ao seu maior gasto calórico, o que conseqüentemente ajudaria na perda de peso (2,3). Sendo assim é inquestionável a colaboração que o exercício aeróbio tem com relação ao gasto energético durante a sua pratica. Já com relação à musculação, a história é outra. Alguns estudos demonstraram que a musculação oferece um baixo gasto energético durante a sua prática (4,5). Porém fica muito difícil fazer uma analise precisa dos estudos que envolvem esse tema, principalmente devido as mais diversas variáveis que envolvem a musculação, como o intervalo de descanso entre as séries, a ordem dos exercícios, a intensidade do treino, o volume do treino, entre outros (6). Qualquer afirmação sobre o tema “gasto energético da musculação” ainda me parece precoce, sendo necessários novos estudos com um perfeito controle das mais diversas variáveis da sessão de musculação. Em todo caso, alguns estudos demonstram que o treinamento em circuito na musculação tem um gasto energético maior QUANDO COMPARADO com o treinamento convencional de musculação (7). Outro parâmetro muito utilizado para se analisar o gasto energético do exercício é o EPOC, também conhecido como o consumo de oxigênio em excesso após o exercício. A uma grande divergência no que diz respeito a real contribuição da musculação no EPOC, tendo alguns estudos encontrados grandes alterações no EPOC durante horas após a musculação (8), enquanto outros encontraram o retorno do EPOC aos valores de repouso(pré-treino) em pouco mais de 30 minutos, o que contribui pouco para o gasto energético(9).Esse conflito na literatura também existe devido a manipulação das variáveis citadas anteriormente neste artigo. Porém, parece que uma intensidade moderadamente alta com curtos intervalos de recuperação maximiza o processo de gasto energético na musculação através de um maior aumento no EPOC (10). Então parece mais sensato afirmar que a musculação pode sim influenciar a perda de peso, porém a magnitude desta perda é que é uma coisa a ser melhor estudada ainda. Porém uma associação de musculação e exercícios aeróbios parece ser uma boa forma de maximizar o processo de perda de peso, pois o aeróbio oferece um consumo de oxigênio maior durante o exercício, enquanto a musculação oferece um maior consumo de oxigênio após o término da sua atividade. Porém ao longo da minha carreira como professor de musculação já escutei muitos mitos como “fazer aeróbio perde massa muscular”, etc. Na verdade o processo de perda de peso é um processo catabólico, ou de degradação. A musculação realmente tem a capacidade de preservar a massa muscular maior do que o aeróbio, mas mesmo assim um planejamento errado na hora de montar o seu treino pode sim acarretar na perda de massa muscular. Outra coisa a ser levada em consideração é que a associação dos dois tipos de exercícios pode acarretar em um alto volume de treino (mais de uma hora de treino), e esse alto volume pode acarretar na perda de massa muscular, ou seja, quando for associar os dois exercícios, tem que se levar em consideração que o treino será desgastante e deve-se planejar bem como será feita essa sessão, feito isso a probabilidade de se perder massa muscular será menor. Outra intervenção importantíssima no processo de perda de peso é a alimentação, sendo que uma dieta com carboidratos de baixo índice glicêmico (alimentos de alto índice glicêmico estimulam picos de insulina, o que favorece o acumulo de gorduras), o aumento na ingestão de proteínas quando necessário (a proteína aumenta o efeito térmico dos alimentos devido a sua complexidade na digestão) e a ingestão de gorduras de boa qualidade (Gorduras como o Ômega-3 têm uma importante função de melhorar o perfil lipídico do indivíduo) são indispensáveis para uma perda de peso e uma melhora na qualidade de vida, porém esse tópico de nutrição será abordado em um artigo futuro. REFERÊNCIAS 1 - Haskell WL, Lee IM, Pate RR, Powell KE, Blair SN, Franklin BA, et al. Physical activity and public health: updated recommendation for adults from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Med Sci Sports Exerc. 2007;39 (8):1423-34. 2 - SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras de Cardiol. 2007, Vol 88, Suplemento I. 3 - SBEM. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. I Diretriz Brasileira de diagnóstico e tratamento da síndrome metabólica. Arq Bras Cardiol. 2005;84 (suplemento I). 4 - Kraemer WJ, Volek JS, Clark KL, Gordon SE, Incledon T, Puhl SM, et al. Physiological adaptations to a weight-loss dietary regimem and exercise programs in women. J Appl Physiol. 1997;83(1):270-9. 5 - . Poehlman ET, Denino WF, Beckett T, Kinaman KA, Dionne IJ, Dvorak R, et al. Effects of endurance and resistance training on total daily energy expenditure in young women: a controlled randomized trial. J Clin Endocrinol Metab. 2002;87(3):1004-9. 6 - Kraemer W.j.; Fleck S.J. Otimizando o treinamento de força: programas de periodização não-linear. 1°. ed. Barueri:Manole, 2009. 273 p. 7 - Pichon C, Hunter GR, Morris M, Bond RL, Metz J. Blood pressure and heart rate response and metabolic cost of circuit versus traditional weight training. J Strength Cond Res 1996;10:153-6. 8 - Schuenke MD, Mikat RP, McBride JM. Effect of an acute period of resistance exerciseon excess post-exercise oxygen consumption: implications for body mass management. Eur J Appl Physiol. 2002;86(5):411-17. 9 - Binzen CA, Swan PD, Manore MM. Postexercise oxygen consumption and substrate use after resistance exercise in women. Med Sci Sports Exerc. 2001;33(6):932-8. 10 - Castinheiras Neto, A. G. ; SILVA, Nádia Lima da ; FARINATTI, P. T. V. . Influência das variáveis do treinamento contra-resistência sobre o consumo de oxigênio em excesso após exercício: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2009;15: 70-78.
  17. Leia a matéria de Gustavo Barquilha Joel e Luis Gustavo da Silva Rodrigues sobre o Decaonato de Nandrolona (Deca Durabolin). Por Gustavo Barquilha Joel (gustavo_barquilha@hotmail.com) Preparador Físico do Bauru in Line Hockey Prof. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano - Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte - Icafe/Unicsul Por Luis Gustavo da Silva Rodrigues (luis.gustavo.ef@hotmail.com) Preparador Físico formado pela UNIP Atleta de Fisiculturismo Nota importante: Ola amigos, A intenção desta coluna não é estimular ninguém a utilizar qualquer tipo de substância ilícita, muito pelo contrário, o objetivo é demonstrar os vários efeitos colaterais que elas trazem com seu uso. Tentamos também na coluna associar as informações cientificas disponíveis na literatura com as informações praticas de atletas e/ou praticantes de musculação do mundo underground das academias. DECAONATO DE NANDROLONA A pratica de exercícios físicos, em especial a musculação, vêm sendo amplamente realizada por pessoas que buscam uma melhor qualidade de vida. Porém, a musculação também é utilizada por atletas e pessoas que buscam um melhor rendimento físico ou estético, sendo muitas vezes a uso de drogas para maximizar seus resultados. Nesse sentido uma das drogas mais utilizadas por freqüentadores de academias é a Nandrolona (Barquilha, 2009). A nandrolona (também conhecida como deca-durabolin) é um andrógeno sintético, tendo ação anabolizante prolongada de até três semanas (Kutscher et al., 2002), podendo estimular o crescimento e a resistência celular. Sua estrutura é parecida com a testosterona, porém não possui o carbono da posição 19, daí o nome 19Nor-testosterona, essa pequena mudança é faz com que ela não seja convertida em DHT (dihidrotestosterona) pela enzima 5-alfa-reductase (5AR) como normalmente acontece com a testosterona, conferindo então menores efeitos androgênios se comparado a testosterona. Essa droga é utilizada na regeneração de diversos tecidos, como o sangüíneo, córneo e outros. Ela é classificada como um andrógeno não aromatizavel decorrente da baixa conversão a estrógeno, minimizando efeitos femininos em grandes doses desse hormônio (Kuhn, 2002; Cunha et al., 2006), e nas mulheres essa droga apresenta menor virilização quando comparada a testosterona, porém ainda assim pode causar tal efeito. A via de administração da nandrolona é intramuscular ou oral. Ele é encontrado na urina como 19-nortestosterona e seus metabólitos; 19 norandrosterona e 19-noretiocholanolona, que podem ser detectados por um longo período de tempo na urina, sendo geralmente a norandrosterona presente em maior concentração (Guimarães e Alves). Um dos principais benefícios com a prática de exercícios físicos é a cardioproteção, sendo que o uso da nandrolona parece anular esse efeito positivo decorrente do exercício, o que corrobora com o fato de serem encontradas lesões freqüentemente nos corações de indivíduos que fazem uso de altas doses de anabolizante (Chaves et al, 2007). Além disso, outros possíveis efeitos colaterais podem ser encontrados com o uso, como acnes, calvície, libido, possível ruptura de tendão decorrente do aumento exorbitante de massa muscular, aumento do colesterol LDL, infarto agudo do miocárdio, morte súbita por hipertrofia ventricular esquerda. Quando utilizados na puberdade, causam o fechamento das epífises ósseas, acarretando déficit final do crescimento em conseqüência do amadurecimento ósseo precoce, atrofia do tecido testicular, infertilidade, impotência, dificuldade ou dor para urinar e hipertrofia prostática, tumores hepáticos e de próstata. Na mulher, pode ocorrer a masculinização, evidenciada pelo engrossamento de voz e crescimento de pêlos no corpo no padrão de distribuição masculino; irregularidade menstrual e aumento do clitóris. (Fineschi et al., 2001). Fatores psicológicos também são alterados, como irritabilidade. A sua utilização fica geralmente entre 200 à 800mg por semana em homens, sendo que sua meia vida é geralmente de 6 dias. Geralmente essa droga á associada com alguma testosterona de ação média ou longa, como por exemplo a oximetolona (fabricado com o nome comercial de Hemogenin) e a metandrostenolona (conhecida como Dianabol). Sua dosagem então vai variar do período da forma como estiver usando e sua pré-disposição a ter ou não demasiada retenção hídrica com a mesma. A Deca-Durabolin é produzida no Brasil pela empresa farmacêutica Organon, em ampolas de um mililitro com a concentração de 25 ou 50 miligramas/ampola. REFERÊNCIAS LARSSON, C.E. et al. Terapêutica tópica e sistêmica: pele, ouvido e olho. In: ANDRADE, S.F. Manual de terapêutica veterinária. 2.ed. São Paulo : Roca, 2002. p.116-178. BARQUILHA, G. Uma analise da incidência de efeitos colaterais em usuários de anabolizante da cidade de Bauru. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 03, p. 146-153, 2009. CHAVES, E. A.; PEREIRA-JUNIOR, P. P.; FORTUNATO, R. S.; CARVALHO, D. P.; NASCIMENTO, J. H. M.; OLIVEIRA, M. F. Cardioproteção induzida pelo exercício é prejudicada pelo tratamento com o anabolizante decanoato de nandrolona. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 1, n. 3, p. 46-55, 2007 CUNHA TS, TANNO A.N, MARCONDES, F.K.; PEREZ, S.E.A., SELISTRE-ARAUJO, H.S. A administração de nandrolona não promove hipertrofia do músculo sóleo em ratos. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. 2006; 50(3): 532-540. FINESCHI V, BAROLDI G, MONCIOTTI F, PAGLICCI REATTELLI L, TURILLAZZI E. Anabolic steroid abuse and cardiac sudden death: a pathologic study. Arch Pathol Lab Med. 2001; 125(2): 253-255. GUIMARÃES WAM, ALVES SCC. Efeitos Crônicos do Treinamento de Forca Associado ao uso do Decanoato de Nandrolona sobre as Reservas de Glicogênio Muscular e Hepatico em Ratos. http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/255.pdf KUTSCHER EC, LUND BC, PERRY PJ. Anabolic steroids: a review for the clinician. Sports Med. 2002; 32(5): 285-96. KUHN, CM. Anabolic steroids. Recent Prog Horm Res. 2002; 57: 411-434. 1. Pharmacokinetic parameters of nandrolone (19-nortestosterone) after intramuscular administration of nandrolone decanoate (Deca-Durabolin) to healthy volunteers; 2. Impact of Nandrolone Decanoate on Gene Expression in Endocrine Systems Related to the Adverse Effects of Anabolic Androgenic Steroids; 3. Anabolic androgenic steroids differentially affect social behaviors in adolescent and adult male Syrian hamsters – Salas-Ramirez KY, Montalto PR, Sisk CL; Atenção: Anabolizantes esteróides são medicamentos e somente podem ser adquiridos em farmácias sob prescrição médica.
  18. Muito têm se discutido qual a melhor forma de se estruturar um treino quanto à ordem dos exercícios, ou seja, qual exercício fazer primeiro, os multiarticulares, também conhecidos como basicos (por exemplo supino) ou os uniarticulares, também conhecidos como específicos (por exemplo tríceps). Nesse sentido, alguns autores estudaram qual a melhor forma de se estruturar um treino. Novaes et al (2007) realizaram um estudo que consistia de cinco exercícios: supino reto (SR), supino declinado (SD), supino inclinado (SI), tríceps pulley (TP) e tríceps testa (TT). Foram realizadas nesse experimento duas seqüências, sendo que na seqüência 1 foi realizado o SR, SI, SD, TP e TT, já na seqüencia 2 foi realizado o TT, TP, SD, SI, e SR. Foi verificado que o número total de repetições máximas não apresentou diferenças significativas entre as seqüências, e que conseqüentemente os exercícios realizados no final do treino foram os que mais sofreram quedas no número de repetições máximas em ambas as seqüências. Esses resultados corroboram com os resultados apresentados por Simão et al (2005) e Monteiro et al (2005), porém estes mesmos resultados contrariam as recomendações da ACSM (2002), sendo que estas recomendações se baseiam em apenas um único estudo desenvolvido por Sforzo e Touey (1996). Observando os resultados recentes encontrados sobre esse tema podemos concluir que os primeiros exercícios realizados no treino serão os que realizarão o maior número de repetições, e que os exercícios que ficarão para o final do treino sofrerão uma maior redução do desempenho decorrentes da fadiga muscular, independente de ser multiarticular ou uniarticular. Porém outros aspectos, independentemente da queda no número de repetições (o que diminuiria o volume total do treino),devem ser levadas em consideração, como por exemplo quais os músculos trabalhados em cada exercício. Como exemplo podemos usar o exercício supino. Esse exercício é considerado um exercício básico, multiarticular, e que trabalha os músculos peitoral, tríceps e deltóide (considerados os principais músculos envolvido no exercício) (LIMA e PINTO, 2006). Se estiverem programados para se treinar peito e tríceps no mesmo dia, e se você treina peito antes do tríceps, você já está acionando o tríceps, ou seja, se você faz as três variações do supino (reto, inclinado e declinado), com certeza o músculo tríceps será muito acionado, bastando apenas que você “acabe” de fadigar o músculo tríceps no final do treino. Já do contrario, se você treina o músculo tríceps antes do peitoral, você fadigará o tríceps antes de fazer o supino, e o desempenho no supino irá diminuir. Perece mais sensato que se de prioridade aos exercícios básicos, devido ao fato que esses exercícios já acionam outros músculos, podendo-se deixar os exercícios específicos para o final do treino, apenas para acabar de fadigar a musculatura. O ideal é sempre estar estruturando bem o treinamento, respeitando os intervalos de descanso e a intensidade programada para aquele treino. Bons treinos Prof. Gustavo Barquilha Mestrando em Ciências do Movimento Humano - Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em atividade física da Academia Marathon Wellness (Bauru) REFERÊNCIAS American College of Sports Medicine. Position Stand on progression models in resistance training for health adults. Med. Sci.Spost. Exerc. 34: 364-380. 2002. Lima, C. S. ; Pinto, R. S. . Cinesiologia e Musculação. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. v. 01. 187 p. Monteiro, W.; R. Simão e P. T. V. Farinati. Manipulação na ordem dos exercícios e sua influência sobre o número de repetições e percepção subjetiva de esforço em mulheres treinadas. Rev. Bras. Med Esp. 11: 146-150. 2005. Novaes, J.; Salles, B.; Novaes, G.; Monteiro, M.; Monteiro, G.; Monteiro, M.; Influência aguda da ordem dos exercícios resistidos em uma sessão de treinamento para peitorais e tríceps. Motricidade 3(4): 38-45, 2007. Sforzo, G. A. e P. R. Touey. Manipulating exercise order affects muscular performance during a resistance exercise training session. J. Strength Cond. Res. 10: 20-24. 1996. Simão R.; P. T. Farinati; M. D. Polito; A. S. Maior e S. J. Fleck. Influence of exercise order on the number of repetitions performed and perceived exertion during resistive exercise. J strength Cond. Res. 19: 152-156. 2005.
  19. O stanozolol, também conhecido como winstrol, e um esteróide que pode ser encontrado tanto na versão injetável quanto oral. Esta droga é uma das mais difundidas entre os praticantes de musculação (3), existindo alguns mitos sobre ela, como o que Stanozolol “seca”. Na verdade esta droga possui características pouco androgênicas (características masculinas) e moderadamente anabólicas (crescimento muscular). Algumas mulheres utilizam esta droga por esta possuir características pouco androgênicas, porém uma pequena virilização pode ser vistas em algumas mulheres (1). Assim como nas outras drogas, sua eficiência depende da afinidade da droga com seus receptores. Em todo caso, talvez seja este o motivo pelo qual esta droga é tão controvérsia pelos praticantes de musculação, tendo alguns encontrados bons resultados com seu uso enquanto outros não. O stanozolol é utilizado principalmente com a finalidade de aumento de massa muscular com um menor risco de retenção hídrica, sendo daí que vem o mito de que esta droga seca. Na verdade, ela pode ser mais bem aproveitada no período de definição, pois ela não vai reter tanta água, diferentemente de algumas drogas com efeitos mais androgênicos e que possuem características mais androgênicas (1). Vale ressaltar que esta droga é considerada doping para atletas. Um dos casos mais conhecidos de dopping esportivo da história foi o do corredor canadense Ben Johnson, medalha de ouro nos 100m rasos nas Olimpíadas de Seul, em 1988, cujo exame detectou a presença dos metabólitos do anabolizante stanozolol (2). Outra característica negativa do stanozolol é sua falsificação, sendo de longe esta uma das drogas mais falsificadas do mercado. Esta droga tem como características um aumento do apetite e do peso corporal com notável recuperação das condições gerais ao melhorar a utilização das proteínas pelo organismo, aumentando a síntese de proteínas. É utilizada como tratamento para estados de depreciação física, debilidades de diversas origens, anorexia rebelde, convalescência, doenças crônicas e debilitantes, entre outras. A dosagem utilizada geralmente para homens variam de 16 a 30 mg/dia na forma oral e de 150mg a 350mg por semana divididas na forma injetável, enquanto que para mulheres, a administração é dosada entre 4mg a 8mg por dia na forma oral e de 50mg a 100mg por semana em tomadas divididas na forma injetável. Alguns atletas aplicam o Stanozolol injetável nos músculos mais deficientes, numa tentativa de aumentar o volume dos mesmos, porém não existem comprovações científicas para o mesmo (1). Alguns dos efeitos colaterais que podem ser encontradas com o uso desta droga é acne, ginecomastia, hipertensão, agressividade, queda na libido após o uso de esteróides, queda de cabelo, aumento excessivo de pelos no corpo, entre outros efeitos colaterais (4). Referências 1 - Peres, RAN. ; Guimarães Neto, WM. Guerra metabólica manual de sobrevivência. 2° edição. Midiograf. Londrina, 2005. 2 - ILVA, Paulo Rodrigo Pedroso da ; CZEPIELEWSKI, M. A. . O Uso de Esteróides Anabolizantes no Esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 8, n. 6, p. 235-243, 2002. 3 - SILVA, Paulo Rodrigo Pedroso da MACHADO JR, Leonel Carrillo ; FIGUEIREDO, Vandré C ; CIOFFI, Alex P ; PRESTES, Marcius C ; CZEPIELEWSKI, M. A. Prevalência do uso de esteróides anabólicos em praticantes de musculação de Porto Alegre. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 51, p. 104-110, 2007. 4 - BARQUILHA, G. Uma analise da incidência de efeitos colaterais em usuários de anabolizantes da cidade de Bauru. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 03, p. 146-153, 2009. Matéria de Gustavo Barquilha Joel e Luis Gustavo da Silva Rodrigues sobre o winstrol. Nota importante: Ola amigos, A intenção desta coluna não é estimular ninguém a utilizar qualquer tipo de substância ilícita, muito pelo contrário, o objetivo é demonstrar os vários efeitos colaterais que elas trazem com seu uso. Tentamos também na coluna associar as informações cientificas disponíveis na literatura com as informações praticas de atletas e/ou praticantes de musculação do mundo underground das academias.
  20. O clembuterol é um fármaco ß - adrenérgico, fundamentalmente estimulador dos receptores ß2 (relaxante da musculatura lisa), mas também com alguma capacidade de estimular os receptores ß1 (efeitos cardíacos) e ß3 (lipólise), quando administrado em altas doses. O Clembuterol é utilizado clinicamente como bronquiodilatador no tratamento de asma e bronquite crônica, e mais recentemente usado também nos esportes. Alguns estudos têm demonstrado que a administração moderada de clembuterol pode induzir o ganho de massa muscular, além de um possível efeito anti-catabólico (1,2). Já para que o Clembuterol tenha um efeito Lipolitico, parece ser necessária uma dose maior desta droga, sendo a probilidade de se ocorrer efeitos colaterais com o uso da droga maior ainda (3,4). O efeito lipolitico do clembuterol parece decorrer da quebra de triglicérides na forma de ácidos graxos livres, aumento da glicogenólise hepática e muscular e também aumento da secreção de glucagon (hormônio contra-regulatório a insulina). Os efeitos anabólicos ou anti-catabólicos do clembuterol parecem ser mais limitados quando comparados com alguns esteróides anabólicos utilizados para fins de ganho de massa muscular, porém a resposta desta droga depende muito da afinidade de seus receptores no organismo. Essa droga utilizada para fins de perda de peso parece ter boas propriedades, principalmente devido ao fato dela utilizar células de gorduras que ficam “adormecidas”. Um fato negativo do clembuterol é o seu rápido fechamento de receptores. (6) Em animais, o clembuterol é utilizado em cavalos por via oral, intramuscular ou endovenosa como bronco dilatador, é utilizado também tanto em vacas quanto em éguas como tocolítico para diminuir as contrações uterinas. Estudos têm demonstrado efeitos adversos como aumento da insulina, dificultando assim o controle da glicemia, e também o aumento abrupto da freqüência cardíaca em cavalos que realizaram exercícios intensos em esteiras (5). O clembuterol pode ser encontrado na forma de tabletes, xarope e injetável. O clembuterol parece ter uma meia-vida no organismo de 48 horas, sendo que seu efeito anabólico parece diminuir mais rapidamente (em torno de 20 dias) quando comparado com seus efeitos Lipolitico (entre 3 e 6 semanas). Uma das desvantagens do uso do Clembuterol é o maciço fechamento de seus receptores, ou seja, o Clembuterol passa a não mais promover os efeitos desejados. Isto ocorre quando o medicamento é muito utilizado. Para evitar o fechamento dos receptores, procura-se administrá-lo em ciclos. Possíveis efeitos colaterais: Nervosismo, tremores das mãos, enxaquecas e insônia, aumento da pressão sanguínea e náusea, infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral, taquicardia, dores no peito, taquipnéia, vertigens, ansiedade, vômitos, tonturas, febre, entre outros possíveis efeitos, dependendo da dose de administração da droga. Usualmente os efeitos colaterais somem após 2 ou 3 semanas de uso. È importante salientar que As manifestações clínicas da intoxicação por clembuterol podem confundir-se com quadros psiquiátricos como um ataque de pânico ou uma crise ansiosa (7) Aplicações práticas: Seu uso pode varias de 2 a 6 comprimidos de 0.02 mg por dia, dois dias sim, dois dias não. A dosagem dependeria da intensidade dos efeitos colaterais e da taxa de fechamento dos cito receptores que cada indivíduo. Para que haja uma adaptação desse químico no organismo, costuma-se iniciar a administração gradualmente. Suponhamos que a dosagem de manutenção seja de 4 comprimidos de 0.02 mg por dia. Desta forma, no 1° dia administra-se 1 comprimido, no 2° dia administra-se 2 comprimidos, no 3° dia, 3 comprimidos e no 4° dia, 4 comprimidos. Dá-se 2 dias de intervalo e prosseguiria o esquema de dois dias sim, dois dias não. Os comprimidos costumam ser administrados em doses divididas e em horários diferentes, evitando tomá-lo antes do horário de dormir para evitar um sono conturbado, e logo antes do treino para se evitar sobrecarga no coração. Mais recentemente, alguns atletas vêm utilizando outro esquema para burlar o fechamento de receptores específicos ou subregulação, administrando o Clembuterol no regime de uma semana sim e outra não. Na semana de não administração também não se utiliza efedrina, cafeína ou nenhum outro estimulante do sistema nervoso central (SNC), por ser uma crença dar descanso completo para o SNC. Ultimamente, vem sendo utilizado em conjunto com o Clembuterol, o anti-histamínico Zaditen, com o objetivo de super-regular os beta-2 receptores. Essa prática permite a utilização contínua do Clembuterol. O Clembuterol é utilizado para maximizar os efeitos de uma dieta para perda de percentual de gordura, ou seja não adiantara utilizá-lo sem um devido cuidado com sua alimentação, MILAGRES NÃO EXISTEM. Uma coisa importantíssima: O clembuterol é considerado doping para atletas (8 ) Referências: 1 - Hinkle RT, Hodge KM, Cody DB, Sheldon RJ, KobilkaBK, IsfortRJ.; Skeletal muscle hypertrophy and anti-atrophy effects of clenbuterolare mediated by the beta2-adrenergic receptor; Muscle Nerve.; 2002; Research Division, Procter & Gamble Pharmaceuticals; Ohio, USA 2 - . Burniston, J.G., McLean, L., Beynon, R.J., Goldspink, D.F.Anabolic effects of a non-myotoxicdose of the β2-adrenergic receptor agonist clenbuterolon rat plantarismuscle; Muscle and Nerve; Volume 35, Issue 2; 2007; Liverpool, UK 3 - ElissaSchechterMD, Robert S. Hoffman MD, Marina StajicPhD, Michael P. McGee BS, Sonia Cuevas BS and AsimTarabarMD; Pulmonary edemaand respiratory failure associated with clenbuterolexposure (Case Report); The American Journal of Emergency Medicine; Volume 25, Issue 6, July 2007 4 - . ElliotCT, CrooksSR, McEvoyJG, McCaugheyWJ, HewittSA, PattersonD, Kilpatrick D. Observations on the effects of long-term withdrawal on carcass t composition and residue concentrations in clenbuterol-medicated catle; VetResCommun.1993; Drug Residue Laboratory; Vetrinary Sciences Division; UKte 5 - FERRAZ, Guilherme de Camargo ; TEIXEIRA NETO, Antônio Raphael ; D'ANGELIS, Flora Helena de Freitas ; LACERDA NETO, José Corrêa de ; QUEIROZ-NETO, A. . Effect of acute administration of clenbuterol on athletic performance in horses. Journal of Equine Veterinary Science, v. 27, p. 446-449, 2007. 6 - Peres, Rodolfo Anthero de Noronha; Guimarães Neto, Waldemar Marques. Guerra metabólica – Manual de sobrevivência. Midiograf, 2005. 7 – CARROLA et al. Intoxicação por agonista beta adrenérgico. ACTA MÉDICA PORTUGUESA 2003; 16: 275-278 8 - www.wada-ama.org Nota importante: Matéria de Gustavo Barquilha Joel e Luis Gustavo da Silva Rodrigues sobre o clembuterol. Ola amigos, A intenção desta coluna não é estimular ninguém a utilizar qualquer tipo de substância ilícita, muito pelo contrário, o objetivo é demonstrar os vários efeitos colaterais que elas trazem com seu uso. Tentamos também na coluna associar as informações cientificas disponíveis na literatura com as informações praticas de atletas e/ou praticantes de musculação do mundo underground das academias.
  21. É cada vez maior o interesse de pesquisadores sobre as respostas agudas e crônicas do treinamento de força para diversos objetivos, como o desempenho esportivo, patologias ou estética (ACSM, 2002). No âmbito esportivo é comum a utilização do treinamento de força para a melhora do desempenho, principalmente em modalidades que exigem força e explosão muscular. (FLECK; KRAEMER, 2006). A literatura mais antiga cita que para modalidades de longa distância deve-se treinar principalmente a resistência muscular localizada, por se tratar de atividades que utilizam principalmente as fibras de contração lenta (tipo I) e o sistema oxidativo como fonte de energia (STEGEMANN, 1979; TUBINO, 1980). Porém, estudos recentes demonstram que o treinamento de força pode também trazer benefícios não apenas para modalidades de força e potência muscular, mas também para modalidades de resistência, através de uma economia de movimento (HOFF et al, 2002). Millet at al (2002) cita que o treinamento de força de alta intensidade em quinze triatletas produziu efeitos benéficos na economia de corrida e na velocidade do Vo2max. Já Paavolainen et al. (1999) fizeram um estudo com corredores de 5 Km, sendo que este estudo era formado por dois grupos: um grupo só treinava Resistência aeróbia(RA) enquanto o outro treinava força mais Resistência aeróbia(TC). Como conclusão os autores não constataram aumento na medida do Vo2 max, porém, houve uma melhora no tempo de corrida no grupo TC quando comparado ao grupo que só treinou resistência aeróbia (RA). O custo energético na corrida está significantemente relacionado à tensão viscoeslática do músculo (stiffness) na fase de propulsão da perna, que é regulado pelo sistema nervoso, ocasionando um menor tempo de contato com o solo e conseqüentemente aumentando a velocidade de deslocamento dos sujeitos. (DALLEAU et al. 1998; PAULO et al, 2005). É importante salientar que todos os estudos citados acima são com corredores. Em um estudo feito no cicloergômetro, Dickson et al. (1988) também demonstraram que o TC permitiu aos sujeitos suportar por mais tempo uma atividade aeróbia sem o aumento concomitante do VO2 máx, sugerindo que um aumento na força decorrente do treinamento dos membros inferiores pode melhorar o tempo para atingir a exaustão pela diminuição da proporção da força máxima requerida para cada pedalada, o que teoricamente, aumentaria a participação das fibras do tipo I e retardaria o recrutamento maior das fibras glicolíticas do tipo II que são as fibras que fadigam mais rapidamente. Apesar dos estudos citados acima, ainda existe uma carência de estudos que verifiquem as variáveis do treinamento de força em relação ao desempenho aeróbio, porém é importante salientar que o treinamento de força parece não ser um vilão para atletas de atividades aeróbias, contrariando a literatura mais antiga. REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE – ACSM (2002). Position stand: Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine and Science in Sports Exercise, v.34, p.364-380. DALLEAU, G.A.; BELLI, A.; BOURDIN, M.; LACOUR, J.R. The spring-mass model and the energy cost of treadmill running. European Journal of Applied Physiology. v. 77, n.3, p. 257-263, 1998. FLECK, S.T.; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3° ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006 HICKSON, R.C.; DVORAK, B.A.; GOROSTIAGA, E.M.; KUROWSKI, T.T.; FOSTER, C. Potential for strength and endurance training to amplify endurance performance. Journal of Applied Physiology, v.65, n.5, p. 2285-2290, 1988. HOFF J, GRAN A, HELGERUD J. (2002). Maximal strength training improves aerobic endurance performance. Scand J Med Sports: 12: 288-295 STEGEMANN J. Fisiologia do esforço. Editora cultura médica. 2° edição. Rio de Janeiro, 1979. TUBINO G. Metodologia científica do treinamento desportivo. Instituição Brasileira de difusão cultural. 2° edição. São Paulo, 1980.
  22. Hormônio do Crescimento - GH Introdução O hormônio do crescimento (GH) é um polipeptídio produzido e secretado por células especializadas localizadas na hipófise anterior, e cuja principal função é a promoção do crescimento e desenvolvimento corporal (1). A secreção do GH é mediada por dois fatores: hormônio de liberação do hormônio do crescimento (GHRH) e o hormônio do crescimento (Somatostatina). Os estímulos para a produção de GH são a diminuição da glicose ou dos ácidos graxos livres, aumento da arginina e jejum, IV estágio do sono, exercício físico, estresse, entre outros. A principal ação do GH sobre o crescimento pode ser considerada indireta, sendo que o hormônio do crescimento age diretamente sobre as células do fígado, aonde se liga ao seu receptor e induz uma série de eventos que acabam por resultar, entre outros, na produção do fator de crescimento semelhante à insulina IGF-1 (ou somatomedina C). IGFs são fatores de crescimento com estrutura molecular homóloga à da insulina, encontrados na forma de IGF-1 e IGF-2, sendo sintetizados pelo fígado e pela maioria das células orgânicas , em resposta à ativação promovida pelo GH ou de forma GH-independente. Os IGFs influenciam no crescimento, diferenciação e metabolismo celulares e encontram-se ligados a proteínas carreadoras denominadas IGFBPs (IGFBPs 1,2,3,4,5 e 6). (2) O GH pode aumentar a oxidação de ácidos graxos perante uma restrição calórica, acelera a lipólise, promove uma conservação de nitrogênio e alterações da composição corporal. Adultos com deficiência de GH podem apresentar aumento da gordura corporal e uma redução de massa magra, em relação a adultos normais, podendo ter importantes conseqüências metabólicas no metabolismo lipídico, levando a um aumento do risco de doença cardiovascular (3). Atualmente existem no mercado brasileiro duas formas de se administrar o hormônio de crescimento: frascos para diluição e posterior aplicação através de seringas e canetas com a medicação em solução pronta para aplicação. No Sistema Único de Saúde (SUS), o produto atualmente adquirido deve ser aplicado através de seringas. A não utilização de canetas, pelo SUS, é atribuída ao maior custo da medicação. Estudos indicam que a administração de GH através de caneta é mais conveniente, melhor aceita pelos pacientes e resulta em menor desperdício quando comparada com o tratamento por seringa (4). Administração do GH em pacientes com deficiência Geralmente o GH é utilizado em idosos, indivíduos com HIV-positivo, idosos e jovens. O tratamento com GH para pacientes com deficiência do mesmo foi realizado inicialmente com a administração de GH obtido a partir da hipófise de cadáveres humanos. Porém esta forma de tratamento foi suspensa em 1985 por estar relacionada à ocorrência da doença de Creutzfeldt-Jakob (encefalopatia). Nesse mesmo período tornou-se disponível a somatropina humana recombinante, forma biossintética que substituiu o tratamento anterior (1). É recomendado para quem têm deficiência de GH a utilização de Somatropina 0,025–0,035mg/kg/dia administrados via subcutânea à noite 6–7 vezes/semana. As apresentações comerciais disponíveis no Programa de Medicamentos Excepcionais são de 4 e 12UI por frasco ampola. A fórmula de conversão é 3UI equivalem a 1mg. Existem apresentações comerciais com volumes de diluente diferentes para a mesma dose de hormônio, o que deverá ser observado quando da prescrição e orientação ao paciente (1). Riscos do uso indiscriminado do GH A terapia com GH em doses elevadas pode acarretar, de forma dose-dependente, resistência à insulina e pode desencadear também diabetes mellitus tipo 2 em pacientes predispostos, além de Acromegalia e aparecimento de traços acromegalóides (5). Acromegalia pode ser definida como um crescimento desproporcional em diversas vísceras, tecidos moles, órgãos internos e alguns ossos membranosos como os das mãos, pés, nariz e mandíbula. Além disso, em alguns indivíduos o GH diminui os níveis do hormônio T3 (ativo) enquanto aumenta a Tireóide inativa T4. Quando os valores de T3 são baixos o ritmo da síntese protéica pode diminuir, o que conseqüentemente pode diminuir também o anabolismo muscular. Nesse sentido, é importante manter alto a atividade da glândula tireóide. Para evitar este efeito indesejável do GH alguns atletas usam também o CYTOMEL (triyodotironina de sódio fabricado sinteticamente que se assemelhar ao tricodide-thyronine do hormônio tiróide natural (L-T3). E também administrado com esteróides anabólicos altamente androgênicos, como Hemogenin, Halotestin, Deposteron e outros. Aplicações práticas Em forma liofilizada, o GH deve ser mantido constantemente a uma temperatura entre 2 - 8 graus centígrados, e, a partir do momento em que for dissolvido, devem ser consumidos no máximo em 7 dias, sob o risco de perder o seu valor biológico. O GH é utilizado tanto para ganho de massa muscular tanto para queima de gordura, mesmo com certa “desconfiança” por parte do meio científico quanto a sua eficácia. Alguns atletas que praticam treinamentos intensos, com algum risco para suas articulações também utilizam esta droga, tendo em vista a fama que esta droga têm na sobre o tecido conjuntivo, tendões, etc. O efeito do GH sobre a diminuição da massa gorda corporal parece demorar em média 4 semanas, enquanto que os efeitos sobre o ganho de massa muscular parecem demorar mais ainda. É comum atletas utilizarem outras drogas associadas ao GH, para maximizar o ganho de massa muscular. Mais do que isso o GH parece fazer efeito no ganho de massa muscular apenas com a associação com outras drogas. Uma droga muito associada com o GH é a insulina, como exemplo temos a insulina Humulin- R (esta é uma insulina relativamente rápida, com meia-vida de 4-6 horas). Um aspecto que deve ser levada em consideração é o efeito que o GH exerce sobre a mobilização de gorduras, conhecida como lipólise. O GH aumenta a lipólise, então ao administrar o GH antes de uma atividade física intensa ou de longa duração o processo de lipólise estará mais acelerado ainda, tendo em vista que este processo já está acontecendo no organismo (6). Então não é recomendado que se utilize o GH antes de praticar uma atividade física exaustiva, pois aumentaria a acidose muscular diminuindo o rendimento além dos riscos a saúde. Cuidado quanto a isto!!! Ciclos utilizados A administração pode ser crescente de 5-8ui/dia durante 3 meses e meio. Ou 2UI de GH de manha e 2 UI a noite, depois de treinar. Muitos atletas utilizam estas dosagens por meses, chegando em alguns relatos a ciclos de 1 ano sem pausas! Já outros com doses menores, 2UI/dia mais também com longos prazos, entre 2 à 6 meses. Normalmente alguns atletas utilizam juntamente com as doses de GH, 6 UI de Humulin- R (esta é uma insulina relativamente rápida, com meia-vida de 4-6 horas) às seis da manha e 4 UI oito horas mais tarde ou depois do treinamento. Estes atletas se asseguram de ingerirem 60 g de carboidratos no café da manha e 40g com a segunda injeção de insulina. Eles alegam que isto parece resolver o problema de resistência a insulina e, portanto de permitir a iniciar o anabolismo. Prevendo qualquer problema a respeito da glicemia, estes atletas costumam carregar sempre algumas ampolas de glucagon (hormônio contrario a insulina) de modo que se verificam algum problema, possam manter a glicemia sobre controle antes de acontecer o pior. Estudos recentes indicam que 3,5% dos atletas americanos usaram hormônio de crescimento em doses elevadas de 3 a 8 mg diariamente por várias semanas, meses antes de eventos esportivos internacionais. Outras informações nos levam a acreditar que atletas que usaram substâncias anabólicas (geralmente hormônios tipo masculino ou androgênicos) também usaram, concomitantemente, 10 mg intramuscular de GH diariamente, o que é uma superdose de GH (7). Referências 1 – Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas deficiência de hormônio do crescimento – hipopituitarismo somatropina. Ministério da saúde secretaria de ciência, tecnologia e insumos estratégicos departamento de assistência farmacêutica. Portaria SCTIE nº 67 de 06 de novembro de 2006. 2 - Gomes, J.R.; Caetano, F. H.; Hermini, H. A.; Rogatto, G. P.; Luciano, E. Efeitos do treinamento físico sobre o hormônio do crescimento (GH) e fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) em ratos diabéticos. R. bras. Ci. e Mov. 11(3): 57-62, 2003. 3 - Halpern, Alfredo ; Mancini, Marcio Corrêa ; Cercato, Cíntia ; Villares, Sandra Mara F. ; Costa, Ana Paula A.C. . Efeito do hormônio de crescimento sobre parâmetros antropométricos e metabólicos na obesidade andróide. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 50, p. 68-73, 2006 4 - Marchisotti, F. G. ; Carvalho, L. R. S. ; Berger, K. ; Arnhold, I. J. P. ; Mendonça, B. B. . Tratamento da deficiência do hormônio de crescimento (GH) em crianças: Comparação entre o uso de canetas versus frascos/seringas. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 51, p. 1093-1096, 2007. 5 - Cutfield WS, Wilton P, Bennmarker H, Albertsson-Wikland K, Chatelain P, Ranke MB, et al. Incidence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in children and adolescents receiving growth-hormone treatment. Lancet; 355:610-3, 2000. 6 - Peres, RAN. ; Guimarães Neto, WM. Guerra metabólica manual de sobrevivência. 2° edição. Midiograf. Londrina, 2005. 7 - Phillips WN. Anabolic reference guide, 10° Ed, 2005. Matéria de Gustavo Barquilha Joel e Luis Gustavo da Silva Rodrigues.
  23. DIFERENÇAS ENTRE DUAS METODOLOGIAS PARA SE DETERMINAR A INTENSIDADE (CARGA) DO EXERCÍCIO Ao se planejar um treinamento de força, um aspecto muito importante é a relação volume/intensidade (percentual da carga vs. repetições) (WEINECK, 1999). Badillo e Auesterán (2001) citam o número de repetições por séries, como expressão da intensidade de trabalho, uma das formas mais eficazes e precisas de aproximar-se da intensidade ótima de treinamento. Porém o número de repetições é proporcional a carga utilizada no exercício, sendo indispensável uma correta manipulação das cargas utilizadas no exercício. Existem diferentes protocolos metodológicos para se determinar a carga utilizada no exercício, dentre elas destacam-se duas: Testes de 1-RM Uma maneira de se obter a intensidade (Carga) exata desejada para a realização de um exercício de musculação é o teste de Repetição Máxima, também conhecido como teste de 1RM. Esse teste em especial vem sendo o mais utilizado principalmente na área de pesquisa científicas, devido ao baixo custo, além de ser aparentemente seguro para a maior parte da população. Existem diversos protocolos para se identificar a Repetição máxima em um determinado exercício de musculação, por exemplo: em um dos protocolos os indivíduos serão orientados para tentar completar duas repetições. Caso seja possível completar as duas repetições na primeira tentativa, uma segunda tentativa será efetuada após intervalo de recuperação de três a cinco minutos com uma carga superior (primeira possibilidade) àquela empregada na tentativa anterior. Tal procedimento será repetido novamente, caso ainda não se tinha determinado a carga referente a uma única repetição máxima. Portanto, a carga registrada como 1-RM será aquela na qual foi possível ao indivíduo completar somente uma única repetição máxima (CLARKE, 1973). Dias et al (2005) cita que a familiarização prévia com testes de 1-RM é de extrema importância para a análise da força muscular, mesmo em indivíduos com experiência prévia em exercícios com pesos, sendo que esta avaliação prévia deveria ter pelo menos 3 sessões. Outro dado interessante é o encontrado em um estudo desenvolvido por Maior at al (2007). O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar o valor de carga deslocado durante a execução do teste 1RM em duas situações: com e sem privação visual, tendo o autor confirmado a efetividade do teste de 1RM com privação visual pelo fato de evitar que o sujeito visualize a carga de teste, conseqüentemente, subestime o seu desempenho e, hipoteticamente, aumente sua auto-eficácia cognitiva. Apesar do tempo total do teste ser considerado pequeno por alguns pesquisadores, pode ser que para um professor de musculação, esse tempo não seja tão curto. Ou seja, talvez para um professor que tenha muitos alunos em um mesmo período, ou em uma academia com muitos alunos e poucos professores, esse teste acaba sendo inviável, devido ao curto tempo que o profissional pode disponibilizar ao aluno, sendo mais acessíveis os testes de repetições máximas utilizando uma tabela de conversão. Tabelas de Conversão As tabelas de conversão através de realizações de repetições máximas possibilitam a identificação estimada da força máxima sem a necessidade do teste específico de carga máxima, fazendo uso apenas de uma técnica matemática de regra de três simples e evitando assim uma possível manobra de Valsalva dos avaliados durante a avaliação. Na literatura especializada encontram-se várias tabelas que abordam esta relação de forma generalizada. Como exemplo temos os estudos sobre a tabela de conversão de Matvéiev (1986), que demonstram as possíveis repetições máximas com os respectivos percentuais de carga máxima e ainda classifica as faixas por intensidade, dando a luz para a criação do teste de carga por repetições máximas. O teste de carga por repetições máximas propriamente ditas, consiste na inversão do teste de carga máxima, ou seja, realiza-se um número máximo de movimentos com a carga não variável. Após a realização do teste de carga por repetições máximas, faz-se a identificação e associação do número de repetições máximas obtido, com o percentual apresentado no quadro de Matvéiev (1986), em seguida aplicou-se a regra de três simples sobre o resultado, para que fosse identificada a carga máxima ou os 100% de carga em cada aparelho testado. Um ponto positivo é que a não utilização de testes de carga máxima possibilita a realização de testes em exercícios variados em uma única sessão de treinamento sem estimular a fadiga central, porém o protocolo de carga máxima é considerado mais fidedigno, pois consegue se aproximar mais da carga máxima suportada pelo indivíduo, ao contrario do teste de repetições máximas utilizando uma tabela de conversão, que estimam a carga máxima. Na realidade, o ideal realmente seria que o professor de musculação tivesse tempo para escolher qual seria o melhor método para identificar os níveis de força máxima de seus alunos, porém para que isso aconteça é necessário que existam um número suficiente de professores ou profissionais da área de educação física nas academias, sendo que infelizmente o que se vê é o contrario, muitos alunos nas academias para um número reduzido de professores. De qualquer forma os resultados obtidos com uma sessão de musculação podem ser melhorados com uma correta periodização do treinamento e da estruturação do treino, respectivamente. Bons Treinos!!!!! Gustavo Barquilha Joel Mestrando em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Cruzeiro do sul (Unicsul). Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade Física da Academia Marathon Wellness (Bauru) REFERÊNCIAS BADILLO JJG; AUESTERÁN EG. Fundamentos do treinamento de força : aplicação ao alto rendimento desportivo. Editora Artmed. São Paulo. 2° edição. 2001 CLARKE DH. Adaptations in strength and muscular endurance resulting from exercise. In: Wilmore JH, editor. Exercise and Sports Sciences Reviews. New York: Academic Press. 73-102. 1973 DIAS, R.M.R. ; CYRINO, E.S. ; SALVADOR, E.P. ; CALDEIRA, L.F.S. ; NAKAMURA, F.Y. ; PAPST, R.R. ; BRUNA, N. ; GURJÃO, A.L.D. . Influência do processo de familiarização para avaliação da força muscular em testes de 1-RM. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 11, n. 1, p. 34-38, 2005. MAIOR, Alex Souto ; VARALLO, Ângelo Testa ; MATOSO, André Gustavo de Paula Santos ; EDMUNDO, Danilo Andrade ; OLIVEIRA, Moises Marinho de ; MINARI, Valquiria Aparecida . Resposta da força muscular em homens com a utilização de duas metodologias para o teste de 1RM. Revista brasileira de cineantropometria & desempenho humano, v. 9, n. 2, p. 177-182, 2007. MATIVEIEV, L.P. Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Livros Horizonte, 1986 WEINECK, J. Treinamento ideal. São Paulo: Manole, 1999.